Operações adequadas à procura são um dos desafios
Há pouco mais de um ano, Fernando Bandrés assumiu funções como director-geral da Soltrópico. Em jeito de balanço, o responsável faz uma análise da performance da Academia Soltrópico, mas também […]
Raquel Relvas Neto
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Há pouco mais de um ano, Fernando Bandrés assumiu funções como director-geral da Soltrópico. Em jeito de balanço, o responsável faz uma análise da performance da Academia Soltrópico, mas também dos desafios que a operação turística vai encarar este ano.
Em breve, faz um ano que o operador turístico lançou a Academia Soltrópico. Que balanço fazem desta iniciativa e qual o feedback que obtiveram?
Do nosso lado, julgo que o balanço é bastante positivo. Quase 800 agentes de viagens passaram por algumas das formações da Academia e o feedback que temos tanto dos agentes como dos fornecedores que estiveram presentes, é positivo. De qualquer forma e como já rodámos praticamente aqueles destinos que são os mais fortes da casa, considero que está na altura de reinventar de alguma maneira também este tipo de formações porque o objectivo é continuar. Obviamente que temos de alterar os formatos e os destinos, para que os conteúdos continuem a cativar de alguma maneira os agentes de viagens. Em regra geral, penso que o ‘trade’ está muito satisfeito sobretudo porque esta ferramenta permitiu não só chegar a pontos do País onde dificilmente conseguimos chegar fisicamente, mas também deu muita flexibilidade aqueles agentes que não conseguiam estar presentes nas formações em directo, mas depois podiam assistir em diferido. Julgo que essas foram as mais-valias em relação a esse tipo de formações.
Com as formações desses determinados destinos, verificou-se um aumento de vendas para os mesmos?
É muito difícil de quantificar, porque podemos estar a fazer a formação de alguns destinos e depois a venda final ser feita com outro operador. Aquilo que tentamos fazer são formações neutras em relação às particularidades do destino, transporte, etc, são o tipo de informações que são o ‘know how’ do agente de viagens independentemente, depois, de vender um programa nosso ou de algum operador concorrente. Houve algumas iniciativas engraçadas, por exemplo, depois da formação de São Tomé e Príncipe, um grupo de agentes de viagens, cativados um bocado pela informação, quiseram organizar uma viagem de grupo apenas para agentes de viagens para poderem verificar ‘in loco’ aquilo que tinham assistido durante a formação. Por isso, estas pequenas coisas dão-nos algum feedback de como é que foi aceite este tipo de formações com o ‘trade’.
Que novidades podemos esperar da Soltrópico ao nível da formação?
Julgo que não podemos perder a parte do roadshow, porque a presença física é importante e até a nível de relações conseguimos ter outro tipo de dinâmicas que não se tem no online. Vamos continuar a fazer um modelo misto, porque há vantagens em ambos os tipos e formatos. É tentar aproveitar o bom que cada uma das formações tem, tanto no online como no offline.
A tecnologia também é uma parte importante dentro do operador. Que inovações foram feitas e o que ainda se pode esperar?
Continuamos a apostar cada vez mais nos pacotes dinâmicos, no sentido de que, tanto na aviação, como na hotelaria, podemos beneficiar, e o cliente também, de outro tipo de tarifas diferentes às da ‘tour operação’ e, em alguns casos, com uma vantagem de preço considerável. Estamos também a trabalhar, mas é um projecto a médio prazo, para fazer algumas alterações no sistema informático que nos permitirão fazer sobretudo o backoffice muito mais ágil e responsivo. Interessa-nos que praticamente 90% das nossas reservas entrem confirmadas logo no online para evitar muitas tarefas de ‘back office’.
As redes sociais têm sido um instrumento utilizado na comunicação com os agentes de viagens, quer no apoio a algumas situações mais urgentes, como na comunicação de novidades. É um instrumento a manter?
As redes sociais têm, por um lado, a vantagem de ser uma forma muito efectiva e rápida de comunicar com o ‘trade’ e, de facto, é o próprio ‘trade’ que está a procurar, muitas vezes, esse tipo de informação e são, normalmente, situações ao limite – clientes no aeroporto, atrasos de voos, etc. Portanto, continua a ser uma forma muito eficaz de transladar informação até fora de horas de expediente, em dias festivos, entre outros. Há uma regra básica nas redes sociais que é a transparência e a honestidade e penso que, respeitando essas regras e assumindo também quando temos alguma falha do nosso lado – que também as temos, somos humanos e quem não faz, não erra – , e tentando reagir e dar soluções, acho que é uma boa ferramenta para comunicar com o trade. E está a ser muito mais eficaz do que se calhar antigas newsletters. Julgo que um pouco por saturação do próprio agente de viagens. Portanto, é um canal muito válido. A verdade é que há uma exposição maior da nossa parte, mas penso que essa exposição tem de ser assumida com honestidade e transparência. Quando estamos a falar com profissionais, acho que a transparência e a rapidez devem ser aspectos chave, porque no fundo quem depois vai argumentar qualquer tipo de incidência ao cliente final vão ser eles, quanto melhor e mais verdadeira for a informação que tenham sobre uma situação X, Y, melhor. Julgo que, nesse sentido continuar a lutar pela transparência, é o que devemos fazer.
