Em jeito de desabafo…
Leia a opinião por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, restauração e Similares de Portugal
Publituris
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Não sei se antes não se passava – o que duvido – ou também acontecia e tudo era encoberto, mas é demasiado preocupante, o que ultimamente tem vindo a público, quase numa base diária e através dos meios de comunicação social, de situações que, digamos, são “eticamente reprováveis”, senão mesmo comportamentos verdadeiramente ilegais.
Como todos já devem ter percebido, refiro-me em especial aos sucessivos casos de suspeitas e confirmações de corrupção, de tráfico de influências, de fraude, de peculato, de abuso de poder, de participação económica em negócio, e por aí fora, que faz transparecer a ideia assustadora de que só não se sabe, se não se investigar. Os escândalos, especialmente no setor público, têm vindo sucessivamente a acumular-se.
De acordo com o Índice de Perceção da Corrupção de 2018 publicado anualmente pela Transparency International, rede global de ONG anticorrupção, Portugal continua estagnado, sem qualquer evolução positiva, mantendo-se abaixo da média da Europa Ocidental com uma pontuação longe da desejável. Apesar de ter subido um ponto em comparação com o índice de 2017, Portugal perdeu um lugar no ranking de 180 países, descendo do 29º para o 30º. «Desde 2012 que Portugal está parado a meio da tabela europeia sem progressos reconhecíveis no combate à corrupção», e temo que esta situação não venha a melhorar.
Mas, infelizmente, acrescem ainda aqueles casos que dizem respeito a situações evidentes de conflitos de interesses, de incompatibilidades, e figuras afins, que só não são óbvias para os próprios interessados e que pelo menos o bom senso mandaria adotar um comportamento diferente.
Por fim, há condutas que são absolutamente condenáveis, de registos falsos de presenças, ou da falsificação de currículos académicos. Em termos comparativos, se um qualquer trabalhador fizer semelhante coisa, ou seja declarar que compareceu ao trabalho quando não o fez, ou declarar determinada qualificação quando tal não corresponda à verdade, de nada lhe valerá alegar desconhecimento ou um providencial esquecimento.
E depois prevalecem duas ideias perniciosas. Por um lado, a ideia de impunidade e aí, lamentavelmente os factos mostram-nos que um Estado que é “forte com os fracos e fraco com os fortes” é mais do que um mero chavão. Prova disso é o facto do mesmo Estado que penhora bens a céu aberto aos “simples” contribuintes, e que publicita uma lista de “simples” devedores, é o mesmo Estado que tem permitido esconder na penumbra a identidade daqueles que são os grandes devedores da banca e que levaram a que as instituições bancárias tivessem de receber ajudas estatais, ou seja, ajudas de todos nós, os contribuintes.
A outra ideia perigosa é a da banalização que leva à conformação, e que não podemos deixar acontecer.
Mas também, não podemos deixar de lamentar e condenar uma outra vertente desta problemática que tem que ver com a tentativa de só criar notícias com espetaculares buscas e detenções, criando a ideia de que tudo é corrupção e favorecimento sem que mais tarde, após o devido julgamento e considerados os arguidos inocentes, haja desse facto alguma notícia ou referência mediática, quando no entretanto os visados perderam as suas vidas pessoais, profissionais e sociais, sofrendo por isso, danos verdadeiramente irreparáveis. Condenam-se em praça pública culpados, mas também muitos inocentes!
É assim necessário que se dêem sinais claros de que há também uma forte vontade política para que sejam todas estas situações combatidas e invertidas. E este tem sido um problema que não conhece cores políticas, ou melhor, conhece todas elas…
Perante tudo isto, resta-me dar um enorme bem-haja a todos aqueles que honestamente contribuem com os seus negócios, com o seu trabalho, com os seus impostos para o bem comum, que felizmente são a maioria, e são quem de facto, faz andar o nosso país. Bem hajam!
*Por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, restauração e Similares de Portugal (AHRESP)