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Edição Digital: Entrevista presidente do Turismo de Portugal, Especial WTM 2021, ‘Surf No Crowd’ e Autocaravanismo

A última edição de outubro do Publituris faz capa com a entrevista ao presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo. A poucos dias do início do World Travel Market 2021, Luís Araújo coloca a tónica no que de bom o turismo em Portugal tem para oferecer aos mercados externos.

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A última edição de outubro do Publituris faz capa com a entrevista ao presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo. A poucos dias do início do World Travel Market 2021, Luís Araújo coloca a tónica no que de bom o turismo em Portugal tem para oferecer aos mercados externos.

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A nova edição do Publituris, a terceira e última do mês de outubro, faz capa com o presidente do Turismo de Portugal. Ao Publituris, Luís Araújo destaca, como fez ao longo deste período de pandemia, que Portugal sempre manteve os motores ligados. Agora que o tiro de partida foi dado, o responsável pelo Turismo de Portugal admite que Portugal está muito bem colocado. Haja retoma!

A poucos dias do World Travel Market 2021, o Publituris foi ouvir, igualmente, o que os responsáveis pelas regiões turísticas têm para mostrar num dos eventos mais importantes do turismo mundial.

Além disso, quisemos, também, saber o que algumas empresas levam até Londres e com que serviços, soluções e experiências irão tentar atrair turistas internacionais.

Nesta edição destaque, também, para a 6.ª edição do Roadshow das Viagens do Publituris, realizado entre 12 e 14 de outubro. Visitadas que foram três cidades – Figueira da Foz, Vila Nova de Gaia e Sintra – foram 24 os expositores que mostraram os seus serviços e soluções aos mais de 300 agentes que visitaram o evento.

Lançado no verão de 2019, com o objetivo de tornar a Figueira da Foz, Cantanhede e Mira num único destino de surf de lazer, o projeto ‘Surf No Crowd’ merece um balanço positivo. Ao Publituris, Jorge Brito, secretário executivo da Comunidades Intermunicipal da Região de Coimbra, admite mesmo que poderá vir a ser alargado a outras modalidades náuticas na região.

Nos “Transportes”, o autocaravanismo é destaque, com a Yescapa Portugal – plataforma que intermedeia a venda e aluguer destes veículos – a queixar-se que a nova lei é “desproporcional” e pede a sua alteração, sob pena de Portugal perder turistas para países concorrentes.

Os artigos de opinião nesta edição são assinados por Carlos Torres (Jurista e professor da ESHTE) e Susana Rachão (Coordenadora da Licenciatura em Turismo e do TeSP em Desenvolvimento de Produtos Turísticos do ISAG – European Business School).

Leia a edição aqui.

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LiterÁREA que ser ativo importante no turismo do Alentejo e Ribatejo

Apresentado oficialmente o LiterÁREA, a primeira edição do Festival de Turismo Literário do Alentejo e Ribatejo, que se realiza de 13 a 15 de dezembro, percorrerá 19 municípios das duas regiões. Para José Santos, presidente da Entidade Regional do Turismo do Alentejo e Ribatejo, “a cultura deve ser cada vez mais um ativo importante para o turismo”.

A riqueza literária do Alentejo e Ribatejo estarão em destaque na primeira edição do LiterÁREA, a realizar entre 13 e 15 de dezembro, em 19 municípios das duas regiões turísticas, salientando José Santos, presidente da Entidade Regional do Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, que “com esta iniciativa, pretendemos promover e valorizar o território através da literatura, numa união entre obras e autores, habitantes e visitantes”.

De resto, o presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo reconheceu que “há que ser coerentes e consequente com o que dizemos”, defendendo que o turismo literário tem um “enorme potencial para atrair visitantes e contribuir para o desenvolvimento das economias locais”. José Santos admite que o festival “é o primeiro passo para convidar os turistas a visitarem-nos através da literatura”, socorrendo-se, para o efeito, a vários roteiros literários que ficam disponíveis durante todo o ano, “integrando a criação de uma rede agregadora de diferentes opções”.

“Precisamos de integrar mais a cultura naquilo que é o nosso produto turístico, naquilo que são as vivências, as experiências, os serviços que colocamos à disposição de quem nos visita”, frisou José Santos, admitindo que, “falamos muito em transformar os destinos, falamos muito em ter destinos mais autênticos, em ter um turismo mais próximo das comunidades, em ter um turismo em que a cultura local está mais presente no que oferecemos, mas temos que ser coerentes com aquilo que dizemos, porque acreditamos que esse turismo é um turismo que pode dar uma dimensão mais competitiva aos destinos e ao próprio turismo”.

Pensado em 2019, em parceria com o Turismo de Portugal, “numa altura em que o Turismo Literário não estava tão presente no nosso mindset e no topo das políticas públicas, quer nacionais, quer municipais”, José Santos destacou que o trabalho “avançou”, ajudando o Alentejo e Ribatejo a ter uma oferta “mais interessante, mais competitiva, que se renova diariamente”.

Presente na apresentação do LiterÁREA, Lídia Monteiro, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, frisou que “este festival é acima de tudo um bom caminho para termos um turismo mais próximo, em que os próprios agentes culturais possuam maior capacidade de expressar a sua criatividade de poder produzir cultura”.

Lídia Monteiro destacou ainda que são iniciativas destas que “permitem mitigar a sazonalidade dos territórios e destinos, possibilitando, ao mesmo tempo, uma maior sustentabilidade do ponto de vista das próprias empresas turísticas”.

Quanto ao target do LiterÁREA, José Santos admite que a primeira edição seja para “consumo interno”, revelando que, através da divulgação do festival, “temos sempre a perspectiva de termos visitantes de todos os territórios”.

Contudo, a vertente internacional não está descartada, já que o presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo reconhece que existem dois mercados a ter em conta. “O mercado brasileiro, mas também o mercado norte-americano, gostam deste tipo de produto turístico”, adiantando que “sentimos que para a internacionalização da região e para uma proposta de valor mais diferenciada, gostaríamos, num médio prazo de três anos, de afirmar o Turismo Literário como um produto”.

Já quanto ao timing do LiterÁREA, José Santos, admite que este possa ser realizado mais cedo em edições futuras, “mas sempre no outono-inverno”, destacando a “dinâmica e interesse que o festival está a gerar nas unidades hoteleiras”, admitindo que “elas próprias vão ser nossos embaixadores e vão ser aliados fundamentais na promoção do festival”.

Quanto a uma possível integração com outros produtos turísticos – gastronomia, vinhos, património, entre outros – José Santos reconhecer que “as motivações turísticas estão interligadas. Nós sentimos muito que o cliente que faz turismo no Alentejo como um cliente que identifica a região como um território de cultura, e cultura é vinho, é paisagem, é sustentabilidade, é literatura”, concluindo que “o património já lá está, mas não está visível. O património literário enriquece muito a oferta turística e hoje temos um turista, um viajante que absorve todas essas dimensões da paisagem, da cultura, da literatura, do vinho, da gastronomia, um cliente muito envolvido por todas estas dimensões todas”.

A programação do festival revela a identidade literária do Alentejo e Ribatejo, destacando muitos dos recursos e ofertas existentes, promovendo várias e variadas iniciativas culturais, incluindo mais de 15 roteiros literários por locais onde vivem, viveram ou se inspiraram grandes escritores como José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues, Florbela Espanca, José Luís Peixoto, Ruy Belo, Fialho de Almeida, Afonso Cruz, Mário Beirão, Eça de Queirós, Al Berto, Mariana Alcoforado, Al-Mu’tamid, Manuel Ribeiro, Mário Saa, Manuel da Fonseca, Raul de Carvalho, Fernando Namora, José Régio, Vergílio Ferreira, entre tantos outros.

Conversas com autores, workshops, masterclasses, apresentações de livros, exposições, sessões de contos, cinema, oficina de literatura e imaginação, visitas comentadas e roteiros literários são algumas das várias ações, gratuitas, integradas no LiterÁREA de 13 a 15 de dezembro.

Sobre o autorVictor Jorge

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Maioria das companhias aéreas falha na transição energética com TAP entre as piores

A maior parte das companhias aéreas está a falhar na transição para combustíveis sustentáveis, segundo uma análise feita a 77 companhias aéreas em que a portuguesa TAP integra o grupo das piores.

O ‘ranking’ das companhias aéreas foi feito pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E, na sigla original), que junta organizações não-governamentais da área do ambiente e do transporte, tendo como objetivo promover um transporte mais sustentável.

Segundo a investigação, das 77 companhias aéreas de todo o mundo, a maior parte, 87%, está a falhar na transição, já que apenas 10 estão a adotar alternativas credíveis ao ‘jetfuel’ convencional.

As outras 67 ou estão a comprar combustíveis sustentáveis para a aviação, mas em quantidade insuficiente, ou a comprar o tipo errado de combustíveis, ou nem sequer estão a considerar usar combustíveis sustentáveis.

