“Não podemos ir atrás do preço, mas sim da qualidade”
O almoço com o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, decorreu no Hotel NH Sintra Centro. A finalizar o segundo e último mandato, o presidente da vila histórica admite que “o turismo tem duas vertentes indissociáveis: a económica e a cultural”. Em qualquer uma, segundo Basílio Horta, “só poderá haver um vencedor: Portugal”.
Victor Jorge
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A história política de Basílio Horta começa bem antes de ter dado entrada no Largo Dr. Virgílio Horta, morada oficial da Câmara Municipal de Sintra. Nestas “Conversas com o Presidente” do jornal Publituris, o objetivo não era, contudo, recuar tanto no tempo, mas focar a conversa agradável durante o almoço no tema do Turismo e como este é visto por quem lidera os destinos da Câmara Municipal de Sintra, vila que, com os seus quase 400.000 habitantes, segundo o últimos Censos (2022), representando 13,37% do total metropolitano e 19,82% do total da Grande Lisboa, se espalha por perto de 320 quilómetros quadrados, e é um dos pontos obrigatórios de visita a residentes e não residentes de e em Portugal.
E o tema Turismo começou por ser, desde logo, visto por dois prismas – o económico e o cultural – ambos considerados de “vital importância”, mas que terão de ter um denominador comum: Portugal.
“O turismo é, desde sempre, caracterizado por um enorme dinamismo e força agregadora”, refere Basílio Horta, salientando que “são várias as atividades económicas que estão associadas ao turismo”. Por isso, frisa, “só por este lado, o setor do turismo tem um papel importantíssimo no desenvolvimento económico da localidade, da região e do país”.
Mas, ao mesmo tempo, em concelhos como o de Sintra, e em outros também, a dimensão cultural é “enorme”. “Sintra tem uma oferta cultural muito grande e de altíssima qualidade histórica. Basta a sua serra, que é realmente um património da humanidade, à qual juntamos a tradição, a história, os palácios, os monumentos, as quintas, as praias maravilhosas, para Sintra ter uma oferta muito diversificada e de alta qualidade”. No fundo, segundo Basílio Horta, “uma oferta turística que interessa ao país e que responde, cada vez mais, ao objetivo de captar o turismo de valor acrescentado”.
O turismo é, desde sempre, caracterizado por um enorme dinamismo e força agregadora
E quem passa por Sintra, admite, “é um turista muito desenvolvido culturalmente e isso, por norma, significa visitantes com rendimento mais elevado e com maior capacidade para gastar no local, que sabe muito bem o que quer e gosta. E aqui em Sintra encontra, de facto, algo que não encontra noutros sítios”.
Um problema chamado mobilidade
Para o presidente da Câmara, além das praias, onde apesar da água mais fria, “o turista gosta de estar em contacto com o Atlântico, de estar à vontade na praia, mas ao mesmo tempo gosta de visitar museus e palácios únicos como o Palácio da Pena ou a Regaleira. Ou seja, é um turismo que não é de massas”.
Apesar de caracterizar o turismo em Sintra como não sendo de massas, há, no entanto, a questão de saber como é que os próprios locais encaram este fenómeno. Aí Basílio Horta divide a população de Sintra entre a que vive nas zonas históricas e a restantes, já que se trata, efetivamente, de um concelho enorme. Nas zonas históricas, admite que o turismo é acolhido com “alguma preocupação óbvia”, uma vez que, quem mora em Sintra, escolheu Sintra “por razões específicas de alguma intimidade, de alguma qualidade”, fazendo referência, por exemplo à Regaleira que, em 2023, teve mais de um milhão de visitantes.
Mas Sintra foi visitada por mais de cinco milhões de pessoas no ano passado, o que é “um número considerável”, embora saliente que os números pré-Covid ainda não foram atingidos.
