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Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe
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São Tomé e Príncipe. Um tesouro à espera de ser descoberto

O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.

Inês de Matos
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São Tomé e Príncipe. Um tesouro à espera de ser descoberto

O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.

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O paraíso na terra existe e chama-se São Tomé e Príncipe, um destino que é um autêntico tesouro ainda à espera de ser descoberto e que, apesar da pandemia, o Publituris foi conhecer a convite da STP Airways.

Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

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Por muitos anos que viva, não vou esquecer a sensação que senti na primeira vez que pisei a linha do equador. É um sentimento quase mágico, de omnipresença, como se conseguíssemos alcançar o mundo inteiro enquanto estamos ali, sobre a linha imaginária que divide o mundo, pé direito no hemisfério Norte e esquerdo no Sul. Damos por nós a saltar de um lado para o outro desta linha fictícia, como se o facto de a ultrapassarmos num pulo nos levasse, num ápice, de um extremo ao outro do globo.
A linha do equador atravessa 13 países no mundo e um desses países é São Tomé e Príncipe, que o Publituris visitou, entre 9 e 16 de janeiro, a convite da STP Airways, que levou um grupo de três jornalistas a conhecer um destino que “tem um enorme potencial para o turismo, mas que ainda precisa trabalhar e construir infraestruturas para se afirmar”, como nos disse, logo à chegada, João Cardoso, um empresário da construção português, que vive em São Tomé há mais de 40 anos e que tem assistido ao crescimento do turismo no país.
Em São Tomé e Príncipe, a linha do equador atravessa o Ilhéu das Rolas, uma das ilhas mais pequenas que compõem este arquipélago localizado no Golfo da Guiné, descoberto pelos portugueses no século XV e que é um país independente desde 1975. No local, existe um monumento que é composto por um marco que assinala a posição de São Tomé e Príncipe no grau 0 de latitude, num mapa de mosaicos desenhado no chão. Enquanto me entretinha a saltar a linha do equador de um lado para o outro, com uma vista deslumbrante para São Tomé, pensava que este destino é mesmo um tesouro à espera de ser descoberto, com todas as pedras e metais preciosos que esperaríamos encontrar em qualquer tesouro.
Venha com o Publituris descobrir as muitas jóias de São Tomé e Príncipe, país que conta com praias de areias douradas e águas turquesa, florestas tropicais de profundos tons esmeralda, e um povo amistoso que será, talvez, a jóia mais preciosa deste tesouro.

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História e capital

Ponta Baleia, São Tomé e Príncipe

Chegámos a São Tomé, capital e maior cidade do arquipélago, na manhã de sábado, 9 de janeiro, e seguimos para o Pestana São Tomé Ocean & Spa Hotel, o único dos três hotéis do grupo Pestana no país que se encontra em funcionamento devido ao impacto da pandemia da COVID-19 e que foi o nosso ‘quartel-general’ durante a semana que passámos em São Tomé.
De imediato, resolvemos sair do hotel e partir à descoberta da cidade. São Tomé e Príncipe é um país seguro, com uma baixa taxa de criminalidade e, por isso, não sentimos qualquer receio em nos aventurarmos pelas ruas de São Tomé, desertas de turistas estrangeiros por consequência da pandemia. Começámos por percorrer a avenida marginal que liga o Pestana São Tomé ao centro da cidade e, num ápice, estávamos no antigo mercado, que apesar de fechado, continua a reunir em seu redor todo o tipo de comércio e a fazer soar os pregões das vendedoras. Foi o primeiro contacto com a comunidade local e serviu para percebermos que o povo são-tomense é gentil, curioso por contactar com os turistas e, regra geral, gosta de pousar para as fotografias. Apesar viverem de forma humilde, os são-tomenses têm sempre um sorriso na cara e mostram-se disponíveis para ajudar à mínima solicitação.
Percorremos um total de oito quilómetro neste primeiro passeio, que nos levou também a passar junto ao Palácio Presidencial e à Sé Catedral, uma pequena mas bem preservada igreja do século XV, até à Baia Ana Chaves, uma das maiores do arquipélago.
A aula de história ficaria, no entanto,  para outro dia, quando visitámos o Forte de São Sebastião, que foi construído pelos portugueses em 1575 para proteger a ilha de ataques piratas e onde se encontra instalado o Museu Nacional de São Tomé. Ali é possível conhecer melhor toda a história do arquipélago, desde os tempos da descoberta das ilhas até aos dias da independência, sem esquecer o período colonial.
Ponto de visita foi ainda o mercado Bobo Forro, o novo mercado da cidade, um local de passagem obrigatório para que os turistas conheçam in loco, e antes de chegarem à panela, muitos dos produtos locais, como a jaca, a fruta-pão, o mata-bala ou o afrodisíaco micocó, iguarias que haveríamos de provar ao longo da semana que passámos em São Tomé e Príncipe.

Roças

Falar da história de São Tomé e Príncipe é também falar das roças, as antigas explorações de café e cacau, que chegaram no século XIX, quando os portugueses levaram as plantações para o país depois da independência do Brasil. O primeiro contacto que tivemos foi com a Roça de São Nicolau, na zona central da ilha, quando participámos, com a associação Ajudar a Amparar, na distribuição dos donativos transportados pela STP Airways.
Perdida no meio da floresta, esta antiga roça é hoje habitada por uma comunidade carenciada e encontra-se desativada e profundamente degradada. A Roça de São Nicolau está, contudo, longe de ser um exemplo, já que por toda a ilha existem várias roças recuperadas e organizadas para receber turistas. É o caso da Roça Monte Café, uma bonita propriedade do século XIX, igualmente na zona central da ilha, que foi requalificada e que, em 2013, inaugurou um interessante museu que nos transporta para os tempos áureos do café na região. Hoje, esta roça é explorada por uma cooperativa e o café ali produzido é vendido em França e Itália, sob a marca gourmet ‘O Monte’. Infelizmente, a marca não tem exportação para Portugal, mas quem visitar a roça pode sempre comprá-lo na loja local.
Perto da Roça Monte Café fica a Roça da Saudade, outro exemplo de reconversão bem-sucedida. Esta roça tem a particularidade de ter sido o local onde nasceu o escritor e artista plástico Almada Negreiros, curiosidade que ajuda a atrair o turismo e que está patente na decoração do restaurante que nasceu com a recuperação da casa principal. Mas talvez o melhor exemplo seja a Roça de São João dos Angolares, no sul da ilha, onde também tivemos oportunidade de almoçar. Além de uma casa colonial bem preservada e decorada, que atravessamos para encontrar um convidativo alpendre com uma vista deslumbrante para a praia, a comida do chef João Carlos Silva é motivo mais que suficiente para justificar a visita. Este conhecido chef são-tomense, que protagonizou o programa televisivo ‘Na Roça com os Tachos’, continua tão carismático quanto no passado e mantém-se à frente da cozinha da roça, onde prepara pratos requintados com produtos são-tomenses. Quem quiser pode também dormir na Roça de São João dos Angolares e viver a experiência completa, já que é possível participar em workshops de culinária, que começam com a ida à horta para colher os produtos a usar na refeição.

Paraíso natural

A cultura, história, gastronomia e povo são, sem dúvida, das jóias mais valiosas que São Tomé e Príncipe possui. Mas este arquipélago africano foi ainda abençoado pela natureza. Por estar localizado sobre a linha do equador, São Tomé e Príncipe possui um clima quente e húmido, o que aliado ao solo vulcânico e fértil dá origem a exuberantes florestas tropicais que se estendem das praias às mais altas montanhas são-tomenses. Por toda a ilha, a paisagem exibe distintos tons de verde, como diferentes pedras preciosas de esmeralda ou jade, fruto das muitas espécies de árvores, plantas e outros tipos de vegetação que por ali predominam.
As zona central e sul de São Tomé são, por excelência, paraísos naturais, são zonas montanhosas, onde a vegetação é quase sufocante e onde não raramente se encontram cascatas deslumbrante, muitas das quais inacessíveis. Uma das que é acessível aos turistas é a cascata de São Nicolau, um bom exemplo da beleza que podemos encontrar nas paisagens são-tomenses. A uma queda de água com seguramente mais de duas dezenas de metros de altura, junta-se uma moldura verde proporcionada pela vegetação, que contrasta com o negro da rocha vulcânica que está na origem do arquipélago.
Ali perto, fica ainda o Jardim Botânico do Bom Sucesso, um espaço de 10 mil metros quadrados, localizado a 1150 metros de altitude, incluído no Parque Natural d’Ôbo, onde é possível conhecer a flora são-tomense e a partir do qual é possível realizar caminhadas até ao Pico do Cão Grande, a montanha mais característica de São Tomé e Príncipe devido à sua forma aguda, que se eleva a 663 metros acima do mar.

