“A Guiné Bissau será um dos destinos turísticos de futuro”
Fernando Vaz, ministro do Turismo e do Artesanato da Guiné Bissau, pretende mostrar aos operadores portugueses um destino com um potencial turístico e natural “fora do comum”. A Fam Trip realiza-se de 6 a 13 de Janeiro.
Ângelo Delgado
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Fernando Vaz, ministro do Turismo e do Artesanato da Guiné Bissau, está de visita a Portugal. O Publituris não quis perder a oportunidade e entrevistou o governante sobre vários temas relacionados com o turismo naquele país africano. Entre uma viagem ferroviária de Lisboa ao Algarve, a conversa – telefónica – fez-se tendo como pano de fundo a seguinte premissa: “Quem vier à Guiné vai ficar surpreendido e não vai querer de lá sair”. Fernando Vaz está radiante com a Fam Trip a Bissau que irá integrar os principais operadores turísticos portugueses e marcará presença na FITUR, em Espanha, com o objectivo de promover o país junto de outros mercados. A conversa evolui assim que o ministro chega ao Algarve. “Está quase como em Bissau: lá estão 26º, aqui estão 18º!”.
Qual o objectivo da visita dos operadores turísticos portugueses à Guiné Bissau?
Esta Fam Trip, que irá decorrer de dia 6 a 13 de Janeiro, tem como principal objectivo divulgar aos principais operadores portugueses o enorme potencial turístico do destino. Na zona ocidental da costa africana, somos o país que mais ilhas temos. São 88 ou 89, algumas delas habitadas, outras não e quase todas com praias naturais de areia branca! Estamos a falar de um vasto território com um potencial muito grande para o Turismo. Na Guiné Bissau, podemos desenvolver actividades como o turismo balnear, pesca, ecoturismo, observação de animais raros… as nossas ilhas têm uma fauna e uma flora muito própria, algumas delas com espécies únicas em todo o Mundo. Podemos afirmar, sem medo, que se trata de um universo completamente esquecido, já que durante o período da guerra não foi possível dar a conhecer esse lado da nossa nação.
A instabilidade política que a Guiné Bissau viveu durante vários anos atrasou, assim, um processo que deveria estar mais avançado?
Sem dúvida! A instabilidade política que caracterizou a Guiné até 2012 – quando ocorreu o último Golpe de Estado – dificultou este processo de evolução, mas, além disso, é importante referir que não houve uma política clara para o desenvolvimento do sector. Actualmente, o país vive uma estabilidade muito sólida e as guerras que temos são as políticas, normais em democracias desenvolvidas e que se resolvem na Assembleia. Um exemplo de que a Guiné é extremamente segura é o facto de não existir policiamento nocturno. Não temos necessidade e isso diz quase tudo sobre a segurança de um destino. A criminalidade ronda os 0 por cento. Tenho a certeza que os operadores turísticos portugueses regressarão com uma imagem completamente diferente sobre a Guiné.
De que forma poderá aumentar o número de turistas portugueses e, claro, estrangeiros na Guiné Bissau?
No caso de Portugal, não podemos dissociarmo-nos do facto de quase 200 mil portugueses, chefes de família e ex-militares, terem passado pela Guiné Bissau e quererem voltar ao país. Alguns deles não conhecem bem o território e adorariam ter a possibilidade de o fazer. Temos, por outro lado, o regresso dos voos da TAP a Bissau, além dos da EuroAtlantic, o que nos faz aumentar as expectativas relativamente a um crescimento do fluxo turístico. A nível internacional, estaremos na próxima FITUR, em Espanha, onde iremos promover a Guiné e os Bijagós, algo que nunca foi feito de forma sustentada. O nosso potencial turístico tem sido descurado e, num momento em que toda a gente procura por novos destinos e ofertas naturais, é urgente que o coloquemos visível ao mundo. Aliás, não tenho dúvidas que a Guiné Bissau será um dos destinos turísticos de futuro.
A Guiné está, actualmente, preparada para receber um fluxo considerável de turistas, no que a infra-estruturas diz respeito?
Temos tido um boom na construção de hotéis: estão cinco a serem erguidos e outros com projectos aprovados, prontos a avançar. Uma das unidades em construção é de um grupo espanhol que irá acrescentar 200 quartos à nossa oferta. Temos outros consórcios internacionais que estão interessados em construir hotéis na Guiné, pelo que podemos admitir que nos estamos a dotar de infra-estruturas para, a curto/médio prazo, receber ainda mais turistas. Os projectos em causa serão edificados em Bissau e em algumas das nossas ilhas.
Qual a capacidade hoteleira actual da Guiné Bissau?
Neste momento temos duas mil camas, mas no próximo ano iremos duplicar ou até triplicar a nossa capacidade, já que temos várias obras em fase de conclusão.
E relativamente ao número de turistas em 2016?
Temos uma estatística mal organizada e é prioritário trabalhar nesse aspecto, mas posso avançar, ainda que com alguma margem de erro, que recebemos entre quatro a cinco mil turistas. Na linha da capacidade hoteleira, esperamos triplicar o número de visitantes em 2017. Com a divulgação do destino Bijagós e a finalização de alguns empreendimentos, não há dúvida de que iremos aumentar estes valores.
Além da TAP e da EuroAtlantic, que outras companhias aéreas voam para a Guiné Bissau?
Temos a Royal Air Maroc, que parte de Casablanca, em Marrocos, a Senegal Airlines que descola de Dakar, a TACV, que voa de Cabo Verde e ASKY Airlines, companhia aérea do Togo.
A não necessidade de um parceiro local para desenvolver negócios na Guiné Bissau tem sido uma alavanca positiva para a economia do país?
Temos um código de investimento estrangeiro que, acredito, é único a nível mundial. A nossa postura é de total abertura: não obriga a uma parceria local para novos negócios, ou seja, as empresas podem ser 100% estrangeiras, existem vários incentivos a nível tributário, nomeadamente cinco anos de isenção de contribuição industrial e a transferência dos lucros dos capitais são garantidos até 90%.