“Acreditamos que este nível de procura vai continuar para 2024”
Em entrevista ao Publituris, Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros Portugal, faz um balanço positivo de 2023 e espera chegar ao final do ano com números superiores aos do ano passado, apesar dos desafios. A ajudar ao balanço positivo estão as partidas de Lisboa, que voltaram a ser um sucesso, o que ditou um aumento da oferta já para 2024.
Inês de Matos
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No próximo ano, a MSC Cruzeiros faz uma forte aposta nos cruzeiros com partida de Lisboa, que começam logo no mês de abril. Em entrevista ao Publituris, Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros Portugal, reconhece que o mercado nacional ainda não é “suficientemente maduro” para ter partidas ao longo de todo o ano, apesar de admitir que as “franjas” de outras nacionalidades a embarcar em Lisboa estão a aumentar, especialmente dos EUA. Também por isso o balanço deste ano é positivo e as expetativas para 2024 estão em alta, apesar dos desafios que existem “no ambiente político, económico e social a nível europeu e também em Portugal”.
Eduardo Cabrita fala ainda dos desafios que a sustentabilidade traz à indústria, que é, no entanto, uma das mais avançadas na adoção de tecnologia para reduzir o seu impacto ambiental, assim como da Explora Journeys, a nova marca de luxo que o Grupo MSC lançou e que, em Portugal, está sob responsabilidade da MSC Cruzeiros.
Este ano, a MSC Cruzeiros lançou várias partidas de Lisboa, no pico da época alta. Estes cruzeiros ainda estão a decorrer, mas já é possível fazer um balanço de como está a procura?
Este foi o segundo ano em que tivemos partidas e chegadas a Lisboa entre junho/julho e final de novembro. Em 2024, vamos ter, pelo primeiro ano, partidas desde abril.
Estas partidas estão a correr muito bem. Sabíamos que era uma questão de tempo para que o mercado português ficasse mais maduro e pudesse absorver um número de partidas superior, especialmente no verão. Sabemos que o verão é o período em que os portugueses fazem férias, mas tem de haver também uma lógica entre o circuito do cruzeiro e os mercados emissores porque ainda não temos um mercado suficientemente maduro para embarcar 4.000 passageiros em Lisboa. Por isso, a rota tem de ter portos de embarque que permitam ter outras nacionalidades, como Málaga, Marselha e Génova.
Em Portugal, 95% dos passageiros que embarcam são portugueses e, depois, temos franjas que começam a aumentar. Notámos, este ano, que são especialmente americanos porque Lisboa é o primeiro porto para eles e é fácil a ligação.
Por isso, sim, estes cruzeiros estão a correr muito bem, esperamos ter entre 600 e 700 passageiros por partida e, nessa perspetiva, lançámos já 2024.
O sucesso destas partidas ajudou a MSC Cruzeiros Portugal a recuperar totalmente do impacto da pandemia?
Sentimos que o turismo, em 2023, já não sabe o que é a pandemia. Há fatores exteriores que afetam, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e mais recentemente entre Israel e Gaza. Mas, este ano, todas as pessoas, transversalmente, quiseram fazer férias. Em 2022 esperávamos que fosse assim e, obviamente, muitas pessoas, fizeram férias, mas em 2023 fizeram ainda mais e notámos uma subida.
Espero que possamos chegar ao final do ano com números bastante superiores aos de 2019, que é ainda um ano de referência, mas isso depende dos próximos três meses, que vão ditar boa parte da conjuntura. Em agosto, por exemplo, pensávamos que as taxas de juro poderiam não aumentar e a inflação poderia baixar, mas, nas últimas semanas, as taxas de juro voltaram a aumentar, eclodiu um conflito em Israel e não sei até que ponto as pessoas têm capacidade para absorver tudo isto. Mas continuo a acreditar que os portugueses querem fazer férias e têm essa capacidade de resiliência. Por isso, acreditamos que este nível de procura vai continuar para 2024.
2024 reforça aposta em Lisboa
A MSC Cruzeiros já lançou também as partidas de Portugal em 2024 e há um crescimento na oferta de Lisboa. Este aumento é a prova do sucesso desta aposta em Portugal?