Praias douradas e turquesa

Mas se há cartão-postal em São Tomé e Príncipe, esse título pertence às praias, que nos arrebatam com as areias douradas e águas cristalinas e mornas, sempre acima dos 25 graus, de tons que variam entre turquesa e safira, e que são outra das valiosas jóias do arquipélago.
Ao longo da semana, descobrimos algumas das praias mais bonitas de São Tomé e Príncipe, mas foi no dia em que fomos ao Ilhéu das Rolas, que nos obrigou a uma viagem de duas horas até Ponta Baleia, no Sul, onde apanhámos o barco para o ilhéu, que percebemos a diversidade de praias deste país. A praia das Sete Ondas, ideal para a prática do surf; a praia Jalé, com bungalows mesmo em cima da água; a Praia dos Tamarindos, rodeada de árvores do fruto homónimo; ou a Praia Piscina, cujas formações rochosas formam uma piscina natural, são algumas das mais conhecidas e todas justificam um mergulho.
Mas foi no Ilhéu das Rolas que nos apaixonámos realmente pelas praias de São Tomé e Príncipe. Esta pequena ilha, que está concessionada ao Grupo Pestana, possui algumas das mais deslumbrantes praias do planeta. A Praia Bateria, por exemplo, é qualquer coisa de inenarrável de tão exuberante beleza. O contraste entre o azul-turquesa do mar, o negro da rocha vulcânica e o dourado da areia, enquadrado por um cenário verde onde se destacam os coqueiros que se amontoam até à beira da água, deixam-nos sem palavras. Como o mar estava picado, não arriscámos mergulhar, optámos por dar a volta ao ilhéu e fotografar ao longe estas praias dignas de qualquer cartão-postal, mas normalmente os turistas têm a oportunidade de passar um dia inteiro na ilha. Antes da pandemia, o Grupo Pestana disponibilizava a viagem de barco até ao ilhéu, numa opcional que incluía a visita ao marco do equador, tempo livre nas praias e regresso no final do dia. Mas, com a pandemia e com o Pestana Ilhéu das Rolas fechado para renovações, a opção foi suspensa. No nosso caso, a visita apenas aconteceu por cortesia do Grupo Pestana.
Além do ilhéu, devo mencionar ainda a Lagoa Azul, uma baía na zona norte de São Tomé, popular para a prática de mergulho e cujas águas são de um azul-turquesa tão intenso que nos custa acreditar que não há ali intervenção do Photoshop e que aquela beleza é mesmo natural.
Antes da despedida, passámos ainda pela Boca do Inferno, zona que, como o nome indica, é semelhante à Boca do Inferno portuguesa e que, reza a lenda, quem ali mergulhar só sai em Cascais. Como era a despedida, ainda pensámos comprovar o mito, mas achámos melhor não arriscar, até porque ninguém estava com pressa de regressar a casa.

Como ir e onde ficar

A STP Airways voa semanalmente entre Lisboa e São Tomé, aos sábados. Os voos têm a duração de cerca de seis horas e chegam a São Tomé ao início da manhã de sábado. Devido à pandemia, é preciso realizar um teste à COVID-19 antes da partida para São Tomé e Príncipe, assim como outro no destino, antes do regresso.
No que diz respeito ao alojamento, ficámos no Pestana São Tomé Ocean & Spa Resort, unidade de cinco estrelas na capital do país, que conta com 115 quartos, piscina exterior, restaurante e bar. Além deste, o grupo hoteleiro português dispõe também do Pestana Miramar e do Pestana Ilhéu das Rolas, ambos encerrados atualmente devido à pandemia. No entanto, o alojamento em São Tomé e Príncipe tem vindo a crescer e, hoje, já é possível ficar hospedado em muitas roças, assim como em pequenas unidades, como o Mucumbli, na zona norte da ilha, que dispõe de 10 bungalows e restaurante de inspiração italiana.
Já o programa de viagem foi definido pela Mistral Voyages, recetivo são-tomense que conta com diversas opções de programas para visitar as ilhas do arquipélago e cujo guia Hilário Graça de Sousa nos acompanhou ao longo da semana que passámos em São Tomé.
Quanto à alimentação, e apesar de estamos alojados em Pensão Completa, optámos por experimentar alguns restaurantes locais. O Papa-Figo, especializado em produtos do mar, ou o restaurante Dona Tete, em que somos servidos no quintal da casa da própria Dona Tete, prometem ser agradáveis surpresas.

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TAP dá lucro pelo 3.º ano consecutivo mas com descida de quase 70%

No ano passado, a TAP obteve um resultado liquido de 53,7 milhões de euros, valor que se mantém positivo pelo terceiro ano consecutivo, mas que traduz uma descida de 69,7% face aos 177,3 milhões de euros de 2023, devido ao impacto de “provisões laborais extraordinárias e perdas cambiais”.

Em 2024, a TAP obteve um resultado liquido de 53,7 milhões de euros, valor que continua positivo pelo terceiro ano consecutivo mas que apresenta uma descida de quase 70% face ao apresentado em 2023.

De acordo com um comunicado divulgado na manhã desta quarta-feira, 26 de março, o resultado do ano passado “foi maioritariamente impactado por provisões laborais extraordinárias e perdas cambiais”, o que ditou uma descida de 69,7% face aos 177,3 milhões de euros contabilizados em 2023.

“Os resultados de 2024 confirmam a trajetória de recuperação da TAP iniciada nos últimos anos. Pelo terceiro ano consecutivo, a TAP apresentou um resultado líquido positivo, suportado pelo aumento das receitas e pela estabilização dos resultados operacionais. Adicionalmente, o contínuo aumento da pontualidade e regularidade confirmam uma operação mais robusta e resiliente”, congratula-se Luís Rodrigues, CEO da TAP.

Apesar da acentuada descida do lucro face ao ano anterior, a TAP realça que, relativamente a 2019, “último ano antes da pandemia, os resultados registam um incremento de 149,4 milhões de euros.

O comunicado divulgado pela TAP dá ainda conta que as receitas operacionais totalizaram “um novo máximo histórico”, chegando aos 4.242,4 milhões de euros, o que traduz um aumento de 0,7% face a 2023 e 28,6% acima dos níveis de 2019.

“As receitas de passagens voadas mantiveram-se positivas, impulsionadas pelo aumento da capacidade (+1,6%) e pela melhoria do Load Factor (+1,5 p.p.)”, destaca também a companhia aérea.

A TAP refere ainda que também o “forte desempenho do segmento de Manutenção (+44,6%), em particular na atividade da oficina de motores, também contribuiu para o crescimento das receitas”.

Quanto a passageiros, no ano passado, a companhia aérea de bandeira nacional transportou, em 2024, 16,1 milhões de passageiros, o que indica um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior, atingindo 94% dos valores alcançados em 2019. Já o número total de voos operados diminuiu 1,5% face a 2023, atingindo 86% dos níveis pré-crise.

Já a receita por passageiro por assento/quilómetro disponível (PRASK) somou 7,13 cêntimos, diminuindo 2,3% (-0,17 cêntimos) em termos homólogos, mas permanecendo 28,4% (+1,58 cêntimos) acima dos níveis de 2019.

Quanto a custos, a informação divulgada pela TAP revela que os custos operacionais recorrentes aumentaram 0,8% em termos homólogos, atingindo 3.859,8 milhões de euros em 2024, com o CASK – Cost of Available Seat Kilometer dos custos operacionais recorrentes a diminuir 0,7% para 7,20 cêntimos, enquanto nos custos operacionais recorrentes, excluindo custos com combustível, aumentou 2,1% face a 2023, atingindo 5,25 cêntimos.

No ano passado, o EBITDA recorrente da TAP atingiu os 875,3 milhões de euros, com uma margem de 20,6%, aumentando 3,7 milhões de euros ou 0,4% em comparação com 2023, enquanto o EBIT recorrente totalizou os 382,7 milhões de euros, com uma margem de 9,0%, representando uma diminuição de 3,2 milhões de euros ou 0,8%, refletindo um nível de rentabilidade consolidado, em linha com 2023 e “acomodando com sucesso os novos Acordos de Empresa e o aumento dos custos com pessoal”.

O CEO da TAP realça que estes resultados foram alcançados “num ano muito desafiante, marcado por um aumento relevante da concorrência nos nossos principais mercados, fortes desvalorizações cambiais, desafios operacionais, nomeadamente no controlo de tráfego aéreo e eventos meteorológicos adversos, e constrangimentos estruturais, como o limite de aeronaves”.

Para 2025, o responsável prevê “um ano desafiante”, ainda que sublinhe que este será o ” último ano do plano de restruturação”, pelo que a TAP vai continuar focada na sua “transformação”, de forma a tornar-se numa “companhia sustentadamente rentável e numa das mais atrativas da indústria”.

 

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Emirates coloca avião Boeing 777 remodelado na rota de Lisboa a 1 de junho

A partir de 1 de junho, a Emirates vai passar a usar um dos seus aviões Boeing 777 que foram recentemente remodelados e que passaram a incluir a nova cabine Económica Premium na rota entre Lisboa e o Dubai.

Publituris

A partir de 1 de junho, a Emirates vai passar a usar um dos seus aviões Boeing 777 que foram recentemente remodelados e que passaram a incluir a nova cabine Económica Premium na rota entre Lisboa e o Dubai, informou a companhia aérea, em comunicado.

“O novo Boeing 777 apresenta uma configuração de quatro classes, incluindo a nova e elegante cabine Económica Premium e as sofisticadas cadeiras de Classe Executiva”, indica a Emirates.

A companhia aérea explica que a nova cabine Económica Premium dispõe de 24 lugares em configuração 2-4-2 e oferece “um amplo espaço para as pernas e uma experiência de bordo de excelência”.

Além da nova Económica Premium, o aparelho conta também com uma classe Executiva renovada, que oferece uma disposição 1-2-1, “garantindo a todos os passageiros acesso direto ao corredor, maior privacidade e um ambiente pensado para trabalhar, relaxar ou descansar”.

Já a Primeira Classe mantém as suas “exclusivas oito suites privadas numa configuração de 1-2-1, enquanto a Classe Económica disponibiliza 256 lugares numa disposição 3-4-3”, acrescenta a transportadora do Dubai.

A companhia aérea lembra que decidiu alargar o seu programa de renovação de interiores dos aviões Boeing 777 e Airbus A380 a mais de 220 aparelhos, naquele que é “o maior projeto de renovação da indústria da aviação”, totalizando um investimento superior a 5 mil milhões de dólares.

Com esta decisão, Lisboa passa a ser uma das oito novas cidades a beneficiar deste programa de modernização, a par de Dublin, Hong Kong, Maldivas, Calcutá, Colombo, Joanesburgo e Cidade do Cabo, sendo que, no total, companhia aérea prevê operar em 44 cidades com aviões Boeing 777 e Airbus A380 renovados até setembro de 2025.

Paralelamente, a Emirates vai ainda “introduzir um segundo voo diário para Londres Stansted operado com o renovado Boeing 777 (EK 067/068)”.

Todas as informações sobre o novo Boeing 777 da Emirates estão disponíveis aqui, enquanto os detalhes sobre a nova classe Económica Premium da Emirates podem ser consultados aqui.

 

 

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Maioria dos portugueses prefere regressar a destinos que já visitou, diz eDreams

Segundo um estudo da eDreams, 64% dos portugueses preferem regressar a destinos que já visitaram, uma vez que já conhecem os locais e encontram sempre algo novo para descobrir, sendo que apenas 36% preferem descobrir novos locais.