A TAP aparece na lista das mais mal classificadas, uma lista que entre a 41.ª posição e a última tem zero pontos em todas as opções analisadas para cada companhia.

A associação ambientalista Zero, que faz parte da T&E e que divulga a análise, afirma que da redução de emissões da TAP se conhece apenas um voo de teste com combustíveis sustentáveis em 2022, “não se conhecendo objetivos para a utilização de combustíveis sustentáveis para a aviação ou e-SAF (combustível sintético) até 2030 ou investimentos ou acordos relacionados com combustíveis sustentáveis para a aviação”.

A Zero acrescenta: “As companhias aéreas, incluindo a TAP, não estão apenas a fazer muito pouco no que respeita à adoção de combustíveis sustentáveis para a aviação; muitas delas não estão a fazer nada, levantando sérias dúvidas sobre os passos que é preciso dar para mitigar o seu impacto climático”.

Segundo o ‘ranking’, as três companhias aéreas mais bem classificadas são a Air France-KLM, a United Airlines e a Norwegian, pelo recurso (uso ou investimento) a combustíveis sustentáveis (SAF- Sustainable Aviation Fuel).

Na lista, as companhias aéreas receberam pontos por definirem metas para incorporação de e-SAF e de combustíveis sustentáveis para a aviação (seja compra efetiva seja compromissos assumidos).

No documento da T&E divulgado pela Zero em comunicado, alerta-se que nem todos os SAF são sustentáveis e que o e-SAF é o melhor. O bioSAF (a partir de resíduos florestais, óleos e gorduras) varia em sustentabilidade e é limitado na quantidade. Os combustíveis feitos a partir de culturas alimentares ou forrageiras não são sustentáveis.

A Zero alerta que a maioria das companhias aéreas do ‘ranking’ usa o tipo errado de SAF, com os biocombustíveis feitos a partir de culturas como milho e soja a representarem 30% dos acordos com fornecedores (o e-SAF 10%).

No documento denuncia-se ainda a falta de investimento dos produtores de ‘jetfuel’ fóssil em SAF (menos de 03% da produção anual de combustíveis para a aviação até 2030), e, “pior ainda” os planos que existem é para bioSAF (e não para e-SAF, que é um combustível sintético produzido a partir de eletricidade renovável, hidrogénio verde e dióxido de carbono captado diretamente do ar).

Diz a Zero que em Portugal a Galp, principal fornecedor, prevê iniciar a produção de SAF em 2026, essencialmente biocombustíveis, e acrescenta que as petrolíferas têm relutância em investir em SAF.

No mundo inteiro a adoção de combustíveis sustentáveis é muito baixa. Segundo o estudo, para as 77 companhias aéreas avaliadas os volumes projetados de combustíveis sustentáveis para a aviação levarão a uma redução de apenas 0,9% nas emissões em 2030.

A Zero defende no comunicado que as companhias aéreas têm de definir metas de uso de combustíveis sustentáveis, que as petrolíferas devem acelerar a transição e que os reguladores devem ser mais proativos, e devem assegurar que a União Europeia toma o investimento em e-SAF como uma prioridade.

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Bulgária muito interessada nas ligações com Portugal

Antes de intervir na conferência AviationEvent SOF, o CEO do aeroporto de Sófia, Jesús Caballero Pinto, admitiu a importância da ligação entre as capitais da Bulgária e de Portugal.

Victor Jorge

“As ligações entre Sófia e Lisboa são muito importantes para nós, pois o aeroporto de Lisboa é o hub ideal para a América do Sul”, realçou Jesús Caballero Pinto, CEO do aeroporto de Sófia, na conferência de imprensa na véspera da conferência AviationEvent SOF. “Estamos nos extremos da Europa e podemos aproveitar das sinergias de ambos os países”.

Sófia estar a fazer grandes investimentos no aeroporto internacional para não só se tornar um aeroporto de 5 estrelas, mas um importante hub regional. A concorrência é grande, mas Sófia tem, segundo Jesús Caballero Pinto, um ponto muito forte a seu favor: “as taxas aeroportuárias mais baixas de toda a Europa”.

Além de ser um destino turístico para todo o ano, a Bulgária tem uma posição geográfica estrategicamente muito importante entre a Europa e o Médio Oriente e a Ásia, especialmente desde a integração do país na zona Schengen a 31 de março deste ano.

77% do tráfego do aeroporto de Sófia é de companhias de baixo custo. A estratégia, segundo, Jesús Caballero Pinto, passa por “continuar a investir em ligações ponto-a-ponto”, mas também na redução do turn around time, ligando o futuro terminal 3 ao já existente terminal 2, e, assim, do turn around price. Paralelamente está a ser expandido o terminal de carga, vai ser fundada uma academia de aviação e ser construído um terminal próprio para a aviação executiva privado.

O aeroporto de Sófia quer escrever um novo capítulo na aviação da Bulgária. A tradição neste setor é grande e longa. A Bulgária é pioneira e inovadora desde o seu início e tem contribuído para o desenvolvimento da aviação a nível global. Começou a fabricar aviões em 1924 na fábrica DAR, sob a batuta de um grande designer de aeronave, Tsvetan Lazarov. Foi o 3.º país do mundo a pôr o pé no espaço, tendo tido dois astronautas no espaço (Georgi Ivanov e Aleksandr Aleksandrov).

A companhia aérea búlgara é, de resto, uma das mais antigas do mundo. O aeroporto de Sófia é líder europeu em serviços MRO (manutenção). A Lufthansa Technik, por exemplo, tem aqui a maior instalação fora da Alemanha e, juntamente com outras empresas, centenas de aviões fazem a sua manutenção anualmente em Sófia.

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GEA Portugal passou a integrar 40% do capital social da GEA Brasil

A GEA Portugal passou a integrar 40% do capital social da GEA Brasil, enquanto o restante é dividido entre a GEA LATAM, com outros 40%, representada por Marcelo Capdevila, e a brasileira Interamérica com 20%, que tem como representante, Ricardo Roman. O objetivo é que a GEA Brasil possa chegar às mil agências de viagens nos próximos dois anos.

A GEA Portugal, que reuniu este fim de semana a sua 20ª Convenção, em Tróia, com o tema “Upgrade our Value – Gerar valor, criar futuro”, anunciou aos jornalistas a sua entrada no capital social da GEA Brasil. Em dois anos, o objetivo é chegar a mil agências de viagens associadas, com foco no maior mercado emissor brasileiro, o de São Paulo, que representa 50% da emissão de turistas para o exterior, onde funciona já a sede da GEA Brasil, mas com projeções para atingir todo o país, contando com a expertise da GEA Portugal.

A GEA Brasil nasceu em 2021 com uma associação entre a Interamérica que é o sócio do Brasil, representada por Ricardo Roman, uma empresa de turismo com mais de 40 anos de experiência, e que opera no Brasil e na Argentina, e especializada em marketing e relações públicas, e GEA LATAM, que tem presença na Argentina com mais de 700 associados, bem como no Peru, projeto, segundo Carlos Baptista, “foi tendo um início interessante, cresceu e atingiu cerca de 250 associados no Brasil, mas pouco para a dimensão do país”. Assim, “nesta fase de consolidação fomos convidados a entrar neste projeto. Houve negociações, conversas e aproximações entre as partes e no ano de 2024 a GEA Portugal incorpora a GEA Brasil”, disse.

O administrador da GEA Portugal esclareceu que, enquanto sócios, “estamos a refazer a estratégia e nos próximos dois anos, queremos chegar às mil agências de viagens no Brasil”.

Passa então a GEA Brasil, nesta nova entidade, a ter como sócios, a GEA Portugal, Marcelo Capdevila, CEO da LATAM e a Interamérica, que é o sócio do Brasil, do qual Ricardo Roman é representante, que inclusive esteve presente na convenção de Troia, juntamente com a diretora Comercial da GEA Brasil, Cláudia Bagna, e um grupo de 10 agentes de viagens da rede de gestão brasileira.

Ricardo Roman esclareceu que “entendemos que com toda essa expertise desses dois sócios internacionais, trazemos para o Brasil um projeto que acreditamos que seja de sucesso, moldado de acordo com o nosso mercado, que é gigante, projeto que tem o propósito principal de ajudar o agente de viagens a ter maios rentabilidade no seu negócio”.

Segundo o empresário brasileiro este primeiro contacto dos agentes de viagens GEA Brasil com a GEA Portugal, que tem 20 anos de experiência “é muito importante porque estão a perceber o que é que pode ser a evolução, e a ficar com uma perceção daquilo que pode ser também a evolução da GEA Brasil, avançando que “o nosso é um projeto muito recente, estamos a construir valor e dinâmica de rede para podermos crescer”, acreditando que essa comitiva possa também ser embaixador da GEA Brasil na angariação de novos associados.

