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Caminho de Santiago mais inclusivo
Projeto InCASA tem como objetivo principal tornar o percurso mais acessível a peregrinos com necessidades especiais.
Publituris
Considerado Património Mundial pela Unesco, o Caminho de Santiago acolhe, todos os anos, milhares de peregrinos que têm como objetivo chegar à Catedral de Santiago de Compostela. Com diferentes rotas e podendo ser realizado a pé, de bicicleta, a cavalo ou até de barco, o Caminho continua a apresentar barreiras a todos os peregrinos com algum tipo de deficiência.
Neste contexto, surge o “InCASA – Inclusive Camino de Santiago: An accessible journey for all”, um projeto que conta com a participação da Atlântica – Instituto Universitário e que pretende tornar o Caminho de Santiago acessível a todos os peregrinos, mesmo os que apresentam algum tipo de limitação.
Com a primavera e o outono a destacarem-se como as estações mais populares para realizar o percurso, o Caminho de Santiago tem registado um aumento no número de peregrinos nos últimos anos.
Contido, a jornada que marca a vida dos participantes, apresentando-se como uma experiência transformadora, é também um grande desafio para pessoas com deficiência. Em 2022, menos de 5% dos viajantes que concluíram o caminho revelaram ter algum tipo de incapacidade. Com 438.182 participantes, em 2022 – um número sem precedentes –, apenas 127 foram capazes de realizar a peregrinação em cadeira de rodas.
Tendo em conta estes números, e com a ambição de tornar a experiência mais acessível a todos, nasceu o InCASA que, ainda numa fase inicial, terá a duração de dois anos, e vai, através do mapeamento das principais dificuldades encontradas, desenrolar-se com três objetivos específicos. O primeiro diz respeito à criação de uma aplicação dedicada e aberta a todos os utilizadores, com o intuito de fornecer informações detalhadas sobre a peregrinação. O segundo objetivo passa pelo desenvolvimento de uma plataforma que inclua cursos de formação e recursos gratuitos para cuidadores, técnicos de juventude e profissionais de associações que organizam roteiros com pessoas com incapacidade. Finalmente, o projeto vai culminar com a realização do Caminho, com jovens com incapacidade, testando assim a aplicação, bem como os resultados do trabalho desenvolvido.
O projeto passou, recentemente, por uma fase de focus groups, tendo havido a recolha de dados de participantes de vários países, nomeadamente Portugal, Espanha, Polónia, Eslovénia e Roménia. Os dados obtidos são reveladores, destacando-se a necessidade urgente de criar mais condições para pessoas com cadeiras de rodas, seguindo-se a necessidade de integrar assistentes pessoais e a importância do seu apoio nas atividades diárias ao longo do percurso. Os focus groups permitiram ainda identificar vários desafios encontrados no Caminho de Santiago, tendo sido categorizados em obstáculos ambientais, barreiras arquitetónicas, barreiras ecológicas e barreiras legais.