“Não há dados que provem excesso de Turismo”, diz Adolfo Mesquita Nunes
Antigo secretário de Estado do Turismo foi um dos oradores da 3.ª Conferência Internacional de Turismo.
Inês de Matos
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O antigo secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, considerou esta terça-feira, 21 de Novembro, que Portugal não dispõe de dados estatísticos que permitam afirmar que existe excesso de Turismo e defendeu o uso das novas tecnologias para monitorizar o fluxo turístico, de forma a que seja possível encontrar um equilíbrio.
“De repente, acordámos com a ideia de que toda a gente se queixa do Turismo, que o Turismo está a sobrelotar as cidades. O Turismo traz novos desafios às cidades e concordo com isso, mas não podemos ter uma discussão que parte do princípio de que há um excesso de Turismo se não conseguimos definir o que é o excesso de Turismo”, afirmou Mesquita Nunes, durante a 3.ª Conferência Internacional de Turismo, que decorre no Hotel Tivoli Avenida, em Lisboa.
Adolfo Mesquita Nunes foi o último interveniente no painel “Make destinations smart and sustainable”, que acabou por se centrar na questão da turismofobia, depois de Olivia Ruggles-Brise, Policy & Communications director do World Travel & Tourism Council (WTTC), descrever as consequências da sobrelotação turística e apelar ao uso dos dados estatísticos como forma de gerir o fluxo de turistas.
“Os destinos que tiverem estes dados compilados poderão ser destinos mais inteligentes no futuro”, considerou Olivia Ruggles-Brise, afirmando que o WTTC já identificou o problema e que existem soluções especificas para lidar com o excesso de turistas.
O antigo secretário de Estado do Turismo considera que, em Portugal, existem “muitas conclusões sem quaisquer dados para as provar”, como é o caso do excesso de Turismo, ideia com a qual não concorda, até porque nos dias de hoje se torna difícil definir o que são turistas.
“O que é que entendemos como turistas? As pessoas que vieram à Web Summit há algumas semanas, uma série de empreendedores que querem começar as suas empresas aqui, são turistas?”, questionou Mesquita Nunes, considerando que “não só não conseguimos definir o que são turistas de uma forma global, como também não conseguimos definir qual é o nível que determina o excesso de turistas”.
O antigo secretário de Estado do Turismo defende o uso das novas tecnologias como forma de monitorizar os fluxos e encontrar um equilíbrio que permita preservar a identidade nacional e considera que a solução nunca passará pela proibição, porque “no momento em que os turistas deixarem de vir, as lojas vão fechar, os museus vão fechar e os restaurantes vão fechar. O desenvolvimento da cidade vai parar”, alertou.
“Em vez de usarmos as tecnologias para proibir, podemos usá-las para monitorizar os locais que estão mais congestionados e convidar os turistas a visitarem outros locais”, concluiu o antigo governante.