Carlos Baptista revelou ainda aos jornalistas, o propósito desta expansão da GEA, “o nosso primeiro objetivo é que o projeto da GEA Portugal seja por si só rentável, mas acreditamos que no espaço de dois anos podemos atingir esse patamar também no Brasil”, recordando que “estamos numa fase de investimento”. No entanto deixa claro que “somos grandes numa rua muito pequenina que se chama Portugal, portanto a certa altura fica complicado crescer num mercado como o nosso”.

Embora sendo um país imenso, o ecossistema das agências de viagens no Brasil também, como em Portugal, é composta por micro e pequenas agências de viagens daí, segundo os intervenientes na conferência de imprensa, fazer todo o sentido haver um grupo de gestão forte “e espaço para crescimento em número e na agregação de valor”.

Carlos Baptista realçou que o objetivo da participação na GEA Brasil é transportar a filosofia do grupo em Portugal, embora no que diga respeito às ferramentas a ser implementadas possam ser diferentes, “até porque a GEA Brasil tem de ter a sua própria identidade e poder escolher o que melhor se adapta àquele mercado”, disse.

Sobre o autorCarolina Morgado

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Ultrapassados os 27,5 milhões de hóspedes e 71 milhões de dormidas até outubro

O setor do alojamento turístico nacional ultrapassou, até outubro de 2024, os 27,5 milhões de hóspedes e as 71,1 milhões de dormidas. No 10.º mês o setor do turismo continuou a crescer.

Victor Jorge

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o setor do alojamento turístico em Portugal registou 3 milhões de hóspedes e 7,6 milhões de dormidas em outubro de 2024, correspondendo a subidas de 3,8% e 2,5%, respetivamente (+2,9% e +2,5% em setembro de 2024, pela mesma ordem).

Neste 10.º mês de 2024, o número de hóspedes nacionais ultrapassou o milhão, correspondendo a uma subida de 3,3% face a igual mês de 2023, enquanto os hóspedes não residentes estiveram bem perto dos 2 milhões, um crescimento de 4% relativamente a igual período do ano passado.

A Grande Lisboa aparece a liderar em número de hóspedes, com 808 mil, representando um crescimento de 3,2% face a outubro de 2023, seguindo-se o Norte com, praticamente 700 mil hóspedes (+5,1%) e o Algarve com 515 mil (+0,4%). Destaque para a região Centro, única a crescer a duplo dígito, fechando outubro de 2024 com 260 mil hóspedes (+10,1%).

De resto todas as regiões nacionais registaram evoluções no número de hóspedes em outubro de 2024.

O Porto e Norte foi a região que mais hóspedes nacionais recebeu, em outubro de 2024, totalizando quase 275 mil, seguindo-se Lisboa com 172 mil e o Centro com 168 mil, únicas regiões com números acima dos 100 mil.

Já nos hóspedes não residentes, a liderança pertence a Lisboa com 637 mil, seguindo-se o Porto e Norte com 422 mil e o Algarve com 419 mil.

Nos hóspedes não residentes, destaque para o mercado dos EUA que lidera o ranking com 268 mil turistas, seguindo-se o Reino Unido com 267 mil, a Alemanha com 198 mil e Espanha com 168 mil.

Já nas dormidas, totalizando 7,6 milhões, registaram-se quase 1,9 milhões de dormidas de residentes, correspondendo a uma subida de 1,2% face ao mesmo período de 2023, enquanto os não residentes foram responsáveis por mais de 5,7 milhões de dormidas, uma subida de 3% relativamente ao mês homólogo de 2023.

Na globalidade, o Algarve foi a única região a ultrapassar as 2 milhões de dormidas, representando um aumento de 0,4% face a outubro de 2024. Em segundo lugar aparece Lisboa com 1,9 milhões de dormidas (+2,2%) e o Porto e Norte com 1,3 milhões (+4,6%). Nesta análise, somente a região do Alentejo aparece com um decréscimo (-4,4%), totalizando 272 mil dormidas.

Aqui, o destaque vai para os Açores que cresce 10,8% face a outubro de 2023, com o total de 274 mil dormidas.

Ao nível das dormidas, os dados do INE mostram que uma liderança da região Porto e Norte, com quase 430 mil dormidas, em outubro de 2024, seguindo-se Lisboa com 304 mil e o Centro com 273 mil, ficando todas as regiões, exceto a Península de Setúbal na casa dos três dígitos.

Já nas dormidas de não residentes, é o Algarve que aparece em primeiro lugar, com mais de 1,8 milhões de dormidas, seguindo-se Lisboa com 1,5 milhões e o Porto e Norte com 888 mil.

Neste quadro das dormidas de não residentes, é o Reino Unido que lidera com 1,1 milhões de dormidas, seguindo-se a Alemanha com 720 mil, EUA com 592 mil, França com 431 mil e Espanha com 355 mil.

Estada média decresceu
Em outubro, a estada média nos estabelecimentos de alojamento turístico (2,54 noites) continuou a diminuir (-1,2%, após -0,4% em setembro). Os valores mais elevados deste indicador continuaram a observar-se na Madeira (4,54 noites) e no Algarve (4,04 noites), tendo as estadias mais curtas ocorrido no Centro (1,67 noites) e no Alentejo (1,76 noites).

Em outubro, a estada média dos residentes (1,84 noites) diminuiu 2,1% e a dos não residentes (2,89 noites) decresceu 1%.

A estada média dos não residentes foi mais longa do que a dos residentes em todas as regiões. A Madeira registou as estadas médias mais prolongadas, quer dos não residentes (4,95 noites) quer dos residentes (3,21 noites).

A taxa líquida de ocupação-cama nos estabelecimentos de alojamento turístico (51%) continuou a diminuir ligeiramente em outubro (-0,2 p.p., após -0,1 p.p. em setembro). A taxa líquida de ocupação-quarto (63,2%) registou um aumento de 0,7 p.p. (+0,6 p.p. em setembro).

Em outubro, o Alentejo registou a maior diminuição da taxa de ocupação-cama (-3 p.p.). Os crescimentos de maior magnitude registaram-se na Península de Setúbal (+2,7 p.p.) e na Madeira (+2,1%). As taxas de ocupação-cama mais elevadas registaram-se na Madeira (69,6%), seguida da Grande Lisboa (63,8%), enquanto as mais baixas ocorreram no Centro (32%) e no Alentejo (33%).

Objetivos da ET27 ultrapassados em número de hóspedes. Faltam as dormidas
Analisados os quadros publicados pelo INE, verifica-se que o número de hóspedes no acumulado do ano – janeiro a outubro – atingiu os 27,568 milhões, representando um crescimento de 4,7% face aos 26,3 milhões de igual período de 2023. Já as dormidas ultrapassaram, no mesmo período analisado, as 71,1 milhões, correspondendo a uma subida 3,7% face às 68,6 milhões de período homólogo do ano passado.

Dos mais de 27,5 milhões de hóspedes do acumulado do ano, 10,3 milhões são residentes (+2,4%), enquanto o número de não residentes subiu 6,1% para 17,2 milhões.

No número de hóspedes, todas as regiões registaram crescimentos, com Lisboa a liderar com 7,3 milhões de hóspedes e uma subida de 4,6% face ao ano 2023. Seguem-se o Porto e Norte e o Algarve com 6,4 milhões e 4,8 milhões de hóspedes, respetivamente, representando aumentos de 6,2% e 2,2%, pela mesma ordem. De referir que a maior subida nesta análise relativamente aos hóspedes pertence aos Açores com 7,9%, atingindo quase 908 mil hóspedes.

Na análise aos hóspedes internacionais, Lisboa lidera com 5,7 milhões, seguindo-se o Porto e Norte com 3,7 milhões e o Algarve com 3,5 milhões, destacando-se, igualmente, a Madeira que atinge quase os 1,4 milhões de hóspedes não residentes.

Por mercados, e com mais de 2 milhões de hóspedes aparecem três mercados: Reino Unido, Espanha e EUA. No primeiro caso, o total de turistas britânicos soma 2,2 milhões no acumulado de 2024 até outubro, seguindo-se Espanha com quase 2,1 milhões e os EUA com 2,04 milhões. Acima do milhão aparecem ainda Alemanha com 1,55 milhões e a França com quase 1,5 milhões.

Das mais de 71,1 milhões de dormidas, é o Algarve que lidera com 19,3 milhões (+1,8%), seguindo-se Lisboa com 16,8 milhões (+3,7%) e o Porto e Norte com 12,3 milhões (+5,8%). Tal como no mês de outubro, também no acumulado do ano são os Açores que aparecem com maior crescimento (+9,1%).

Na análise das dormidas de residentes, as posições cimeiras pertencem ao Porto e Norte com 4,4 milhões de dormidas, seguindo-se o Algarve com menos 16 mil, aparecendo o Centro em terceiro lugar com pouco mais de 2,9 milhões e Lisboa com quase 2,9 milhões.

