“México é o segundo país na América Latina que mais portugueses recebe”
Depois de ter chegado quase aos 50 mil turistas portugueses em 2018, o México quer reforçar este número. Alfredo Pérez Bravo, embaixador do México em Portugal, mantém a esperança de ver a TAP abrir uma rota direta para o país.

Inês de Matos
Sabre e CellPoint Digital reforçam ecossistema de pagamentos das companhias aéreas
Palmela lança novo projeto turístico
ARAC aprova contas de 2024 e plano de atividades para 2025
Castro Daire acolhe Fórum de Turismo Sustentável
Savoy Signature propõe uma Páscoa cheia de delícias
Voo inaugural Fortaleza-Lisboa da LATAM com 94% de ocupação
Paris é novamente destino preferido dos portugueses para a Páscoa
Cabo Verde: Assinado pacto de sustentabilidade para o turismo na Boa Vista
Taxa de ocupação no Algarve regista ligeira descida em março
Travelplan informa sobre novos requisitos de entrada em Cuba
Depois de ter chegado quase aos 50 mil turistas portugueses em 2018, o México quer reforçar este número. Alfredo Pérez Bravo, embaixador do México em Portugal, mantém a esperança de ver a TAP abrir uma rota direta para o país.
Como correu o ano passado para o México, a nível turístico, nomeadamente no mercado português?
O México é o sexto país mais visitado do mundo. Em 2018, recebeu 41 milhões de turistas, mas aqui apenas estão incluídos os turistas que pernoitam, porque, além destes, o México recebeu muitos milhões de visitantes que não dormem, nomeadamente em cruzeiros, que chamamos de excursionistas. Se somarmos ambos, o México recebeu 96 milhões de visitantes. A estes números, temos que juntar os mexicanos que fazem turismo no seu país, o que também é um número enorme. O nosso cálculo é que sejam em torno de 150 milhões. Estamos a falar de um país que tem, por ano, mais de 200 milhões de pessoas que se deslocam por causa do turismo. Relativamente a Portugal, estamos muito contentes. Em 2018, foram 49.172 os turistas portugueses que visitaram o México, um número muito importante, porque, em 2015, tínhamos recebido 27 mil, o que quer dizer que, em quatro anos, o número quase duplicou. O México é o segundo país na América Latina que mais portugueses recebe, depois do Brasil, o que se entende pelas ligações históricas e culturais com Portugal.
Em Portugal, o México é muito conhecido pelas praias. Este continua a ser o principal atrativo ou os portugueses já descobriram um outro México?
A maioria dos portugueses continua a procurar a praia, porque os números que cresceram para o dobro foram na Riviera Maia e Cancun. Aquilo que estamos a tentar fazer é mostrar aos portugueses outros destinos, igualmente preciosos e que oferecem outras temáticas, como história, ecoturismo, turismo de saúde ou de natureza. No ano passado, Portugal foi o convidado de honra da Grande Feira Internacional do Livro de Guadalajara, que é a maior feira do livro de língua espanhola no mundo, o que deu uma grande visibilidade a Portugal no México, mas também ao México aqui em Portugal e penso que muitos portugueses terão pensado, pela primeira vez, no México além da praia, terão pensado na cultura e na história. Este é o grande desafio, queremos captar mais portugueses, e que se espalhem pelo território mexicano.
Que novidades existem na oferta mexicana, que seja capaz de atrair os portugueses?
O México tem um novo governo desde dezembro e esta administração estabeleceu prioridades. Nos últimos anos, o México registou um desenvolvimento desigual, porque há mais de 20 anos foi estabelecido um tratado de comércio livre entre os EUA, Canadá e México, que gerou uma importante dinâmica e um desenvolvimento impressionante, principalmente no norte e centro do país. No entanto, o sul não teve tanto desenvolvimento e a intenção do governo é promover projetos que permitam o desenvolvimento dessa região. Aqui destacam-se dois projetos, um deles é o “Trem Maia”, que começa este ano e vai passar nos pontos mais importantes da Península de Yucatan e do sudeste mexicano, onde se encontram os locais associados à cultura Maia. Vai ter uma extensão de 1.500 quilómetros, é um grande projeto e calculamos que vá custar cerca de sete mil milhões de dólares.
