Uma classe com classe
A diferença entre cortes de custos e amputação de resultados são duas realidades que encaixam perfeitamente no que se passa com os níveis de compras dos lugares de classe executiva. […]
João Luz
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A diferença entre cortes de custos e amputação de resultados são duas realidades que encaixam perfeitamente no que se passa com os níveis de compras dos lugares de classe executiva. Um dos mercados mais afectados pela crise económica, com as empresas a cortarem significativamente os custos com viagens. Mas até que ponto esse investimento dá retorno positivo? A Harvard Business Review respondeu à questão com a elaboração de um estudo intitulado “Dirigir à distância, a importância da comunicação cara a cara”. Não é novidade que com os ventos económicos desfavoráveis, e os orçamentos a apertar, as comunicações entre empresas ficou muito mais apoiada nas novas tecnologias que colocam pessoas em pólos opostos do mundo em conversação. Negoceia-se em conferências telefónicas, através da web, com interface vídeo, enfim… todas as tecnologias que diminuam o gasto das empresas com viagens de negócios.
Mais vale estar
Para o estudo foram entrevistados 2.300 subscritores da Harvard Business Review, desse total “95% afirmaram que as reuniões presenciais são essenciais para o sucesso da construção de relações de negócios de longo prazo, enquanto 87% afirmam que estar pessoalmente com o interlocutor é essencial para fechar o negócio”, pode-se ler no estudo. Com efeito, viajar em negócios é tão importante que 52% referem que uma restrição no número de voos com objectivos profissionais afectará negativamente os seus negócios. Ou seja, não há comparação possível com a qualidade da comunicação que se estabelece “in loco”. E o mercado sabe disso mesmo, portanto, ao primeiro sinal de retoma económica a evolução do tráfego aéreo de origem negocial reage positivamente. A prova viva são os resultados da classe executiva da norte-americana United Airlines, onde o tráfego corporativo melhorou em relação ao início do ano. Ainda assim a companhia não conseguirá evitar o prejuízo no terceiro trimestre do ano de 57 milhões de dólares. John Tague, presidente da United, comentou em comunicado que começou “a ver uma gradual melhora na performance do movimento de passageiros corporativos”. Tague acrescentou ainda que “as receitas com a business class caíram 40% no início do ano, em relação a 2008, mas agora está a cair 25%”. Daí a estrutura dirigente da United estar “optimista com os primeiros sinais de recuperação da procura business e premium”. Também a Continental Airlines assiste a uma recuperação lenta do seu segmento nobre desde a colapso financeiro rebocado pela derrocada do grupo Lehman Brothers em Setembro do ano passado. O CEO da Continental, Larry Kellner, explica que “as tarifas premium vão melhorar para valores superiores aos que registamos actualmente, mas não tão bons como no passado”.
Luta de classes
As formas de contrariar a crise multiplicam-se por todo o mundo, e por vezes revestem formatos híbridos. Foi o que fez a El Al Israel Airlines, que flexibilizou a diferença entre classes de forma a permitir o upgrade da classe económica para a business, mas com refeição económica.
Confuso? Nem por isso. Um passageiro da companhia israelita, antes de embarcar num voo de longo-curso, pode optar pela pagamento de 250 dólares para se sentar num dos lugares vagos da classe executiva, sem ter direito a refeição conducente com a assento. No passado mês de Agosto, o número de passageiros que viajaram em primeira/executiva classe caíram 12%, segundo os dados da IATA.
No panorama nacional, a TAP diz “esperar uma ligeira melhoria em termos de procura do segmento corporate em 2010”, revela André Soares, porta-voz da companhia portuguesa. Em termos evolutivos do segmento premium, a companhia de bandeira “tem acompanhado a tendência global de redução do tráfego”. A fonte da TAP acrescenta ainda que “infelizmente o mercado português não gera – estruturalmente – uma procura elevada para este segmento, a TAP ressente-se menos desta quebra de tráfego do que outras companhias em que ele representa uma maior percentagem da receita total”. A transportadora nacional tem como principais rotas business Luanda, seguida de São Paulo e Rio de Janeiro, cidades naturalmente ligadas a interesses económicos portugueses, e tem um plano para revitalizar as viagens de negócios. André Soares apresenta os “branded products” como os trunfos para seduzir os viajantes de corporate. Para a TAP a criação desses produtos traduz-se na estratégia “Um voo, cinco formas de viajar”. Esta foi a forma da companhia valorizar continuamente o segmento de executiva, adoptando as seguintes medidas: “a inauguração do novo Premium Lounge em Lisboa; acesso dos clientes Premium ao “Green Way” (acesso mais rápido ao controlo de raio-x e segurança); maior valorização dos clientes Premium no programa Victoria; oferta de estacionamento nos principais aeroportos nacionais”. As melhorias estendem-se, naturalmente, aos serviços de refeições e entretenimento a bordo.
Voltando ao estudo da Harvard Business Review, é de salientar que apesar de 51% dos entrevistados perspectivarem a continuação do crescimento da utilização de ferramentas de comunicação tecnológicas, as empresas continuam a encaram a presença física essencial. Dos inquiridos, 78% encara o investimento em viagens uma prioridade na manutenção da relação com os clientes, enquanto que 72% afirma ser essencial o investimento na relação com os clientes. A relevância deste estudo é importante para as companhias aéreas, uma vez que o cargo dos entrevistados dá um poder extra às suas respostas.
32% estão encarregues de direcção geral, sendo as suas áreas de acção a estratégia/desenvolvimento de negócios (19%), marketing e vendas (14%), recursos humanos (9%), operações/produção (8%), financeiro (6%) e tecnologias da informação (5%). No fundo, tudo áreas que tradicionalmente fazem florescer as receitas das companhias aéreas de bandeira com as classes premium.
A – Principais medidas de redução de custos de viagens implementadas nas empresas:
– Despesas com viagem no global – 69%
– Selecção de companhias e de bilhetes mais baratos – 57%
– Restrições na frequência da realização de viagens – 51%
– Selecção da classe mais barata – 47%
B – Reuniões com maior probabilidade de não sofrerem cortes nos orçamentos:
– Negociação de contratos – 56%
– Entrevista a quadro superior para um projecto importante – 48%
– Encontro com cliente actual para aumentar negócios – 48%
– Entender/ouvir clientes importantes – 43%
– Identificar novas oportunidades de crescimento – 32%
– Construir relações/gerir equipas dispersas geograficamente – 28%
– Iniciar discussões com targets do sector financeiro – 26%
– Gerir projectos importantes noutros países – 21%
– Gerir relações com fornecedores – 12%