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A eDreams apurou que 64% dos portugueses preferem regressar a destinos que já visitaram, uma vez que já conhecem os locais e encontram sempre algo novo para descobrir, sendo que apenas 36% preferem descobrir novos locais.

O estudo da eDreams, que analisou as preferências dos portugueses quando toca a escolher destinos de viagem, concluiu que são os mais velhos que estão mais interessados em descobrir novos destinos (37%), enquanto apenas 26% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade admitem procurar novos destinos para as próximas férias.

A eDreams apurou ainda que 53% dos portugueses estão também interessados em explorar destinos populares ou locais mais secretos e menos visitados, com 26% a preferir destinos menos concorridos, enquanto 20% preferem destinos populares.

Também aqui são os maiores de 65 anos que preferem visitar locais mais desconhecidos (30%), enquanto os jovens dos 18 aos 24 anos de idade apresentam uma “clara tendência para destinos populares (31%)”.

Já os fatores que influenciam a escolha do destino mantêm-se idênticos, com o preço e a acessibilidade dos destinos menos explorados a somarem 32% das respostas, seguindo-se a possibilidade de explorar algo único e menos movimentado (31%).

“Independentemente do tipo de destino escolhido, uma coisa é certa: viajar continua a ser uma das experiências mais valorizadas pelos portugueses”, conclui a eDreams, no comunicado divulgado esta terça-feira, 25 de março.

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“Turismo da ONU tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante”

Ministro do Turismo da Grécia, entre 2019 e 2021, Harry Theoharis apresenta-se como candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism), juntamente com outras cinco personalidades. Em entrevista ao Publituris, Harry Theoharis admite que a experiência que viveu durante os anos da pandemia funcionará como um “espelho” do que poderá e deverá fazer à frente da organização que, segundo o próprio, “tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante”.

Victor Jorge

Candidato a substituir o atual secretário-geral do Turismo da ONU, Zurab Pololikashvili, o grego Harry Theoharis, quer que “os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância do Turismo da ONU [UN Tourism]”. Para tal, referiu ao Publituris, “é preciso que a organização crie mais valor para os seus Estados-Membros”. No que diz respeito à problemática dos recursos humanos, o candidato admite que “não podemos fazer uma coisa de cada vez, mas encontrar uma solução para que todas estas questões possam ser abordadas de forma conjunta”. Já quanto à tecnologia e, mais concretamente, à Inteligência Artificial, o engenheiro de software de formação salienta que, “utilizando-a, pode remover a incerteza”. Relativamente ao excesso de turismo, admite que a “Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism”.

É candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism). Qual é a sua visão global para o turismo no mundo, especialmente depois de sairmos de uma pandemia e com o turismo e as viagens a registarem uma recuperação?

O que vemos, se olharmos para o panorama global, é uma comunidade que tem de lidar com várias forças externas. Forças como a instabilidade geopolítica, guerras que interrompem, claro, o turismo.

Temos, após a COVID, um problema agudo de pessoal, de recursos humanos. Existem ainda problemas relacionados com garantias de que os benefícios do turismo chegam aos níveis mais baixos da sociedade e que todos recebam uma parte justa no setor turístico e para que, ao viajar, o dinheiro gasto pelos turistas chegue também à comunidade local, e não fique apenas fora do país ou limitado às grandes empresas.

Assim, enfrentamos desafios que vêm do passado, bem como novos desafios que parecem ser moldados por eventos inesperados. Além disso, há que contar, igualmente, com as mudanças de longo prazo, relacionadas com o digital, o ambiente, os imperativos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que moldam o nosso pensamento e que, cada vez mais, devem moldar as nossas ações nos anos vindouros.

Mas há que relembrar, também os desafios da resiliência que ainda nos assombram. Talvez porque avançámos muito lentamente na transição que precisávamos de fazer. Agora, vemos um risco crescente de colapso das comunidades, cheias, incêndios, entre outros desastres.

E, como resultado, precisamos de mobilizar financiamento e redes de apoio para reativar as comunidades e os negócios.

Mas aprendemos alguma coisa com a pandemia?
Sim, que não conseguimos fazer isto sozinhos, que temos de nos unir. A menos que nos unamos, não conseguiremos crescer.

Mas quem tem de se unir? O setor público e o privado? Dentro do país, dentro de continentes, entre continentes?
Bem, tudo o que mencionou. São apenas diferentes dimensões de unidade. No que diz respeito ao Turismo da ONU (UN Tourism), temos de unir os Estados-Membros, perceber as economias de escala e os benefícios da cooperação em oposição aos benefícios da concorrência, e temos de enfatizar isso. Precisamos de unir o setor privado e o público.

Durante muito tempo houve um desfasamento entre ambos. Precisamos de unir as indústrias. As indústrias da saúde e do turismo, por exemplo, tiveram de unir forças e encontrar soluções para problemas que nunca imaginaram enfrentar.

Porque estão interligados.
Sim, podem estar e deveriam estar. Ou seja, se não estão, porque não é necessário, tudo bem. Mas quando surge o risco e se concretiza, quando o inimigo está à porta, temos de nos unir e enfrentá-lo. Estou certo de que enfrentaremos problemas semelhantes no futuro. Por isso, precisamos, pelo menos, de encontrar modos de discutir, concordar e cooperar e tê-los prontos para quando for necessário.

Mas trata-se de uma questão de dinheiro ou apoio financeiro?
O apoio financeiro é um dos aspetos, claro. Durante a COVID, a Grécia, por exemplo, apoiou as Pequenas e Médias Empresas (PME), pagou os salários dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, não permitiu que as empresas despedissem.

Agora, isso pode ser criticado por alguns, mas quando reabrimos, essas empresas – desde os aeroportos até às PME – não estavam à procura de funcionários como outros países. Assim, quando viajava para Atenas, tínhamos pessoas a trabalhar no turismo, nos hotéis, nos aeroportos. Estavam de prevenção e não podiam ser despedidos, por isso foram retomados imediatamente, ao contrário do que aconteceu, por exemplo em Schiphol [aeroporto de Amsterdão] ou Heathrow [aeroporto de Londres]. E esta foi uma das razões pelas quais a Grécia recuperou muito mais rapidamente do que outros países.

Portanto, uma das coisas que precisamos de fazer é perceber que tivemos uma grande “experiência natural” com a COVID e que muitos países usaram modelos diferentes. Vamos avaliar o que funciona melhor e o que funciona pior para formar o nosso pensamento e visão. Além disso, precisamos de cooperar com a academia que nos poderá ajudar enormemente.

 

Precisamos de unir o setor privado e o público. Durante muito tempo houve um desfasamento entre ambos. Precisamos de unir as indústrias. As indústrias da saúde e do turismo, por exemplo, tiveram de unir forças e encontrar soluções para problemas que nunca imaginaram enfrentar

 

Antes de abordar pontos sobre comunidades locais e tecnologia, a sustentabilidade também é uma grande preocupação para o turismo. Que políticas específicas propõe para promover mais sustentabilidade ou práticas sustentáveis no setor do turismo?
Temos de cooperar com a academia, os praticantes, os consultores, os implementadores no terreno, e com os Estados-Membros para encontrar as melhores práticas. Precisamos de criar centros de conhecimento específicos e hubs de excelência e, em torno desses hubs, desenvolver um ecossistema de pessoas que copiem e adaptem os modelos bem-sucedidos, os transformem em produtos, porque precisam de os vender.

Precisamos de convencer um hoteleiro de que, se implementar práticas sustentáveis em todos os aspetos, terá algo a ganhar.

Mas é preciso agir. Ou seja, menos teoria e mais prática?
Exatamente. E, para isso, precisamos de disponibilizar às empresas os meios para beneficiarem financeiramente desta transição e deixar de fazer o que temos vindo a fazer que é dar prémios, dizer que este é melhor, aquele é pior. Chegámos ao momento de ganhar escala, de copiar e transferir conhecimento e know-how. No fundo agir e como disse deixar a teoria e passar à prática.

Falando de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança), um grande fator na sustentabilidade é o transporte.
Sim, claro. É fundamental.

Então concordará que, por exemplo, no que diz ao transporte aéreo, existe um problema. Todos querem ser sustentáveis, ou pelo menos, mostrar que cumprem as regras da sustentabilidade, mas depois as companhias aéreas são confrontadas com a realidade de não conseguirem porque não há SAF?
Pois viajar sem transportes é impossível. De facto, precisamos de cooperar com instituições multilaterais. Estamos numa fase em que o SAF (combustível sustentável para aviação) pode ser viável se as políticas públicas o permitirem. Se criarmos um mercado, ele encontrará formas de ser eficiente e, eventualmente, tornar-se-á mais eficiente do que o atual regime. Isso exige políticas públicas que incentivem investimentos em infraestrutura para atingir essas metas a médio e longo prazo.

Então, como é que se cria o mercado?
Bem, estabelece-se uma obrigação e determina-se que 1%, 5%, 10% do combustível tem de ser SAF. A partir do momento que se define que dentro de 10 anos, uma certa percentagem do combustível tem de ser SAF, posso investir numa refinaria para que, dentro de 10 anos, consiga fornecer o necessário.

Cria-se a infraestrutura para isso. Assim que essa infraestrutura está pronta, tenho clientes garantidos pela política pública.

Portanto, nesse sentido, este é um campo que não se pode enfrentar sozinho. Terá de haver, obrigatoriamente, uma colaboração e cooperação entre a IATA, a ICAO, a UE e outras instituições, para que se possa discutir as implicações e perceber como introduzir essas iniciativas.

E quanto ao papel da tecnologia, da digitalização e da Inteligência Artificial (IA), que agora estão a transformar todos os setores, incluindo o turismo?
Bem, sou engenheiro de software de formação e trabalhei como tal durante 20 anos no setor privado antes de “acidentes” me levarem para a política. Por isso, gosto muito dessa área e tento ser um pensador positivo.

