“Temos intenção de expandir a nossa oferta e a conetividade nos Açores”
A Swiss International Air Lines é a segunda companhia do Grupo Lufthansa a abrir voos para Ponta Delgada no espaço de um mês. A nova rota sazonal para os Açores é, este verão, um dos destaques da companhia aérea helvética, que conta ainda com um aumento de oferta em Portugal, segundo Romain Vetter, chefe da companhia aérea para a Suíça Ocidental e responsável comercial pelo hub de Genebra
Inês de Matos
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A Swiss International Air Lines é a segunda companhia do Grupo Lufthansa a abrir voos para Ponta Delgada no espaço de um mês. A nova rota sazonal para os Açores é, este verão, um dos destaques da companhia aérea helvética, que conta ainda com um aumento de oferta em Portugal, segundo Romain Vetter, chefe da companhia aérea para a Suíça Ocidental e responsável comercial pelo hub de Genebra.
A nova rota sazonal de Ponta Delgada – que teve início a 25 de junho – é um dos principais destaques da Swiss International Air Lines, à partida de Genebra, este verão. A propósito da inauguração da rota – a segunda de uma companhia aérea do Grupo Lufthansa no espaço de um mês – o Publituris falou com Romain Vetter, chefe da companhia aérea para a Suíça Ocidental e responsável comercial pelo hub de Genebra, que se mostra entusiasmado com o arranque dos voos e fala até num possível crescimento no próximo verão.
Apesar da pandemia, e da reestruturação a que também a companhia helvética foi sujeita, a Swiss mantém a aposta em Portugal e, este verão, vai até aumentar a operação face a 2019, numa oferta que, segundo o responsável, agrada tanto ao mercado turístico suíço, como ao mercado étnico, já que é preciso não esquecer que a Suíça tem uma vasta comunidade portuguesa, essencialmente na zona de Genebra.
Já o regresso à normalidade deverá estar ainda longe, uma vez que, refere Romain Vetter, a pandemia ainda não está ultrapassada e deverá ter um “impacto de longo prazo”. É por isso que, acrescenta, a Swiss está focada em ter um “planeamento inteligente”, o que passa pela redução da sua dimensão, aposta no digital e sustentabilidade.
A Swiss abriu, a 25 de junho, uma nova rota entre Genebra e Ponta Delgada, nos Açores. Qual é a expetativa para esta rota?
Temos muito boas expetativas. Devíamos ter começado a voar para os Açores no ano passado, mas a pandemia veio estragar os nossos planos. Existe uma procura muito boa por parte dos nossos clientes pelos destinos portugueses e, como somos a única companhia aérea a voar diretamente entre Genebra e os Açores, acredito que temos aqui uma grande vantagem competitiva. Por outro lado, queremos oferecer aos nossos clientes novas perspetivas de viagem, principalmente no cenário atual e depois de tanto tempo de confinamento. É claro que existe sempre um risco associado a esta operação e essa foi a minha grande questão quando comecei a trabalhar na Swiss [Romain Vetter é chefe da Swiss para a Suíça Ocidental, com responsabilidade comerciais no hub de Genebra, desde maio, quando substituiu Lorenzo Stoll, que foi liderar o departamento de carga da companhia aérea], mas estou contente por ter arriscado. O ‘load factor’ do avião está muito bem e temos muita confiança na escolha do destino, porque ele corresponde àquilo que os nossos passageiros também procuram.
Assim que abrimos as vendas, vimos que existia procura, já temos reservas, mesmo quando ainda não tínhamos feito qualquer promoção da rota. Penso que a oferta dos Açores, que é um destino com uma paisagem vulcânica e muita natureza, ideal para atividades desportivas, e que, acima de tudo, é autêntico, vai ser um sucesso, até porque, este verão, as pessoas vão procurar destinos diferentes mas próximos. E os Açores, apesar de estarem a três ou quatro horas de distância, são um destino que dá a sensação de se estar a viajar para longe, como uma aventura. Acredito que isso faz a diferença e é por isso que estamos tão confiantes quanto ao desempenho dos voos.
Quantos lugares vai a Swiss disponibilizar no total da operação, uma vez que esta é uma rota sazonal e os voos decorrem até 3 de setembro?
É verdade, voamos para os Açores com um avião Airbus 220-300, com capacidade para 133 passageiros e temos um voo por semana. Queremos aumentar a capacidade para os Açores e poderemos vir a fazê-lo, quer em número de frequências ou da duração da operação, se tivermos sucesso.
E existe alguma possibilidade da operação crescer para outras ilhas açorianas?
