A importância do nome das “coisas”
Leia a opinião por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
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O título parece enigmático, mas sobre o assunto que lhe está subjacente, já muito se falou. É um assunto que particularmente me é muito caro, mas que também é de uma importância vital para a nossa economia, porque diz respeito ao nosso Turismo, e com particular reflexo na nossa imagem quer em termos nacionais, quer internacionais.
Estamos num momento favorável, em que todos reconhecem a qualidade da nossa oferta turística, que é singular, única e diversificada.
São sucessivos os prémios ganhos de forma consistente e consolidada pelo nosso Turismo, como é o caso do recente reconhecimento de Portugal como Melhor Destino Europeu, o que acontece pelo terceiro ano consecutivo (World Travel Awards 2019).
Mas, quando olhamos para a oferta no seu global, temo que podemos estar a chegar a um ponto em que nos estamos a posicionar no limite da prestação de um serviço que podemos considerar razoável, o que é preocupante. E esta minha preocupação reside no facto de se registarem carências ao nível do que considero ser o principal fator para o sucesso de qualquer estratégia turística, de um qualquer destino turístico, e que são “as pessoas”, neste caso o capital humano, os trabalhadores desta atividade.
Para agravar esta situação, Portugal encontra-se hoje com uma baixa taxa de desemprego, o que sendo positivo, significa também uma menor procura dos empregos proporcionados por este setor por parte de potenciais interessados, e os que procuram estes empregos são apenas aqueles que já nutrem “paixão” pela atividade do Turismo, procurando-a por vocação, e cujos percursos académicos já passaram por aí e são manifestamente poucos!
Posto isto, e confirmada que está a escassez de mão-de-obra, torna-se necessário captar o interesse dos jovens, desde muito cedo, para as profissões ligadas ao Turismo, mas também é necessário ter a capacidade e os meios adequados para incutir, em qualquer pessoa, o interesse por estas profissões, promovendo-se a formação de curta duração para início de carreira, e um verdadeiro SIMPLEX da formação, pois esta matéria ainda hoje se encontra dispersa – e desconcertada – por diversos (demasiados) ministérios com todos os constrangimentos que daí advêm.
E para que se inverta a atual situação pode contribuir, e muito, a dignificação das profissões, fator fundamental para a sua atratividade. E é aqui que tem cabimento o nome “das coisas”. Prova disso, é o exemplo dos cozinheiros e cozinheiras que passaram a “chefs”, e que com isso granjearam todo um appeal e glamour de que não gozavam enquanto “meros” cozinheiros.
E temos outros vários bons exemplos de como as coisas foram evoluindo em algumas profissões, redenominando-se algumas categorias, como é o caso dos antigos “contínuos” e “contínuas” das nossas escolas e que passaram a ser “auxiliares de ação educativa”, muitas vezes até com imutabilidade das funções. E também ninguém questiona ser mais apelativo e dignificante chamar “comissário de bordo”, ao invés de “empregado de avião”, certo?
É assim altura de se repensar também as designações de algumas categorias do turismo às quais se teima em associar uma carga pejorativa, que não espelha a importância da função que exercem, conferindo-lhe também por esta via uma dignidade que hoje não tem, como é o caso do “empregado ou empregada de mesa”, ou do “empregado ou empregada de quartos”, entre tantas outras.
Bem sei que a essência não está nos nomes que damos às “coisas” – o que tornaria tudo bastante mais simples – mas por vezes, se não é esse o caminho, o caminho pode passar – ou começar – precisamente por aí…
*Por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).