Essencialmente, notámos que poderíamos aumentar o período de oferta. Durante quase 10 anos, cingimo-nos a setembro, outubro e novembro, lá está, devido à capacidade de Portugal ter passageiros para estes cruzeiros, mas ao aumentar a oferta, especialmente para o verão, obviamente que haverá mais pessoas a viajar. Em resultado desse aumento, e de correr bem logo nos primeiros meses, além de sermos praticamente os únicos com saída e chegada a Lisboa, especialmente nos meses de junho, julho, agosto e setembro, em que somos mesmo os únicos, podemos aumentar a oferta para o período entre abril e junho, passando a ter praticamente um ano inteiro. Só não temos, ainda, cruzeiros com partida e chegada a Lisboa no inverno. Para já, é algo que não fará sentido porque os portugueses querem viajar essencialmente no período do grande verão, mas estamos a tentar perceber o próximo ano e, se os próximos meses forem incertos, os cruzeiros com partida e chegada a Lisboa são uma excelente opção, permitem que as pessoas não tenham de apanhar o avião, o que representa menos um custo.
Além das partidas nacionais, a MSC Cruzeiros tem uma vasta oferta para as Caraíbas, Mediterrâneo, Norte da Europa ou Médio Oriente. Como está a procura dos portugueses para outros destinos e qual se destaca mais?
Sempre foi assim e, para Portugal, os cruzeiros com maior procura acabam por ser os que têm maior proximidade e decorrem no período do verão.
No caso dos Lisboa-Lisboa, há uma procura específica e, quanto mais partidas existirem, maior será o número de pessoas. Depois, temos os cruzeiros com chegada a Barcelona, essencialmente para o Mediterrâneo Ocidental, e os cruzeiros com saída e chegada a Itália, especialmente Veneza, para o Mediterrâneo Oriental. É este tipo de itinerários que faz a procura dos portugueses, com o Norte da Europa imediatamente a seguir porque a proximidade também é maior e pelo próprio itinerário. Os Fiordes são muito procurados e o Báltico, desde que começou a guerra na Ucrânia, retraiu-se e nota-se que as pessoas acabaram por marcar noutros destinos, a procura pelos Fiordes aumentou, por exemplo, o que também faz algum sentido.
O Médio Oriente também é uma aposta forte da companhia, que tem itinerários exclusivos na região. Quais são os planos para o futuro e como tem sido a adesão dos portugueses?
Começámos no Médio Oriente em 2004/2005 introduzindo os Emirados Árabes Unidos e outros países do Golfo Pérsico. Ao final de três anos, colocámos um segundo navio porque sentimos um grande apelo dos hóspedes por esta zona mais desconhecida, mas muito interessante e relativamente perto, e onde os cruzeiros são uma ótima forma de conhecer esta região.
Mais tarde, sentimos também a Arábia Saudita a abrir-se ao turismo e conseguimos elaborar um itinerário, no Mar Vermelho, que inclui pontos turísticos históricos muito importantes que qualquer viajante gostaria de visitar. Assim nasceu um cruzeiro pelo Egito, Jordânia e Arábia Saudita. O único desafio, para os portugueses, é a parte aérea porque os voos não são diretos seja para o Cairo, seja para Safaga. Mas, através do Cairo e utilizando o Stay & Cruise, conseguimos conhecer esta cidade maravilhosa durante dois dias e embarcamos no porto de Sokhna, a três horas de distância, para iniciar o cruzeiro. É um itinerário de sucesso, claro que os itinerários têm sempre algum tempo de maturação e têm de ser fortemente comunicados, mas este ano tem sido fantástico como segundo ano.
O conflito que, entretanto, eclodiu em Israel pode afetar o sentimento de segurança dos passageiros e ter algum impacto na operação da MSC Cruzeiros no Médio Oriente?
A segurança dos nossos passageiros e tripulantes sempre foi a nossa prioridade e quando este conflito escalou, resolvemos prontamente tomar medidas e trabalhámos rapidamente para rever os nossos itinerários, particularmente do MSC Sinfonia e do MSC Musica para continuarmos a oferecer uma oferta atrativa nos meses de inverno. Os oito itinerários de 11 noites do MSC Sinfonia passaram a incluir Istambul, na Turquia, que substitui Haifa, em Israel, enquanto Pireu, na Grécia, substitui a ilha grega de Rhodes e Izmir, na Turquia, substitui Limassol, no Chipre.
Já nos itinerários de sete noites do MSC Musica, a partir de Pireu, na Grécia, a cidade de Haifa foi substituída por Rhodes e por Marmaris, na Turquia.
A nossa ação foi rápida e procurámos desde logo ajustarmo-nos ao desejo dos passageiros e continuamos sempre a monitorizar a situação geopolítica de forma a ajustarmos a operação.