19 e 20 de outubro: Termas de Portugal vão a congresso nas Caldas da Rainha
As Caldas da Rainha vão acolher, nos dias 19 e 20 de outubro, o Congresso Termas de Portugal, promovido pela ATP, que pretende analisar um conjunto de questões que preocupam o setor, não apenas do ponto de vista terapêutico, mas também ao nível da promoção da saúde e do bem-estar.
Carolina Morgado
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O Congresso Termas de Portugal, que vai ter lugar nos dias 19 e 20 de outubro no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, vai não só tentar perceber as novas sugestões e novas descobertas que estejam a ser trabalhadas na área do termalismo e da saúde e bem-estar, mas também conhecer as dinâmicas de inovação, e as novas dinâmicas ligadas ao setor e os novos conceitos que estão em voga, “procurando inovar aquilo que é a nossa oferta termal, não cingindo apenas no terapêutico, que é e continuará a ser o nosso core, mas também, novos programas e novas ações que podem ser dinamizadas nas termas”. Estes são, segundo Victor Leal, presidente da Associação das Termas de Portugal (ATP) as temáticas que estarão em debate neste congresso e que foram apresentadas em exclusivo ao Publituris.
O dirigente referiu que vai-se retomar o que foi interrompido, desde a pandemia, com o congresso em Chaves em 2019. Agora, todos os associados ATP vão voltar a estar juntos, partilhar as suas opiniões e ouvir alguns especialistas internacionais que vão trazer o seu “apport” sobre aquilo que é hoje a visão para o termalismo para Portugal e para a Europa.
O encontro, que pretende reunir todos os especialistas deste setor, não só do termalismo como também da parte da saúde e bem-estar, está marcado para as Caldas da Rainha “que são das termas mais antigas de Portugal, mais conhecidas e com uma história infinita ligada ao termalismo”, considerou Victor Leal.
O congresso deverá contar com cerca de 200 participantes, o mesmo número que esteve em Chaves em 2019. No entanto, sendo Chaves, em termos de acessibilidades, menos central, a organização acredita que, dada à maior centralidade das Caldas da Rainha, há a expectativa de superar esse número, até porque “o congresso está a despertar enorme curiosidade face à diversidade dos temas”.
Programa abrangente
Coube ao secretário-geral da ATP, João Barbosa, apresentar em linhas gerais, ao Publituris, o programa, as temáticas que serão debatidas no congresso e os oradores, que podem ser consultados em detalhe no site https://congresso.termasdeportugal.pt/ e que disponibiliza toda a informação atualizada para quem quiser participar no evento.
“O programa é bastante abrangente, toca todas as áreas relevantes daquilo que é a fileira do termalismo, desde os temas relacionados com a água mineral natural, elemento que confere identidade e diferencia aquilo que umbilicalmente está ligado à saúde, sendo que a saúde tem de ser vista de uma forma muito mais alargada, não só numa ótica de tratamentos, mas cada vez mais, de promoção de estilos de vida saudável e prevenção da doença”, explicou João Barbosa.
“É esse o posicionamento que temos hoje no setor do termalismo”, disse, para acrescentar que “essa abrangência faz com que tenhamos painéis que estão relacionados com a hidrogeologia, no sentido do aproveitamento da energia geotérmica, que decorre da utilização do calor da água mineral natural”.
No entanto, “vamos debater também outras áreas como toda a vertente relacionada com o mercado, estruturação da oferta e promoção”. Dada a preocupação da ATP com estas temáticas, a diretora do Turismo de Portugal em Espanha, Maria de Lurdes Vale, apresentará as prioridades e motivações do turista espanhol quando dirige para fora do seu país, “para que em Portugal possamos estruturar o nosso produto de uma forma mais adequada às motivações do turismo internacional e espanhol, porque Espanha é o nosso mercado externo natural e o nosso maior mercado de procura hoje nas termas”, enfatizou o secretário-geral da ATP.
Esta questão também vem ao encontro do “desígnio deste setor e um ponto importante da agenda da ATP, que é a internacionalização das termas. Assim, o objetivo é trazer empresários do setor para uma aprendizagem, partilha de conhecimentos e de experiências, que possam ser úteis para este desígnio”, destacou.
Uma preocupação também com a inovação, ao nível de processos, gestão e de modelo de negócio “num setor que está em evolução numa sociedade que está em grande mudança e turbulência”, de acordo com João Barbosa, está refletida num dos painéis do congresso porque “queremos perceber o que é que em termos de inovação, desenvolvimento e competitividade é importante refletir hoje em dia”.
