Turismo em São Tomé e Príncipe está a ser guiado por um plano estratégico até 2025
O diretor-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe, Eugénio Neves, traçou um retrato do setor no país e deu a conhecer a forma como o destino perspectiva o futuro à luz de uma estratégia para o Turismo com horizonte temporal até 2025.

Carolina Morgado
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O turismo representa em São Tomé e Príncipe uma importante fonte de receitas. O seu diretor-geral do Turismo, Eugénio Neves, revelou que o desenvolvimento do setor está a ser implementado à luz de um plano estratégico que prevê que o destino atinja a marca de 50 mil turistas até 2025, o que pode equivaler a duplicar o impacto do turismo no PIB do país.
De acordo com Eugénio Neves, nomeado recentemente diretor geral do Turismo, em São Tomé e Príncipe “temos uma estratégia de Turismo 2018-2025 que previa, até 2025, atingirmos cerca de 50 mil turistas. Apesar da pandemia nós vamos manter esse desafio e ainda temos esperanças de atingir esse número devido aos resultados de 2022 e início de 2023”.
Portugal mantém-se como principal mercado emissor para o arquipélago, seguido da França, Reino Unido, Alemanha e Espanha, enquanto europeus. Os países africanos vizinhos como Angola, Gabão, Gana e Nigéria são igualmente importantes para o destino, bem como os Estados Unidos da América, tendo a presença de São Tomé e Príncipe, com um stand na BTL, demonstrado a importância que atribui ao mercado português.
O responsável disse que, em 2019, ano pré-pandemia, o país recebeu aproximadamente 36 mil turistas, um número que considerou relevante para a dimensão do arquipélago.
“Então, pensávamos naquela altura que estávamos quase numa velocidade de cruzeiro em termos de turismo, mas a pandemia veio baralhar todas as nossas contas”, apontou.
No ano seguinte, com a pandemia de COVID-19 os números reduziram drasticamente para 11 mil visitantes, tendo subido para 15 mil em 2021. No pós-pandemia, com o retomar das viagens internacionais, o número aumentou e em 2022 já foram 26 mil pessoas que visitaram São Tomé e Príncipe.
Pandemia não fez baixar os braços
“Para nós é uma satisfação porque não cruzámos os braços”, sustentou, para acrescentar que “trabalhámos e fomos resilientes porque sabemos quão o turismo é importante para a nossa economia, mas para melhorar prepararmos, neste momento estamos a adaptar essa estratégia a que chamamos de revisão intermediária”, esclareceu.
Eugénio Neve explicou que “começamos a ver o que é que falhou na estratégia, mas há outros pontos muito positivos. Preparámos um plano muito consistente de formação dos operadores e dos profissionais de turismo, e uma novidade grande é que ainda este mês de março teremos uma escola profissional de turismo e hotelaria em São Tomé”.
Por outro lado, “consolidamos o nosso plano de comunicação. Abrimos um posto de informação turística no centro da cidade e outro no aeroporto. Esses são alguns pontos positivos da estratégia, mas não temos receio em dizer que muitas ações ainda estão por implementar”.
Neste caso, o responsável fez questão de comunicar ao mercado que “estamos neste momento a adaptar essa estratégia, e a preparar-nos para ultrapassar esse desafio do Covid. Queremos conhecer melhor os nossos consumidores, quem escolhe São Tomé e Príncipe, como é que escolhe, como é que ele pensa no destino”. Este foi um dos objetivos da participação daquele destino turístico situado na linha do Equador.
Vamos utilizar mais e melhor as redes sociais para promover a nossa cultura, é o que nós temos e nos diferencia dos outros, as nossas gentes, a nossa história. Portanto, a questão da comunicação vai passar a ser muito mais importante, e vamos tirar o melhor proveito das redes sociais e das novas tecnologias
Chamar atenção para o valor do turismo
“Queremos também chamar a atenção do poder público no sentido de assumir mais e melhor a sua função. Na Direção Geral do Turismo sentimo-nos impotentes porque temos a responsabilidade de implementar políticas, mas muitas vezes não temos os recursos à nossa disposição, então é algo que vamos colocar em cima da mesa: A assunção política do valor do turismo”, defendeu.