Já nas dormidas de não residentes, é o Algarve que lidera com perto de 15 milhões de dormidas. Lisboa segue-se com perto de 14 milhões e a grande distância aparecem o Porto e Norte com 7,9 milhões e Madeira com perto de 7 milhões.

Mais abaixo aparecem os Açores com 1,8 milhões, Oeste e Vale do Tejo com quase 1,7 milhões e Centro com 1,5 milhões, ficando todas as outras regiões abaixo do milhão de dormidas.

Ao nível das dormidas, o Reino Unido bate todos os outros mercados por larga distância, somando no acumulado do ano perto de 9,4 milhões de dormidas. A Alemanha é o segundo mercado com 5,6 milhões, seguindo-se Espanha com4,8 milhões, EUA com 4,6 milhões e França com 4,2 milhões.

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Aeroportos apelam a revisão urgente das regras europeias em matéria de ‘slots’

No final da conferência “Airports Innovate 2024 2024”, realizada em Roma, a ACI Europe apelou a uma mudança de mentalidade no que respeita à gestão da capacidade e do desempenho, além de exigir uma revisão urgente das regras europeias em matéria de faixas horárias nos aeroportos.

Publituris

Juntamente com duas publicações recém-lançadas – atualização do Documento de Posição sobre a Capacidade Aeroportuária e o Guia dos Centros de Operações Aeroportuárias -, o ACI Europe sublinhou “o papel central e único que os aeroportos desempenham na gestão da sua capacidade e operações e a necessidade de um maior alinhamento e cooperação entre todas as partes interessadas envolvidas – desde as companhias aéreas, prestadores de serviços de navegação aérea e os prestadores de serviços de assistência em escala até às entidades reguladoras”.

Segundo a entidade, esta questão torna-se ainda mais premente no contexto das “crescentes perturbações operacionais” e “restrições de capacidade enfrentadas pelo ecossistema da aviação” e da “esperada expansão da procura de tráfego”.

De acordo com o Aviation Outlook 2050 da EUROCONTROL, prevê-se que a procura de tráfego aéreo na Europa cresça 44% até 2050, em comparação com os níveis de 2019. Em resultado da má utilização da capacidade aeroportuária e da grave falta de investimento, até 12% da procura de passageiros não será satisfeita pelos aeroportos europeus devido a uma série de fatores que limitam a sua capacidade, frisa a ACI Europe.

Reconhecendo que é improvável que as limitações de capacidade física desapareçam para a maioria dos aeroportos europeus, o documento sobre a capacidade aeroportuária da ACI EUROPE define a forma como os aeroportos podem gerir esta crise de capacidade em curso – com uma clara tónica na maximização da utilização das instalações existentes e na libertação da capacidade latente sempre que possível.

As principais medidas delineadas incluem a “otimização das instalações aeroportuárias existentes, a implantação de novas tecnologias e procedimentos, uma melhor integração entre as operações em terra e a gestão do tráfego aéreo, bem como fortes programas de relações com a comunidade”.

Fundamentalmente, o documento sublinha também a “urgência de renovar as regras antiquadas de atribuição de faixas horárias nos aeroportos, bem como o importante papel da modulação das taxas aeroportuárias no incentivo a um comportamento mais eficiente por parte dos utilizadores dos aeroportos”.

A visão subjacente ao documento é uma visão que coloca o “operador aeroportuário no lugar do comandante” para impulsionar a melhoria da eficiência e do desempenho, com ênfase na melhoria da experiência do passageiro, maximizando a conetividade aérea e a sustentabilidade. Para tal, aponta ser “necessário acabar com os silos, desenvolver um conhecimento comum da situação, operações integradas e a tomada de decisões em colaboração com todos os intervenientes nos aeroportos”.

Olivier Jankovec, diretor-geral da ACI Europe, salienta que “a gestão de um aeroporto assemelha-se demasiadas vezes à gestão de uma fábrica em que se investiu, sem se poder controlar verdadeiramente o seu rendimento e desempenho”, destacando que “esta situação tem de mudar.”

Segundo Jankovec, os constrangimentos que o setor enfrenta no desenvolvimento da capacidade física, juntamente com o imperativo da sustentabilidade e o aumento das perturbações, nomeadamente devido às condições meteorológicas ,só significam uma coisa: “os aeroportos têm de ser reconhecidos e capacitados para se tornarem donos da sua própria capacidade e desempenho”, concluindo que “isto deve começar com uma revisão das regras europeias relativas às faixas horárias dos aeroportos, para garantir maior transparência e eficiência, e também para salvaguardar a integridade e a competitividade do nosso mercado da aviação”.

Novas orientações sobre os centros de operações aeroportuárias
Numa tentativa de apoiar os aeroportos europeus na gestão eficiente da sua capacidade e operações, o ACI Europe publicou um novo documento de orientação sobre os Centros de Operações Aeroportuárias (APOC). Ao reunir todas as partes interessadas operacionais de um aeroporto, o APOC atua como o centro nevrálgico do ecossistema do aeroporto e ajuda a melhorar a eficiência e a segurança das operações aeroportuárias, bem como a experiência dos passageiros.

“O APOC é relevante para todos os aeroportos, independentemente da sua dimensão, uma vez que todos os aeroportos enfrentam desafios semelhantes e são plataformas utilizadas por múltiplas partes interessadas operacionais. A fim de gerir eficazmente a capacidade existente, bem como de procurar desbloquear a capacidade latente, é necessário envolver todas as partes interessadas que operam num aeroporto”, refere a ACI Europe.

Para Jankovec o APOC é uma “ferramenta crucial” nas mãos dos operadores aeroportuários para “melhorar o desempenho global do sistema”, além de estabelecer uma “plataforma importante para a comunicação permanente entre os muitos atores envolvidos na garantia de viagens pontuais e agradáveis para os nossos passageiros”.

Além disso, o APOC é também uma “mais-valia para a rede, uma vez que funciona como uma interface importante com o gestor da rede no âmbito do EUROCONTROL, reforçando a partilha de dados e o conhecimento comum da situação em toda a Europa”. Com estas novas orientações, a ACI Europe pretende fornecer um “quadro concreto e utilizável para os aeroportos que pretendem criar o seu APOC a partir do zero, bem como dicas úteis para os aeroportos que pretendem melhorar os seus APOC”.

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Enoturismo

Sogevinus aposta forte no Enoturismo

Depois de um investimento de dois milhões de euros nas Caves Barroca, inseridas nas Caves Cálem, a Sogevinus passou a disponibilizar uma área para experiências dedicadas única e exclusivamente para grupos. Maria Manuel Ramos, diretora de Turismo da Sogevinus, justifica este investimento com o crescimento que o Enoturismo tem registado no grupo e globalmente em Portugal e espera uma consolidação das visitas. No início do próximo ano, será inaugurado o Tivoli Kopke Porto Gaia Hotel.

Victor Jorge

Mais de 330 mil visitantes, de várias nacionalidades, passaram pelas Caves Cálem no ano 2023, tornando as caves de Vinho do Porto, pertencentes ao grupo Sogevinus, as mais visitadas no país. Até junho de 2024, as caves receberam mais de 150 mil visitantes.

Recentemente e para melhorar o fluxo de turistas que diariamente visitam as caves, a Sogevinus decidiu intervencionar os armazéns do século XIX, em Vila Nova de Gaia, para criar uma experiência única e exclusivamente para grupos, representando um investimento de dois milhões de euros e que, segundo Maria Manuel Ramos, diretora de Turismo do grupo Sogevinus, “tem como primeiro objetivo não desvirtuar a experiência da visita individual”.

A diretora de Turismo da Sogevinus indica que este “novo circuito”, inédito dentro das Caves Cálem, foi desenhado para ser apenas usufruído por grupos de turistas e em estreita colaboração com operadores turísticos, considerados “fundamentais” para prestar esta melhor experiência e fazer crescer o número de visitantes nas caves.

“Em seis anos crescemos 44% em visitas”, salienta a responsável, revelando que “sentimos que a atividade estava estagnada e que, continuando com o mesmo espaço, seria impossível continuarmos a crescer”, reconhecendo, por isso, que “dispúnhamos de espaço físico suficiente para expandir-nos e oferecer uma experiência melhor aos grupos que nos visitavam, sem afetar a experiência proporcionada aos visitantes individuais”. Assim, depois de uma análise, o grupo percebeu que poderia “melhorar bastante o serviço” se existisse uma separação destes dois segmentos – individual e grupos -, compreendendo, também, que estes têm necessidades diferentes. “Percebemos que nos grupos há sempre pressa, há sempre horários a cumprir devido aos diversos programas”.

