Jornadas de Enoturismo apontam para valorização da autenticidade e do storytelling
Aveiro e Bairrada receberam a 12.ª edição das Jornadas de Enoturismo, uma iniciativa conjunta das cinco regiões, rotas e comissões vitivinícolas (CVR’s) do Centro de Portugal – Bairrada, Beira Interior, Dão, Lisboa e Tejo –, que este ano celebram o vinho e o enoturismo enquanto motor de desenvolvimento económico, cultural e sustentável dos territórios.
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O enoturismo foi apontado como um caminho de desenvolvimento e aumento de receitas no setor do vinho, devendo ser encarado de forma cada vez mais holística, não apenas como momentos de portas abertas nos produtores de vinho, mas ao nível das experiências enogastronómicas, literárias, de desenvolvimento de produtos que somem cultura, música e arte, por exemplo.
As Jornadas reuniram empresários, agentes públicos, profissionais e entusiastas do setor vitivinícola, turismo e gastronomia, oriundos de todo o país. Destinado a um público cada vez mais vasto, e jovem, na medida em que há muito para explorar ao nível do mercado de trabalho, este encontro serviu ainda o propósito de celebrar a caminhada lado-a-lado das cinco CVR’s na promoção do enoturismo, trabalho iniciado em 2003, precisamente na Bairrada, e realizado ainda em parceria com diversas entidades da região Centro.
Foram dois dias de partilha de conhecimento e debate de ideias, em modo de mesas redondas, mas também numa vertente mais prática, com a realização de dois workshops: “A história perfeita, criação de conteúdos com storytelling”, pela jornalista e sommelier Elaine de Oliveira; “Uma experiência de aromas e perfumes, com prova olfato-vínica”, conduzido por Cláudia Camacho, perfumista e criadora do Portugal by Nose.
No primeiro dia fez-se um balanço e um enquadramento mais técnico, ao nível de projetos e formas de obter financiamentos. O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada e da Rota da Bairrada, Pedro Soares, referiu a importância da ANDOVI no enoturismo, uma vez que é a associação que tutela as Denominações de Origem e tudo o que envolve o setor deve estar focado neste aspeto.
Foi sublinhada a clara evolução nas duas últimas décadas: muito foi feito na produção e até em infraestruturas para receber enófilos, mas as ofertas de enoturismo são muito “standardizadas” e focadas no vinho em si, no processo de vinificação, nas adegas e seus “recheios” – de cubas inox e barricas de madeira, iguais em todo o lado –, muitas vezes descritos à exaustão e sem diferenciação, paixão e emoção.
Neste âmbito, foi realçado que as pessoas, o património, a cultura, a gastronomia e o território, no seu todo, devem ser encaradas como elemento do enoturismo.
A importância da coesão territorial e do trabalho em rede, evitando-se redundâncias, trabalhar-se de forma estruturada e articulada na promoção, pensar mais no turista e só depois no enoturista assumir a identidade de cada lugar, posicionando-se, apostar na partilha de conhecimento: da cultura do vinho e das gentes do vinho, humanizar e perpetuar: contar histórias das pessoas e do saber fazer local (que vão desaparecer), bem como apostar em experiências diferenciadores, foram algumas questões destacadas nas jornadas.
Ainda em jeito de conclusão, a 12.ª edição das Jornadas de Enoturismo do Centro de Portugal apontou como prioridades: Comunicar mais e melhor, evitando linguagem hermética; Apostar no storytelling autêntico e genuíno, singular e relevante; Dar importância à narrativa: contar histórias para encantar; evitar a robotização das histórias do vinho; Atrair pessoas carismáticas, que contem histórias e partilhem conhecimento com paixão; Acender a vontade de quem nos ouve querer mais e passar a palavra (o vinho de ouvido em ouvido).