Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe
São Tomé e Príncipe. Um tesouro à espera de ser descoberto
O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.
Inês de Matos
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O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.
Por muitos anos que viva, não vou esquecer a sensação que senti na primeira vez que pisei a linha do equador. É um sentimento quase mágico, de omnipresença, como se conseguíssemos alcançar o mundo inteiro enquanto estamos ali, sobre a linha imaginária que divide o mundo, pé direito no hemisfério Norte e esquerdo no Sul. Damos por nós a saltar de um lado para o outro desta linha fictícia, como se o facto de a ultrapassarmos num pulo nos levasse, num ápice, de um extremo ao outro do globo.
A linha do equador atravessa 13 países no mundo e um desses países é São Tomé e Príncipe, que o Publituris visitou, entre 9 e 16 de janeiro, a convite da STP Airways, que levou um grupo de três jornalistas a conhecer um destino que “tem um enorme potencial para o turismo, mas que ainda precisa trabalhar e construir infraestruturas para se afirmar”, como nos disse, logo à chegada, João Cardoso, um empresário da construção português, que vive em São Tomé há mais de 40 anos e que tem assistido ao crescimento do turismo no país.
Em São Tomé e Príncipe, a linha do equador atravessa o Ilhéu das Rolas, uma das ilhas mais pequenas que compõem este arquipélago localizado no Golfo da Guiné, descoberto pelos portugueses no século XV e que é um país independente desde 1975. No local, existe um monumento que é composto por um marco que assinala a posição de São Tomé e Príncipe no grau 0 de latitude, num mapa de mosaicos desenhado no chão. Enquanto me entretinha a saltar a linha do equador de um lado para o outro, com uma vista deslumbrante para São Tomé, pensava que este destino é mesmo um tesouro à espera de ser descoberto, com todas as pedras e metais preciosos que esperaríamos encontrar em qualquer tesouro.
Venha com o Publituris descobrir as muitas jóias de São Tomé e Príncipe, país que conta com praias de areias douradas e águas turquesa, florestas tropicais de profundos tons esmeralda, e um povo amistoso que será, talvez, a jóia mais preciosa deste tesouro.
História e capital
Chegámos a São Tomé, capital e maior cidade do arquipélago, na manhã de sábado, 9 de janeiro, e seguimos para o Pestana São Tomé Ocean & Spa Hotel, o único dos três hotéis do grupo Pestana no país que se encontra em funcionamento devido ao impacto da pandemia da COVID-19 e que foi o nosso ‘quartel-general’ durante a semana que passámos em São Tomé.
De imediato, resolvemos sair do hotel e partir à descoberta da cidade. São Tomé e Príncipe é um país seguro, com uma baixa taxa de criminalidade e, por isso, não sentimos qualquer receio em nos aventurarmos pelas ruas de São Tomé, desertas de turistas estrangeiros por consequência da pandemia. Começámos por percorrer a avenida marginal que liga o Pestana São Tomé ao centro da cidade e, num ápice, estávamos no antigo mercado, que apesar de fechado, continua a reunir em seu redor todo o tipo de comércio e a fazer soar os pregões das vendedoras. Foi o primeiro contacto com a comunidade local e serviu para percebermos que o povo são-tomense é gentil, curioso por contactar com os turistas e, regra geral, gosta de pousar para as fotografias. Apesar viverem de forma humilde, os são-tomenses têm sempre um sorriso na cara e mostram-se disponíveis para ajudar à mínima solicitação.
Percorremos um total de oito quilómetro neste primeiro passeio, que nos levou também a passar junto ao Palácio Presidencial e à Sé Catedral, uma pequena mas bem preservada igreja do século XV, até à Baia Ana Chaves, uma das maiores do arquipélago.
A aula de história ficaria, no entanto, para outro dia, quando visitámos o Forte de São Sebastião, que foi construído pelos portugueses em 1575 para proteger a ilha de ataques piratas e onde se encontra instalado o Museu Nacional de São Tomé. Ali é possível conhecer melhor toda a história do arquipélago, desde os tempos da descoberta das ilhas até aos dias da independência, sem esquecer o período colonial.
Ponto de visita foi ainda o mercado Bobo Forro, o novo mercado da cidade, um local de passagem obrigatório para que os turistas conheçam in loco, e antes de chegarem à panela, muitos dos produtos locais, como a jaca, a fruta-pão, o mata-bala ou o afrodisíaco micocó, iguarias que haveríamos de provar ao longo da semana que passámos em São Tomé e Príncipe.