Maria Manuel Ramos considera que, “muitas vezes, as pessoas que compõem esses grupos nem escolhem a visita, está tudo englobado num pacote que, por vezes, o próprio visitante não controla. Já o cliente individual vem por ele próprio, tem mais tempo, é mais interessado e curioso, questiona muito mais, quer e procura perceber toda a dinâmica do Vinho do Proto e podemos dedicar mais tempo a esse visitante individual”.

Por isso e para dar experiências idênticas a ambos os segmentos, “estava na altura de mudar e tentar prestar um serviço melhor a ambos” e, no final, “mostrar da melhor maneira o que temos para oferecer”.

Dividir para crescer
Com o passar dos anos, a bilhética “já representa algum valor”, indicando Maria Manuel Ramos que “as nossas lojas de vinho representam 50% da faturação e a bilhética outros 50%”. A diretora de Turismo da Sogevinus reconhece que a venda de vinhos é, de certa forma, “prejudicada” pelas políticas das companhias aéreas low cost que, devido às regras mais rigorosas relativamente à bagagem, impossibilitam os clientes de levarem mais vinho aquando do regresso a casa.

Por isso, a bilhética “foi ‘obrigada’ a aumentar o seu peso, a sua representatividade nas contas, porque as lojas acabaram por perder, já que os clientes, embora queiram comprar, são prejudicados por não conseguirem levar o vinho. Mas ficámos a ganhar na venda de bilhetes”, justifica Maria Manuel Ramos. E se como já referido, nos últimos seis anos o crescimento ficou acima dos 40%, estima-se que o recente investimento possa trazer mais 10% em visitas, bem como em faturação, admitindo a diretora de Turismo da Sogevinus esta como uma “meta realista e alcançável”.

Mas se nas Caves Cálem o número de visitantes foi de perto de 340 mil, em 2023, na globalidade do grupo, esses visitantes ultrapassaram o meio milhão de pessoas, já que para além das Caves Cálem o grupo detém as Caves Burmester e um espaço com a marca Kopke que, em breve, será, igualmente, contemplada com umas caves exclusivas da marca fundada em 1638, ou seja, mais de um século antes da demarcação do Douro Vinhateiro, em 1756, tornando-a a mais antiga Casa de Vinho do Porto do mundo.

Mas regressando ao investimento feito nas Caves Cálem e ao espaço dedicado exclusivamente aos grupos, Maria Manuel Ramos revela ao Publituris que, após a já entraram mais de 17 mil visitantes, numa média de 400 pessoas por dia, “números que estão dentro do esperado”, diz a diretora de Turismo do grupo Sogevinus.

O novo espaço, com 800 metros quadrados de área, possui uma entrada própria, bem como uma sala de provas com capacidade para 170 pessoas, uma loja dedicada, “tudo em função deste ‘novo’ visitante”. O novo espaço dedicado aos grupos tem a particularidade de ser um armazém onde os trabalhos continuam a realizar-se, “o que dá uma certa mística ao local e à própria visita”, enriquecendo muito a experiência, com o visitante a passar por balseiros e pipas cheias de vinho, “o que para quem está a realizar a visita é um ‘plus’”, reconhece Maria Manuel Ramos. “É isto que enriquece uma visita e é isto que o visitante leva quando sai das nossas caves. O cheiro do vinho, o sabor do vinho, o sentir o vinho. No fundo, isto é que é enoturismo”.

Além deste espaço ser uma resposta a diversas solicitações feitas por operadores turísticos, mas também empresas que trabalham com a Sogevinus e que procuram um espaço com história e diferente para os seus eventos, Maria Manuel Ramos diz que 90% dos operadores turísticos com quem a Sogevinus trabalha são nacionais. E para enriquecer as visitas e as experiências proporcionadas, a diretora de Turismo da Sogevinus frisa que “muito do investimento foi feito em tecnologia”, justificado com o facto de “na Cálem termos sido pioneiros ao nível da experiência de juntar tecnologia com a autenticidade e a história do Vinho do Porto. E esse foi o caminho que seguimos no novo espaço, tentamos não ser demasiado tradicionalistas e conservadores na apresentação da história e do Vinho do Porto. Uma história com tantos anos merece alguma modernidade e não ser demasiado aborrecida. Há que adaptar-nos aos novos tempos, sempre com a preocupação de honrar e homenagear um vinho com vários séculos de história”, diz Maria Manuel Ramos.

De Gaia ao Douro
A responsável pelo turismo na Sogevinus revela que “ainda há quem desconheça por completo esta ligação entre Douro e Gaia, ficando, por vezes confuso de neste local não haver vinhas” e não percebe como é que o vinho chegou até às caves. Por isso, Maria Manuel Ramos indica que “há cada vez mais visitantes que ficam com curiosidade em, depois de visitar as caves, prolongarem a visita ao Douro, ver as vinhas, ficarem por dentro do processo de produção do vinho. A visita às caves desperta, de facto, uma maior curiosidade, já que, embora se mostre o processo de produção de Vinho do Porto, uma coisa é ver em vídeo, outra é ter a experiência in loco”.

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Daí Mara Manuel Ramos admitir que a região vinhateira do Douro “possui um enorme potencial de crescimento a nível turístico”, ou melhor, enoturístico, até porque considera que a “oferta hoteleira ainda tem muito por onde crescer, quantitativa e qualitativamente”.

De regresso à Caves Cálem, e ao investimento realizado, aproveitando duas paredes da sala, a Sogevinus propõe uma cenografia dinâmica, através da qual são projetados conteúdos que permitem aos guias lançarem as temáticas através de sensores, solução interativa que é complementada pela dimensão da sonoplastia. Dentro do armazém, e com recurso a uma vídeoprojeção em cortina, a solução permite mergulhar os visitantes numa experiência imersiva e sensorial, relacionada com o fascinante mundo do Vinho do Porto e da marca Cálem. Através da vídeoprojeção de alta-definição, aparecem imagens da marca, fotos de tempos antigos e tradições estrategicamente projetadas, envolvendo os visitantes numa narrativa visualmente cativante.

Já na Tanoaria, uma videowall composta por seis ecrãs projeta conteúdos exclusivos sobra a arte da tanoaria, existindo ainda um espaço com um inovador ecrã transparente de grandes dimensões, devidamente enquadrado numa caixa cenografada, onde os visitantes poderão saber mais acerca das diversas famílias de vinhos e cores.

Aqui, e durante a visita feita ao novo espaço das Caves Cálem, notou-se, contudo, a falta de um elemento histórico e elementar no Vinho do Porto: a rolha. Ficou a sugestão do Publituris à diretora de Turismo da Sogevinus para a inclusão deste elemento preponderante na conservação do Vinho do Porto.

Mas não se pense que a tecnologia se limita a mostrar aos visitantes toda a história relacionada com o Vinho do Porto. “Parte importante do investimento tecnológico foi para a integração da nossa plataforma de reservas, para os nossos próprios sites”, refere Maria Manuel Ramos, adiantando ainda que “fomos os primeiros a estar nas plataformas, nas OTA, o que nos ajudou imenso a crescer”.

“O universo do enoturismo demorou um pouco mais a atualizar-se. Era só enologia e não se dava grande importância à parte do turismo. Agora não faz qualquer sentido não falar também de turismo quando se aborda o universo do vinho e a parte tecnológica ajuda-nos, igualmente, em algo muito importante que é a gestão dos fluxos das visitas. Não existe nada pior para um visitante do que chegar a um local que quer visitar e confrontar-se com filas intermináveis. A experiência fica logo prejudicada”, considera a diretora de Turismo da Sogevinus. “Por isso, essa foi uma parte que tivemos de enquadrar no investimento e que faz toda a diferença na nossa proposta”.

Universo em torno do Vinho do Porto
Com um portfólio de marca que engloba Cálem Burmester, Kopke, Barros, Velhotes, Maria Manuel Ramos considera que, “ter este universo de marcas é uma grande vantagem” e “enriquece o nosso posicionamento junto do visitante”. Contudo, “cada marca tem o seu espaço e o seu cliente”, diz Maria Manuel Ramos, frisando ainda que, a Quinta de São Luiz, onde são produzidos os vinhos Kopke, “começa a ter um peso crescente no grupo” e que a unidade hoteleira aí instalada, embora pequena, contando somente com 11 quartos, tem uma taxa de ocupação de 60%, “o que para a região, não é mau”, reconhece a diretora da Sogevinus que faz ainda referência à loja Kopke, localizada ao lado das Caves Cálem, que fatura meio milhão de euros por ano, principalmente, com o mercado americano.

Maria Manuel Ramos adianta que “o investimento no turismo não vai parar por aqui. Ainda há muito turista que viaja até ao Porto, mas que não atravessa o rio. Isso significa que ainda temos algum, senão muito, trabalho a fazer. Temos recebido cada vez mais enoturistas jovens, na ordem dos 30 a 40 anos, visitantes individuais e não de grupo, embora se saiba que o consumo de vinho entre os jovens está a baixar”.

