Na cerimónia de tomada de posse do novo presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal, Rui Ventura, realizada esta terça-feira, 15 de abril, em Aveiro, Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo (SET), começou por destacar os três pilares fundamentais para o sucesso da Turismo Centro de Portugal: “a equipa, o território e a comissão executiva”.
Pedro Machado também aproveitou a ocasião para referir que “o caminho que estávamos a trilhar reforçava não só o peso do crescimento da indústria do turismo em Portugal, mas procurava também responder a três grandes desafios: o desafio da qualidade e da qualificação da experiência, o desafio do crescimento, bem como o desafio da capacidade que temos de podermos alimentar e alavancar o grau de felicidade daqueles e daquelas que recebem turistas”.
Enumerando as diversas medidas lançadas ao longo do último ano por parte do XXIV Governo, Pedro Machado considerou que “estávamos, no fundo, a procurar acrescentar valor à oferta, a corresponder à expectativa de um crescimento que o país está a ter, mas que, cada vez mais e todos os dias, somos desafiados a responder ao que é esperado por aqueles que recebemos”.
E numa região que ultrapassou a fasquia das oito milhões de dormidas, em 2024, Pedro Machado admitiu que “essa mesma região tem todas as condições para continuar esse caminho do crescimento. Não só porque se posicionou, mas porque tem hoje o seu ADN, tem a sua estrutura base nessa ligação território-empresa, tem diversificação, singularidade, oferta, tem todos os ingredientes para poder continuar o caminho do crescimento, tendo presente aquilo que são as expectativas criadas, nomeadamente com nos novos mercados”.
O SET lembrou, igualmente, o tema da sustentabilidade, assumindo que “esta merece atenção redobrada, do ponto de vista daquilo que é a pressão que temos sobre os nossos recursos e que precisamos de lidar e gerir com parcimónia, mas sobretudo aquilo que ela pode e deve influenciar, nomeadamente, a procura dos mercados emissores”.
Por isso, considerou que “temos um conjunto de fluxos turísticos em que o tema da sustentabilidade já não é apenas uma preocupação à chegada, é uma preocupação à partida” e, por isso, “define muitas vezes aquilo como, onde e o que os turistas querem pagar”.
Ainda no tema da sustentabilidade e, fundamentalmente, na questão das alterações climáticas, Pedro Machado referiu ainda que “o país, a região, os municípios em que vivemos, pedimos emprestados aos nossos filhos. Se tivermos essa consciência de que pedimos aos nossos filhos aquilo que é hoje o ecossistema que todos os dias utilizamos, provavelmente muitos mudariam alguma das suas atitudes”.
Pedro Machado juntou às alterações climáticas as migrações, considerando-as “absolutamente cruciais”. “Os emigrantes representam, hoje, praticamente a 17% da nossa população”, disse o SET, admitindo que “precisamos saber quem são e, mais do que isso, criarmos as condições para termos cidadãos plenos de direitos”, saudando as medidas tomadas pela Confederação do Turismo de Portugal, Turismo de Portugal e AIMA com o plano de formação colocado no terreno.
Outro tema preocupante salientado por Pedro Machado foi o do “envelhecimento da população nos nossos territórios”. “Os números são estrondosos”, considerou o SET, referindo que, “em 2050, teremos 297 idosos por cada 100 jovens ativos”, considerando esta “uma cifra absolutamente crítica do ponto de vista daquilo que é o processo de envelhecimento desta Europa e da própria necessidade de olharmos também para os migrantes como fator decisivo e crítico para que a Europa também ela possa regenerar-se”.
Pedro Machado salientou, também, a necessidade da “valorização das profissões do turismo”, reforçando a “confiança nas empresas, nos empresários e nas pessoas”. E respondendo a algumas vozes que entendem que existe turismo a mais, Pedro Machado disse: “basta pensarmos nesta região e percebermos aquilo que são as taxas de ocupação numa indústria que representa hoje 14,4% do nosso Produto Interno [Bruto] em termos de exportações”, comparando-as com o 9% da indústria automóvel ou os 9,8% da maquinaria e equipamentos.
Para o final ficou a resposta ao desafio deixado por Rui Ventura, para a revisão da Lei 33. “Há, de facto, dossiers que não foram cumpridos e um deles foi a revisão da Lei 33”, recordando o único ano que o Governo esteve em funções. “Fui sempre adepto da Lei 33, no sentido de que dava mais capacitação ao território, a empresas e empresários, nos dava uma visão diferente, porque não ficávamos tão divididos, sobretudo no campeonato da internacionalização”, admitindo que “cada vez mais temos consciência que precisamos de músculo”.
“A lei não ficou perfeita”, disse Pedro Machado, “desde logo porque as universidades e os politécnicos nem sequer se podiam associar”, admitindo que “pensar numa estratégia de desenvolvimento regional ou local sem conhecimento, sem transferência de conhecimento, sem capacitação foi sempre uma aberração”.
Por isso, Pedro Machado admitiu, salientando o cuidado a ter com as palavras: “tenho consciência de que estamos, nesta data, às portas de eleições, mas o trabalho não fica perdido. Eventualmente temos este intervalo de tempo para nos ajudar a ir mais longe do que aquilo que já teria sido feito na revisão da [Lei] 33”.
E, em conclusão, o SET considerou que “a própria proposta da revisão da Lei 33, à data de hoje, pode ficar aquém daquilo que é a expectativa criada e parece-me quem me suceder à frente da Secretaria de Estado do Turismo pode e deve ir mais longe”, reforçando que “o que o turismo precisa e quer hoje é celeridade na avaliação, rapidez na execução, cumprimento de metas e objetivos”.