Fazemos avaliações constantes sobre o desempenho das rotas e, no final da operação, faremos uma avaliação sobre a sua lucratividade. Se for positiva, é claro que avaliaremos a possibilidade de a aumentar. Mas, como é óbvio, no primeiro ano de lançamento de uma operação, não esperamos fazer toneladas de dinheiro, queremos acima de tudo garantir que a operação é equilibrada, porque isso vai ajudar ao seu potencial crescimento no verão de 2022. É um pouco cedo para discutir o crescimento desta rota, mas posso dizer que, no âmbito do Grupo Lufthansa, temos estabelecido contactos com outras companhias nos Açores para ver se podemos criar alguma coisa juntos, nesse sentido, mas isto é algo sobre o qual não posso dar mais informação de momento, mas posso garantir que temos intenção de expandir a nossa oferta e a conetividade nos Açores. E esperamos conseguir fazê-lo.
Promoção
Os Açores têm, de facto, uma vasta oferta turística. O que é que os turistas suíços conhecem sobre o arquipélago?
Penso que a ideia geral é muito positiva e que os Açores já são muito conhecidos pela oferta de natureza e pela paisagem vulcânica. Mas sei que os Açores têm muito mais para oferecer e isso será uma descoberta para os turistas suíços. E devo dizer que se há coisa que apaixona os suíços é viajar à descoberta. Por isso, acreditamos que os Açores são um destino que os suíços vão adorar descobrir.
Por outro lado, na Suíça também existe uma grande comunidade portuguesa e, além de visitarem familiares e amigos, muitos portugueses das gerações mais novas também querem visitar outros destinos, até porque provavelmente já estiveram em Lisboa, no Porto e em muitos outros destinos portugueses, mas não nos Açores. Isso, para nós, significa mais um motivo de confiança nesta rota.
E que ações promocionais está a Swiss a desenvolver para promover os Açores e esta nova rota?
Temos feito ações de promoção. Logo no início, quando decidimos lançar a rota, lançámos promoções para os nossos passageiros e, neste momento, temos algumas campanhas digitais de comunicação, que começaram simultaneamente em Genebra e Zurique, nas quais promovemos diferentes destinos, incluindo especificamente os Açores e Ponta Delgada.
Temos também feito o acompanhamento destas campanhas nas redes sociais e temos apoiado artigos na comunicação social, assim com viagens para jornalistas locais, como a que promovemos na semana em que arrancaram os voos. E estamos, claro, a promover também toda a experiência que o destino Portugal oferece e que queremos que os nossos passageiros conheçam, porque temos muitas opções para oferecer, em Portugal, este verão.
A Swiss conta com apoio das autoridades turísticas açorianas nessas ações de promoção sobre o destino que a companhia está a desenvolver?
Temos negociado muito com as autoridades açorianas e existe uma boa colaboração. O Turismo dos Açores tem sido muito participativo e tem-nos ajudado muito, nomeadamente em termos de informação, porque também é necessário que exista informação transparente sobre a situação no arquipélago, estatísticas sobre a COVID-19 e sobre a taxa de vacinação. Essa informação foi importante quando decidimos arrancar com a rota, até para fechar essa questão a nível interno, e também para que tivéssemos informação atual e credível para fornecer aos nossos passageiros. Mas temos uma ótima relação com as autoridades turísticas dos Açores, é uma colaboração que já vem, aliás, de há muito tempo, no âmbito do Grupo Lufthansa e que permite oferecer um melhor produto e experiência aos nossos passageiros.
COVID-19 e requisitos
A situação epidemiológica dos Açores foi um fator decisivo para a abertura da rota?
Não tomamos estas decisões com base num único facto, mas é claro que monitorizamos também a situação epidemiológica nos destinos porque isso também é importante para o mercado suíço e para os nossos clientes. Mas, tão importante quanto a situação epidemiológica, é a facilidade com que os turistas suíços podem entrar nesses destinos, como é o processo de entrada, quais os requisitos que existem e se permitem que os nossos passageiros possam descobrir o país e, neste caso, os Açores.
O total de casos de COVID-19 não é um fator que tenha grande importância para nós, é importante na medida em que sabemos que os passageiros vão verificar a situação epidemiológica. Mas, nesta altura, isso começa a deixar de ser um problema, porque grande parte dos suíços já está vacinada e, ainda que tenham de fazer o teste PCR para entrar nos Açores, acreditamos que isso não será um problema, até porque estabelecemos protocolos com vários laboratórios em Genebra, de forma a podermos oferecer taxas especiais aos nossos passageiros suíços, para que possam fazer o teste antes da viagem.
E, no sentido contrário, existem restrições para os turistas portugueses quando chegam à Suíça, uma vez que não é um país da União Europeia?
Apesar de não ser parte da União Europeia, a Suíça tem estado bastante alinhada com as decisões da União Europeia. Os viajantes que já estão vacinados, basicamente já não têm nenhuma restrição, e, em relação aos restantes, é necessário possuir um teste negativo realizado até 72 horas e preencher um formulário. Estes requisitos estão em vigor desde fevereiro. Neste momento, apenas os passageiros provenientes das zonas de alto risco, como a Índia ou o Brasil, devem, além dos restantes requisitos, realizar quarentena. Ou seja, o processo para entrar na Suíça ou em Portugal é bastante similar e esperamos que a entrada em vigor do certificado de vacinação venha acelerar a retoma das viagens em toda a Europa, pois isso irá facilitar todo o processo de viagem.
