Viagens dos residentes ao estrangeiro continuaram abaixo de 2019 no 1.º trimestre
Apesar das viagens dos residentes terem aumentado nos três primeiros meses do ano, as deslocações ao estrangeiro continuam ainda 4,6% abaixo do apurado antes da pandemia, avançam os dados revelados esta quinta-feira, 27 de julho, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Inês de Matos
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Os residentes em Portugal realizaram 4,9 milhões de viagens até março, aumento de 11,8% face a igual período do ano passado e de 3,9% face aos primeiros três meses de 2019, ainda que os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostrem que estas deslocações ocorreram principalmente em território nacional, uma vez que, face ao primeiro trimestre de 2019, as viagens dos residentes ao estrangeiro ainda ficaram 4,6% abaixo do apurado antes da pandemia.
“Tem-se registado uma aproximação progressiva aos níveis de 2019, nas viagens de residentes ao estrangeiro, que no 1ºT 2023 ficaram ainda 4,6% abaixo desses níveis (no 1ºT 2022 essa diferença era -29,8%)”, constata o INE no comunicado que acompanha os números relativos ao primeiro trimestre de 2023, que foram divulgados esta quinta-feira, 27 de julho.
Os dados do INE mostram que, entre janeiro e março, as viagens dos residentes em território nacional representaram 88,7% das deslocações, correspondendo a um total de 4,3 milhões de deslocações, o que traduz uma subida de 9,3% face ao mesmo período do ano passado e de 5% em comparação com o primeiro trimestre de 2019.
Já as viagens ao estrangeiro aumentaram 35,8% e corresponderam a 549,1 mil deslocações, representando 11,3% do total, depois de no último trimestre do ano passado já terem aumentado 12,1%. Ainda assim, face a 2019, os dados do INE mostram que este indicador está ainda 4,6% abaixo do apurado no mesmo trimestre de 2019, antes da pandemia da COVID-19.
As viagens aumentaram em todos os meses do trimestre, acrescenta o INE, que indica que, em janeiro, o aumento foi de 14,4%, enquanto em fevereiro chegou aos 15,8% e aos 5,0% em março, ainda que se mantenham decréscimos numa comparação com os mesmos meses de 2019.
“Face aos mesmos meses de 2019, registou-se um decréscimo de 8,0% em março, enquanto em janeiro e fevereiro se observaram aumentos de 4,6% e 15,7%, respetivamente, essencialmente devido a efeitos de calendário”, lê-se no comunicado do INE.
O INE diz também que a “visita a familiares ou amigos” foi a principal motivação para viajar no 1.º trimestre de 2023, representando 2,2 milhões de viagens e 46,1% do total, numa variação de -0,9 pontos percentuais face ao primeiro trimestre do ano passado.
Estas viagens para “visita a familiares ou amigos” cresceram, no primeiro trimestre deste ano, 9,6%, enquanto numa comparação com os três primeiros meses de 2019 houve um aumento de 8,1%.
Já as viagens de “lazer, recreio ou férias” motivaram 1,9 milhões de deslocações e representaram 39,5% do total, o que indica um acréscimo de 1,5 pontos percentuais, depois de um crescimento de 16,2% face ao mesmo período do ano passado. Em comparação com os três primeiros meses de 2019, o aumento foi de 7,5%.
“No 1º trimestre de 2023, o motivo “visita a familiares ou amigos” esteve associado a cerca de metade das viagens nacionais (2,1 milhões; peso de 49,5%), sendo, por outro lado, o terceiro motivo mais frequente das viagens ao estrangeiro (108,4 mil viagens; peso de 19,7%). O “lazer, recreio ou férias” foi o principal motivo das deslocações ao estrangeiro (303,8 mil viagens; peso de 55,3%) e o segundo motivo nas viagens em território nacional (1,6 milhões de viagens; peso de 37,5%). Nas deslocações ao estrangeiro, os motivos “profissionais ou de negócios” foram o segundo principal motivo para viajar, totalizando 116,6 mil viagens (21,2% do total, -3,1 p.p.)”, acrescenta o INE.
Estes números, refere também o INE, mostram que, no primeiro trimestre, “19,8% dos residentes fizeram pelo menos uma deslocação turística”, num aumento de 2,1 pontos percentuais face ao mesmo período do ano anterior, enquanto em comparação com os mesmos meses de 2019 houve uma subida de 0,7 pontos percentuais.
“Numa análise mensal, registaram-se aumentos na proporção de residentes que viajou em todos os meses do trimestre (+0,9 p.p. em janeiro, +1,6 p.p. em fevereiro e +0,1 p.p. em março). Em comparação com os mesmos meses de 2019, as variações observadas foram -0,5 p.p., +1,8 p.p. e -0,8 p.p., respetivamente”, lê-se no comunicado que acompanha os números.
Por categoria de alojamento, os hotéis e similares concentraram 23,6% das dormidas resultantes das viagens turísticas do primeiro trimestre, ainda que o “alojamento particular gratuito” se tenha mantido como a principal opção de alojamento, registando 68,7% das dormidas, ainda assim com uma descida de 3,3 pontos percentuais.
Já a maioria das viagens foi organizada através da internet, que concentrou a organização de 22,2% das viagens do primeiro trimestre, o que indica um aumento de 2,3 pontos percentuais, com destaque para as viagens ao estrangeiro, já que 68,9% destas viagens foram organizadas com recurso à internet, enquanto apenas 16,3% das viagens em território nacional recorreram à ajuda da internet na organização.
No primeiro trimestre de 2023, a duração média das viagens foi de 2,72 noites, o que representa uma descida face às 2,86 noites apuradas no mesmo período do ano passado, mas um aumento face às 2,70 noites registadas nos três primeiros meses de 2019.
“A duração média mais baixa foi registada em março (2,67 noites), enquanto a mais elevada ocorreu em janeiro (2,79 noites)”, refere ainda o INE.