ARAC pede mais postos de carregamento elétrico e novo sistema de pagamento de portagens
Durante a IV Convenção Nacional da ARAC, Paulo Pinto, presidente da associação, pediu “soluções urgentes” para alargar a rede de postos de carregamento elétrico, assim como “informação em tempo real” no pagamentos de portagens, problemas que são vistos como “incoerências” das autoridades pelo setor.
Inês de Matos
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O presidente da Associação Nacional dos Locadores de Veículos (ARAC), Paulo Pinto, pediu esta sexta-feira, 31 de março, um maior investimento na ampliação da rede nacional de postos de carregamento elétricos e a mudança do atual regime de pagamento de portagens nas ex-SCUT, problemas que afetam diretamente o negócio do rent-a-car e que estiveram em destaque na abertura da IV Convenção Nacional da associação, em Alcobaça.
Depois de enumerar os desafios que as novas gerações de consumidores representam para o setor, a exemplo da digitalização do serviço, mas também do negócio, que têm trazido várias inovações ao rent-a-car, Paulo Pinto falou também no desafio da mobilidade sustentável, no qual o setor tem investido, apesar dos obstáculos que teimam em não ser resolvidos.
“A introdução de viaturas elétricas e híbridas nas frotas é uma realidade para boa maioria dos membros associados. O investimento foi e continua a ser feito, mas há obstáculos que sozinhos não podemos ultrapassar”, afirmou o responsável, apontando, desde logo, a “condicionante” da falta de postos de carregamento existente no país, especialmente no interior.
“A infraestrutura de carregamento, apesar de ter, neste momento, cerca de seis mil pontos públicos, continua a ser a maior condicionante e é principalmente sentida nos concelhos mais carentes de população e de dinâmicas socioeconómicas, onde o turismo sustentável pode desempenhar um papel ainda mais relevante. Mas em variadíssimos concelhos, até mesmo do litoral, o número de pontos de carregamento, apesar destes seis mil pontos globais no país, é absolutamente limitado”, denunciou.
Para o presidente da ARAC, “enquanto um turista não conseguir carregar a sua viatura, ou a viatura que alugou durante a pernoita para poder viajar no dia seguinte, o aluguer de veículos elétricos não avançará” e “os investimentos nestas frotas vão-se traduzir em muito pouco”.
O responsável defendeu que este é um problema que necessita de “soluções urgentes”, se o país quiser “prosseguir efetivamente para as anunciadas metas de transição energética e descarbonização” e levar “o turismo e a economia onde mais fazem falta”.
E porque é graças ao rent-a-car que muitos turistas estrangeiros chegam ao interior do país, Paulo Pinto pediu ainda uma alteração ao atual regime de pagamento de portagens nas antigas SCUT, que está a transformar as empresas do setor em “cobradores dos valores correspondentes ao uso das portagens por parte dos clientes”.
Segundo o presidente da ARAC, o regime de pagamento das portagens “continua sem solução eficaz por parte do legislador, colocando nas empresas de rent-a-car o ónus de um problema” que lhes é “absolutamente alheio”.
É que, conforme denunciou Paulo Pinto, o atual sistema leva a que as empresas sejam confrontadas com contas de portagens de turistas estrangeiros, que só chegam à empresa depois do cliente entregar a viatura e regressar ao seu país, o que leva a um aumento de burocracia e consequente diminuição de margens de negócio.
“Esta é a realidade, um dia depois da viatura ter sido devolvida é o suficiente para não termos capacidade de cobrança”, lamentou Paulo Pinto, que pede que o sistema passe a ter informação em tempo real e online.
Por isso, no final da sua intervenção, o responsável deixou um recado ao secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, que também marcou presença no evento, pedindo às entidades reguladoras que corrijam as “incoerências” com que o rent-a-car se vê atualmente confrontado.
Mais tarde, o governante haveria de responder, deixando como nota final da sua intervenção a garantia de que o governo está a “desenhar uma medida para reforçar a oferta de postos de carregamento elétrico” e vai “continuar o diálogo relativamente à matéria das portagens”.
“Temos reunido sobre esse tema, compreendo e acho legitimas as vossas reivindicações. Ainda ontem falei com o meu colega das infraestruturas para nos sentarmos e vermos de que modo podemos ultrapassar esse tema. Esta é a garantia daquilo que é a concertação e o trabalho conjunto que procuramos fazer”, afirmou.
A IV Convenção Nacional da ARAC decorreu esta sexta-feira, 31 de março, no Montebelo Mosteiro de Alcobaça Historic Hotel, dedicada ao tema “Mobilidade/ Sustentabilidade/Digitalização – Novos Desafios” e contou com a participação de cerca de 350 pessoas.