As recentes políticas da Administração norte-americana estão a começar a afastar os turistas dos EUA, apurou um estudo da Mabrian, que conclui que 10 dos principais mercados emissores para os EUA já estão a apresentar uma menor procura de viagens para o país.
De acordo com o “Share of Flights Searches Index” da Mabrian, entre janeiro e março, em mercados como o Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, México, Brasil, Índia, Japão, Coreia do Sul e China já houve uma descida na procura por voos para os EUA, ainda que com variações significativas entre as regiões.
“O cenário mundial flutuante resultante das políticas e anúncios do governo dos EUA está a começar a impactar a intenção de viagem ao país”, indica a Mabrian, que aponta a Europa como uma das regiões que mais “mostra sinais de tensão”.
Reino Unido, Alemanha, França e Itália são alguns dos países onde o interesse por viajar para os EUA já está a diminuir, sendo que, ao nível da União Europeia, incluindo o Reino Unido, a intenção geral de viagens para os EUA caiu 0,4 pontos percentuais em relação ao ano anterior, com a procura por viagens para o país a representar apenas 5,4% do total de buscas de voos no período em análise.
Relativamente ao Reino Unido, a Mabrian indica que, “embora inicialmente impactada”, a procura voltou a recuperar, sendo que, atualmente, supera ligeiramente os níveis do ano passado em meados de março, tornando o Reino Unido no “único mercado europeu analisado a mostrar sinais claros de resiliência”.
“Embora as reservas brutas tenham diminuído ligeiramente em fevereiro (-1,1%), elas aumentaram em março (+1,6%), sugerindo uma crescente confiança entre os viajantes britânicos”, refere a Mabrian.
Contrariamente, na Alemanha e em Itália registraram-se quedas próximas de um ponto percentual em comparação a 2024, indicando uma “crescente incerteza entre os viajantes”.
Já em Espanha, a intenção de viajar para os EUA “permaneceu estável durante os primeiros três meses de 2025, com algumas semanas de janeiro até superando os níveis de 2024”.
“Esses dados ressaltam a sensibilidade dos mercados europeus aos desenvolvimentos geopolíticos noutros continentes”, explica Carlos Cendra, sócio e diretor de marketing e comunicação da Mabrian.
De acordo com o responsável, embora “a procura por viagens sempre possa ser resiliente, as mudanças repentinas de política ou dificuldades adicionais para visitar o país projetam uma imagem menos amigável dos Estados Unidos como destino, o que pode influenciar a intenção de viagem no curto e médio prazo”.
Diferentes tendências na Ásia e América
Tal como na Europa, também na Ásia e nos países americanos se identificam diferentes tendências, com os dados da Mabrian a indicar que o Japão e o Brasil “mostram uma tendência de declínio na procura”.
“A intenção dos viajantes brasileiros de visitar os EUA é de 8%, tendo caído em média -1,2 pontos percentuais em comparação a 2024. De facto, as reservas de viajantes brasileiros para os EUA entre fevereiro e março de 2025 caíram -15% em relação ao ano passado, em comparação ao mesmo período de 2024”, indica a Mabrian.
Já no caso do mercado japonês, a procura para os próximos seis meses está nos 4,1%, ou seja, “abaixo dos números do ano passado, não mostrando sinais de recuperação para as próximas semanas”.
“Os dados sobre a evolução semanal da demanda para os EUA nos próximos seis meses refletem uma confiança enfraquecida do consumidor nestes principais mercados emissores”, indica Cendra.
Estas mudanças estão a levar a “ciclos de planeamento e reserva mais curtos”, o que está a fazer aumentar as “reservas de última hora”, já que os viajantes está a adotar uma postura “de esperar para ver, que desencoraja reservas feitas com maior antecedência”.
Esse efeito, acrescenta a Mabrian, também “é evidente no mercado canadiano”, cujo índice de participação nas pesquisas está nos 22,3%, mantendo-se mantido “estável desde janeiro de 2025”.
No entanto, a Mabrian diz que os viajantes canadianos não estão a converter a procura em reservas, uma vez que já que o número total de passageiros que realizaram reservas de voos para os EUA diminuiu para -15,7% em fevereiro e -14,5% em março.
“No final de março, a demanda canadiana estava a ganhar força, aumentando o número de passageiros confirmados em +18,7% em relação ao ano anterior, uma tendência frágil que dependerá dos acontecimentos das próximas semanas”, adverte a Mabrian.
Já o México e a Índia parecem viver um “momento positivo” no que diz respeito à procura para os EUA, ainda que a Mabrian considere que será preciso monitorizar estes dois mercados, já que o seu comportamento desde janeiro “tem sido instável”.
No caso da China e da Coreia do Sul, também há “um aumento na demanda”, que chegam a uma média +1,5 e +1,4 pontos percentuais por semana, respetivamente”.
“Desde janeiro de 2025, o Índice de Participação de Pesquisas para a China (9,1%) e Coreia do Sul (6,7%) tem superado consistentemente os níveis de 2024 numa base semanal. Essa tendência ascendente também se reflete nos dados de reservas confirmadas, com o número de sul-coreanos dobrando em comparação a março de 2024, e os chineses aumentando em +40% em fevereiro e +23% em março”, acrescenta a Mabrian.