Por outro lado, o Congresso Termas de Portugal vai analisar as oportunidades de investimento, uma vez que o país se encontra na fase de transição entre quadros comunitários de apoio. Portanto, “vamos ter da parte do PO Centro de Portugal 2030 uma intervenção sobre essas oportunidades no âmbito desse programa”, bem como passar em revista os apoios financeiros ao investimento para este setor no âmbito do Turismo de Portugal. Outro painel considerado importante pela ATP diz respeito aos fatores de competitividade das empresas que, neste setor do termalismo, “não foge à regra”.
Inovação, formação e investigação
João Barbosa deu conta ainda que “vamos falar de inovação, de formação profissional, de ensino e de investigação, áreas importantes para aquilo que é a modernidade neste setor, e vamos apresentar, em primeira mão, bolsas de investigação da Universidade da Beira Interior, Associação Termas de Portugal e do NEST para alunos do mestrado e doutoramento em temas relacionados com a área do termalismo e do turismo de saúde e bem-estar”.
Ainda no que respeita à formação, o congresso irá apresentar a oferta formativa das Escolas de Hotelaria e Turismo do Turismo de Portugal, nomeadamente, da Escola do Oeste, que dará a conhecer a edição de 2023-2024 do curso de saúde e bem-estar, que “sem sido um sucesso desde que se iniciou, criado com o envolvimento da ATP e considerado ponto de referência na formação nesta área”, realçou o responsável.
A Associação vai igualmente aproveitar a ocasião para assinar um protocolo no âmbito da Formação + Próxima, para as áreas mais técnicas das termas, em parceria com o Turismo de Portugal. “E porque nos interessa captar novas gerações para este fenómeno do termalismo e saúde e bem-estar, vamos ter a assistir ao congresso os alunos e docentes desses cursos”, informou.
O segundo dia do congresso será dedicado à promoção de saúde e de estilos de vida saudável. De destacar a presença da diretora executiva do Plano Nacional de Saúde 2021-2030, Fátima Quitério, que vai apresentar as linhas gerais desse plano, publicado em agosto último, e aquilo que podem ser as oportunidades das termas no âmbito das políticas de promoção de saúde e estilos de vida saudável, bem como as possibilidades que se deparam às termas nos próximos anos para poderem estar alinhadas e terem uma oferta que vá de encontro às prioridades do plano.
O congresso finaliza com um tema que tem a ver com a sustentabilidade e eficiência energética, “em que as termas estão a trabalhar de uma forma bastante proativa”, explicou o secretário-geral da Associação.
Neste âmbito será apresentado, em primeira mão, o guia de boas práticas de sustentabilidade nas termas, trabalho desenvolvido pela ATP e pelo Turismo de Portugal, que se insere no âmbito dos guias que outros produtos turísticos têm vindo a apresentar. “Este guia terá um papel muito importante quer para as empresas, os empresários, os municípios, os territórios termais, bem como todos os stakeholders que intervêm e têm interesse nesta atividade, no sentido de implementar nos seus vários níveis, quer ambientais, quer sociais. Sabendo que as termas estão localizadas maioritariamente em territórios de baixa densidade, a interligação com as comunidades locais é vital para que a atratividade das termas seja cada vez maior”, defendeu.
Caldas da Rainha – cidade termal
O presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Vítor Marques, que esteve presente na apresentação, referiu que, o local que acolhe o Congresso Termas de Portugal, é conhecida como cidade termal, mas este setor tem passado por alguns altos e baixos, tendo recebido, em 2022 cerca de 400 aquistas, devendo chegar este ano aos mil.
Em 2015, quem fazia a gestão do hospital termal das Caldas da Rainha era o próprio hospital, mas, nos últimos anos “foram desinvestindo naquilo que era o termalismo, e as termas foram fechadas”, disse Vítor Marques, salientando que “o município assumiu a gestão porque era um projeto importante para a cidade, concelho e região, e começou a fazer alguma reabilitação do espaço, que hoje está a funcionar, embora com uma dimensão mais pequena em relação àquilo que foi no passado”.
É nesse sentido que, de acordo com o autarca “vamos, durante o congresso, lançar um projeto que estamos a desenvolver, que é o masterplan do termalismo, onde vamos apresentar a nossa visão estratégica para este setor, que é muito mais que águas ou que termas, mas juntando toda a parte ambiental, cultural, do turismo, da gastronomia e da tradição, ou seja, com todo o envolvimento das comunidades e com ofertas complementares ao próprio termalismo”.