Turismo e aviação unem-se contra greves dos controladores aéreos
Desde o início do ano, as greves dos controladores aéreos na Europa somam já 29 dias e afectaram mais de dois milhões de passageiros.
Inês de Matos
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Desde o início do ano, as greves dos controladores aéreos na Europa contam já 29 dias – 22 em França – paralisações que têm afectado milhões de passageiros e provocado prejuízos diversos, que se fazem sentir em todo o sector turístico e que estão a levar companhias aéreas e outros players do sector a unirem-se para minimizar o impacto destas greves.
“Estamos preocupados com o crescimento do número de greves dos controladores aéreos, que resultam em grandes perturbações para os nossos clientes. No meio da época turística mais movimentada, as greves dos controladores aéreos causam atrasos para muitos dos viajantes, muitos dos quais são famílias com crianças pequenas”, afirma Pawel Niewiadomski, presidente da ECTAA – Associação Europeia de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos.
E também a presidente da HOTREC – Associação Europeia de Hotéis, Restaurantes, Bares, Cafés e Estabelecimentos Similares, Susanne Kraus-Winkler, está preocupada com o impacto das greves e defende que as paralisações têm um “efeito em cascata” que afecta todos os outros serviços da cadeia turística.
“Voos atrasados ou cancelados levam à perda do alojamento, das conexões para cruzeiros e de atracções de viagem. Lamentamos que os nossos clientes estejam a pagar as greves com a perda das suas férias”, afirma a responsável.
A ECTAA e a HOTREC são duas das associações que pertencem à Rede para o Sector Turístico Privado Europeu (NET, sigla em inglês), um grupo das principais associações europeias de Turismo, que anunciou recentemente que se vai juntar ao esforço do grupo de companhias aérea A4E’s – Airlines For Europe para minimizar o impacto negativo das greves.
“2018 está a tornar-se num dos piores anos no que diz respeito às greves dos controladores aéreos. Juntamente com a NET, os seus membros e a indústria do Turismo europeia, vamos pressionar as autoridades a tomarem acções imediatas que melhorem a situação e revertam a tendência”, afirma Thomas Reynaert, director-geral do grupo Airlines for Europe (A4E), citado em comunicado.
O grupo A4E propõe algumas medidas que visam limitar a onda de greves, como a imposição de um período de 72 horas para a notificação de paralisações, maior protecção e um serviço de continuidade para os passageiros, ao mesmo tempo que reclama também uma maior aposta na tecnologia e recursos humanos que tornem o sistema global de gestão de tráfego aéreo mais eficaz.
O grupo convida também os passageiros a juntarem-se à causa, através da assinatura de um petição online, disponível no site www.keepeuropesskiesopen.com, e que será posteriormente entregue às autoridades europeias.
Paralelamente, também a easyJet informou que, em conjunto com o International Airlines Group (IAG), a Ryanair e a Wizz Air, vai apresentar uma queixa à Comissão Europeia contra França, “uma vez que as greves dos controladores de tráfego aéreo restringem o princípio fundamental da liberdade de circulação dentro da EU”.
“As companhias aéreas não pretendem questionar o direito de greve, mas acreditam que França está a infringir as leis da UE ao não permitir voos em todo o país durante as greves. Aos passageiros que se deparam com sobrevoos está a ser negada a liberdade fundamental de viajar entre os estados membros não afectados pela greve”, refere a easyJet numa nota à imprensa.
Segundo a Eurocontrol, até Junho, mais de 16.000 voos foram adiados devido a greves dos controladores de tráfego aéreo, afectando mais de dois milhões de passageiros.