Utilização de scanners corporais nos aeroportos divide Europa
A discussão da utilização dos scanners corporais nos aeroportos regressou à ribalta após o atentado falhado a bordo do avião que fazia a ligação entre Amesterdão e Detroit, no passado […]

Susana Leitão
AHP aponta para aumento de preço médio nos hotéis em 2025
Tunísia vai incluir circuito turístico de Manouba no da cidade de Tunes
Hotelaria de Lisboa e da Madeira mantém liderança em taxa de ocupação e RevPAR em 2024
Aeroporto de Munique entra na temporada de verão com mais de 214.000 voos para 216 destinos em 68 países, incluindo Portugal
Jovens formados na ESHTE cobiçados em todo o mundo
Teldar Travel entra em nova fase de desenvolvimento
Air Serbia abre nova rota entre Belgrado e Tiblissi
Hotéis Onyria em Cascais passam a ostentar marcas de luxo da IHG Hotels & Resorts
Futuro do turismo de saúde e bem-estar a partir dos Spas vai ser debatido no Algarve
Enóphilo Wine Fest Lisboa celebra 10 anos com mais de 350 vinhos
A discussão da utilização dos scanners corporais nos aeroportos regressou à ribalta após o atentado falhado a bordo do avião que fazia a ligação entre Amesterdão e Detroit, no passado dia 25. Recorde-se que em Outubro de 2008, o Parlamento Europeu chumbou uma proposta para o uso destes equipamentos devido a vários factores nomeadamente a invasão de privacidade dos passageiros, como por exemplo o scanner permitir ver se a pessoa fez um implante de silicone. Ainda assim, o uso deste aparelho teria detectado os explosivos que o terrorista transportava. Cada máquina custa cerca de cem mil euros e não está definido quem suportaria o seu custo.
Para já, apenas os EUA estão a utilizar estes equipamentos mas outros países europeus prometem seguir o exemplo. Sem posição individual, o INAC aguarda uma decisão do Parlamento Europeu: “Como estado membro do comité de segurança da União Europeia Portugal não tem uma posição individual. Faremos o que for decidido pela Comissão”, frisou ao Publituris fonte oficial do INAC.
Outro ponto controverso é o efeito que os mesmos têm na saúde dos passageiros. Isto porque, há dois tipos de aparelhos: as de raio-x e as de ondas milimétricas. Ambas emitem radiações. Resta saber o impacto das mesmas na saúde de quem viaja. À imprensa internacional, Karina de Beule, porta-voz da agência belga de energia nuclear, deu o exemplo: “supomos que serão precisas duas mil passagens anuais num scanner para que uma pessoa receba um milisievert (unidade de medida de radiações). É muito técnico mas, por exemplo na Bélgica, cada habitante recebe 4,5 milisieverts por ano através de vários tipos de radiação, quer sejam natural ou de instrumentos médicos e industriais”.
Entretanto, a União Europeia (UE) já anunciou que nos próximos meses vai trabalhar na revisão de intercâmbio de informações sobre passageiros. O coordenador europeu da luta contra o terrorismo, Gilles de Kerchove, disse em entrevista ao jornal francês Le Monde, que a Comissão Europeia e os EUA estão a avaliar um acordo sobre a partilha de registos dos passageiros assim como a criação de um dispositivo de segurança específico para Europa.
Contudo, o responsável opõe-se a uma utilização generalizada destes mesmos aparelhos: “Não devemos forçosamente utilizar os aparelhos em todos os passageiros em todas as ligações. Podemos escolher alguns voos”, frisou salvaguardando ser necessário investir também na formação de pessoal para que os dados ou imagens obtidas pelos aparelhos não sejam difundidos de forma ilegal. O assunto deve ser discutido, segundo Gilles de Kerchove numa reunião ministerial, que deverá acontecer apenas no Verão.
REACÇÃO EUROPEIA
Espanha é talvez o país, na presidência da União Europeia (EU), mais empenhado nesta luta a favor dos scanners corporais. Até porque, foi palco de um dos mais violentos ataques da Al-Quaeda. Aliás, segundo o El Pais, Madrid preparara-se para formar uma unidade especial para partilhar as informações anti-terroristas com todos os países da Europa. Ainda assim, e segundo divulgou o ministro do Fomento, José Blanco, Madrid só utilizará os scanners caso haja um acordo na UE.
Uma atitude mais reservada chega da Alemanha. O governo germânico não vai participar na proposta da Comissão Europeia para a introdução dos equipamentos nos aeroportos europeus. “Posso afirmar com toda a clareza que não iremos fazer parte deste absurdo”, afirmou um porta-voz do ministério do Interior da Alemanha, citado pela Reuters.
Já Portugal espera uma decisão da Comissão Europeia. Mas está a aplicar outros procedimentos de segurança nos voos para os EUA. Entre as novas medidas destaca-se a obrigatoriedade do passageiro se apresentar no aeroporto três horas antes da partida, em vez das duas horas habituais. Sobre os scanners, a TAP não adiantou a sua posição, frisando que “isso compete às autoridades responsáveis”, disse ao Publituris António Monteiro, porta-voz da transportadora.
Por seu lado, e sem tempo a perder, França divulgou que vai passar a usar os aparelhos, a título experimental, no aeroporto Charles de Gaulle antes do fim de Janeiro, nos voos para os EUA. Também o Reino Unido já confirmou a introdução gradual dos aparelhos. Itália mostrou-se a favor e garante que os vai utilizar nos principais aeroportos de Roma e Milão para os voos considerados de alto risco. O ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, garantiu ter os recursos prontos para adquirir os scanners. O aeroporto de Schiphol de Amesterdão vai começar a usar os equipamentos, 15 no total, até ao final de Janeiro. O objectivo é examinar passageiros que viagem para os EUA.
Resto do Mundo
África do Sul rejeita utilização de aparelhos
Fora da Europa o único país que já confirmou a utilização de scanners de corpo inteiro foi a Nigéria. Harold Demuren, director da Autoridade Nigeriana de Aviação Civil, anunciou já ter iniciado o processo de aquisição das máquinas. “Planeamos adquiri-las para todos os nossos aeroportos internacionais”, disse. Já a África do Sul, país que vai receber o Mundial de futebol, rejeitou os aparelhos mas garante que haverão outras medidas de segurança implementadas nos aeroportos nomeadamente assistência da Interpol para a criação de bases de dados sobre eventuais elementos perigosos. “A Companhia dos Aeroportos da África do Sul (ACSA) não projecta a aquisição de scanners corporais nesta fase”, divulgou Nicky Knapp, porta-voz da companhia.