Promover o “melhor” destino do mundo
Para muitos, a retoma do turismo em Portugal deverá ser acompanhada por uma forte campanha de comunicação e promoção. Por isso, fomos falar com especialistas na matéria.

Victor Jorge
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Há pouco mais de um mês, o Publituris perguntava “como foi afetada a marca Portugal?”. Isto por causa do nosso país ter sido abertura de diversos telejornais por esse mundo fora devido ao aumento dramático do número de casos de COVID-19, levando a que fosse possível ver, ouvir e ler testemunhos a destacarem a necessidade e urgência de Portugal apostar “numa campanha forte de reabilitação e promoção” da imagem do país no mercado internacional, salientava Luís Marques Mendes, comentador político e antigo líder do PSD no seu comentário semanal na SIC.
Antes mesmo de lançar tal campanha, é preciso saber quais os eixos de tal comunicação. Pedro Mendes, diretor-executivo da London School of Design&Marketing (LSDM), admite que o país mantém “os atributos e qualidades que se destacavam antes da pandemia e atraíam milhares de pessoas a Portugal”, salientando que terá de ser com base “nesses pontos fortes que deve ser feita a comunicação, utilizando para o efeito ferramentas digitais e tecnológicas.”
Segundo o responsável de uma das escolas de design e marketing mais prestigiadas da Europa, quando se fala de eixos de comunicação, “devemos ter em conta que o turismo vive de experiências, vivência e emoções, logo será o eixo afetivo-social, que faz um claro apelo a uma identificação com determinados aspetos deste universo, que levará as pessoas a querer optar pela nossa marca e não por outra”. Assim, esclarece que, nos próximos tempos, as estratégias com maior sucesso são as que começam com “a compreensão profunda das necessidades emocionais não satisfeitas” e, seguidamente, “com o desenvolvimento de abordagens exclusivas que sejam eficazes para lidar com essas necessidades emocionais”.
Por cá, Manuel Soares de Oliveira, diretor-geral da Mosca Publicidade, coloca o acento tónico no mesmo eixo. Ou seja, o eixo deverá identificar as necessidades deste mundo pós-pandemia, admitindo que “uma das procuras será certamente o de estadias mais prolongadas que deem mais a sensação de mudança e de liberdade após um ano de restrições”, apesar das pessoas estarem “mais receosas do mundo exterior”.
A boa notícia que Edson Athayde, CEO/CCO da FCB Lisboa, dá é que “o país que vamos ter quando o turismo abrir será muito parecido com o que tínhamos antes”. Na verdade, admite, “será o mesmo”. Ou seja, trata-se de um país que oferece uma multiplicidade de escolhas turísticas sempre a uma curta distância. “Temos praia ao pé da montanha, temos natureza ao pé da cidade, temos património ao lado de lojas. Creio que o turismo de fazer vários países na mesma viagem vai ser inviável nos primeiros meses ou anos, assim, mostrar que vir para cá pode significar uma estadia tão variada poderá ser uma boa ideia”, diz o responsável da FCB.
Já Carlos Coelho, presidente da Ivity Brand Corp, e dinamizador do novo movimento que junta empresários e profissionais de vários quadrantes para apoiar as marcas nacionais no Marcas Por Portugal, é mais sintético: “Qualificar, valorizar e elevar a perceção de valor”. E porquê? Porque, segundo salienta, “o melhor destino turístico do mundo a preços de saldos não é sustentável para ninguém”, admitindo que “a pandemia é a nossa deixa para reajustar a nossa qualidade intrínseca com a qualidade percebida e para conseguir aumentar o valor acrescentado de tudo o que fazemos”.
(Des)foco!
Por norma, Portugal tem por defeito apontar baterias a muitos destinos, sem estabelecer mercados-alvo bem definidos em função do retorno que podem trazer não só a curto, mas, fundamentalmente, a médio e longo prazo, e cujos visitantes possuam rendimentos bem acima dos que são auferidos em terras lusas.
Com uma das premissas do marketing a defender que a mensagem deve ser sempre adaptada ao público-alvo, Pedro Mendes refere que a mensagem pode ser “abrangente”, mas depois há que ter “ações concretas e focalizadas no público-alvo que queremos alcançar”, salientando que, “com as ferramentas digitais esse é um ponto indiscutível, respeitando o perfil do consumidor”.
Defendendo, igualmente, que “quanto mais focada for uma comunicação, melhor”, Edson Athayde ressalva, contudo, que “poderá haver uma camada principal que defina bem a oferta e igual ou quase igual para todos”. O responsável da “Mosca” defende o mesmo ponto de vista, com uma comunicação da marca Portugal, “mas que deve estar atenta as novas tendências e preparar comunicação dirigida a essas necessidades”. Até porque, como destaca Manuel Soares de Oliveira, “é uma preguiça comunicar só em inglês”.
Já o responsável da Ivity utiliza o conceito têxtil para definir o foco de uma possível campanha. Para Carlos Coelho, uma campanha “não é mais apenas uma peça única, mas uma estrutura coesa com capacidade de strech para os diversos mercados”. Defensor de que “Portugal é o país do mundo com mais diversidade por km2”, importa definir “alguns targets prioritários, para que seja possível sobre esses promover as melhores, e mais valiosas, ofertas do país”.
À questão se a aposta deverá assentar num único conceito, Luís Pereira Santos, CEO da McCann Lisbon, refere que “quase nada se resolve com uma só campanha, um só conceito ou uma só ideia”. Na opinião deste criativo, “Portugal é um destino que oferece praia para quem a procura, golfe para quem o procura, natureza para quem a procura, gastronomia para quem a procura e assim por diante”. Defendendo que “o segredo é oferecer o nosso melhor a quem tem apetência para o valorizar”, o responsável da McCann admite que não vai haver um nem dois nem três eixos. “Tem de haver dezenas”.
“Se olharmos do ponto de vista macro Portugal é heterogéneo, do ponto de vista micro, o Algarve ou o Alentejo ou Lisboa são propostas heterogéneas. Os nossos targets também são heterogéneos. Temos ingleses que procuram praia, outros que procuram golfe, outros a simplicidade de algumas zonas do interior e outros alguma sensação de autenticidade que ainda se sente em Lisboa ou no Porto”. Assim, não se trata de uma questão de língua ou país alvo, mas sim “uma questão de retomar uma estratégia de comunicação do país”.
Como o ex-Secretário-geral da OMT, Taleb Rifai, destacou, de resto, em entrevista ao Publituris, que o futuro do turismo será, a curto prazo, doméstico e regional. Daí, “pela lógica” de Edson Athayde, “parece que será mais fácil atrair turistas europeus”. O que, segundo ele, “pode ser um desafio inteiramente novo: atrair pessoas que, apesar de morar a duas ou três horas de voo daqui, nunca pensaram em visitar-nos ou que há décadas não passam por aqui”.
Apesar deste fenómeno ser o mais expectável, Manuel Soares de Oliveira, lança já o desafio para uma comunicação em terras de “Uncle Sam”, país onde as viagens são planeadas com muita antecedência. Assim, segundo o responsável da “Mosca”, uma linha de comunicação poderia ser, claramente: “sei que sonha em ir a Portugal, podemos ajudar no planeamento futuro da sua viagem?”.
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