Apesar dos salários baixos, 85% dos trabalhadores do turismo revelam-se felizes e dedicados
O “Estudo Sobre o Mercado de Trabalho em Turismo”, realizado pela Universidade de Aveiro (UA) para o Turismo de Portugal e Secretaria de Estado do Turismo, conclui que, apesar dos salários baixos, os trabalhadores do setor do turismo sentem-se felizes e dedicados.
Publituris
easyJet abre primeira rota desde o Reino Unido para Cabo Verde em março de 2025
Marrocos pretende ser destino preferencial tanto para turistas como para investidores
Do “Green Washing” ao “Green Hushing”
Dicas práticas para elevar a experiência do hóspede
Porto Business School e NOVA IMS lançam novo programa executivo “Business Analytics in Tourism”
Travelplan já vende a Gâmbia a sua novidade verão 2025
Receitas turísticas sobem 8,9% em setembro e têm aumento superior a mil milhões de euros face à pré-pandemia
Atout France e Business France vão ser uma só a partir do próximo ano
Encontro sobre Turismo Arqueológico dia 30 de novembro em Braga
Comboio Histórico do Vouga veste-se de Natal e promete espalhar magia
Apesar da maioria dos trabalhadores do setor do Turismo ter um vencimento próximo do salário mínimo, 85% revela estar feliz no trabalho e ser fortemente dedicado e entusiasta ao nível das funções que desempenha. Estas são duas das principais conclusões do “Estudo Sobre o Mercado de Trabalho em Turismo”, realizado pela Universidade de Aveiro (UA) para o Turismo de Portugal e Secretaria de Estado do Turismo.
O trabalho de investigação, coordenado por Carlos Costa, investigador do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da UA, teve como objetivo analisar, avaliar e perspetivar o mercado de trabalho no setor do turismo, e respetivos subsetores, a 10 anos.
O trabalho, que envolveu um vasto painel de peritos e investigadores de Portugal e do estrangeiro, compreendeu a realização de 4.898 inquéritos aplicados a trabalhadores e estudantes de turismo, bem como 11 entrevistas a líderes de organizações nacionais do turismo.
Uma das principais conclusões do trabalho diz respeito ao nível de felicidade e de realização dos trabalhadores desta área, indicando o estudo que 85% dos trabalhadores disseram-se felizes a trabalhar no turismo, sendo que esta variável é explicada pelo facto do turismo ser uma profissão que lida com pessoas e culturas, e é muito eclética.
O trabalho concluiu ainda que os trabalhadores e os estudantes da área são fortemente dedicados e entusiastas ao nível das funções que desempenham. Contudo, apontam os investigadores da UA, “há problemas que urge ultrapassar, sendo que um dos mais importantes diz respeito aos níveis salariais”.
O estudo demonstra que que, efetivamente, a maioria dos salários encontram-se próximos do salário mínimo nacional, embora o sistema de gratificações faça com que os trabalhadores, em particular os do front-office, possam ver os seus salários complementados.
Aos baixos salários juntam-se outros problemas para os trabalhadores do sector: horários inflexíveis (que fazem com que a profissão dificulte uma vida familiar e emocional equilibrada); falta de segurança no trabalho (um problema apresentado por um em cada três trabalhadores); e desigualdades em termos de oportunidades, salário e género.
O estudo deixa mesmo o alerta e recorda que as futuras gerações de trabalhadores, corporizadas nos estudantes que se encontram em cursos de turismo, “rejeitam veementemente este tipo de formas de desigualdade”, nomeadamente em termos salariais e de compatibilidade com a vida pessoal e emocional, o que requer uma “atuação rápida e adequada ao nível destas questões”.
O estudo demonstra que os problemas atuais no mercado de trabalho do turismo não se resolvem “meramente dentro do atual paradigma”, apontando para a necessidade de se “introduzirem novas abordagens no trabalho e no estudo do turismo, que devem incorporar novas cadeias de valor mais associadas aos negócios da gestão e de relações entre pessoas, de qualidade de vida e da felicidade”.
Carlos Costa aponta para que o turismo se deva “expandir do seu core business da hotelaria e da restauração para novas cadeias de valor e novas operações de logística”, e que “contribua para uma expansão para áreas de menor densidade populacional e económica e socialmente menos atrativas”.
Para que tal aconteça, diz o responsável pelo estudo, “será necessário que as profissões da área do turismo incorporem novas valências na gestão dos recursos humanos, do empreendedorismo, e das novas tecnologias”. E concluiu: “se se evoluir nesta perspetiva, conseguir-se-ão introduzir novas formas de coesão social e territorial através do setor do turismo”.
Os resultados finais apresentados pelo estudo encontram-se sistematizados em 13 Medidas de Orientação Política:
- reposicionar o Turismo como fenómeno social e civilizacional;
- tornar o Turismo um instrumento de desenvolvimento e coesão dos territórios;
- posicionar o Turismo como impulsionador da sustentabilidade e dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS);
- felicidade, segurança e perspetivas de abandono do turismo;
- imagem do mercado de trabalho;
- condições de acesso às profissões;
- designação das profissões;
- possibilidade de se trabalhar noutras áreas, tipo de regime de trabalho e emprego por conta própria ou de outrem;
- novo paradigma para a formação contínua;
- igualdade e necessidades especiais;
- investir na qualificação tecnológica do mercado de trabalho;
- o papel das associações empresariais e dos sindicatos;
- governança: formação, investigação e autorregulação.