No habitual balanço de 2024 e olhando para o ano agora iniciado, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, destaca “um dos melhores momentos da história” da associação. E se em 2024, o setor ficou “reforçado junto do consumidor final, como sendo competitivo e o meio mais seguro de planear uma viagem”, para 2025, “o setor, se não existirem surpresas desagradáveis, crescerá a nível mundial e nacional”.
Terminado 2024, que balanço faz deste ano turístico em Portugal e, particularmente, no que diz respeito ao setor das agências de viagens e operadores turísticos?
Foi certamente um ano positivo. Desde logo porque, depois de termos vivido, em 2023, o melhor ano do setor, 2024 conheceu a consolidação dos números alcançados.
Diversificámos os mercados emissores trabalhados, com grande destaque para o mercado norte-americano; diversificámos igualmente os destinos turísticos trabalhados junto dos turistas portugueses, através de uma operação turística que não apenas serviu mais destinos, como os serviu durante mais meses.
No final, julgo que o sector ficou reforçado junto do consumidor final, como sendo competitivo e o meio mais seguro de planear uma viagem.
O que faltou concretizar no setor do turismo neste ano de 2024?
Uma estratégia coerente, alargada e que una o setor em torno da desmistificação da ideia de Turismo a mais. O Turismo tem sido um pilar do desenvolvimento económico, social e territorial em Portugal, impactando positivamente a esmagadora maioria da população. Este facto tem de ser trabalhado todos os dias, por todos atores do setor, lutando contra uma opinião publicada de um número restrito de “opinion makers” que, de forma contínua, tentam moldar a opinião pública.
O que destacaria neste ano de 2024 no setor da APAVT?
A APAVT finaliza 2024 vivendo um dos melhores momentos da sua história.
Entraram 33 novas agências, tivemos um momento fantástico na BTL, voltámos a realizar o grande encontro do turismo português, desta vez em Huelva, acompanhámos a introdução do NDC da TAP, mantivemos a participação no diálogo europeu acerca da nova diretiva europeia de viagens organizadas, desenvolvemos diversas interações com destinos turísticos, como são bons exemplos Madeira, Marrocos e Macau, festejámos pela primeira vez o “Dia Nacional dos Agentes de Viagens”, e, sempre mais importante, defendemos os agentes de viagens numa infinidade de files, temas, ações e atividades.
Os capítulos da APAVT continuaram a ser o sangue da análise e da decisão, mantendo adequada proximidade dos associados e descentralização da decisão.
Enfim, foi mais um ano a defender os interesses dos agentes de viagens e a promover o turismo em Portugal e no mundo. Fazemo-lo há 75 anos…
Como antevê o ano de 2025 em termos económicos e turísticos?
Teremos incertezas, temos desafios, e temos também algumas boas notícias.
Do lado das incertezas, acima de tudo, preocupa-nos as guerras que se mantêm. Para além de todos os efeitos diretos que nos devem fazer pensar, é inegável que estará aqui a grande incerteza do negócio.
Por outro lado, sabemos bem que existem uma série de problemas políticos em mercados emissores importantes, como sejam crises políticas em França, Espanha e Alemanha, bem como um novo governo nos EUA, situações que podem sempre significar menor consumo de viagens.
Temos também muitos desafios. Por mero exemplo, sublinharia três. Desde logo, a compatibilização de um preço alto na hotelaria, com a necessidade de corresponder com o nível de serviço adequado, sem a mão de obra necessária, tanto quantitativamente, como ao nível da formação.
Depois, a necessidade de gerir um sucesso económico brutal, com uma opinião pública que facilmente se pode virar contra o Turismo e os turistas.
Finalmente, os problemas de mobilidade que serão maiores este ano, com a execução das obras do aeroporto da Portela e a inexistência de qualquer avanço visível e significativo no falado novo aeroporto.
Felizmente, temos também boas notícias. As taxas de juro continuam a baixar, haverá aumentos de rendimento disponível, pelo menos entre os jovens e os reformados, a taxa de esforço financeiro dos portugueses diminuirá em 2025, e tudo isto são realidades que deverão estimular o consumo.
Deste modo, é expectável um aumento do consumo em Portugal, o que historicamente vem associado a aumento do consumo de viagens e a crescimento do sector da Distribuição. Aliás, o primeiro momento de vendas associado a 2025, a “black week”, permite-nos olhar para 2025 com um grande otimismo, já que existiram crescimentos notórios, absolutamente robustos, por parte da esmagadora maioria dos operadores turísticos envolvidos.
Quais os principais desafios para o setor do turismo em 2025 a nível global e, particularmente, a nível nacional? E para o setor das agências de viagens e operadores turísticos?
O setor, se não existirem surpresas desagradáveis, crescerá a nível mundial e nacional.
Quanto às agências de viagens, a palavra de ordem terá de ser, sempre, produtividade. Como manter níveis de produtividade, respondendo às exigências da sustentabilidade, como aumentar a produtividade acelerando a introdução de mecanismos de inteligência artificial, como atrair talento para melhor nos adequarmos às rápidas transformações do nosso tempo, etc., etc..
Que acontecimentos poderão impactar ou ter mais influência (positiva e/ou negativa) na performance do turismo em Portugal?
O Turismo é a melhor linha de cooperação entre a iniciativa privada e o sector público, do país. Tem sido o grande pilar da ambição, da estratégia e do desenvolvimento do Turismo em Portugal. A sua manutenção será um grande trunfo, face a tantas incertezas.
Num outro âmbito, enquanto houver guerra na Europa e no Médio Oriente, teremos sempre de olhar para o futuro com tristeza e desconfiança.