E é, precisamente, essa tendência entre os jovens que a diretora de Turismo da Sogevinus encara como um “grande desafio”, embora reconheça que, “quem faz a visita, conhece a história e mostra a intenção de ir até ao Douro. Aí esse turista ou visitante fica completamente conquistado”.

E se as faixas etárias dos visitantes o equilíbrio vai variando, já entre as nacionalidades existe uma estabilidade, com os principais mercados visitantes a pertencerem a Espanha, França, EUA, Reino Unido e Portugal, mantendo-se nos visitantes individuais a “máxima” da reserva ser feita muito em cima da hora, com as visitas de grupos a serem mais organizadas, justificado até pelo facto de já existirem reservas para 2025.

Representando já 25% da faturação do grupo, ou seja, cerca de 12 milhões de euros, o que leva Maria Manuel Ramos a considerar este “um valor significativo”, o segredo do enoturismo do grupo está, agora, em fazer crescer este valor, muito com recurso à bilhética, com o ticket médio a registar subidas na ordem dos 2€ por ano.

“Sabemos que, após o ‘boom’ do pós-Covid, a curva de crescimento não continuará a subir da mesma forma. Por isso, iremos registar um abrandamento desses crescimentos e será pela qualidade dos nossos espaços e na bilhética que iremos consolidar o crescimento”, diz a diretora de Turismo da Sogevinus. “Claro que a abertura do hotel – Tivoli Kopke PortoGaia Hotel – contribuirá para nos promovermos de uma forma melhor e posicionar o nosso produto onde queremos, que é junto de um público premium”, confidencia Maria Manuel Ramos, considerando ainda que a ligação entre a gastronomia e o vinho é “estruturante” para se apresentar “um produto turístico de valor”. “Portugal precisa, efetivamente, de mais turismo em valor e não tanto em volume. Entendemos que a comida não faz sentido sem o vinho e que o vinho não faz sentido sem a gastronomia. É mais fácil viverem em conjunto do que separados”. Por isso mesmo, as Caves Cálem passaram a apresentar alguma oferta gastronómica, embora não se trate de um restaurante. “Não somos um restaurante, não servimos refeições, mas temos de fazer esta ligação com os queijos, os enchidos, os chocolates e outros produtos que ”traduzem uma relação natural com o Vinho do Porto”.

O eterno desafio dos RH
Desafio que a Sogevinus enfrenta, tal como todo o setor do turismo, prende-se com os recursos humanos. Contudo, além da hotelaria, a componente do enoturismo “requer uma grande parte de conhecimentos técnicos, pessoas com conhecimentos sobre vinho, história, que dominem várias línguas”, diz Maria Manuel Ramos. “Evidentemente que para a hotelaria é preciso falar inglês ou francês. Aqui nas caves, é preciso ter pessoas que falem inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, é preciso responder a questões nesses idiomas”. Daí a Sogevinus ter alguns estrangeiros, até nativos entre os quadros no setor do enoturismo. “Temos muitas pessoas nativas, alemães, italianos, pessoas que estão a fazer mestrados na Universidade do Porto, pessoas mais seniores, com mais estabilidade. Claro que os jovens, terminando os estudos, não ficam cá e, naturalmente, teremos de iniciar novamente o processo de recrutamento, mas é importante ter nas visitas pessoas que dominem o idioma dos visitantes”. Já na Quinta de S. Luiz, metade dos colaboradores são estrangeiros, metade são locais.

Quando questionada sobre que desafios o enoturismo em Portugal enfrenta, a diretora da Turismo da Sogevinus admite que a promoção seja, eventualmente, o maior. “O Douro e o Alentejo podem concorrer com qualquer região de vinhos do mundo. O Douro terá, possivelmente, um maior caminho a percorrer, até pela própria configuração da região, do terreno, não é tão fácil de chegar como ao Alentejo.

Mas por outro lado, este ‘desconhecido’ é uma vantagem, uma vez que a maioria dos turistas, dos viajantes procuram destinos novos, desconhecidos, genuínos, com experiências diferenciadoras. E isso o Douro consegue oferecer de forma brilhante”, reconhece Maria Manuel Ramos.

 

A aposta no enoturismo da Sogevinus
2017 – Transformação das Caves Cálem para abertura ao público
2019 – Abertura da Quinta de S. Luiz ao público
2019 – Abertura da nova loja na Rua das Flores, no Porto
2020 – Abertura da nova loja de santa Marinha, em Vila Nova de Gaia
2022 – Abertura da unidade hoteleira The Vine House, na Quinta de S. Luiz
2024 – Novo circuito Caves Cálem dedicado a grupos
2025 – Abertura do Tivoli Kopke Porto Gaia Hotel

 

50 milhões para um novo 5 estrelas

Resultado da recuperação de vários edifícios construídos entre meados do século XVIII e inícios do século XX, e de um investimento de 50 milhões de euros, Vila Nova de Gaia terá, no início de 2025 (durante o primeiro trimestre), um novo hotel 5 estrelas: Tivoli Kopke Porto Gaia Hotel.

A nova unidade, que ficará sob gestão do grupo Minor, terá 150 quartos, dos quais 10 serão suites, dois restaurantes, três bares, duas piscinas, ginásio Tivoli Shape e instalações para eventos totalmente equipadas, incluindo seis salas de reuniões, um spa, e 9.000 m2 de jardins exteriores.

Adjacentes ao hotel ficarão as Caves Kopke, uma das atrações exclusivas, permitindo aos hóspedes desfrutar de uma experiência imersiva no mundo do mais reconhecido vinho generoso.

Antes mesmo da inauguração do hotel, Dillip Rajakarier, CEO do Grupo Minor International e CEO da Minor Hotels, empresa-mãe da Tivoli Hotels & Resorts, assegurou estar “satisfeito com esta adição ao portfólio da Tivoli na região do Porto, com uma parceria verdadeiramente especial com a marca Kopke. Com uma localização privilegiada, esta propriedade vai oferecer instalações excecionais para hóspedes em negócios ou em lazer, conectando-os ao mundo do Vinho do Porto de uma forma muito exclusiva”.

Do lado da Sogevinus, Pedro Braga, CEO da empresa-mãe da Kopke, que entrará nesta nova experiência hoteleira, associando uma das marcas mais icónicas do portfólio – Kopke, a casa mais antiga de Vinho do Porto”; salienta que a parceria com a marca Tivoli “trará uma contribuição significativa para o projeto. Esta colaboração reflete as nossas ambições para a propriedade e acreditamos que a parceria com a Minor Hotels será capaz de criar um hotel de classe mundial, que celebra o luxo e o vinho, num local deslumbrante, rodeado por um património mundial único.”

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Meeting Industry

78% das viagens de negócios sofreram perturbações em 2024

O “Travel Disruption Report” da TravelPerk mostra que 43% dos viajantes de negócios sofreram atrasos superiores a uma hora. O número mais elevado de cancelamento de voos foi registado nos EUA, enquanto os europeus afirmam que são as greves nos transportes que mais impactam.

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As interrupções de viagens continuam a afetar significativamente as empresas e os respetivos funcionários em todo o mundo, com 78% dos viajantes de negócios a serem, de alguma forma, afetados durante as viagens de trabalho em 2024.

Os resultados do “Travel Disruption Report” da TravelPerk mostram que, embora as taxas gerais de perturbação permaneçam semelhantes às de 2023, as causas variam significativamente por região, com cancelamentos e greves a afetar particularmente os mercados europeus.

As conclusões baseiam-se numa pesquisa global encomendada pela TravelPerk no Reino Unido, EUA, Alemanha e Espanha, que inquiriu 4.000 viajantes de negócios, bem como em dados de aviação global de terceiros analisados pela TravelPerk.

O estudo de 2024 revela que mais de um em cada quatro (27%) viajantes de negócios enfrentou cancelamentos durante 2024 quando viajou em trabalho, enquanto mais de um quinto (21%) sofreu interrupções devido a eventos climáticos e greves nos transportes.

O impacto significativo das perturbações nas viagens afeta as empresas e os trabalhadores. Dos inquiridos, 41% perderam ou chegaram atrasados a uma reunião presencial com um cliente devido a perturbações nas viagens e 40% incorreram em custos adicionais, como o pagamento de um hotel e taxas de remarcação. Para compensar o tempo perdido, mais de um terço (36%) dos viajantes de negócios tiveram de trabalhar horas extra para recuperar o trabalho perdido e 85% afirmaram que a sua produtividade no trabalho foi afetada por estas perturbações. Talvez para combater estas perturbações, cada vez mais viajantes (23%) estão a prolongar as suas viagens para pernoitar, em vez de regressar no mesmo dia.