Roças
Falar da história de São Tomé e Príncipe é também falar das roças, as antigas explorações de café e cacau, que chegaram no século XIX, quando os portugueses levaram as plantações para o país depois da independência do Brasil. O primeiro contacto que tivemos foi com a Roça de São Nicolau, na zona central da ilha, quando participámos, com a associação Ajudar a Amparar, na distribuição dos donativos transportados pela STP Airways.
Perdida no meio da floresta, esta antiga roça é hoje habitada por uma comunidade carenciada e encontra-se desativada e profundamente degradada. A Roça de São Nicolau está, contudo, longe de ser um exemplo, já que por toda a ilha existem várias roças recuperadas e organizadas para receber turistas. É o caso da Roça Monte Café, uma bonita propriedade do século XIX, igualmente na zona central da ilha, que foi requalificada e que, em 2013, inaugurou um interessante museu que nos transporta para os tempos áureos do café na região. Hoje, esta roça é explorada por uma cooperativa e o café ali produzido é vendido em França e Itália, sob a marca gourmet ‘O Monte’. Infelizmente, a marca não tem exportação para Portugal, mas quem visitar a roça pode sempre comprá-lo na loja local.
Perto da Roça Monte Café fica a Roça da Saudade, outro exemplo de reconversão bem-sucedida. Esta roça tem a particularidade de ter sido o local onde nasceu o escritor e artista plástico Almada Negreiros, curiosidade que ajuda a atrair o turismo e que está patente na decoração do restaurante que nasceu com a recuperação da casa principal. Mas talvez o melhor exemplo seja a Roça de São João dos Angolares, no sul da ilha, onde também tivemos oportunidade de almoçar. Além de uma casa colonial bem preservada e decorada, que atravessamos para encontrar um convidativo alpendre com uma vista deslumbrante para a praia, a comida do chef João Carlos Silva é motivo mais que suficiente para justificar a visita. Este conhecido chef são-tomense, que protagonizou o programa televisivo ‘Na Roça com os Tachos’, continua tão carismático quanto no passado e mantém-se à frente da cozinha da roça, onde prepara pratos requintados com produtos são-tomenses. Quem quiser pode também dormir na Roça de São João dos Angolares e viver a experiência completa, já que é possível participar em workshops de culinária, que começam com a ida à horta para colher os produtos a usar na refeição.
Paraíso natural
A cultura, história, gastronomia e povo são, sem dúvida, das jóias mais valiosas que São Tomé e Príncipe possui. Mas este arquipélago africano foi ainda abençoado pela natureza. Por estar localizado sobre a linha do equador, São Tomé e Príncipe possui um clima quente e húmido, o que aliado ao solo vulcânico e fértil dá origem a exuberantes florestas tropicais que se estendem das praias às mais altas montanhas são-tomenses. Por toda a ilha, a paisagem exibe distintos tons de verde, como diferentes pedras preciosas de esmeralda ou jade, fruto das muitas espécies de árvores, plantas e outros tipos de vegetação que por ali predominam.
As zona central e sul de São Tomé são, por excelência, paraísos naturais, são zonas montanhosas, onde a vegetação é quase sufocante e onde não raramente se encontram cascatas deslumbrante, muitas das quais inacessíveis. Uma das que é acessível aos turistas é a cascata de São Nicolau, um bom exemplo da beleza que podemos encontrar nas paisagens são-tomenses. A uma queda de água com seguramente mais de duas dezenas de metros de altura, junta-se uma moldura verde proporcionada pela vegetação, que contrasta com o negro da rocha vulcânica que está na origem do arquipélago.
Ali perto, fica ainda o Jardim Botânico do Bom Sucesso, um espaço de 10 mil metros quadrados, localizado a 1150 metros de altitude, incluído no Parque Natural d’Ôbo, onde é possível conhecer a flora são-tomense e a partir do qual é possível realizar caminhadas até ao Pico do Cão Grande, a montanha mais característica de São Tomé e Príncipe devido à sua forma aguda, que se eleva a 663 metros acima do mar.