Neste aspeto, a mobilidade, principalmente, na vila histórica é “um dos problemas a considerar e que dificulta demasiado a vida a quem vive e quem quer visitar Sintra. É uma questão, por mais que queremos resolver, não é fácil e terá sempre impactos indesejáveis, dependente de quem analisa a situação”. Contudo, sabendo que não será no mandato que termina em 2025 que esta situação se resolverá, Basílio Horta considera que este “este ordenamento terá de ser feito, mas de forma planeada, uma vez que poder-se-á tomar decisões irreversíveis e que prejudicarão todos”.
“Chegar a Sintra é fácil, com as atuais vias de acesso. O problema começa quando nos queremos mover dentro da vila”, frisando o presidente da Câmara que, “para os autocarros turísticos esta é uma grande dor de cabeça”.
Para alojar os milhões de turistas que passam anualmente por Sintra é preciso, também, existir uma oferta hoteleira que, por altura da tomada de posse de Basílio Horta, em 2013, não era inaugurado um novo hotel há cerca de 30 anos. “Sintra era, de facto, visto como um local de passagem, algo que mudou drasticamente nos últimos tempos. Agora, é um local para se ficar. Há uma maior e melhor oferta hoteleira e com o fenómeno do Alojamento Local verificou-se, de facto, uma maior apetência por parte dos visitantes em ficar em Sintra”, refere Basílio Horta, admitindo que “passou a haver uma forma diferente de fazer oferta turística”.
Sintra tem uma oferta turística que interessa ao país e que responde, cada vez mais, ao objetivo de captar o turismo de valor acrescentado
O presidente da Câmara não se foca, contudo, somente em Sintra, já que “à volta, nas outras freguesias, existe uma oferta muito variada e desconhecida, embora reconheça que existe alguma ‘timidez’ em visitar certos e determinados locais”.
Outro dos pontos destacados por Basílio Horta é o facto do concelho ser um dos maiores em número de licenciamentos de moradias, salientando que “continua a haver um crescimento enorme de licenciamentos, o que demonstra que, quem vem visita Sintra, também pretende morar aqui”, contrariando, um pouco, a história de habitação massiva. “Em 70 quilómetros quadrados, temos 300 mil pessoas. Hoje, não é esse modelo de desenvolvimento que queremos para Sintra”.
Empresas não trazem só negócio
Mas não é somente a parte populacional e habitacional que Basílio Horte destaca. “Há também um grande desenvolvimento empresarial. Nós na Derrama [taxa que incide sobre o lucro tributável das pessoas coletivas, sendo fixada anualmente, pelos municípios, no valor máximo de 1,5%] tivemos um aumento enorme desde 2013. Passámos de pouco mais de três milhões de euros, em 2013, para 14 milhões nos dias de hoje”, revela o presidente da Câmara. “Isto é um reflexo da implantação de muitas empresas no concelho, o que leva a mais alojamento, mais hotelaria, mais serviços”.
Outros dos aspetos no qual Sintra tem registado uma forte evolução é no ensino universitário, com vários pólos a instalarem-se no concelho, casos do ISCTE e da Faculdade de Medicina, bem como a Base Aérea N.º 1, localizada na Granja do Marquês, próximo da Serra de Sintra. “Tudo isto traz valor a Sintra e é visível uma mudança qualitativa muito grande no concelho”, admitindo Basílio Horta que “esta mudança vai aprofundar-se no futuro”.
Qualidade, qualidade, qualidade
Regressando ao turismo, as visitas a Sintra têm no mercado nacional uma forte componente, crescente desde a pandemia, mas é no mercado internacional, com maior poder de compra e gasto, que Basílio Horta incide o destaque. “Cada vez mais espanhóis, brasileiros, árabes, ingleses, bem como norte-americanos, mercado de grande importância, nos visitam, mas também o mercado asiático, embora ainda se mantenha muito fechado, estão a procurar os encantos de Sintra e isso reflete-se na ocupação dos hotéis que tem vindo a crescer”.
