Portugal-China: Língua é o maior entrave ao desenvolvimento de negócios
Essa é uma das opiniões generalizadas do workshop China-Portugal, que se realizou, esta quinta-feira, em Macau, no âmbito do XLIII Congresso da APAVT, tendo reunido meia centena de agências de viagens de vinte cidades do interior da China e agências de viagens e DMC’s portugueses.
Raquel Relvas Neto
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Depois de ter sido ultrapassada a primeira dificuldade operacional com a abertura do voo directo Pequim-Lisboa, em Julho deste ano, o desenvolvimento de negócios turísticos na China ainda se depara com uma barreira muito importante: a língua.
Essa é uma das opiniões generalizadas do workshop China-Portugal, que se realizou, esta quinta-feira, em Macau, no âmbito do XLIII Congresso da APAVT, tendo reunido meia centena de agências de viagens de vinte cidades do interior da China, como Pequim, Guangzhou, Xiamen, Haikou, entre outras, interessadas em desenvolver o mercado de inbound e outbound de Portugal-Europa-China e agentes de viagens portugueses.
Descrevendo a iniciativa como interessante, Eduardo Caetano, director executivo da Portimar, não deixa de referir que o mercado chinês, apesar do elevado potencial, “não é um mercado fácil, tem uma cultura própria e exige das empresas um grande investimento para chegar a este mercado”. Um dos investimento apontados tem que ver com a questão dos recursos humanos, particularmente de guias que falem mandarim, que, segundo o responsável, são de número reduzido. “Em Portugal existem muito poucos guias em mandarim e é um povo que de facto não fala outra língua e não tendo essa parte há aí um grande entrave para as empresas portuguesas no sentido de conseguirem chegar a este mercado porque de facto não há os recursos humanos necessários”, explica.
Do workshop de quinta-feira, a Transalpino traz “três contactos muito apetecíveis”, indica Pedro Areias, director comercial ao Publituris. Mas não foram apenas os contactos que a empresa retirou desta experiência: “Abriu aqui um conhecimento de uma cultura e de uma vivência da qual não tínhamos essa realidade. Achamos que conhecemos o mercado chinês e é completamente ilusório. Começámos a notar que temos que ser mais incisivos, mais profissionais, mais detalhados ainda para conseguirmos abraçar este negócio da China”. O responsável também identifica a questão da língua como uma barreira a ser ultrapassada, mas acrescenta ainda um importante elemento chave que contribui para o desenvolvimento de negócios com o mercado chinês: a confiança. “Eles precisam desta ligação de confiança e aqui deu para estabelecer um bocado. É preciso um cara a cara, mostrarmos que estamos ligados e interessados no mercado e criar esta confiança”, refere. No entanto, para melhor estabelecer esta confiança, é necessário apostar num ‘chinese coordinator’, um nativo chinês “que seja um elo de ligação exactamente com este mercado, (…) para que possa estabelecer essa ponte antes do grupo vir, explicar todos os detalhes, aprofundar o conhecimento de quem ao fim ao cabo vai receber o negócio deles”.
Também Luis Tonicha, administrador da Globalybeds, considera que esta iniciativa da APAVT foi “excelente” e que contribuiu para alcançar “negócios interessantes”. Contudo, também o empresário considera que uma das principais preocupações para os negócios com o mercado chinês é “o idioma que é uma situação que temos que resolver”.
Gabriel Gonçalves, da MTS Portugal, explicou também que “o mercado na China implica algum trabalho de preparação, no fundo viemos aqui ver a potencialidade que existe em termos de negócio”, admitindo que em Portugal “temos algumas dificuldades operacionais, primeiro de conhecer o mercado, segundo, em termos operacionais, de guias a falar mandarim”. “É um mercado que para nós é totalmente desconhecido, avançarmos aqui numa de pesquisa de novos clientes sem estarmos preparados não acho que faz bem o nosso modelo de trabalho”, salientou.
Apesar da abertura do voo da Beijing Airlines em Julho deste ano, com operação três vezes por semana, Eduardo Caetano não deixa de referir também que as ligações aéreas ainda são um entrave, ou seja, “o mercado chinês quando vem não vem a Portugal, vem à Europa e quanto muito vem à Península Ibérica e Madrid tem ligações com todas as grandes cidades chinesas”, exemplifica.
Quem também esteve presente no workshop foi a Associação de Promoção da Madeira, que aproveitou para apresentar uma brochura em mandarim “Madeira by Cristiano Ronaldo”. Roberto Santa Clara, director executivo da entidade, explicou que “efectivamente há um potencial enorme do destino Portugal, não preciso de repetir que a questão dos voos de Lisboa é uma porta imensa e a Madeira, nesse aspecto, não só pelo produto que tem, mas pelo capital de notoriedade do Cristiano Ronaldo, tem um potencial para explorar”. Neste âmbito, “queremos explorar um nicho que é importante e estamos certos que vai gerar fluxos muito interessantes a curto prazo”.
.*Em Macau, a convite da APAVT.