Esta revelação foi feita por José Eduardo de Matos, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), que apresentou uma retrospetiva do trabalho desenvolvido desde 2019 em torno desta candidatura à UNESCO, durante o evento “Cuidar e Valorizar o Património Cultural Imaterial em Portugal”, que decorreu na cidade de Aveiro.
O encontro reuniu especialistas, autarcas e entidades nacionais para debater estratégias de preservação e valorização do património cultural imaterial, com especial destaque para a candidatura do “Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro”, processo liderado pela CIRA e atualmente em avaliação pela UNESCO.
O evento, dinamizado no âmbito do 2.º aniversário da inscrição do Barco Moliceiro no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, contou com as presenças, na sessão de abertura de José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Joaquim Manuel Baptista, presidente do CIRA, e Maria Antónia Amaral, Chefe de Divisão de Cadastro, Inventário e Classificação do Património Cultural, que reforçaram a importância do trabalho colaborativo para a salvaguarda do património imaterial.
José Eduardo de Matos, secretário executivo da CIRA, apresentou uma retrospetiva do trabalho desenvolvido desde 2019 em torno da candidatura à UNESCO, destacando que a decisão final sobre a inscrição na Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade que Necessita de Salvaguarda Urgente, que se espera ser “positiva” será conhecida em dezembro de 2025, durante a 20.ª sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO, que decorrerá em Nova Delhi, Índia. Um dos objetivos, obtendo aquela classificação, é beneficiar da ação da UNESCO em proteger os bens patrimoniais dotados de um valor universal excecional.
O evento incluiu painéis temáticos que abordaram diferentes perspectivas sobre a preservação do património cultural imaterial.
Num dos painéis, Manoel Batista, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, partilhou a experiência da preservação da Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho. Moderado por António Jorge Costa, presidente do IPDT, o painel destacou como a classificação no Inventário Nacional foi crucial para garantir não só a preservação desta prática, mas também para iniciar um processo interno de reflexão sobre o seu futuro.
Num outro painel Teresa Ferreira, do Turismo de Portugal, e Maria Manuel Gantes, do Turismo do Alentejo e Ribatejo, debateram o papel do turismo na salvaguarda e valorização do património imaterial. Os intervenientes destacaram que o turismo, quando bem planeado, é um motor fundamental para a preservação cultural, especialmente quando integra tradições locais de forma autêntica, permitindo aos visitantes uma imersão profunda na cultura dos destinos.
Na sessão de encerramento, Joaquim Manuel Baptista, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, reafirmou o compromisso da entidade em liderar projetos que garantam a salvaguarda do património cultural imaterial como um dos recursos mais preciosos da região.
“A salvaguarda do património imaterial não é apenas um dever cultural, mas também uma oportunidade para fortalecer a identidade da região e promover um desenvolvimento sustentável” afirmou.
Todas as intervenções destacaram a necessidade urgente de medidas que garantam a continuidade da construção artesanal do barco moliceiro, fundamental para preservar a autenticidade cultural da região. O barco moliceiro não é apenas um símbolo de Aveiro, mas também uma peça fundamental do património cultural imaterial de Portugal, foi ainda defendido nos discursos.
“A salvaguarda do património cultural imaterial é essencial para a preservação das tradições e identidades culturais que definem as comunidades em Portugal e no mundo. Proteger o património imaterial é garantir que as gerações futuras possam continuar a beneficiar dos saberes e costumes que moldam a identidade de cada comunidade”, informa a CIRA em comunicado.
O evento encerrou com a reafirmação do compromisso das entidades presentes em promover o barco moliceiro como um ícone da cultura portuguesa, projetando-o para o futuro enquanto recurso cultural e turístico de excelência.
Conforme avança o IPDT nas redes sociais, desde 2021, que tem acompanhado e prestado assessoria a este projeto, com o objetivo de valorizar e preservar a arte e o saber-fazer dos mestres construtores e pintores da Região de Aveiro, que, todos os dias, ao longo de gerações, têm criado uma das embarcações mais belas do mundo.
Em 2022, lembra que este foi inscrito no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, com o registo de salvaguarda urgente. Desde o início, a ambição deste projeto tem sido alcançar o reconhecimento como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Após a submissão da candidatura, aguarda-se a decisão da organização, que será anunciada em dezembro de 2025.