Um maior envolvimento do poder autárquico é outro objetivo que o plano estratégico preconiza. “É o modelo de desenvolvimento turístico que queremos implementar, envolver mais as câmaras municipais porque elas são os responsáveis pelos territórios e o turismo faz-se com os territórios. Queremos envolver mais e melhor as comunidades, essa é outra visão do modelo de turismo que queremos implementar, e queremos continuar a trabalhar na consolidação da preservação do meio ambiente e partilhar mais”, indicou o diretor geral do Turismo de São Tomé e Príncipe.
“Vamos utilizar mais e melhor as redes sociais para promover a nossa cultura, é o que nós temos e nos diferencia dos outros, as nossas gentes, a nossa história. Portanto, a questão da comunicação vai passar a ser muito mais importante, e vamos tirar o melhor proveito das redes sociais e das novas tecnologias”, destacou.
Em suma, “esses são em grandes traços daquilo que estamos a prever para melhorar a estratégia no sentido de ultrapassar as dificuldades e conseguir melhorar o nosso rendimento no turismo”, disse Eugénio Neves.
Aposta num turismo positivo
Se outros destinos turísticos utilizam o termo sustentável ou ecológico, o governo de São Tomé e Príncipe adotou a designação “Turismo Positivo”.
O diretor-geral do Turismo explicou: “Estamos apostados em manter um turismo positivo para o Estado são-tomense, para os são-tomenses, para os visitantes, para os operadores, um turismo que seja positivo para todos”, assinalando ainda que “estamos muito abertos a parcerias e disponíveis para abrir São Tomé e Príncipe, mas temos a certeza daquilo que queremos com este turismo positivo, ou seja, que preserve o nosso país”, concluiu.
Riquezas natural e cultural querem ser património mundial
São Tomé e Príncipe acaba de entregar à UNESCO a lista indicativa a património mundial natural e cultural, que inclui os parques naturais Obô de São Tomé e da ilha do Príncipe, bem como as Roças Monte Café e Água Izé, em São Tomé, e a Roça Sundy, na ilha do Príncipe. O processo deverá ser concluído em dois anos.
“Temos muita esperança de que estes dois registos sejam reconhecidos pela comunidade internacional num futuro próximo e se tornem motores não só para o desenvolvimento do turismo, mas também para o desenvolvimento sustentável”, disse recentemente o diretor regional para a África Central da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Paul Coustère, que destacou ainda que esta “é uma oportunidade para todo o planeta e uma questão de credibilidade da comunidade internacional de apoiar os esforços de São Tomé e Príncipe de preservar e valorizar todas estas riquezas”.
São Tomé e Príncipe era o único dos PALOP que ainda não tinha lista indicativa da UNESCO, um trabalho que envolveu uma equipa de cerca de 30 técnicos locais das áreas de ambiente, floresta e património e História.
No património construído optou-se pelas roças, que são realidades singulares no mundo lusófono. Entre estes escolheram-se Água Izé e Monte Café, na ilha de S. Tomé e a Sundy na ilha o Príncipe.
A Roça Sundy destaca-se como o local onde se comprovou a teoria da relatividade de Albert Eisntein, em 1919, enquanto a Roça Água Izé foi o epicentro da cultura do cacau no século XIX e a Roça Monte Café pela cultura do café, no século XVIII.
No que respeita ao património natural foi escolhido o Obô, ou seja, a floresta nativa das duas ilhas, sendo que o Príncipe é Património da Biosfera desde 2012.
Por outro lado, a UNESCO prometeu apoiar da forma mais eficaz possível as autoridades são-tomenses na elaboração da lista indicativa de patrimónios imateriais, que incluirão, o ‘Tchiloli’ (que combina teatro, dança e música) e o Auto de Floripes (teatro popular), bem como as músicas, factos culturais, a gastronomia, entre outras manifestações culturais.