Praias douradas e turquesa
Mas se há cartão-postal em São Tomé e Príncipe, esse título pertence às praias, que nos arrebatam com as areias douradas e águas cristalinas e mornas, sempre acima dos 25 graus, de tons que variam entre turquesa e safira, e que são outra das valiosas jóias do arquipélago.
Ao longo da semana, descobrimos algumas das praias mais bonitas de São Tomé e Príncipe, mas foi no dia em que fomos ao Ilhéu das Rolas, que nos obrigou a uma viagem de duas horas até Ponta Baleia, no Sul, onde apanhámos o barco para o ilhéu, que percebemos a diversidade de praias deste país. A praia das Sete Ondas, ideal para a prática do surf; a praia Jalé, com bungalows mesmo em cima da água; a Praia dos Tamarindos, rodeada de árvores do fruto homónimo; ou a Praia Piscina, cujas formações rochosas formam uma piscina natural, são algumas das mais conhecidas e todas justificam um mergulho.
Mas foi no Ilhéu das Rolas que nos apaixonámos realmente pelas praias de São Tomé e Príncipe. Esta pequena ilha, que está concessionada ao Grupo Pestana, possui algumas das mais deslumbrantes praias do planeta. A Praia Bateria, por exemplo, é qualquer coisa de inenarrável de tão exuberante beleza. O contraste entre o azul-turquesa do mar, o negro da rocha vulcânica e o dourado da areia, enquadrado por um cenário verde onde se destacam os coqueiros que se amontoam até à beira da água, deixam-nos sem palavras. Como o mar estava picado, não arriscámos mergulhar, optámos por dar a volta ao ilhéu e fotografar ao longe estas praias dignas de qualquer cartão-postal, mas normalmente os turistas têm a oportunidade de passar um dia inteiro na ilha. Antes da pandemia, o Grupo Pestana disponibilizava a viagem de barco até ao ilhéu, numa opcional que incluía a visita ao marco do equador, tempo livre nas praias e regresso no final do dia. Mas, com a pandemia e com o Pestana Ilhéu das Rolas fechado para renovações, a opção foi suspensa. No nosso caso, a visita apenas aconteceu por cortesia do Grupo Pestana.
Além do ilhéu, devo mencionar ainda a Lagoa Azul, uma baía na zona norte de São Tomé, popular para a prática de mergulho e cujas águas são de um azul-turquesa tão intenso que nos custa acreditar que não há ali intervenção do Photoshop e que aquela beleza é mesmo natural.
Antes da despedida, passámos ainda pela Boca do Inferno, zona que, como o nome indica, é semelhante à Boca do Inferno portuguesa e que, reza a lenda, quem ali mergulhar só sai em Cascais. Como era a despedida, ainda pensámos comprovar o mito, mas achámos melhor não arriscar, até porque ninguém estava com pressa de regressar a casa.
Como ir e onde ficar
A STP Airways voa semanalmente entre Lisboa e São Tomé, aos sábados. Os voos têm a duração de cerca de seis horas e chegam a São Tomé ao início da manhã de sábado. Devido à pandemia, é preciso realizar um teste à COVID-19 antes da partida para São Tomé e Príncipe, assim como outro no destino, antes do regresso.
No que diz respeito ao alojamento, ficámos no Pestana São Tomé Ocean & Spa Resort, unidade de cinco estrelas na capital do país, que conta com 115 quartos, piscina exterior, restaurante e bar. Além deste, o grupo hoteleiro português dispõe também do Pestana Miramar e do Pestana Ilhéu das Rolas, ambos encerrados atualmente devido à pandemia. No entanto, o alojamento em São Tomé e Príncipe tem vindo a crescer e, hoje, já é possível ficar hospedado em muitas roças, assim como em pequenas unidades, como o Mucumbli, na zona norte da ilha, que dispõe de 10 bungalows e restaurante de inspiração italiana.
Já o programa de viagem foi definido pela Mistral Voyages, recetivo são-tomense que conta com diversas opções de programas para visitar as ilhas do arquipélago e cujo guia Hilário Graça de Sousa nos acompanhou ao longo da semana que passámos em São Tomé.
Quanto à alimentação, e apesar de estamos alojados em Pensão Completa, optámos por experimentar alguns restaurantes locais. O Papa-Figo, especializado em produtos do mar, ou o restaurante Dona Tete, em que somos servidos no quintal da casa da própria Dona Tete, prometem ser agradáveis surpresas.