Conversas à Mesa | Pedro Gordon
Pedro Gordon, director-geral do Grupo GEA em Portugal e na América Latina, foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no Atlântico Bar & Restaurante, no Estoril.
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Pedro Gordon chegou de mota ao Intercontinental Estoril, para almoçarmos no restaurante Atlântico, onde desfrutámos de uma refeição com vista para o mar, na região que elegeu para viver, Cascais.
Apesar da família ser das Astúrias, Pedro Gordon nasceu em Madrid. Há 14 anos trocou Espanha por Portugal e hoje em dia está completamente adaptado ao País. Aliás, está naquela fase em que ainda estranha algumas coisas em Portugal, mas quando está em Espanha, acontece-lhe o mesmo.
O director-geral do Grupo GEA em Portugal e na América Latina viveu e estudou em Madrid. Primeiro num colégio privado católico, depois no ensino público, até entrar na Universidade Complutense de Madrid, para estudar Ciências Políticas.
Mas Pedro Gordon tinha ainda outra ocupação. Seguindo as pisadas dos irmãos, desde os 15 anos era praticante de esgrima, chegou a ser profissional e só deixou a modalidade com 28 anos. “Recebia um ordenado mensal da Federação Espanhola de Esgrima para dar aulas aos que estavam a começar e para treinar, uma vez que fazia parte da Selecção Nacional”. Chegava a treinar quatro horas por dia e os fins-de-semana estavam reservados para as competições. Foi numa dessas competições que veio, pela primeira vez, a Lisboa, tinha 18 anos na altura. “O nível do desporto em Espanha na altura não é comparável com agora, agora até temos um campeão mundial de Esgrima. A nível nacional era bom, mas a competição com os estrangeiros era dura, sobretudo com os países de leste, que tinham um nível elevado. Se estivéssemos a falar de futebol, era como comparar a Alemanha com os Camarões”, conta.
Estudou Ciências Políticas, porque queria ser diplomata. “Julguei que ia ser divertido, viajar e viver num país estrangeiro, tinha alguns amigos que tinham estudado para serem diplomatas”. As saídas profissionais do curso eram limitadas, a grande maioria dos colegas acabou em Bruxelas ou Estrasburgo, já que a entrada de Espanha na União Europeia aconteceu pouco tempo depois de terminado o curso.
Quando terminou os estudos, uma amiga que tinha estudado Turismo apresentou-lhe a empresa Panavision Tours, onde começou a trabalhar como guia de circuitos pela Europa. Tinha 23 anos. “A minha vida era a esgrima no Inverno e depois trabalhava como guia no resto do ano”. Gostou da experiência e ao fim de três anos foi estudar Turismo. “Quando se é muito jovem, o trabalho de guia é interessante, porque aprende-se muito sobre a psicologia humana, somos obrigados a aprender sobre liderança. Temos de saber como dar a volta às situações para que tudo corra bem. Além disso, permite-nos conhecer diversos países”, lembra.
Entretanto, saiu da Panavision Tours para outro operador, a Politours. Aí, trabalhava de Outubro a Junho em Madrid e, de Junho a Outubro, ia para Dubrovnik (na altura, na Jugoslávia), onde o operador tinha uma operação charter muito forte. Pedro Gordon coordenava a operação de incoming da Politours em Dubrovnik, durante o Verão.
Em 1991, já casado e com uma filha, saiu da Politours. Nesse ano, fez um MBA no Instituto de Empresa de Madrid. Ao mesmo tempo que se candidatava a alguns empregos. Foi assim que surgiu a oportunidade de integrar a SNCF – Société Nationale des Chemins de Fer Français, com escritório em Madrid. “Trabalhar com franceses é diferente, porque planeiam tudo muito mais que os espanhóis e exigem um controlo de números elevadíssimo. Dedicava 30% do meu tempo a fazer relatórios sobre a gestão, era uma empresa pública e tínhamos 190 mil empregados”. Permaneceu na empresa durante seis anos, primeiro como chefe de vendas e depois como director comercial. Quando saiu tinha 39 anos.
Voltou para a Politours, que tinha o projecto de abrir escritório em Portugal. Foi então que, em 1997, ficou responsável pela abertura em Portugal da Politours. “Lembro-me que o que me chamou a atenção foi o peso dos destinos de praia nos operadores, foi a principal diferença que notei”, afirma. “A Politours não era um operador com destino praia, mas sim circuitos e grandes viagens. Por isso, era um operador que estava limitado em termos de destinos em Portugal. Destinos que em Espanha tinham um grande peso, em Portugal eram destinos de nicho. Por exemplo, naquela altura havia charters para Marrocos, mas eram todos para a Agadir, nós lançámos para Marraquexe”.
Ao fim de seis anos, em 2003, Pedro Gordon teve a oportunidade de conhecer o seu actual sócio, que tinha criado há dez anos a Grupo GEA em Espanha. “Queria abrir em Portugal e propôs-me, porque já conhecia o mercado, fazer um a sociedade conjunta para implementar o grupo GEA em Portugal. Achei muito interessante”.
O mercado “aceitou muito bem” a GEA. “Acabámos o primeiro ano, em 2003, com mais de 50 agências. Nessa altura, final de 2002 e início de 2003, Pedro Gordon já vivia em Portugal.