Na verdade, implementámos uma das melhores utilizações de IA durante a COVID na Grécia. Usámos a IA para direcionar os nossos testes. O que fizemos foi o seguinte: os viajantes tinham de preencher um formulário digital no dia anterior à sua viagem, indicando o meio de transporte – avião, carro, barco, etc. Com base nas respostas do formulário e nos dados públicos do país de origem, como as taxas de positividade, decidíamos se seriam testados ou não. Recebiam um código QR que indicava se estavam “verdes” [não precisavam de teste] ou “vermelhos” [precisavam de teste] e conseguimos ultrapassar esse desafio enorme. Entender as tendências dos países dois dias antes de as vermos refletidas nos dados públicos foi fulcral para não sermos confrontados com realidades difíceis vividos por outros países.

Ou seja, usámos a IA de uma forma muito positiva para permitir que o turismo existisse. Começámos em 2020 e conseguimos abrir o turismo nesse ano porque tínhamos confiança suficiente para convencer o nosso Primeiro-Ministro de que seria seguro fazê-lo.

Mas isso foi em 2020. Agora estamos em 2025 e temos de olhar para o futuro.
Olhando para o futuro, vejo muitas coisas a acontecer. A IA pode remover a incerteza, os problemas, as filas, todas as partes difíceis de viajar, permitindo que o foco esteja na essência da experiência, que é a interação humana.

Mas pode também reduzir postos de trabalho?
É verdade, esse é o lado negativo da questão. Mas deixe-me ser mais específico. A IA não vai reduzir o número de pessoas que trabalham, por exemplo, num spa, mas pode reduzir o número de agentes de viagens, porque basta dizer o que se pretende, e a IA cria um itinerário, reserva os bilhetes e apresenta opções personalizadas ao máximo – seja para crianças, seja para outra necessidade específica.

No entanto, existe um risco. Atualmente, o turismo beneficia tanto os países de origem como os de destino. Os países de origem têm agentes de viagens que trabalham para levar turistas da Dinamarca para a Grécia, Itália, França, Espanha ou Portugal. Por outro lado, países como a Grécia, França ou Espanha têm trabalhadores na indústria do turismo para receber esses viajantes.

O que acontece se a maioria das pessoas que perde o emprego for dos países de origem? Esses países podem, além de perder divisas, deixar de beneficiar económica ou fiscalmente com o turismo. Nesse caso, corremos o risco de que esses países fiquem hostis à ideia de promover o turismo, pois já não veem vantagens.

 

A IA pode remover a incerteza, os problemas, as filas, todas as partes difíceis de viajar, permitindo que o foco esteja na essência da experiência, que é a interação humana

 

E nos destinos?
Os destinos são muito mais imunes, porque a natureza do produto tem um toque pessoal.

A IA ou a robótica, que até pode ser utilizada, como a Internet of Things, poderá até substituir um empregado de mesa para nos trazer o prato à mesa, mas a IA não substituirá o chef, o sommelier, os profissionais de um spa. Ou seja, tudo o que são funções onde o toque humano, a personalização, são relevantes, estarão mais imunes.

A inclusão e a diversidade são também grandes questões no setor do turismo?
Bem, depende de onde estamos. Europa e EUA têm agora um grande diferencial nesse ponto.

Mas sim, são questões que estão a tornar-se cada vez mais importantes para o turismo.

Então quais as estratégias que propõe para estes aspetos?
Mais uma vez, penso que o Turismo da ONU (UN Tourism) precisa de ser um repositório de ideias. O que precisamos de fazer é observar os modelos dos diferentes países e analisar o quão bem-sucedidos são em garantir que a riqueza criada pela indústria do turismo – o valor do produto turístico – chegue aos níveis mais baixos das comunidades.

Com isso em mente, precisamos de avaliar o que funciona e o que não funciona, em todas as suas dimensões, os lucros, os salários, tudo.

Prefiro falar das coisas positivas e não das negativas em relação aos países. Por exemplo, na Grécia, temos uma oferta turística que vem de algumas grandes empresas, mas na sua grande maioria vem de PME. Como resultado, os habitantes das ilhas, por exemplo, onde estão essas PME, sentem os benefícios do turismo. Se fosse apenas um setor controlado por grandes empresas, seria necessário encontrar outra forma de abordar as preocupações.

E quanto ao overtourism? Como é que os diversos destinos podem e devem lidar com esta questão? Ou antes de mais, é mesmo uma questão?
É uma questão simples que merece uma resposta simples: sim.

Contudo, existem dois aspetos nessa questão. Um é o das filas intermináveis, demasiadas pessoas, esperas para visitar um museu, um local cultural, simplesmente passear numa cidade ou vila. Isto é algo que já existia no passado, não é novo. Pode ser gerido melhor ou pior, e às vezes fazemos isso bem, outras vezes nem tanto. Mas não penso que isto tenha mudado significativamente.

Existem ferramentas para minimizar esses efeitos, mas é preciso utilizá-las e utilizá-las bem. Podemos usar proibições administrativas diretas, podemos aplicar taxas, podemos investir em infraestruturas. Mas uma coisa é certa, hoje temos várias ferramentas para gerir melhor os fluxos e os destinos.

O que acho que mudou realmente nos últimos meses e anos, especialmente após a COVID, é que, com o advento do Alojamento Local, o mercado imobiliário estreitou a sua ligação ao mercado turístico. Antes, eram mercados desconectados. Tinha-se um terreno e decidia-se: construo um hotel ou casas? Se fossem casas, eram casas. Se fosse um hotel, era um hotel. Agora, pode-se ter um apartamento no centro de Atenas e escolher: alugo-o a longo prazo (para habitação) ou alugo-o a curto prazo para Alojamento Local? Neste último caso, pode mudar-se essa escolha várias vezes ao longo do ano. O mercado da habitação é social e politicamente sensível, e afeta questões que muitos países regulam.

Penso que esta mudança recente fez com que as pessoas começassem a ver o produto turístico e os turistas como rivais da população local. E precisamos de encontrar formas de resolver isso.

Neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism (excesso de turismo). Precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las.

Se não se falar do problema, não se pode resolver?
Não, e o problema é que será resolvido por outros que não pertencentes ao setor do turismo. Isto porque qualquer Governo não vai esperar pela ONU Turismo para fazer alguma coisa ou esperar por qualquer sugestão ou conselho. E isto acontecerá na Grécia, em França, Portugal, onde também já existe este problema, ou outro qualquer destino confrontado com esta realidade.

Há que agir para que o turismo seja algo presente e relevante ou um problema, mas a solução irá surgir. Por isso, é melhor que os decisores do turismo se tornem relevantes nesta solução e que evitem passar muito tempo com manobras de “tentativa e erro” até que encontrem uma solução.

 

Neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism (excesso de turismo). Precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las

 

Há pouco abordou outra questão problemática que está relacionada com o emprego e os recursos humanos. Todos sabemos que a pandemia retirou pessoas ao turismo que, em muitos casos, não regressarão. Como atrair essas pessoas que saíram e novas pessoas para o turismo? Melhores salários, melhores condições de trabalho?
Bem, em parte está a dar a resposta, mas há muito mais a considerar. Uma das coisas fundamentais a fazer é olhar um pouco para trás e perceber que não demos as melhores condições às pessoas que trabalhavam no turismo. É um facto, temos de reconhecê-lo e não escondê-lo.

Não tenho dados para me pronunciar sobre Portugal, mas de certeza aconteceu o mesmo que no meu país [Grécia], em Espanha, Itália ou França.

Em segundo lugar, é preciso encontrar formas de resolver esta questão e rapidamente. Até porque sabemos que esta questão está intimamente ligada ao problema da imigração.

É difícil encontrar pessoas nos próprios países para trabalhar no setor e isso estrangula os negócios que, no fim, se viram para outros países para colmatar essas lacunas de pessoal.

Depois temos o problema grave de todas estas questões se misturarem ao nível da discussão política, na maioria das vezes, de forma incorreta. Por isso, precisamos de encontrar soluções inovadoras. Tenho algumas ideias que, neste momento, ainda não estou em condições de partilhar, uma vez que precisamos de desenvolvê-las e necessitam de uma abordagem cuidada, mas efetiva, com os Estados-Membros.

O que posso dizer é que precisamos de delinear planos de carreira para os mais jovens em muitas regiões do mundo para que possam ter sucesso no turismo no seu próprio país em vez de se verem obrigados a emigrar para outros países. Além disso, é preciso controlar e gerir a migração das pessoas para encontrar melhores condições em destinos desenvolvidos.

Uma coisa é fazê-lo em destinos emergentes, outra é fazê-lo em destinos consolidados e maduros. Assim, penso que não podemos fazer uma coisa de cada vez, mas encontrar uma solução para que todas estas questões possam ser abordadas de forma conjunta.

E como é que a sua experiência como ministro do Turismo da Grécia moldou a sua abordagem para liderar a ONU Turismo? Quais lições de carreira aplicaria na nova função?
Fui um ministro muito ativo, por isso, compreendo como é que as coisas funcionam. Fui ministro do Turismo entre 2019 e 2021 e a experiência que tive durante esses anos, principalmente, durante as dificuldades e desafios da pandemia funcionam como um “espelho” do que poderei fazer no Turismo da ONU.

Além disso, liderei a Comissão da ONU Turismo para a Europa e renovei a posição do meu país no Conselho Executivo. As discussões sobre a Carta dos Direitos dos Turistas estavam bloqueadas até que pedi para liderar as discussões. E foram desbloqueadas e finalmente chegámos a uma solução comum e a um acordo entre todos os países.

Como presidente dessa Comissão, fiz parte do comité de crise da COVID, pedi a criação de um comité técnico de crise para a COVID e tracei um plano para encontrar soluções. O certificado digital e todas as iniciativas que tivemos na Europa também foram apoiadas pelo trabalho do LabCom.

Portanto, vi como as funcionam e penso que tenho uma boa ideia do como devem funcionar. Em segundo lugar, tenho uma grande experiência em reformas no meu país, fui chefe da administração fiscal e consegui levar a cabo um processo de reformas, tornando-a independente do Ministério das Finanças durante os anos mais difíceis da Troika, de modo a transformá-la, digitalizá-la e torná-la mais eficiente de modo a combater a evasão fiscal.