Os dados regionais da plataforma mundial em gestão de viagens de negócios, mostram disparidades notáveis na forma como os diferentes mercados são afetados. Os viajantes de negócios britânicos e alemães enfrentaram o maior impacto das greves dos transportes (27% e 29%, respetivamente), em comparação com apenas 9% nos EUA. Entretanto, os viajantes norte-americanos registaram o maior número de cancelamentos durante o período analisado (139.777 voos foram cancelados de março a setembro de 2024) e a taxa mais elevada de perturbações relacionadas com o clima, 30%, significativamente acima da média global de 21%.

E não são apenas as condições meteorológicas e as greves que estão a afetar as viagens. Em julho deste ano, o setor das viagens a nível mundial sofreu um abalo devido a uma falha informática causada por um Crowdstrike. Em julho, apenas 57% dos voos foram efetuados sem atrasos.

Embora os EUA tenham o maior volume de cancelamentos, a análise dos dados de voos de terceiros revela que a China lidera agora em termos de taxas de cancelamento, com quase 5%, seguida do Canadá (3%) e dos EUA (3%). Isto representa uma mudança em relação a 2023, quando a Indonésia liderou a lista com 13%.

Tomasz Wrzaszcz, Travel Intelligence Specialist da TravelPerk, revela que, embora ada região enfrente desafios únicos, o resultado final para os viajantes de negócios é o mesmo: “mais tempo passado em aeroportos, estações de comboio ou terminais de autocarros e menos horas de trabalho produtivo ou de tempo em casa”.

Por isso, Kamil Jagodzinski, vice-presidente de Customer Care da TravelPerk, admite que nos tempos que correm, “viajar pode ser imprevisível”, reconhecendo que “a qualquer momento, os viajantes têm de lidar com alterações meteorológicas, impactos geopolíticos ou falhas técnicas”.

Com 85% das pessoas a afirmar que as interrupções afetaram a sua produtividade, a oportunidade perdida pelas empresas pode ser “significativa”, concluindo Yasmine Bratt, Chief Revenue Officer da TravelPerk, que “as empresas que permitem que os seus empregados sejam mais flexíveis, chegando na noite anterior ou utilizando o meio de transporte mais eficiente, podem mitigar mais eficazmente o impacto das perturbações, tanto nos seus colaboradores como nos resultados”.

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“Temos de parar de olhar para o retrovisor e começar a olhar para a frente”, diz presidente do Turismo de Portugal

No encontro com a imprensa do trade do turismo nacional, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, avançou com algumas das linhas que irão alicerçar a “Estratégia Turismo 2035”, a ser apresentada em fevereiro de 2025.

Victor Jorge

Depois de realizadas as sete conferências pelas regiões de turismo de Portugal, processo iniciado a 3 de outubro, em Lisboa, e terminado a 25 de novembro, no Algarve, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal (TdP), fez um ponto de situação com a imprensa especializada do turismo.

Ouvidas que foram as empresas, academia, autarquias, Entidades Regionais de Turismo, agências regionais, e restantes entidades que trabalham todos os dias o setor, Carlos Abade, referiu que “agora importa ir um pouco mais ao pormenor”, estando definidas sessões temáticas relacionadas com diversas dimensões, especificando o presidente do TdP que estas abordarão temas como as Comunidades, Liderança, Mobilidade, Ambiente/Sustentabilidade, Mercados, Tecnologia/Inteligência Artificial (IA), Emprego e Formação.

“Vamos discutir e tentar encontrar soluções, caminhos que podem vir a resolver os desafios futuros”, avançou Carlos Abade, frisando que se prevê que exista, entre o final deste ano e o início do próximo, a primeira versão da estratégia que possa ser colocada à discussão pública durante o mês de janeiro para, depois, ser validade e apresentada em fevereiro de 2025.

Com a Estratégia Turismo 2027 ainda a decorrer, Carlos Abade justificou a discussão de uma nova estratégia com os números já alcançados pelo turismo em Portugal e que antecipam em três anos o que fora definido para 2027. “Ao dia de hoje [com dados de setembro de 2024] os números indicam, do ponto de vista das receitas do turismo, que estão a crescer 9,2% face a 2023, que, provavelmente, terminaremos muito perto dos 27,5 mil milhões de euros, em termos de receitas. Ou seja, ultrapassaremos a fasquia dos 27 mil milhões de euros” recordando que, na altura da definição da atual estratégia “houve várias vozes que disseram que isso era quase impossível de atingir”.

“Ora não estamos em 2027, mas em 2024”, destacou Carlos Abade, afirmando que, com uma pandemia pelo meio, “o setor respondeu de forma muito positiva, conseguindo-se antecipar em três anos o que era esperado em 2027”.

Mas se ao nível das dormidas o objetivo será atingido, o presidente do TdP acredita, também, que nas dormidas, as 80 milhões deverão ser ultrapassadas, já que estamos crescer face a 2023.

Carlos Abade justificou estes resultados assentes numa “estratégia de diversificação de mercados e de entrada em mercados de maior valor acrescentado, que aconteceu ao longo dos últimos anos”, destacando os números obtidos em mercados como os EUA, Canadá ou Irlanda, em contraponto com França e Brasil que registaram um “ligeiro decréscimo”.

Um motor de crescimento chamado turismo
Relativamente à estratégia futura, o presidente do TdP admitiu que “as perceções de hoje são completamente diferentes das que tínhamos não há muito tempo. Temas como a Inteligência Artificial entraram no nosso léxico. Não é um tema novo”, admitiu, “mas a importância que assumiu e que, fundamentalmente, irá assumir no futuro, definirá o sucesso e não podemos estar fora”.

Admitindo, também, que “há alguns desalinhamentos entre aquilo que é a perceção de valor que o turismo entrega à economia e às pessoas face ao que as pessoas percecionam quanto ao valor que o turismo entrega”, Carlos Abade salientou que “o mundo está cada vez mais rápido do ponto de vista de mudanças e, sobretudo, cada vez mais exigente. Isto exige-nos um maior rigor, uma maior inteligência, uma maior eficiência/eficácia na definição dos objetivos que queremos atingir”. Até porque, disse, “os objetivos vão definir muito daquilo que é a nossa visão do futuro, o que queremos que em 2035 seja a visão de sucesso do setor do turismo”.

Sem avançar números concretos a atingir, embora reconheça que “esse é um fator com o qual estamos confrontados”, Carlos Abade prefere assentar a visão “na capacidade que o turismo terá para entregar valor à economia”, frisando que “este valor é um valor que não se confunde com as receitas do turismo. O objetivo é crescer mais, evoluir mais na cadeia de valor, crescer nos mercados, é olhar para o turismo como atividade económica, melhorar a vida das pessoas, servir de elevador social, um motor de crescimento e de incremento da qualidade de vida das pessoas”.

Colocada a questão de como pode o turismo em Portugal ser mais competitivo, Carlos Abade frisou que “temos de gerir de forma cada vez mais inteligente o nosso território, as nossas cidades. O nosso território tem de ser mais competitivo. Tem de dar condições às empresas para que as estas possam desenvolver a sua atividade de uma forma cada vez melhor, sob um território cada vez mais qualificado”.

Para a gestão desse território, o presidente do TdP apontou a mobilidade como fator essencial, já que “se queremos ser mais produtivos temos de levar o turismo também a todo o território”.

Contudo, um dos pontos mais destacados por Carlos Abade foram a tecnologia e a qualificação dos recursos humanos. “Temos de saber perceber quais são as competências do futuro, uma vez em quatro, cinco ou seis anos, a realidade vai mudando e temos de ter essa capacidade de adaptação”. E aqui, o “edifício formativo”, assume vital importância com toda a rede de formação a ter de estar “preparada para ajustar a sua oferta formativa àquilo que são as necessidades das empresas e das competências do futuro”.

Além desta capacitação dos recursos humanos, o presidente do TdP focou, igualmente, “a valorização dos recursos humanos”. Com os dados a apontarem no sentido das remunerações terem crescido no setor do turismo [agregado alojamento e restauração] a uma média de 5,9% nos últimos anos, enquanto a média nacional foi na ordem dos 2,4%, Carlos Abade reconhece que este é “um bom indicador a ter em conta na evolução da estratégia futura”.

Neste ponto dos recursos humanos não foi esquecido o papel da liderança. “Estamos sempre a falar de como seremos mais produtivos e queremos mais valor. Não podemos achar que só vamos qualificar as equipas. Também as lideranças têm de ser continuamente qualificadas”, já que “melhores líderes seguramente irão gerir de forma melhor as suas equipas e dessa forma conseguirão retirar mais valor das organizações”.

