IATA estima recuperação das viagens aéreas para 43% dos níveis pré-pandemia
Apesar de alguma melhoria face ao ano passado, a IATA alerta que 2021 está longe de trazer uma real recuperação ao transporte aéreo.
Inês de Matos
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As viagens aéreas devem recuperar ao longo do ano, atingindo cerca de 43% dos níveis de 2019, estima a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo, que reviu esta quarta-feira, 21 de abril, as previsões de perdas para a aviação ao longo deste ano.
De acordo com a associação, a indústria global da aviação deverá registar, em 2021, perdas de 47,7 mil milhões de dólares, com uma margem de lucro líquido de -10,4%, o que, explica o comunicado divulgado, representa “uma melhoria em relação ao prejuízo líquido estimado da indústria de 126,4 mil milhões em 2020 (com uma margem de lucro líquido de -33,9%)”.
“Esta crise é mais longa e profunda do que qualquer um poderia esperar. As perdas vão diminuir a partir de 2020, mas a dor da crise aumenta. Há otimismo nos mercados domésticos, onde a resiliência da aviação é demonstrada pela recuperações dos mercados que já não têm restrições de viagens internas”, refere Willie Walsh, diretor geral da IATA, lamentando, no entanto, que as restrições de viagens que continuam a existir condicionem a procura por viagens internacionais.
Apesar da melhoria prevista (medidas em receita por passageiro/quilómetro voado ou RPKs) e que, segundo a IATA corresponde a 26% face a 2020, esta “está longe de ser uma recuperação”, destaca a IATA, que prevê ainda que o número total de passageiros não ultrapasse os 2,4 mil milhões, traduzindo “uma melhoria em relação aos quase 1,8 mil milhões que viajaram em 2020”, mas que fica, no entanto, muito abaixo do recorde registado em 2019, quando se contabilizaram 4,5 mil milhões de passageiros aéreos.
A associação alerta ainda que “os mercados domésticos vão melhorar mais rápido do que as viagens internacionais”, uma vez que o “tráfego internacional de passageiros permaneceu 86,6% abaixo dos níveis anteriores à crise durante os primeiros dois meses de 2021”, ainda que a IATA espere que o processo de vacinação possa mudar esta situação.
“O progresso da vacinação em países desenvolvidos, especialmente nos EUA e na Europa, deve ser combinado com a ampla capacidade de testagem para permitir o retorno de algumas viagens internacionais no segundo semestre do ano, atingindo 34% dos níveis de procura de 2019”, considera a IATA.
A associação nota que “2021 e 2020 têm padrões de procura opostos”, uma vez que “2020 começou forte e terminou fraco, enquanto 2021 está começando fraco e deve-se fortalecer no final do ano”, o que se deverá traduzir, estima a IATA, “num crescimento internacional zero na comparação dos dois anos”.
Já o tráfego doméstico deverá registar “um desempenho significativamente melhor do que os mercados internacionais”, com a IATA a estimar mesmo que este mercado recupere para “96% dos níveis pré-crise (2019) no segundo semestre de 2021”, o que representa “uma melhoria de 48% em relação ao desempenho de 2020”.
Quanto a receitas, a IATA conta que as receitas da indústria venham a totalizar 458 mil milhões de dólares, o que representa “apenas 55% dos 838 mil milhões de dólares gerados em 2019”, mas que, ainda assim, traduz um crescimento de 23% sobre os 372 mil milhões de dólares registados em 2020.
Nas receitas por passageiro, a previsão da IATA aponta para valores em torno dos 231 mil milhões de dólares, acima dos 189 mil milhões de dólares apurados em 2020, mas “muito abaixo dos 607 mil milhões gerados em 2019”.
A IATA lembra que as companhias aéreas “não conseguiram cortar custos com a mesma rapidez com que as receitas caíram” e mostra-se, por isso, também preocupada com o custo do combustível, que tem vindo a subir, assim como com os custos unitários, que aumentaram 17,5% em 2020 devido à “drástica” redução da capacidade.
Já a capacidade, acrescenta a IATA, “provavelmente será reposta a um ritmo mais lento do que a procura”, o que, justifica a associação, “reflete a pressão sobre as companhias aéreas devido dívida e aos preços dos combustíveis para operar apenas serviços positivos”.
Ainda assim, a IATA espera que a taxa de ocupação “deve aumentar um pouco para 60,3% em 2021”, o que fica “consideravelmente abaixo dos 66%” que a associação estima ser o ponto de equilíbrio para o lucro em 2021.
Por regiões, a IATA nota ainda que as companhias aéreas que operam em regiões com grandes mercados domésticos devem recuperar mais rapidamente do que aquelas que dependem do tráfego internacional, estimando que as maiores perdas ocorram na Europa, onde as companhias aéreas podem perder mais de 22 mil milhões de dólares, já que apenas 11% do tráfego na Europa é doméstico.
“Proporcionalmente, as perdas são muito menores na América do Norte (menos cinco mil milhões) de dólares) e Ásia-Pacífico (menos 10,5 mil milhões), onde os mercados domésticos são maiores (66% e 45% respetivamente, antes da crise)”, acrescenta a IATA.