Portugal já tem Confraria de Enoturismo
Unir todos os players que tenham uma participação ativa neste setor, comunicar os bons exemplos, promover o enoturismo português e divulgar o nosso país no sentido de o colocar no mesmo patamar que os Estados Unidos, Espanha, Itália ou França, são alguns dos objetivos da Confraria de Enoturismo, que acaba de ser criada em Portugal.
Carolina Morgado
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Pedro Valle Abrantes, Managing Partner da Trypor e um dos quatro membros fundadores da Confraria de Enoturismo Portugal, revelou ao Publituris que a iniciativa “nasce após analisarmos o mercado e percebermos que ainda não havia uma confraria desta natureza que unisse os diferentes agentes dentro do segmento do enoturismo, tais como restaurantes, hotéis, produtores de vinhos, agentes de viagens e operadores turísticos, bem como todas as entidades que pretendam participar ativa e positivamente na divulgação do enoturismo português”.
Esta confraria é muito recente e já conta com mais de duas dezenas de membros. Segundo um dos seus fundadores, ao arrancar “percebemos o interesse de muitos players de mercado em entrar no projeto e participar, e isto porque, o mercado do enoturismo está a ficar muito interessante em termos de números, relevância, atratividade, e vários destinos como os EUA, Espanha, França, Itália estão a ficar cada vez mais massificados, enquanto Portugal ainda tem uma natureza muito típica e genuína, que desperta uma atração extraordinária em mercados como os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Reino Unido, Alemanha que nos procuram muito”.
A comunicação da confraria, vai no sentido, disse-nos Pedro Valle Abrantes, “de juntarmos todos os players de mercado interessados, apostando numa estratégia de passar a mensagem que Portugal é atrativo e está no patamar dos principais destinos de enoturismo”, indicando ainda que “temos todas as valências e condições para o fazer, através da participação ativa de todos, e conjuntamente com as associações deste setor já existentes, como a APENO, e com o Turismo de Portugal, através da divulgação de estudos sobre os bons exemplos do que se faz lá fora para que os nossos produtores de vinhos desenvolvam cada vez mais os seus serviços de enoturismo e para que percebam que este segmento é uma fonte importantíssima de receita”.
O confrade deu o exemplo da África do Sul em que 47% da receita dos produtores de vinhos é proveniente do enoturismo e apontou as mais valias deste segmento: “O produtor deixa de ter intermediário e a venda do vinho à porta da adega permite uma rentabilidade entre 20% a 40%, cria-se a ligação com quem o visita, que é importantíssimo porque, se recebermos bem, se criarmos ligação emocional com os nossos visitantes, se tivermos uma forma apaixonada de falar sobre o nosso produto e demonstrar que o que está dentro de cada copo de vinho é um fruto de amor, o que vai acontecer é que o visitante quando chega uma garrafeira e na altura de decidir qual o vinho que quer comprar, lembra-se de ter visitado esta ou aquela quinta, então é essa marca que leva”.
Daí que um dos objetivos da confraria seja unir as pessoas que tenham uma participação ativa no enoturismo, divulgar os bons exemplos, criar uma confraternização cada vez maior e a partilha de conhecimento. Neste aspeto “vamos ter de combater muito a mentalidade portuguesa de ‘é a minha quintinha’. Queremos acabar com este estigma e promover uma lógica conjunta de divulgar Portugal”, defendeu, para realçar que a confraria não nasceu para substituir as associações que possam já existir nesta área, pelo contrário, “estendemos convites e todas elas”.
A união faz a força
A questão de que a união faz a força, Pedro Valle Abrantes dá o exemplo dos Douro Boys, que começaram em 2004 juntando cinco produtores de vinho e, “hoje em dia o Douro é o produto enoturístico mais bem marketizado no nosso país. Todos os estrangeiros querem ir para o Douro para fazer enoturismo, isto porque está bem comunicado, é um trabalho conjunto de vários produtores com interligações com produtores dos mais diversos produtos locais como o queijo, azeitonas, enchidos, doces regionais. Isto é que faz o enoturismo rico, não só o vinho. É a ligação com todos os produtos locais que possa enriquecer a experiência de quem nos visita”, referiu.
O co-fundador da Confraria de Enoturismo Portugal esclareceu que já há uma versão de estatutos que apresenta os direitos e deveres dos confrades e o que implica ser membro do projeto, que irá ser ainda apresentada aos membros para aprovação, avançando que “temos também uma estratégia delineada em termos de comunicação, de objetivos e ações que queremos desenvolver”.
Estes passam, conforme explicou, por divulgar aos membros todos os bons exemplos do que se faz lá fora, relatórios com números nacionais e internacionais dos consumos de vinho, as receitas, os valores e os indicadores do enoturismo, ou seja, todos os estudos que possam ser relevantes para o desenvolvimento deste segmento no nosso país.
Além disso, “temos o objetivo de estar lado a lado com o Turismo de Portugal e com as associações que, de alguma forma, intervêm neste segmento. Os nossos encontros vão servir para conhecer as casas de cada um, uma adega ou um produtor de vinho, um hotel ou um restaurante que nos queira receber isto para promover a interação entre todos estes agentes” que, para ser membro tem de preencher alguns requisitos, nomeadamente, contribuir para o enoturismo de alguma forma.
Na opinião de Pedro Valle Abrantes, Portugal já necessitaria de um grande debate à volta do impacto do enoturismo. Em 2021 a cidade alentejana de Estremoz acolheu a 5ª Conferência Mundial de Enoturismo promovido pela OMT, mas considerou que “poucas pessoas souberam da sua realização, não houve divulgação necessária, tendo em conta a sua importância”. É aqui que a nova confraria quer entrar, incentivando os vários players a participar pela positiva neste tipo de debates, numa perspectiva construtiva, perceber o que temos de melhorar, quais são os objetivos e estabelecer deadlines e planos de ação”.
Neste âmbito, “um dos principais aliados para este tipo de ações é o Turismo de Portugal, que tem uma estratégia para o Enoturismo, tendo assinalado que é uma área importante onde se deve apostar pela sua rentabilidade, já que até 2030 estima-se que o enoturismo a nível mundial valha 250 mil milhões de dólares, e tem tudo para ser um produto fantástico: vinho, gastronomia, paisagens, cultura, os grandes pilares defendidos pela OMT, e que também Portugal oferece”, concluiu Pedro Valle Abrantes.