O que quero dizer com isto é que tenho uma grande experiência na gestão de crises.

Finalmente, trabalhei com diversas instituições do setor público, trabalhei com o universo privado durante 20 anos, em pequenas start-ups, grandes empresas, em Londres. Por isso, toda esta experiência acumulada servirá e será posta em prática para reformar a organização [UN Tourism].

 

O principal indicador de sucesso (KPI) é que os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância da organização [Turismo da ONU]

 

É essa a grande questão: reformar o Turismo da ONU?
Sim, sem dúvida. O Turismo da ONU tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante.

Nestes três aspetos, é preciso desenvolver muito trabalho. Fundamentalmente, é preciso que a organização crie mais valor para os seus Estados-Membros.

A organização não deve existir apenas para sua própria existência, mas pelo valor que cria para os membros.

Se for eleito, que indicadores-chave de sucesso gostaria de ver avaliados, por exemplo, no final do primeiro mandato?
A esperança é que, no final do primeiro mandato, vejamos todos os 160 Estados-Membros mais envolvidos, que todos eles se candidatem a integrar o Conselho Executivo, que todos queiram fazer parte desta organização. Penso que esse será o principal indicador de sucesso (KPI): que os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância da organização [Turismo da ONU].

Para isso, o primeiro passo é a transparência. É necessário que haja capacidade de voto. Sou político, tenho de responder às críticas dos meus eleitores. Eles votaram e uma das coisas que querem saber é se o dinheiro – o dinheiro deles – que damos à ONU Turismo está a ser bem gasto e a produzir resultados. Caso contrário, não vale a pena o investimento, mais vale sair da organização. Não acredito que seja esse o caso [o de existirem Estados-Membros que queiram sair], mas tenho de ser capaz de explicar isto tudo com números aos meus eleitores e aos países-membros que apoiam a próxima liderança do Turismo da ONU.

A mensagem que quero deixar é que acredito que, em pouco tempo, podemos reconstruir uma organização da qual nos orgulhamos e estou comprometido em concretizar isso. Acredito que não haverá um único país, entre os Estados-Membros, que não concorde que é isto que querem: fazer parte de uma organização de que se orgulham. E estou disposto a dedicar a minha resistência, a minha energia, a minha capacidade intelectual e todas as minhas competências para concretizar esse sonho, porque acredito nele.

Nota: Os candidatos oficialmente proclamados são Muhammad Adam, do Gana; Shaikha Al Nowais, dos Emirados Árabes Unidos; Habib Ammar, da Tunísia; Gloria Guevara, do México; Harry Theoharis, da Grécia; e o atual secretário-geral, Zurab Pololikashvili, da Geórgia.

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Companhias aéreas preveem 246 milhões de assentos para o verão em Espanha

As companhias aéreas estimam um aumento de 6% nos assentos para este verão de 2025, em Espanha. Isto fará com que o número suba para 246 milhões de assentos.

Victor Jorge

A Associação das Linhas Aéreas (ALA) espanhola prevê um verão de recordes, com uma oferta prevista de assentos entre abril e outubro de 246 milhões, um aumento de 6% face ao operado no verão de 2024, que já tinha sido um recorde.

A evolução positiva do tráfego aéreo ao longo do ano até agora, com 39,8 milhões de passageiros acumulados nos meses de janeiro e fevereiro de 2025, representando um aumento de 5% face ao mesmo período do ano anterior, antecipa um ano “muito favorável”, admite a ALA.

No entanto, o presidente da ALA, Javier Gándara, mostrou-se cauteloso face aos fatores externos que poderiam influenciar o bom desempenho do tráfego aéreo, como a evolução da atual situação económica e geopolítica instável, marcada por conflitos bélicos.

“Levamos dois anos consecutivos de crescimento, batendo sucessivos recordes. Este ano começámos com números superiores aos de 2024 e esperamos um verão com mais tráfego do que no ano passado”, refere Javier Gándara no site da ALA.

Assim, reconhece o presidente da associação espanhola, “se nenhum fator externo alterar esta tendência, poderemos terminar o ano com um novo recorde. Esta tendência ascendente do tráfego demonstra a vontade das pessoas de viajar e de recuperar os anos perdidos devido à crise sanitária”, salientou Gándara.

Entre as regiões espanholas, destacam-se as Canárias, com um aumento de 11% na capacidade, quase o dobro da média.

Relativamente às operações previstas para a época de verão, estima-se um total de 1,4 milhões de voos, um acréscimo de 0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Um dos riscos apontados por Gándara para não se alcançar os números previstos é a “possível congestão na gestão do tráfego aéreo a nível europeu”, com as consequentes demoras nos voos. Nesse sentido, o presidente da ALA explica que se prevê um verão “complicado” devido à recuperação dos níveis de tráfego pré-pandemia nos países vizinhos.

“No verão passado, os atrasos em rota devido à congestão do tráfego aéreo na Europa aumentaram mais de 50%. É imperativo que esta situação não se repita este verão”, concluiu Gándara.

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Emprego e Formação

Escolas do Turismo de Portugal atentas às necessidades de mercado

Em entrevista ao Publituris, Catarina Paiva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, faz o ponto da situação dos projetos que estão a ser desenvolvidos nas 12 Escolas de Hotelaria e Turismo, iniciativas que, conforme afirmou, “refletem o compromisso das Escolas do Turismo de Portugal em preparar os profissionais para os desafios atuais e futuros, contribuindo para a competitividade e sustentabilidade do setor”, para avançar que “estamos permanentemente atentos às necessidades de mercado para poder dar respostas alinhadas com o que os profissionais e empresas precisam”.

O Publituris falou com Catarina Paiva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, que admite que “a formação em turismo enfrenta hoje o desafio crucial de antecipar e acompanhar a dinâmica do mercado”. A responsável pela formação no Turismo de Portugal salienta ainda que a competências técnicas continuam a ser “fundamentais” e que cada vez mais se exige que os colaboradores “desenvolvam competências de soft skills, de orientação para o cliente e de liderança e de gestão de equipas, de comunicação, de empatia, de resiliência emocional”. Também o “digital e a sustentabilidade” imperam na nova agenda das EHT como resposta “às dinâmicas de mercado”.

O que mudou na formação turística nos últimos anos? Que desafios enfrenta hoje?
As transformações no ensino e no mundo do trabalho registadas nos últimos anos de um conjunto vasto de mudanças que a sociedade atravessa, impactando diretamente as organizações e o comportamento dos consumidores, especialmente no que diz respeito à formação e ao trabalho. O facto de as empresas e as organizações terem de operar em ambientes cada vez mais voláteis, incertos e complexos traz novos desafios em termos de competências exigidas aos profissionais, bem como uma abordagem de gestão renovada por parte das empresas.

O setor do turismo é uma das principais alavancas económicas do país e tem demonstrado crescimento consistente em diversos indicadores, onde estes desafios tornam-se ainda mais relevantes. O crescimento, porém, deve ser sustentável e consolidado, gerando valor para a economia, bem como para a experiência dos turistas, comunidades locais e para os colaboradores das empresas.

A formação em turismo enfrenta hoje o desafio crucial de antecipar e acompanhar a dinâmica do mercado, alinhando a sua proposta de valor com as necessidades tanto dos profissionais quanto as empresas. As empresas precisam de estruturas ágeis e adaptáveis à nova realidade. Consequentemente, as entidades formadoras devem ser igualmente capazes de oferecer metodologias de ensino, conteúdos e formatos que respondam a estas exigências, mantendo-se relevantes e à altura das expectativas de um setor em constante evolução.

Mediante estes desafios, as Escolas do Turismo de Portugal (EHT) preparam-se diariamente para capacitar gerações que sejam proativas e de resposta rápida a qualquer situação.

 

A formação em turismo enfrenta hoje o desafio crucial de antecipar e acompanhar a dinâmica do mercado, alinhando a sua proposta de valor com as necessidades tanto dos profissionais quanto das empresas


Posicionar o país como referência de excelência na área da formação
Os jovens em Portugal sentem-se atraídos para a formação na área do turismo? Que áreas são mais procuradas? E os níveis? Assiste-se a um processo de desmobilização dos alunos da área do Turismo? Sente que há necessidade de motivar os jovens para estudar em Turismo, mesmo sabendo que esta é a área profissional que absorve a maior têm sido intensas, resultado quantidade de mão-de-obra?
O Turismo em Portugal alcançou, justamente, uma notoriedade e reputação inigualáveis, resultado de um trabalho consistente ao longo dos últimos anos. Este esforço permitiu superar desafios, estabelecer novos recordes, conquistar inúmeros prémios e afirmar uma visão de liderança para o turismo do futuro.

Hoje, Portugal é reconhecido como um destino de excelência a nível mundial. A atratividade para trabalhar no setor está naturalmente ligada à atratividade para estudar turismo. Neste contexto, o Turismo de Portugal pretende também posicionar o país como uma referência de excelência na área da formação para aqueles que pretendem estudar e trabalhar em turismo. Com o objetivo de captar o interesse dos mais jovens, o Turismo de Portugal desenvolve vários projetos e iniciativas, como o Open Day, onde durante uma semana, as 12 Escolas do Turismo de Portugal recebem potenciais alunos, pais, orientadores vocacionais e a comunidade local. Este evento inclui visitas guiadas, aulas abertas, workshops gratuitos, exposições, demonstrações, degustações e atividades ao ar livre nas áreas de Turismo de Natureza, Turismo Cultural e Património. O objetivo é destacar a qualidade da formação em turismo e hotelaria e apresentar as várias oportunidades de carreira no setor.

Outro exemplo é o Programa GERAt – Território, Turismo e Talento, o maior projeto interescolar de sensibilização para o turismo. Desenvolvido em parceria com a Direção-Geral da Educação, o GERAt visa sensibilizar as gerações mais jovens para o potencial do turismo a nível local, nacional e internacional.