“A GEA foi crescendo e consolidando-se até que, em 2008, abrimos na Argentina. A Argentina é uma extensão da GEA Portugal. Todas as empresas têm uma predisposição natural para a expansão, quando Espanha já era um mercado maduro, decidiu-se vir para Portugal, com a consolidação de Portugal, a expansão natural seria a América Latina. O Brasil não tinha condições objectivas para um grupo de gestão, pelo contrário, a Argentina tinha. Oito anos depois, estamos muito bem, com 410 empresas, 460 balcões e 16 pessoas. A GEA Argentina é um grupo super consolidado, com uma imagem excelente. E agora estamos em processo de abertura no Peru, será a GEA Argentina que vai abrir no Peru.
Um dos marcos mais importantes na vida da GEA Portugal “foi o momento em que o grupo ficou consolidado como o maior grupo de pequenas e médias agências, o que aconteceu mais ou menos em 2008. Felizmente temos mantido essa posição até aos dias de hoje”. Entre o Grupo GEA e a Travel GEA, actualmente, a empresa conta com 11 colaboradores em Portugal.
Para Pedro Gordon, as agências “têm muita vida pela frente, mas têm de se reinventar continuamente”, algo que é transversal a outras empresas. “Não são só as agências, são as companhias de comunicação, as petrolíferas, os hotéis, os supermercados, etc”. “Neste momento, penso que o grupo GEA tem bastante futuro se conseguirmos ser fortes em dois pilares: ferramentas tecnológicas que permitam às agências serem fortes e competitivas em preço e eficiência; e o segundo pilar é a formação. A formação pode parecer utópica, mas não é, é a realidade, só com um profissionalismo muito elevado, as agências poderão sobreviver”, conclui.
Vida Pessoal
Pedro Gordon tem um filho e uma filha, com 26 e 31 anos, respectivamente, do primeiro casamento. Voltou a casar em Portugal e tem dois enteados. Gosta de viver em Portugal, onde encontra “uma boa qualidade de vida”.
Música, leitura, viagens e desporto são os seus principais hobbies. “Tenho sorte, porque gosto de desfrutar das coisas, desfruto de qualquer coisa boa”, reconhece. É apaixonado pela cultura das cidades e dos povos. Procura viajar duas vezes por ano em lazer. Dubrovinik é o seu local de eleição. “Não conheço nenhum sítio mais bonito que Dubrovnik. Seja a cidade como os arredores, nunca vi nada tão bonito, a cultura”. A última vez que esteve neste destino foi no Verão do ano passado com a família.
É viciado em discos de vinil e até tem uma colecção. “Adora o som do vinil. Já praticamente não oiço Cd’s, só vinis”. Quanto ao desporto, ultimamente tem feito cerca de 30 quilómetros de bicicleta, duas vezes por semana. Abandonou a esgrima, porque não concebe a modalidade como um hobbie, “é quase uma profissão”. “A esgrima trouxe-me um espírito competitivo. Aqui somos só nós, os sucessos são nossos, os fracassos são nossos. Não podemos agir só pensando em nós, temos de agir em função do outro. Ensina-nos que na vida não estamos sozinhos, somos o que somos em função da pessoa que temos em frente, sozinhos não existimos. As acções são fruto da interacção entre nós e o que está à nossa frente. A vida é um resultado da interacção entre nós e a pessoa com a qual estamos a agir num determinado momento”.
Viaja muito em trabalho e não tem rotinas, mas não está cansado, diz-se um privilegiado, porque gosta do que faz e a nível económico tem o que é preciso para viver confortavelmente, “não gostaria de ser milionário”.
No futuro, quando estiver reformado, imagina-se a alternar a vivência em Portugal com Madrid: oito meses em Portugal, três meses na Serra de Madrid onde estão os amigos de infância e um mês a viajar pelo mundo.
Na vida profissional aprecia a honestidade, a fidelidade e a eficiência das pessoas. “As pessoas têm de ser responsáveis por si próprias. A mim o que me interessa é que o trabalho esteja bem feito. Não gosto de pessoas que ficam a trabalhar até tarde, acho que é uma falta de respeito pela sua família. As pessoas devem chegar o mais cedo possível a sua casa para dedicar tempo à sua família e, se não são capazes de chegar, é porque algo está a falhar. Quero que os meus trabalhadores sejam felizes, que estejam motivados, que pensem que trabalham na melhor empresa do mundo, e para isso, têm que ser felizes e ter tempo para desfrutar da sua vida”.
Tem um lema de vida: ‘Vive e deixa viver’. “Não tenho Facebook, porque não me interessa saber da vida dos outros, as pessoas que me interessam, preocupo-me em saber deles, e o contrário também. Detesto o protagonismo, não gosto de exposição. Não gostaria de ser importante, o meu ego alimenta-se com outras coisas diferentes de querer ser importante ou querer ter muito dinheiro, alimenta-se de ter uma vida feliz, bons amigos, uma família de quem eu goste e goste de mim, e fazer o que gosto”.¶
Restaurante Atlântico Bar & Restaurante
O Atlântico Bar & Restaurante, integrado no espaço adjacente ao hotel é um espaço amplo, com 50 lugares na sala interior e 52 no terraço. O restaurante contempla um design actual e sofisticado, com elegantes apontamentos em tons de azul, que reflectem a proximidade com o Oceano Atlântico. Aqui poderá desfrutar das melhores iguarias e sabores da gastronomia confeccionada com o pescado mais fresco capturado nas águas do Oceano Atlântico. Todos os pratos são elaborados pelo Chef Executivo Jorge Fernandes. Para uma refeição mais descontraída, o bar do restaurante, propõe vários menus de tapas de peixe e de marisco, tapas rústicas e harmonizações com champanhe. Conta ainda com um menu executivo O restaurante está aberto de segunda a domingo, das 12H30 às 00H00.