Daí coloca-se a questão: e que desafios são colocados ao turismo em Sintra para o futuro? A resposta sai rápida e assertiva: “não só manter, mas aumentar a qualidade da nossa oferta. Não podemos ir atrás do preço, mas sim da qualidade. Só isso nos poderá diferenciar”, frisando que essa qualidade não pode ser limitada à oferta hoteleira, mas, também, “à manutenção dos nossos monumentos”. “E o turismo não pode ser de tal maneira intenso que acabe por deteriorar a oferta turística, porque isso seria gravíssimo e prejudicial a todos”, considera.
Além dos monumentos, Basílio Horta refere, igualmente, a importância da Parques de Sintra que “está sempre entre os melhores do mundo no que diz respeito à conservação”, frisando que a Parques de Sintra – Monte da Lua “é um parceiro indispensável da Câmara”.
O “eu” Basílio
A nível pessoal, se houve algo que nunca passou pela cabeça de Basílio Horta foi ser presidente da Câmara de Sintra. “Fui praticamente tudo o que um político pode ser: deputado, ministro, embaixador, magistrado do Ministério Público, diretor-geral da Confederação da Indústria Portuguesa, presidente da AICEP, professor, mas presidente de Câmara foi algo que nunca me passou pela cabeça vir a ser”, admitindo, contudo, que “não queria acabar a minha carreira política sem ter uma experiência de autarca”.
Sou viajante que gosta de bons hotéis, bons restaurantes e bons museus. Deem-me estas três componente e sou um turista feliz
Passando do autarca para o turista, Basílio Horta identifica-se como um “viajante que gosta de bons hotéis, bons restaurantes e bons museus. Deem-me estas três componente e sou um turista feliz”.
Daí impor-se a pergunta, qual o melhor hotel, restaurante e museu que visitou? Nos hotéis, o destaque vai para o Hotel Hassler, em Roma; nos restaurantes a Casa Nicolasa, em San Sebastian; enquanto nos museus a resposta é tripartida: Hermitage, em São Petersburgo; Louvre, em Paris; e Prado, em Madrid.
Para finalizar a conversa realizada no Hotel NH Sintra Centro, a viagem que falta fazer: Antártida, considerado um “destino ímpar, de difícil realização, mas que poderá ainda acontecer”.
Quanto a conselhos, não o de Sintra, mas ao sucessor que sairá das eleições autárquicas de setembro/outubro de 2025, Basílio Horta é lacónico: “O meu sucessor não precisa dos meus conselhos e, seguramente, fará melhor do que eu”.
Um olhar para Sintra
O almoço com o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, realizou-se no NH Sintra Centro. Localizado no centro de Sintra, o hotel de quatro estrelas NH Sintra Centro, anteriormente Tivoli Sintra, fica a apenas a uma curta distância dos mais famosos monumentos e palácios históricos de Sintra. Situado no centro da vila, junto ao Palácio Nacional de Sintra, e localizado entre a Serra de Sintra e o mar, o hotel não poderia ter uma melhor localização para explorar a cidade considerada património mundial da UNESCO.
Entre as atrações mais próximas, é possível visitar o Palácio da Pena e o Palácio de Monserrate. A partir da varanda do lobby do hotel, é possível avistar o Castelo dos Mouros, a Quinta da Regaleira e, num dia de sol, consegue-se até ver o mar.
Com 77 espaçosos quartos, espalhados por oito andares, todos os quartos foram renovados em 2023, dispondo de varandas ou de terraços com vistas deslumbrantes. Estão disponíveis quartos comunicantes, quartos adaptados e suites.
A ementa do almoço oferecido pelo Hotel NH Sintra Centro:
Entradas: Carro de acepipes
Prato principal: Arroz de peixes da nossa costa
Sobremesa: Pêra bêbeda e Arroz-doce
Vinho: Esporão Reserva Branco 2022