Em 2024, o programa ganhou uma nova dimensão, envolvendo 39 agrupamentos de escolas, 46 turmas, 925 alunos e o desenvolvimento de 40 projetos interdisciplinares ao longo do ano letivo. É através destas iniciativas que o Turismo de Portugal reconhece a importância de reforçar a atratividade do setor, pois é essencial para atrair talento e concretizar a estratégia de um turismo de maior valor.

Quais os principais desafios que o setor enfrenta atualmente em termos de captação e retenção de talentos?
O desafio de captar e fidelizar talento é transversal a vários setores de atividade e tem-se intensificado nos últimos anos. Assistimos a uma mudança de paradigma, em que as empresas passaram a adotar estratégias de employer branding para fidelizar os melhores profissionais. No setor do turismo, esse desafio é ainda mais premente, devido à natureza intrínseca da atividade: uma indústria centrada nas pessoas, onde o serviço e a experiência são determinantes, e onde se verifica uma elevada rotatividade. Sendo um setor “de Pessoas para Pessoas”, a gestão de talento torna-se um elemento crucial para o seu sucesso. Enfrentar esta questão requer uma abordagem integrada e concertada, que alinhe diferentes dimensões como as políticas públicas que promovam a atração e retenção de talento; um setor privado, que coloque os recursos humanos no centro da sua estratégia, oferecendo condições de trabalho e remuneração competitivas, bem como uma cultura organizacional centrada nas pessoas; um setor que seja social e ambientalmente responsável, inclusivo e integrador, gerador de valor para as empresas, colaboradores e territórios; e instituições de ensino e formação que preparem os profissionais de forma eficaz para os desafios de qualificação.

Hoje, as empresas precisam de desenhar estratégias de “Employee Experience”, tal como fazem com as estratégias para captar clientes, assegurando assim a retenção dos seus talentos. É igualmente fundamental que as organizações se adaptem aos novos modelos de trabalho e que as lideranças se reinventem, desenvolvendo competências de gestão mais colaborativas, empáticas e menos hierarquizadas.

 

Assistimos a uma mudança de paradigma, em que as empresas passaram a adotar estratégias de employer branding para fidelizar os melhores profissionais

 

O digital e a sustentabilidade imperam na nova agenda das EHT
Quais são as competências mais importantes que os profissionais do turismo precisam desenvolver para se adaptarem às novas exigências do setor?
O setor do turismo almeja crescer atraindo mercados de maior valor, o que implica o contacto com turistas mais exigentes, mais informados, o que expõe o setor a novos desafios em termos de recrutamento e de novas competências que são exigidas aos colaboradores, independente da função que ocupam na empresa. As competências técnicas continuam a ser fundamentais, mas cada vez mais se exige que os colaboradores desenvolvam competências de soft skills, de orientação para o cliente e de liderança e de gestão de equipas, de comunicação, de empatia, de resiliência emocional. Também o digital e a sustentabilidade imperam na nova agenda das EHT como resposta às dinâmicas de mercado e impelem as entidades que desenvolvem formação em turismo a terem um papel mais conectado e alinhado com o mercado para participarem como atores principais na configuração do setor do turismo.

As conclusões do estudo recente “O perfil do Profissional de Turismo e Hospitalidade – Competências e formação” apontam para a necessidade de criação de ofertas formativas atualizadas e adaptadas às necessidades reais do setor, através da adoção de abordagens diferenciadas na gestão de carreiras e expectativas, levando em consideração as necessidades específicas de cada estudante e de cada profissional. Isto já está a acontecer?
Um dos pilares fundamentais e que consta de uma das medidas do Programa Acelerar a Economia – Roadmap diz respeito ao Reposicionamento na oferta e prevê que devemos assegurar o desenvolvimento curricular (design de produto) de cursos, programas, conteúdos e metodologias alinhados com as tendências do setor e que promovam a contínua inovação do portfólio e um posicionamento de referência.

Paralelamente a isto o mercado tem-se encaminhando para uma hiperpersonalização da educação, em que o modelo de aprendizagem deve adaptar-se à experiência de aprendizagem para atender as necessidades de cada aluno, com base no seu perfil e motivações. Embora a Rede de Escolas do Turismo de Portugal tenha recebido a certificação TedQual da Organização Mundial de Turismo (OMT), vários dos seus cursos, como Pastry Management and Production e Hospitality Operations Management, Culinary Arts, Food and Beverage Management e Tourism Management, o que atesta um reconhecimento nacional e internacional e reconhece a qualidade da formação proporcionada pelas Escolas do Turismo de Portugal.

Estamos permanentemente atentos às necessidades e mercado para poder dar respostas alinhadas com o que os profissionais e empresas precisam. A auditoria realizada pela OMT analisou com especial detalhe cinco áreas: a coerência do plano de estudos, as condições pedagógicas (incluindo metodologias e infraestruturas), a gestão da Rede e das Escolas que a compõem, o corpo docente e a adequabilidade do programa de estudos às necessidades e perspetivas futuras do sector.

Catarina Paiva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal

Ligação das Escolas ao mercado de trabalho
Como é que as Escolas do Turismo de Portugal fazem a ligação com o mercado de trabalho?
A relação das nossas Escolas com o mercado de trabalho faz parte do nosso ADN e é trabalhada em três principais dimensões. Primeiro, realizamos um diagnóstico contínuo de necessidades através de instrumentos de interação regular com as empresas, como inquéritos, focus groups e reuniões temáticas. Em segundo lugar, criamos programas específicos de capacitação direcionados para áreas estratégicas, como a transição digital, a sustentabilidade e a responsabilidade social. Por fim, organizamos eventos regionais e nacionais, como o Fórum Estágios e Carreiras, workshops e seminários, que promovem uma interação direta entre empresas e alunos.

Além disso, realizamos atividades de investigação e análise de tendências, produzindo documentos orientadores sobre competências futuras no setor. Exemplos disso incluem o Estudo de empregabilidade já mencionado e o projeto internacional PANTOUR – Next Tourism Generation, que está a desenvolver uma matriz de competências para orientar as estratégias futuras de capacitação. As EHT também têm iniciativas direcionadas para uma maior flexibilidade na formação, como o desenvolvimento de ações em e-learning, adaptadas aos horários dos profissionais, com temas focados no digital, na sustentabilidade e em línguas, incluindo português para estrangeiros. Outra área de atuação é o reforço das metodologias de formação on the job. Neste contexto, estamos a trabalhar em estreita colaboração com as empresas para criar percursos de formação dentro do local de trabalho. Esta abordagem permite que novos profissionais no setor aprendam não apenas técnicas específicas, mas também a nossa matriz cultural de serviço, a língua e a gastronomia, promovendo uma integração profissional mais rica e completa.

 

É igualmente fundamental que as organizações se adaptem aos novos modelos de trabalho e que as lideranças se reinventem, desenvolvendo competências de gestão mais colaborativas, empáticas e menos hierarquizadas

 

Papel da Academia Digital na capacitação dos profissionais do setor
Qual tem sido o vosso papel na formação contínua dos profissionais de turismo, de forma a responder aos desafios da retenção de talento, inovação tecnológica e sustentabilidade?
A capacitação dos profissionais do setor tem sido, desde sempre, uma prioridade para as Escolas do Turismo de Portugal, assumindo especial relevância no período pós-pandemia. O lançamento da Academia Digital foi um marco nesse esforço, permitindo acelerar a transição digital e expandir a oferta formativa a todo o território nacional.

Com as crescentes exigências de sustentabilidade, a adoção de práticas de gestão baseadas em indicadores ESG e a escassez de mão-de-obra no setor, a formação tornou-se ainda mais essencial. Para responder a estes desafios, desenvolvemos uma série de programas específicos, como o Upgrade Digital, o Upgrade Sustentabilidade, o Programa Formação + Próxima, o Programa BEST e o Programa de Formação Empresas 360º. Além disso, em parceria com a Universidade Aberta, criámos um conjunto de microcredenciais nas áreas do Digital e da Sustentabilidade, permitindo uma aprendizagem autónoma e personalizada. Entre estas destacam-se: Ferramentas Digitais (Nível 1 e Nível 2), Estratégia Digital e Marketing Performance, O Digital e as Redes Sociais, Circularizar a Economia e o Turismo e Responsabilidade Social nas Empresas do Turismo (atualmente na sua 3.ª edição).

Estas iniciativas refletem o compromisso das Escolas do Turismo de Portugal em preparar os profissionais para os desafios atuais e futuros, contribuindo para a competitividade e sustentabilidade do setor.

Os planos de estudo já começam a incluir formação sobre o uso de tecnologias como inteligência Artificial (IA)? Se sim, que tecnologias são abordadas e de que forma são colocadas em prática?
O Turismo de Portugal está a trabalhar em três níveis distintos: primeiro, na capacitação das equipas, oferecendo formação aos Diretores, Coordenadores de Formação e Formadores sobre os diversos suportes de Inteligência Artificial disponíveis e a sua aplicação em contexto didático. Segundo, na introdução de ferramentas de IA e Tecnologias Emergentes, com a criação de regras para o desenho e conceção de conteúdos de aprendizagem suportados por estas tecnologias e a implementação de novas metodologias de integração. Entre os exemplos destacam-se aplicações de tutoria virtual e aprendizagem adaptativa, ferramentas de correção automática de exercícios e testes, que proporcionam feedback imediato aos alunos e economizam tempo aos professores, e o uso de software de gamificação na área da gestão hoteleira, que incrementa o compromisso e a motivação dos alunos ao incorporar elementos de jogo.

Por fim, estamos a preparar as infraestruturas da Rede de Escolas, criando novos espaços tecnológicos de suporte à aprendizagem no âmbito do projeto de modernização financiado pelo PRR. Este projeto inclui a criação de laboratórios técnicos e tecnológicos equipados com diversos suportes multimédia, que favorecerão a utilização de ferramentas inovadoras, como realidade virtual e aumentada, consolidando estas dimensões no futuro.

