Turismo e segurança dos alimentos
A segurança alimentar sempre representou uma grande preocupação para a saúde pública, mas a sua importância global só mais recentemente começou a ser equacionada como muito relevante pelos responsáveis políticos.

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A segurança alimentar sempre representou uma grande preocupação para a saúde pública, mas a sua importância global só mais recentemente começou a ser equacionada como muito relevante pelos responsáveis políticos. No entanto, já nos anos 90 um comité especializado da FAO/OMS em segurança alimentar postulou que “As doenças devidas a alimentos contaminados são provavelmente o problema de saúde mais frequente no mundo contemporâneo e uma importante causa de redução da atividade económica”.
De entre as doenças de origem alimentar, ou transmitidas por via alimentar, as toxinfeções alimentares (TIA), são sem dúvidas as mais expressivas em termos epidemiológicos nos países industrializados. Do ponto de vista económico, a avaliação dos custos das TIA incluem os relativos às despesas do sector público, pessoais e familiares, da economia nacional, da indústria alimentar, da indústria do turismo, não se contabilizando obviamente, os custos intangíveis (dor e sofrimento dos pacientes e seus familiares).
De facto estas doenças apresentam uma prevalência preocupante em todas as partes do mundo. Nos países industrializados, onde habitualmente se faz a monitorização (com deficiências graves em Portugal…), os dados obtidos apontam para valores elevados, chegando a representar 10% da população por ano.
No que respeita ao turismo, é sabido que a par das questões relacionadas com a segurança/integridade física, as referentes à segurança alimentar constituem um dos problemas que mais preocupam os turistas.
Sabe-se que os transtornos gástricos e intestinais, desencadeados pelo consumo de alimentos e águas contaminados constituem as doenças mais frequentes nos viajantes. Estas doenças, para além do impacto na saúde individual, podem provocar impactos negativos na vida económica das comunidades dependentes da indústria de viagens. Como é óbvio, um país com uma elevada incidência de doenças, não encoraja o retorno dos viajantes ou a recomendação a amigos.
A entidade nosológica descrita por Diarreia dos Viajantes (DV) é a doença mais comum nos turistas. A extensão deste problema não está devidamente avaliada, e isso talvez se deva ao facto de ter um carácter episódico e moderado. A DV vitima entre 30% a 40 % dos americanos que visitam o México (3 milhões /ano) e 20% a 25% da generalidade dos turistas, valor impressionante se atendermos ao número de Turistas que por exemplo visitam Portugal.
No principio dos anos oitenta, um dos maiores operadores turísticos britânicos incluiu uma simples questão de saúde nos seus questionários de satisfação dos clientes (QSC), dirigida aos clientes adultos para ser preenchida no voo de retorno. Nessa questão era indagado ao cliente se tinha tido algum transtorno gastrintestinal durante a sua estadia, tendo sido apenas possível incluir uma questão muito básica, subjetiva e sintomática. Foram obtidos um milhão de respostas por ano, respeitantes a mais de 90 regiões turísticas, 500 resorts e 3500 hotéis.
No caso português, seria importante o estabelecimento de um sistema eficaz de comunicação da informação epidemiológica entre os laboratórios e agências de saúde pública e os agentes emissores. As instituições de saúde pública nacionais por sua vez transmitiriam a informação aos agentes do turismo, podendo inclusive aconselhá-los, no sentido da correção de eventuais problemas. Na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril a formação de ativos com experiência em Higiene e Segurança Alimentar é levada muito a sério mas deveria ter mais acompanhamento e reconhecimento da parte dos Organismos que tutelam a Saúde e Agricultura e sobretudo o Turismo.
As questões que deixamos são as seguintes: Para quando a sensibilização do Estado e das instituições que tutelam o Turismo Nacional para a importância de se proteger o património gastronómico do ponto de vista higio-sanitário? Para quando um sistema de GESTÃO DO RISCO com base na gestão da informação, que nos permita saber em primeira mão (e não em última ou nunca…) quais os problemas sanitários que afetam os turistas em Portugal, uma vez que alguns mercados emissores possuem essa informação com um enorme detalhe, utilizando-a a seu belo prazer e interesse.