Para a tomada de decisões e definição de estratégias é preciso, segundo Carlos Abade, “mais conhecimento”, alargando a discussão à necessidade de “termos dados mais rápido. Hoje [27 de novembro] os dados que possuímos são de setembro. Temos de ter um melhor e mais rápido conhecimento sobre aquilo que se está a passar e, sobretudo, também temos de ter maior abrangência naquilo que temos de conhecer”; destacando que “temos de parar de olhar só para o retrovisor e temos de começar a olhar para a frente e tentar fazer também um conhecimento preditivo daquilo que vai acontecer”.

Aí, tanto a disponibilização de dados mais atuais como a dimensão da IA, Carlos Abade admite que darão capacidade para uma “abordagem mais eficiente aos mercados num processo constante de aceleradores de produtividade, aceleradores de crescimento” que justifica, “serão os grandes desafios no contexto da construção desta estratégia”.

7 temáticas, uma visão, um futuro
Identificadas que estão as sete temáticas para as futuras sessões – Comunidades, Liderança, Mobilidade, Ambiente/Sustentabilidade, Mercados, Tecnologia/Inteligência Artificial (IA), Emprego e Formação – Carlos Abade referiu que “precisamos de ajuda de especialistas sejam nacionais ou internacionais. O objetivo é que, em resultado de cada uma dessas sessões, consigamos ter uma ideia, o mais clara possível, daquilo que podemos fazer para que esses desafios possam ser resolvidos”, disse o presidente do TdP, até porque, segundo reconheceu, “hoje a exigência é outra e estamos em condições de sermos também melhores naquilo que é apontar os nossos objetivos”.

Medindo as palavras, Carlos Abade frisou que o objetivo é que “o turismo possa ser reconhecido como o motor do crescimento inteligente da economia nacional, também porque o crescimento da economia nacional será sempre um ativo para o crescimento bom do setor do turismo”.

Colocada a questão se é ajustado definir uma estratégia a 10 anos, quando o mundo é confrontado com constantes incertezas, o presidente do Turismo de Portugal referiu que esta estratégia será “suficientemente flexível para se ir adaptando àquilo que vai acontecer lá fora e cá dentro, terá, na sua própria essência, mecanismos de revisão e de ajustamento constante”, salientando que “isso não significa que não tenhamos uma visão a 10 anos”.

E aqui entra a análise e a abordagem aos diferentes mercados, admitindo Carlos Abade que “ao longo de 10 anos, vão alterar”, mas que, “o conhecimento que vamos ter dos mercados também serão atualizados”, destacando a “capacidade de ter uma análise preditiva sobre aquilo que são as tendências dos mercados, dos segmentos, dos nichos, e de conseguirmos adaptar as nossas campanhas de promoção, as nossas ações, as nossas ativações, de uma forma mais eficiente”.

E no que diz respeito aos mercados, possuindo o Turismo de Portugal 17 delegações que cobrem 25 mercados, Carlos Abade destaca o alargamento da rede externa, bem como a aposta em mercados como o México, Austrália ou Coreia do Sul. “Isso permitir-nos-á ter aceleradores que nos coloquem num patamar para reagir rapidamente e de uma forma eficiente. Significa estar atentos como os mercados vão variar, quais são os mercados que nos interessam, como é que vamos chegar lá, abordar o tema das rotas aéreas e da conectividade aérea, as rotas long-haul”, destacando o exemplo da importância que a TAP teve no crescimento do mercado dos EUA. “Como é evidente, dentro de um ou dois anos, se surgir uma oportunidade num mercado que percebemos que está a crescer, temos de ir para lá”.

Já em termos de produtos turísticos, Carlos Abade revelou que “vamos continuar num caminho de inovar relativamente à dimensão dos produtos”, frisando que tal foi feito com o turismo literário, turismo industrial, cycling e walking, autocaravanismo, entre outros.

“Tentaremos utilizar e acionar todas as dimensões possíveis para criar valor sobre o turismo”, reconhecendo que associações como o turismo e saúde, turismo e desporto, turismo e cultura, “são áreas que nos dão singularidade, que nos permitem ser diferentes e acrescentar valor”, sem esquecer o enoturismo onde “Portugal é um dos países mais competitivos do mundo”, precisamente no dia em que parte para Madrid (Espanha) onde Portugal receberá o prémio de “Melhor Destino de Enoturismo do Mundo”.

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Lucros da easyJet superam 730 milhões de euros e opera 100 rotas em Portugal, em 2024

Os lucros da easyJet superaram, em 2024, 34% dos resultados obtidos no exercício anterior. Em Portugal, a companhia opera uma centena de rotas, tendo acrescentado nove novas rotas. Para 2025, já estão anunciadas ligações entre a Madeira e Luton e Faro e Zurique.

Victor Jorge

Os lucros da easyJet atingiram, no exercício de 2024 (terminado a 30 de setembro de 2024), as 610 milhões de libras (cerca de 730 milhões de euros), representando um crescimento de 34% face ao exercício anterior de 2023, correspondendo a mais 155 milhões de libras (cerca de 186 milhões de euros).

No que diz respeito às receitas atingidas durante o exercício agora terminado, a companhia aérea reporta um valor de 9,3 mil milhões de libras (cerca de 11,1 mil milhões de euros), correspondendo a uma subida de 14% face a período homólogo.

Durante o ano de 2024, a easyJet revela que operou 558.960 voos, mais 39.534 que no exercício anterior, tendo transportado 89,7 milhões quase sete milhões a mais que em 2023. Já quanto à capacidade, a companhia lowcost informa que registou um aumento de 8% para 100,4 milhões de lugares.

Do lado das despesas, estas cresceram, globalmente, de 5.683 milhões de libras para 6.476 milhões de libras, correspondendo a um incremento de 14%, enquanto os custos com combustível aumentaram em 9%, passando de 2.033 milhões de libras para 2.223 milhões de libras, em 2024.

Em Portugal, a easyJet chegou às 100 rotas de e para aeroportos portugueses, mantendo uma posição de liderança na Madeira – Funchal e Porto Santo – e garantiu o 2.º lugar nos principais aeroportos do continente – Porto, Lisboa e Faro.

A operação nacional registou um crescimento de cerca de 8% nas reservas de 2024 em comparação com o ano anterior, assim como uma taxa de ocupação de mais de 90%, entre as mais altas de toda a rede. “Estes resultados demonstram a eficiência da gestão da companhia aérea na adequação da sua oferta e no alcance de um elevado envolvimento dos passageiros”, refere a easyJet no comunicado que anunciam os resultados do exercício de 2024, salientando ainda que “a sólida taxa de ocupação reflete uma forte posição no mercado, a lealdade dos clientes e o compromisso contínuo da easyJet em aperfeiçoar a experiência dos seus passageiros”.

Recorde-se que durante este ano fiscal a easyJet adicionou nove novas rotas, operando um total de 100 rotas, de e para Portugal. Em outubro de 2023 iniciaram-se as ligações do Porto para Maraquexe e de Lisboa para Copenhaga e Agadir. No mês seguinte foi a vez da companhia ligar o Porto a Pisa e Genebra ao Funchal para, em dezembro, se iniciarem os voos entre Basileia e o Funchal. Já em abril deste ano, foi a vez de Bordéus se ligar ao Funchal, e, em junho, começaram os voos entre Faro e Southampton, passando, em julho a existir ligação entre a ilha de Menorca e o Porto.

Olhando para o ano fiscal de 2025, a easyJet passou a oferecer, desde outubro, novas rotas para Cabo Verde, com voos duas vezes por semana, a partir de Lisboa e Porto. Estas foram as primeiras rotas para a África subsariana na história da companhia.

Para 2025, a easyJet já anunciou que a partir do dia 2 de junho vai disponibilizar uma ligação direta entre a Madeira e Luton (Londres), com uma frequência de duas vezes por semana. Já a partir de 1 de abril, a easyJet vai possibilitar a união, sem escalas, entre o Algarve e a Suíça, através dos aeroportos de Faro e Zurique, com frequências de voos duas vezes por semana, às segundas e sextas-feiras.

De referir que, em 30 de setembro de 2024, a easyJet detinha 347 aviões, mais 11 que em igual período de 2023, sendo que desse total 188 aeronaves são próprias e as restantes 150 em leasing.

A easyJet revela que pretende aumentar o número de aviões nos próximos anos, prevendo terminar 2025 com 356 aviões. Já para 2026, 2027 e 2028, as previsões apontam para que os respetivos exercícios terminem com 368, 381 e 395 aeronaves.

Kenton Jarvis, CFO e CEO designado da easyJet, que substituirá Johan Lundgren, afirma, em comunicado, que “as perspetivas para a easyJet são positivas e viajar continua a ser uma prioridade, com consumidores que valorizam as nossas tarifas baixas, a nossa rede e o nosso serviço”.

A concluir, diz que a companhia aérea “continuará a crescer, particularmente em rotas de lazer mais longas e populares, como o Norte de África e as Canárias”, salientando que a easyJet planeia “levar mais 25% de clientes em férias organizadas, uma vez que a easyJet holidays continua a prosperar”.

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