Estratégia de internacionalização
Que papel têm tido as Escolas do Turismo de Portugal de apoio a nível internacional, designadamente, junto dos PALOP e a CPLP? E na formação de estrangeiros em Portugal?
As Escolas do Turismo de Portugal baseiam a sua estratégia de internacionalização em programas de mobilidade de estudantes e formadores, cooperação bilateral e multilateral com entidades internacionais e uma participação ativa em projetos e estudos globais. Recentemente, essa ambição foi reforçada com a expansão acelerada da rede de Escolas, inicialmente direcionada para países da CPLP, destacando-se, pelo trabalho já desenvolvido, os casos de Angola e Cabo Verde.

Este modelo global prevê parcerias estratégicas, nas quais o know-how e a experiência da rede nacional são transferidos para criar Escolas Locais de Hotelaria e Turismo, em formato co-branded, com gestão e instalações asseguradas pelos países parceiros. Exemplos deste reforço incluem colaborações recentes com a Índia, o Uruguai e países com grandes comunidades portuguesas, como o Luxemburgo, onde será em breve assinado um acordo de cooperação.

Ao nível dos alunos internacionais, verifica-se uma procura crescente de candidatos de países como Bangladesh, Nepal, Índia, Ucrânia e Paquistão, e, mais recentemente, da Venezuela e dos Estados Unidos. Na Europa, destacam-se nacionalidades como italianos, franceses, espanhóis e alemães. Paralelamente, foi lançado este novo Programa de Formação e Integração de Migrantes para o Setor do Turismo, em parceria com a AIMA e a CTP.

Estas iniciativas sublinham o compromisso das Escolas em reforçar o posicionamento internacional, promovendo a excelência da formação portuguesa no setor do turismo e criando um impacto global positivo.

Sobre o autorCarolina Morgado

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Receitas turísticas de janeiro crescem 8,7% e ultrapassam os 1,5MM€

Os dados do BdP mostram que, em janeiro, as receitas turísticas, que se encontram pelos gastos dos turistas estrangeiros em Portugal, ficaram 123,37 milhões de euros acima de janeiro de 2024, confirmando, desta forma, que a procura turística pelo território nacional continua em alta e a bater recordes.

Inês de Matos

Em janeiro, as receitas provenientes da atividade turística somaram um novo recorde para o primeiro mês do ano, somando 1.542,15 milhões de euros, valor que representa um crescimento de 8,7% face aos 1.418,78 milhões de euros apurados em mês homólogo de 2024, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira, 21 de março, pelo Banco de Portugal (BdP).

Os dados do BdP mostram que, em janeiro, as receitas turísticas, que se encontram pelos gastos dos turistas estrangeiros em Portugal, ficaram 123,37 milhões de euros acima de janeiro de 2024, confirmando, desta forma, que a procura turística pelo território nacional continua em alta e a bater recordes.

O valor das receitas turísticas de janeiro ficou, inclusive, muito perto do que tinha sido registado em dezembro do ano passado, num mês que costuma ser marcado pelo aumento da procura turística devido ao período festivo do Natal e Réveillon, com os dados do BdP a mostrarem uma diferença de apenas 1,8%, pois as receitas do último mês do ano passado tinham somado 1570,93 milhões de euros.

Tal como as receitas turísticas, também as importações do turismo, que resultam dos gastos dos turistas portugueses no estrangeiro, apresentaram um crescimento no primeiro mês do ano, já que este valor se situou nos 343,20 milhões de euros, 4,8% acima dos 327,37 milhões de euros apurados em janeiro de 2024.

No caso das importações do turismo, o crescimento foi de 15,83 milhões de euros face a janeiro de 2024, provando que também as viagens dos portugueses ao estrangeiro continuam em alta, assim como os seus gastos.

Mais expressivo foi o decréscimo das importações face ao último mês de 2024, que chegou aos 37,7%, o que quer dizer que os portugueses viajaram e gastaram menos no arranque de 2025 do que no final do ano passado.

Desta forma, também o valor do saldo da rubrica Viagens e Turismo voltou a ser positivo, já que somou 1198,95 milhões de euros em janeiro de 2025, 9,9% acima dos 1091,41 milhões de euros do mesmo mês do ano passado.

No comunicado que acompanha os números, o BdP realça a importância das Viagens e Turismo para a balança de serviços, que apresentou um aumento de 322 milhões de euros em janeiro, o que foi “justificado maioritariamente pela evolução do saldo das viagens e turismo (+108 milhões de euros) e dos outros serviços fornecidos por empresas”.

 

 

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Francisco Calheiros: “Não nego que estou preocupado com a governabilidade do país”

Preocupado que a atual instabilidade política possa bloquear dossiês e investimentos em curso ligados à atividade turística, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal “espera que a situação política governamental em Portugal seja clarificada de forma célere”.

Carla Nunes

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, mostrou-se preocupado “com a governabilidade do país” no seu discurso de abertura do XXI Congresso da Associação de Directores de Hotéis de Portugal (ADHP), que decorre entre esta quinta e sexta-feira no INATEL Caparica, no município de Almada.

Receoso de que possam ser bloqueados dossiês e investimentos em curso com relação direta e indireta à atividade turística, o presidente da CTP afirma que o país precisa de estabilidade política, prevendo que esta possa não ser alcançada com as próximas eleições.

“O país necessita de estabilidade em termos políticos e de uma governação estável, para que não sejam bloqueados dossiês e investimentos em curso que têm relação direta e indireta com a atividade turística. Não nego que estou preocupado com a governabilidade do país. Não me parece que esta intranquilidade seja apenas por dois meses, porque não vejo que as soluções que possam resultar após um cenário eleitoral sejam mais tranquilizadoras e mais purificadoras que agora – ou seja, uma necessária maioria governativa, ao que tudo indica, não vai acontecer”, afirma Francisco Calheiros.

Sobre os principais fatores “que se deverão continuar a ter em conta”, o presidente da CTP aponta, em termos de acessibilidades, para “a existência de um novo aeroporto e de uma linha férrea mais moderna e com ligações em TGV”; uma “solução para a TAP”; a “redução da carga fiscal” e uma “efetiva reforma do Estado”.

Lamentando que muitas destas questões sejam adiadas “devido ao atual momento político do país”, o presidente afinca que a CTP “espera que a situação política governamental em Portugal seja clarificada de forma célere”.

“O turismo será um fator de sustento da economia”
Apesar dos “vários desafios internos”, como aponta ser o caso do “novo aeroporto, da privatização da TAP e da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, a par da instabilidade internacional, com cenários de guerra, e da instabilidade económica, Francisco Calheiros indica que “Portugal não perde turistas”, uma vez que o turismo “cresce em todas as regiões”.

Apontando para os valores de 2024 em Portugal, ano em que se registaram “mais de 31 milhões de hóspedes, ultrapassaram os 80 milhões de dormidas e os 27 mil milhões de euros em receitas”, o presidente da CTP acredita que Portugal continuará a ter bons indicadores turísticos este ano.

“Penso que Portugal continuará a ter bons indicadores turísticos, já que continua a ser um país atrativo pela sua diversidade, pela qualidade dos seus produtos e serviços turísticos. É um país onde quem nos visita se sente seguro”, defende, acrescentando que “é o turismo que será, mais uma vez, um fator de sustento da economia. O pensamento positivo deve continuar a ser aquele que nos move”.

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Turismo do Algarve promove ligações aos EUA em Boston e Nova Iorque

O Turismo do Algarve vai promover as ligações com os EUA, em parceria com a SATA Azores Airlines e a United Airlines, de modo a captar mais visitantes e fortalecer relações comerciais, refletindo a confiança no potencial de crescimento do mercado norte-americano na região.

Publituris

O Turismo do Algarve vai intensificar a promoção do destino no mercado norte-americano com a organização de dois eventos estratégicos, em Boston e Nova Iorque.

Realizadas em parceria com as companhias aéreas SATA Azores Airlines e United Airlines, estas iniciativas visam promover as ligações aéreas entre os EUA e o Algarve e impulsionar o crescimento do fluxo turístico deste mercado para a região.

Esta aposta acompanha o aumento da procura dos viajantes norte-americanos pelo destino que tem sido registado nos últimos anos.

Apesar da atual conjuntura internacional e das incertezas em torno das políticas económicas dos EUA, o Turismo do Algarve mantém-se “confiante no potencial de crescimento deste mercado”.

A corroborar esta posição está um estudo divulgado em dezembro pela United States Tour Operators Association, que aponta Portugal como o segundo país no mundo que os turistas norte-americanos mais querem visitar em 2025, reforçando a importância de continuar a investir na captação deste público.

A primeira ação acontece a 25 de março, em Boston, com um workshop organizado em parceria com a SATA Azores Airlines. A iniciativa é dedicada à promoção das rotas que ligam os aeroportos Logan (Boston) e JFK (Nova Iorque) a Faro, via Ponta Delgada, uma conexão vista como “estratégica para aproximar o Algarve do mercado norte-americano”.

A 27 de março, em Nova Iorque, realiza-se a segunda ação promocional, desta vez em colaboração com a United Airlines e o Turismo da Madeira, para destacar as recentes ligações diretas desta companhia aérea para Faro e Funchal.

Ambos os eventos contarão com a participação de 16 empresas associadas do Turismo do Algarve, que terão a oportunidade de estabelecer contactos com agentes de viagens, operadores turísticos e meios de comunicação social dos EUA.

EUA 7.º mercado externo no Algarve
A aposta do Turismo do Algarve nos EUA é sustentada pelo contínuo interesse demonstrado por este mercado. Em 2024, embora ainda sem ligações diretas, os turistas norte-americanos ultrapassaram as 500 mil dormidas na região, representando um crescimento de 13% face a 2023, com o número de hóspedes também a registar uma evolução positiva, alcançando quase os 200 mil visitantes, correspondente a um aumento de 10,38% comparativamente ao ano anterior.

André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, confirma que “os EUA já são o sétimo mercado externo mais relevante para o Algarve”, reconhecendo que “os visitantes deste país valorizam experiências autênticas e exclusivas e procuram na região algumas das melhores praias e campos de golfe da Europa, além de uma oferta diferenciada em gastronomia, vinhos, cultura e turismo de natureza”.