Operação
Em jeito de balanço, como correu 2017?
Penso que a operação correu bastante bem, tanto a nível de ocupações, rentabilidade como a nível operativo. Tivemos duas incidências na operação do Verão, nomeadamente no 3 e 4 de Setembro, em que tivemos uma avaria de um avião da Orbest, foram os dias mais críticos dentro da programação toda, mas tirando essas duas incidências, o resto correu relativamente bem. A nossa operação de 2017 foi bastante boa. Houve um crescimento de dois dígitos, mas estamos a fechar agora as operações de Dezembro e o exercício. Tivemos uma boa performance e continuamos a ter um crescimento que foi bastante interessante para um operador com 25 anos de existência.
Em 2017, houve um grande aumento das vendas antecipadas que, em alguns casos no mercado, foram defraudadas por vendas de última hora. Estas vão continuar a ter sucesso junto do mercado?
Cada vez mais, e este ano também se repetiu um pouco essa dinâmica, há um ‘gap’ muito grande entre as vendas antecipadas e o ‘last minute’, no sentido que o cliente está a optar cada vez mais por estas duas situações. Este ano houve um destino que sofreu mais a nível de ocupações e isso levou a uma diminuição dos preços, mas, nomeadamente, dentro da Soltrópico tentamos equilibrar muito o que pode ser o ‘last minute’ de forma a não desvirtuar o ‘early booking’. Isso às vezes com um sacrifício até económico, o que pode supor a levar algum lugar vago nas operações que poderia ter sido comercializado a preços abaixo do custo, mas dentro da casa tentamos não desvirtuar o ‘early booking’ e as nossas ofertas vão sempre ao encontro dessa política.
No que diz respeito a novidades, o que podemos esperar da Soltrópico este ano?
Como novidade vamos retomar Tunísia em força, com programações charter, tanto de Lisboa, como do Porto, e pode existir uma ou outra surpresa, mas daqui até à Fitur vamos ter já o plano das operações completamente fechado.
Recentemente, num encontro na Madeira com agentes de viagens, foi referida a possibilidade de retomar os charters para o Brasil…
Essa política vamos manter. De facto, a operação do Réveillon em charter para Salvador da Baía foi um sucesso de vendas, tanto para o mercado português, como no sentido do Brasil para Portugal. A nossa intenção será repetir para o próximo Réveillon e eventualmente não fica de lado alguma outra operação pontual. Não sei se vamos a tempo desta Páscoa, mas estamos a trabalhar sobre isso.
Para Cabo Verde a aposta mantém-se?
Sim, para Cabo Verde devem sair agora no início de Janeiro os voos extra para a Boavista e para o Sal para a Páscoa, assim como Marraquexe, que são operações clássicas dentro da casa.
Que desafios se colocam este ano para a Soltrópico?
A nível de desafios, não só para a Soltrópico, mas para o trade em geral, é a entrada em vigor da nova Directiva de Viagens Organizadas. Também vai ser mais um desafio, não só nosso, mas de toda a ‘tour operação’, tentar criar operações que sejam adequadas à procura, no sentido de não estragar por sobreoferta as operações. Julgo que todos devemos ser conscientes e pensar que as operações, apesar de serem individuais, acabam por serem vasos comunicáveis. Se existir uma sobreoferta nas Caraíbas, acaba por afectar outros destinos e vice-versa. Esse continua a ser um dos desafios, pelo menos a nível da operação turística, que é conseguir ter operações adequadas à procura.
Cada vez que o mercado está em alta, há a tendência para os operadores turísticos disponibilizarem demasiada oferta no mercado…
Parece que não aprendemos. Entendo que depois estão as políticas comerciais de cada casa, todos temos de apresentar crescimentos. É um questão muito delicada de falar e de conseguir, mas julgo que com um pouco de bom senso por parte de todos… Não estamos a falar de nenhuma utopia ter uma programação regrada para aquilo que o mercado pode assumir. Outro desafio é habituarmo-nos a um ambiente cada vez mais dinâmico e exigente por parte dos agentes de viagens e do consumidor. Julgo que são os pontos mais importantes que vamos ter não só em 2018, mas também para o futuro.
Ainda é cedo, mas quais as expectativas para a operação de 2018?
Espero que seja pelo menos como 2017, se for julgo que nos podemos dar como satisfeitos dentro da Soltrópico. No entanto, prevejo que este Verão vá ser um pouco mais complicado do que o de 2017. Vamos ter um Verão um pouco mais movimentado, com mais concorrência entre operações do que em 2017. Mas lá estaremos para dar o nosso contributo e programação.