Há outro projeto que vai ser desenvolvido ao nível das infra-estruturas e com fins turísticos, no Istmo de Tehuantepec, a parte mais estreita do México, entre o Atlântico e o Pacífico. Esta zona vai ter um grande desenvolvimento, com a construção de autoestradas, linhas ferroviárias, hotéis e um corredor turístico. Vai ser um novo destino e mais um atrativo para captar mais turistas.
Esses novos projetos são também uma forma de diferenciar a oferta mexicana da concorrência, nomeadamente dos destinos das Caraíbas?
Os turistas têm uma grande diversidade de preferências, cada pessoa procura algo diferente e não podemos dizer que uma determinada parte do mundo só quer sol e praia. Ao mesmo tempo, há mais informação, os turistas de hoje são mais informados e preparados. Isto levou a um fenómeno de hiper-concorrência na região das Caraíbas, onde existem muitos destinos lindos, mas que concorrem uns com os outros. O que vai distinguir essa concorrência será a qualidade do serviço, mas, para isso, são necessários dois aspetos fundamentais: investimento, se não investirmos na infra-estrutura não vamos ter produtos de qualidade; e experiência, algo em que o México é campeão. Este é também um grande desafio e penso que as novas tecnologias podem ajudar. Essa é também uma aposta do novo governo mexicano, que está a apostar nas grandes plataformas digitais.
Promoção
Ao nível da promoção turística, qual é a estratégia para promover o México em Portugal?
O novo governo mexicano está a tirar partido da nossa grande rede de embaixadas e consulados, que vão passar a ser promotores do turismo e comércio mexicanos, ou seja, passámos a ser também embaixadores do turismo mexicano. Enquanto embaixada do México em Portugal, vamos fazer essa promoção e aproveitar qualquer espaço para o fazer. Vamos, também, trabalhar com as agências de viagens, empresas aeronáuticas e com todos os agentes, para fazermos eventos conjuntos e aproveitar outras oportunidades, como feiras, para promover o México.
Como classificaria a relação entre as autoridades turísticas do México e o trade português?
Diria que é uma relação que está a começar. No passado não houve uma colaboração concreta no âmbito do turismo, o que foi um erro, ainda que não seja grave, porque o importante é que esse trabalho conjunto comece e traga vantagens para os dois países. O México tem muita experiência em turismo e Portugal é um país fantástico, que tem recebido, nos últimos anos, uma quantidade de turistas que era impensável, e penso que seria importante que houvesse um intercâmbio na área da formação dos recursos humanos, que é fundamental e em que, tanto Portugal como o México, têm boas universidades. É preciso que exista uma conjugação de esforços e um intercâmbio de especialistas e estudantes, porque a melhor prática é aquela que os estudantes podem ter nos hotéis, em ambiente real.
Voos
Lamenta o facto de não existir, atualmente, um voo direto entre Portugal e o México. Ainda mantém a esperança de que, no futuro, essa ligação venha a ser realidade?
Tenho conversado com o presidente da TAP, Miguel Frasquilho, que é um amigo do México e que me prometeu que, no próximo ano, a TAP vai abrir uma rota direta para o México. Neste negócio, um ano não é nada e, por isso, acredito que a TAP está a pensar nisso e acredito que a Aeromexico também está a pensar voar para Portugal, porque já voa para Itália e Espanha. Além disso, temos trabalhado, não com muito êxito, no sentido de convencer uma das grandes companhias mundiais a fazer um voo que tocasse três pontos, como a Emirates ou a Turkish Airlines, que já voam para Lisboa e podem, no trajeto para os EUA ou Canadá, fazer uma paragem no México.
Apesar de não existirem voos comerciais, todos os anos há charters para o México. Para 2019, o que é que está previsto?
Os charters ocorrem por temporadas, normalmente, no verão, mas queremos que as empresas arrisquem fora dessas temporadas. Viajar para o México no verão é bom, mas no inverno é ainda melhor, porque o clima é quente todo o ano, enquanto em Portugal faz muito frio. Aumentar o número de voos charter é um objetivo. Para os próximos anos, as perspetivas são boas, estamos quase em 50 mil turistas portugueses, quando ainda há apenas três anos eram 25 mil, o que mostra a importância destes voos.
E para 2019, quais são as expetativas do México a nível turístico, de forma global e particularmente ao nível do mercado português?
No mercado português, esperamos um crescimento em 2019. O meu prognóstico para Portugal é muito positivo, penso que a economia deverá crescer uns 2% e não acredito que o ano eleitoral afete a dinâmica positiva deste país. Essa dinâmica positiva pode ajudar a levar mais turistas portugueses ao México. P