PIN a marcar passo
O Turismo de Portugal estima que ascenda a 10.676 milhões de euros o investimento que estava previsto nos 43 projectos classificados como PIN (Potencial Interesse Nacional) no sector do Turismo, […]

Joana Piedade
Descobrir o Algarve através de 18 experiências de Turismo Industrial
easyJet assinala 10.º aniversário de base no Porto com oferta de descontos
ISCE reúne 34 parceiros na “Global Tourism TechEDU Conference 2025”
AVK adquire Pixel Light e consolida liderança no setor audiovisual
Air France opera até 900 voos por dia para quase 190 destinos no verão 2025
ARPTA com nova liderança
Iberia reforça ligações a Roma, Paris e Viena
Os 3 dias do RoadShow das Viagens do Publituris
SATA lança campanha para famílias com tarifa gratuita para crianças
Indústria do turismo dos EUA preocupada com queda nas viagens domésticas e internacionais
O Turismo de Portugal estima que ascenda a 10.676 milhões de euros o investimento que estava previsto nos 43 projectos classificados como PIN (Potencial Interesse Nacional) no sector do Turismo, a sua maioria com componente imobiliária acoplada à hotelaria. Apesar do anúncio de vários projectos em situação periclitante, o secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade afirmou durante a FITUR que “é muito forte falar em falências. Há, fruto da conjuntura, uma alteração do próprio modelo de negócio de alguns dos resorts que se instalaram em Portugal. Estão a sofrer uma reestruturação visando, sobretudo nos projectos que agora se iniciam, assentar mais na vertente hoteleira e menos na imobiliária”.
Também o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, tem a mesma visão. “Os promotores devem reequacionar as suas estratégias de investimento. A componente imobiliária prevista na maioria dos projectos está muito vocacionada para o mercado britânico e irlandês, que estão a sofrer as consequências da crise”. Teme-se, pois, que potenciais clientes destes mercados sejam afastados devido à desvalorização da libra e dificuldades no acesso ao crédito.
Segundo apurou o Publituris, o Palmares Resort do grupo Onyria de José Pinto Coelho foi um dos muitos “obrigado” a repensar a estratégia. Inicialmente estava previsto que fosse a componente imobiliária a arrancar primeiro, mas a prioridade será agora dada à hotelaria. O mesmo sucede no Parque Alqueva, projecto no qual o grupo SAIP de José Roquette apenas tem garantido um investimento de 250 milhões de euros em hotelaria e serviços turísticos como náutica e golfe, tendo recuado no avanço da componente imobiliária. Sobre o Colombo’s Resort, em Porto Santo, cujas obras estão paradas, Bernardo Trindade disse que “está a sofrer um processo de reestruturação para ser viabilizado”.
Fim da pressão imobiliária
Já para o jurista Carlos Torres, “um dos efeitos positivos desta crise é o fim da enorme pressão que o sector do turismo estava a sofrer pelos interesses da construção civil”, afirma. “O modelo que estava a ser seguido, pelos elevados consumos de território, comprometeria a médio prazo a sustentabilidade e a qualidade do turismo português”, defende.
O Publituris perguntou ao AICEP, organismo responsável pelo acompanhamento dos PIN, quais as eventuais consequências devido a paragens e atrasos nos projectos. Como resposta obteve que “o abrandamento da execução de um projecto, de per si, não determinará a perda do estatuto PIN, salvo se este abrandamento for acompanhado de alterações dos pressupostos essenciais do projecto ou substituição do promotor, que determine a reapreciação e esta venha a ser negativa”. Por outro lado, “o facto de não ter iniciado os procedimentos até 90 dias após o reconhecimento do estatuto PIN determina a caducidade do estatuto PIN”.
O presidente da AHETA diz esperar que “o governo demonstre espírito de abertura relativamente a eventuais alterações dos projectos e adiamentos nos prazos de execução”.
Inadvertidamente, a crise actual parece ter reposto alguma verdade e rigor nos conceitos. O jurista Carlos Torres não tem dúvidas em defender que “sobre a capa do turismo passavam realidades urbanísticas que nada tinham que ver com ele. O grande objectivo era vender moradias para primeira ou segunda residência e depois encontrava-se alguém para construir e explorar um hotel. A principal motivação era imobiliária, o turismo surgia secundarizado, uma espécie de preço que tinha de ser pago para o betão penetrar naqueles territórios”. As prioridades dos promotores destes projectos aparecem agora alteradas pela evolução dos tempos. Em Madrid, Bernardo Trindade defendeu que “é fundamental ter a noção que alguns projectos estão a ser reequacionados em termos da sua instalação e este processo durará de um a dois anos”.