Quanto à expansão das ligações aéreas, diretas e indiretas, que ligam os EUA ao Algarve, o presidente do Turismo da região afirma que “representa uma oportunidade estratégica para consolidarmos este interesse e atrairmos ainda mais visitantes”.

Relativamente aos dois eventos a realizar nos EUA, André Gomes salienta que “serão importantes contributos para reforçarmos o posicionamento do Algarve junto deste mercado como um destino completo, destacando as suas valências mais apreciadas”. Ao mesmo tempo, o presidente do Turismo do Algarve afirma que “serão momentos-chave para criar negócios e fortalecer relações comerciais que favoreçam um fluxo turístico sustentável e crescente ao longo dos próximos anos”.

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“O maior ativo da TAP não está nos aviões, mas sim nos ‘slots’ que possui no Aeroporto de Lisboa”, admite Mário Cruz

No encerramento da conferência que marcou a comemoração do 55.º aniversário do Turismo do Algarve, Mário Cruz, vogal da Comissão Executiva da TAP, considerou que “o maior ativo da TAP não está nos aviões, mas sim nos ‘slots’ que possui no Aeroporto de Lisboa”. Já Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, admitiu que “em vez de uma ligação ferroviária Faro-Madrid, a região beneficiaria muito mais com uma ligação que ligasse Faro à Andaluzia”.

Victor Jorge

No painel “Gerar Redes e Conectividade, inserido na conferência “Turismo do Algarve: Superar Desafios, Construindo o Amanhã”, que comemorou os 55 anos da região de Turismo do Algarve, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, considerou que o “maior e melhor ativo que o Algarve possui é, de facto, o Aeroporto Internacional. Tem uma estratégia de crescimento e pela dependência dos nossos mercados emissores tem uma valência muito importante”.

Contudo, Pedro Costa Ferreira apontou “alguns constrangimentos no controlo fronteiriço que terão de ser melhorados” e que ao nível dos “transportes públicos, que ligam o aeroporto aos equipamentos turísticos, há muito a fazer”.

Ainda assim, o presidente da APAVT reconheceu que, do ponto de vista rodoviário, “é onde o Algarve está mais bem servido”, já que tem uma “boa rede que o liga ao resto do país, tem belíssima rede de ligação com Lisboa que, do ponto de visto do programa de ‘stop-overs’ da TAP, liga muito bem o Algarve ao programa”.

Pedro Costa Ferreira fez questão de “não apontar o aeroporto como a principal ‘doença’, mas sim a mobilidade interna como a principal fragilidade. O Algarve não tem capacidade de se movimentar internamente e isso tem efeitos graves, diretos e indiretos, na própria procura”, salientando ainda que “uma das ameaças é a eventual perceção ou rutura da qualidade de serviços”.

E se “um dos dilemas está na mobilidade interna” quando abordados os hoteleiros, o problema reside no alojamento dos recursos humanos que, segundo avançou o presidente da APAVT, “têm de estar próximos dos hotéis, mas não podem por uma questão de ordenamento do território. E se estão longe dos hotéis, essa distância cria, de facto, algumas dificuldades por inexistência de transportes públicos”.

E na questão dos recursos humanos, Pedro Costa Ferreira considerou que “com a dificuldade de gerir os recursos humanos é difícil fixá-los”, repercutindo-se isso na “preservação da qualidade de serviço ou, em alguns casos, embora não gostemos de dizê-lo em público, recuperar a qualidades de serviço que já tivemos”.

Relativamente à experiência do viajante à chegada ao aeroporto, Karen Strougo, Chief Commercial Officar (CCO) da Ana – Aeroportos de Portugal, destacou a pontuação de 4,5 pontos (de 0 a 5), dada pelo Airport Council International ao Aeroporto de Faro, considerando que “temos uma nota muito alta e a perceção de qualidade de serviço é muito boa”, reconhecendo, ainda, que “o ponto que tem a ver com as chegadas tem de ser melhorado”, com o Brexit a trazer uma “pressão acrescida sobre as fronteiras”.

Com 90% do tráfego a vir fora, Karen Strougo adiantou que “há planos em andamento para se trabalhar em conjunto para encontrar soluções e melhorias para essas fragilidades”.

Com a chegada do voo da United, ligação entre Faro e Newark com quatro frequências semanais, a CCO da ANA revelou que “estão a ser feitos todos os planos de preparação”, salientando que “estamos a investir muito, não só no aeroporto de Faro, mas em toda a rede da ANA, na experiência do passageiro, em termos de serviços, restauração, lojas, sempre muito preocupados em gerar no aeroporto a perspectiva do ‘sense of place”, ou seja, “queremos que o passageiro saiba que está a chegar a Portugal, que está a chegar ao Algarve com a rede de restauração, de lojistas, de produtos, de souvenirs associados à comunidade local”.

Já quanto à TAP, Mário Cruz, vogal da Comissão Executiva da companhia aérea, justificou a reduzida quota da TAP no aeroporto de Faro (menos de 3%, com Ryanair a ter 36%, a easyJet 19%, a Jet2 10%, Transavia 6% e a Aer Lingus 3%) com a reestruturação iniciada em 2021, com final previsto para 2025, com a limitação do número de aeronaves, mas também com o facto de a “TAP ser uma companhia com um ‘hub’ em Lisboa”.

Nesse sentido, Mário Cruz explicou que “o maior ativo da TAP não está nos aviões, mas sim nos ‘slots’ que possui no Aeroporto de Lisboa” e que a estratégia passa por “defender essa presença na capital”, frisando, no entanto, que “a TAP opera três voos diários para o Algarve durante todo o ano, não se trata de uma operação sazonal. Através destas três frequências semanais, conectamos o Algarve a mais de 80 destinos”. De resto, Mário Cruz enfatizou que a United, que começará, em breve, os voos para Faro, “não faz muito diferente da TAP, já que utiliza o seu ‘hub’ em Newark para conectar o tráfego do interior dos EUA ao mundo e, no caso específico, a Faro”.

“A administração da TAP está comprometida em fazer da TAP uma companhia aérea rentável e sustentável e estamos comprometidos com todas as regiões de Portugal”, frisou Mário Cruz, salientando ainda que “temos um programa de ‘stop-over’ através do qual disponibilizamos uma experiência mais completa e damos descontos aos passageiros que queiram visitar qualquer região de Portugal”.

Pedro Costa Ferreira aproveitou a intervenção de Mário Cruz para enfatizar o ’case study’ que existe relativamente à TAP. “O aeroporto está bem, tem uma estratégia de crescimento, além de um papel fantástico na região, o turismo está bem, está a crescer e tudo isto sem a TAP. Portanto, porquê falar da TAP? No Algarve, a TAP tem um papel através do ‘hub’ em Lisboa e do ‘long-haul’”. Por isso, considerou, “se a TAP viesse para o Algarve não traria nenhum benefício para a região, porque como não tem o ‘hub’ no Algarve, não conseguiria concorrer com as low-cost e não traria ninguém por causa do preço e depois teríamos todos a queixar-se que a TAP era muito cara”, recordando ainda que “as companhias de ‘long-haul’ que fazem ligação ao Algarve, fazem-no porque têm condições para concorrer com as low-costs”.

Ligação ferroviária, sim mas para a Andaluzia
Com uma das apostas em termos de mobilidade a residir na ferrovia, o presidente da APAVT reconheceu que “uma das ameaças que o Algarve enfrenta é a crescente consciência ambiental do consumidor que o pode afastar dos voos de curto curso”, referindo, inclusivamente, que “existem muitas viagens na Europa e no mundo que são multimodais por causa disso, fazendo com que o último percurso de um voo seja efetuado já de comboio”.

E neste ponto, Pedro Costa Ferreira admite que “esta tendência seria uma oportunidade para a TAP ter uma maior capacidade de intervenção na região, se houvesse uma boa ferrovia”.

Reconhecendo que a Linha do Sul “tem de ser qualificada, com a eletrificação a ter um papel importante”, o presidente da APAVT colocou o tónico na “procura”. “Se continuarmos a ‘gaguejar’ na ferrovia, podemos, mais à frente, ter um sério problema e não será por falta de atração da região, mas por causa de uma maior consciência ambiental que pode afastar alguns voos curtos”.

Questionado sobre uma eventual mais-valia de uma ligação Faro-Madrid, Pedro Costa Ferreira referiu que, “se houvesse capacidade para fazer algo para além de Lisboa-Madrid, preferia uma linha que ligasse o Algarve à Andaluzia, de forma a fortalecer a agenda comum das duas regiões, permitindo densificar a relação entre ambas quer do ponto de vista da promoção, quer do ponto de vista do ‘cross-selling’ e das experiências de uma região mais alargada que me parece fundamental se quisermos vencer uma vez mais o desafio do ‘long-haul’”.

Neste mesmo ponto, Mário Cruz considerou que, quando se fala de “qualidade” numa ligação ferroviária entre Lisboa e Faro e a possibilidade de esta poder eliminar a ligação aérea, “estamos a falar de um comboio de alta velocidade que conecta diretamente ao aeroporto sem ser necessário o passageiro efetuar mais uma deslocação, algo que não acontece atualmente. Nesse caso, a ligação aérea deixaria de fazer sentido”, reconheceu o responsável da TAP.

Também Karen Strougo considerou a integração multimodal para o aeroporto “essencial”, admitindo ainda que “sem essa integração ao aeroporto, não há crescimento, não há procura”. Contudo, reconheceu que “a conexão tem de ser direta” e que as rotas de curta duração “não sobrevivem com a existência de uma ferrovia rápida”, dando como exemplo alguns casos em França onde o comboio “tomou 98% dos passageiros de algumas rotas curtas”. “Trata-se de uma solução sustentável muito eficiente e de conforto para o passageiro”, concluindo ainda que “tal realidade aumenta a nossa ‘catchment area’, ou seja, zonas de influência”.

No final, ficou a certeza de que, na maioria das vezes, quando se fala em temas como aeroporto ou ferrovia, “o problema não está na construção, está na decisão”, reconheceu o presidente da APAVT.

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