Aumento do custo de vida reduz planos de férias dos turistas europeus
O estudo da European Travel Commission (ETC), divulgado esta quarta-feira, 5 de julho, mostra que, apesar de uma descida de 4%, o número de europeus que planeiam viajar “ainda permanece alto” e chega aos 69%, com destaque para os franceses (80%), belgas (79%) e britânicos (75%).
Inês de Matos
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Apesar da maioria dos turistas europeus manter os planos de férias para 2023, o aumento do custo de vida parece estar a levar a algumas mudanças de planos, apurou o mais recente estudo da European Travel Commission (ETC), segundo o qual o número de turistas europeus que planeiam viajar, entre junho e novembro, diminuiu 4%.
O estudo, divulgado esta quarta-feira, 5 de julho, mostra que, em relação ao ano passado, o número de europeus que planeiam viajar “ainda permanece alto” e chega aos 69%, com destaque para os franceses (80%), belgas (79%) e britânicos (75%), que se apresentam como os que mais contam viajar este ano.
Em sentido contrário, a redução de 4% nos planos de viagens dos europeus é explicada pela descida entre os austríacos, suíços e alemães que, segundo o estudo, são, neste momento, os “mais hesitantes”, sendo que apenas 45%, 56% e 62% dos viajantes destes países, respetivamente, contam viajar entre junho e novembro.
“Embora a queda nas intenções de viagens europeias possa ser explicada por uma desaceleração da procura reprimida após a Covid-19, o estudo Monitoring Sentiment for Domestic and Intra-European Travel – Wave 16, da European Travel Commission (ETC), sugere que as pressões financeiras também estão a influenciar os turistas”, realça o comunicado da ETC.
Segundo Miguel Sanz, presidente da ETC, os dados deste estudo mostram que “as preocupações com a inflação e as finanças pessoais persistem entre os viajantes europeus”, apesar de considerar que dos turistas provenientes da Europa continuam “ansiosos para viajar nos próximos meses”.
“Muitos estão à procura de alternativas de viagem, procuram experiências mais acessíveis ou considerando viagens fora de temporada para esticar os seus orçamentos. Aconselhamos os destinos e as empresas a aproveitar essas tendências e ajudar os viajantes a sair dos roteiros mais conhecidos e viajar nos meses menos movimentados”, acrescenta o responsável.
De acordo com o estudo, quase um quarto (24%) dos viajantes europeus estão preocupados com o aumento geral dos custos de viagem, o que representa um aumento de 6% face ao ano passado, enquanto 17% se mostram preocupados com as finanças pessoais e situação económica global.
Como diz o presidente da ETC, os turistas europeus estão mesmo a alterar planos para poderem viajar este ano, sendo que 17% admite viajar fora da temporada alta para conseguir preços mais baixos, enquanto 14% dizem que vão de férias para destinos mais acessíveis.
Tal como nos destinos, também na escolha da companhia aérea se nota que os turistas europeus estão mais cuidadosos com os seus gastos e, por isso, 13% garantem que compraram os bilhetes de avião mais cedo do que o habitual, enquanto 12% vão viajar em companhias aéreas low cost.
Nos gastos no destino, a tendência é semelhante e 17% dos turistas inquiridos admitem que vão adaptar o seu comportamento durante as férias para manterem o orçamento, enquanto 15% contam procurar hotéis mais económicos e outros 15% dizem que as refeições também vão ser feitas em restaurantes mais baratos.
A guerra na Ucrânia (12%), destinos turísticos superlotados (9%), políticas de reserva e cancelamento (9%) e condições climáticas extremas são outros motivos de preocupação para os turistas europeus.
Staycation perde relevância
Apesar das preocupações com as finanças e economia, a maioria dos turistas europeus continuam a querer viajar para fora do seu país, o que leva a que a tendência para a staycation, ou seja, férias sem sair de casa, esteja a perder adeptos, uma vez que apenas 26% dos entrevistados admitem ficar no próprio país durante as férias, o que traduz uma descida de 6%.
A maioria dos inquiridos que vai viajar nas férias prefere destinos na Europa, que é a opção de 59% dos inquiridos, enquanto 12% contam viajar para fora do continente europeu, o que representa um aumento de 3% face a 2022.
Espanha (8%), França (7%), Itália (7%), Grécia (5%) e Croácia (5%) são os destinos mais populares entre os inquiridos neste estudo da ETC, que identificou, no entanto, uma descida de 10% nas intenções de viagem para destinos do Mediterrâneo, em comparação com o ano passado.
Já a Chéquia, Bulgária, Irlanda e Dinamarca têm vindo a ganhar popularidade, o que, segundo a ETC, se deve ao facto dos turistas estarem a procurar destinos menos massificados e com temperaturas mais amenas.
Eventos e viagens de negócios recuperam
Mesmo com as preocupações económicas, 33% dos inquiridos no estudo admitem viajar mais do que uma vez em 2023, sendo que 26% dos turistas têm mesmo planos para viajar três vezes, sendo que a percentagem dos que vão fazer apenas uma viagem é de 30%, o que traduz uma descida de 4% face ao ano passado.
Quanto à duração da viagem, 36% dos inquiridos diz que vai ficar menos de uma semana de férias, enquanto 27% contam ficar entre sete a nove noites no destino de férias.
O estudo da ETC apurou também que está a aumentar o número de pessoas que vão viajar para participar num determinado evento, sendo 10% os inquiridos que admitem esta possibilidade quando no ano passado esta percentagem não passava dos 4%.
Apesar da maioria dos europeus com planos de viagem para 2023 (68%) procurarem o lazer, numa descida de 6% face a 2022, as viagens de negócios têm vindo a aumentar e já subiram 4%, tendo 9% dos entrevistados no estudo admitido que vão viajar em trabalho este ano.