Este certificado é também importante porque vem credibilizar o processo, porque estávamos a assistir ao problema de ter muitos documentos falsos e, com este certificado, sabemos que os documentos são confiáveis e isso é importante para retomar a confiança.
A Suíça vai adotar o certificado europeu de vacinação?
A Suíça desenvolveu uma solução própria, o Swiss COVID-19 Pass, que penso ser um pouco diferente do certificado europeu, mas em relação ao qual existe um projeto com a União Europeia no âmbito da compatibilidade técnica desta solução com a ferramenta europeia. A tecnologia usada para ambas as soluções é a mesma, ambos geram um QR Code único, e por isso não deverá ser difícil conseguir essa compatibilidade.
Mercado português
Além de Ponta Delgada, quais são os planos da Swiss para Portugal, este verão?
Temos um bom número de voos para Portugal este verão. Temos 22 frequências por semana para Portugal, esse número já inclui Ponta Delgada, assim como Porto, Lisboa, Faro e Funchal, que também é um destino novo no nosso portefólio, mas desde Zurique, numa operação similar à de Ponta Delgada.
Estamos muito entusiasmados, não só porque temos rotas para o verão, mas porque também temos destinos novos e isso é importante para o nosso hub de Genebra, onde necessitamos de ter as rotas para as grandes cidades em Portugal, mas também destinos novos e que tenham uma menor oferta de voos, isso contribui para a nossa diferenciação e para mantermos a nossa posição enquanto companhia aérea premium.
No total, vamos ter um crescimento face à oferta de 2019 para Portugal e o importante é que a Swiss passa a cobrir cinco destinos em Portugal. Desde o início de junho que a nossa oferta tem vindo a crescer e temos um crescimento de frequências de 24% até ao final de agosto. É um aumento considerável e estamos muito contentes por conseguir este aumento num período de pandemia.
Os voos para Lisboa, Porto e Faro vão ser à partida de Genebra e também de Zurique?
No caso do Porto e Lisboa, sim, temos voos de Genebra e Zurique. No caso de Faro, temos voos de Genebra operados pela Edelweiss Air, que também disponibiliza boas ligações entre Genebra e Zurique. No caso de Genebra, a existência dos voos também se deve ao facto da comunidade portuguesa ser muito maior do que a que existe em Zurique.
Qual é atualmente a importância do mercado português para a Swiss?
Portugal é um mercado com o qual a Suíça e a Swiss sempre tiveram boas relações, creio que existe uma enorme simpatia mútua entre os dois países e, como já mencionei, há uma grande comunidade portuguesa na Suíça. Os portugueses estão na Suíça há muitas gerações e, na zona de Genebra, a comunidade portuguesa é muito forte, incluindo a nível económico. Isto levou a que sempre tenha existido uma grande relação social entre Portugal e a Suíça e explica porque é que Portugal é um destino de férias tão popular na Swiss, assim como é um destino importante no segmento que visita amigos e familiares.
É também por isso que estamos tão entusiasmados, porque um dos principais objetivos das pessoas para este verão é rever a família e os amigos, que provavelmente não veem há bastante tempo, devido à pandemia. Foi por isso que decidimos aumentar o número de frequências para Portugal, de forma a permitir que as pessoas possam reencontrar os seus entes queridos e tenham também oportunidade de descobrir novos destinos. E acredito que muitos dos nossos clientes vão aproveitar para redescobrir Portugal, porque parece que a última vez que visitaram o país já foi há muito tempo e acredito que muitos dos nossos passageiros vão aproveitar para redescobrir Portugal.
Futuro
Além dos Açores, que outros novos destinos está a Swiss a lançar, este verão, desde Genebra?
Temos procurado novos destinos na Europa, mas por vezes isso é difícil, porque temos de pensar sempre na rentabilidade dos destinos. Ponta Delgada é, de facto, uma das nossas principais apostas para este verão desde Genebra, mas também temos um novo voo para Santorini, na Grécia; Split, na Croácia; Tenerife, em Espanha; e Sharm-el-Sheik, no Egito.
Depois, temos também uma série de destinos desde Genebra que eram novos e que foram interrompidos com a pandemia e que vamos voltar a lançar, como Alicante, Biarritz, Brindisi, Catania, Corfu, Faro, Heraklion, Ibiza, Mykonos e Thessaloniki. Portugal e Grécia são os nossos principais destaques e temos mais alguns destinos que acreditamos que vão interessar aos nossos clientes.
A pandemia veio, de facto, mudar muita coisa, incluindo na aviação. No caso da Swiss, quais foram as principais mudanças que a companhia teve de realizar para lidar e sobreviver à pandemia?
É verdade, a Swiss também foi for temente afetada pela pandemia da COVID-19. E sabemos que este período difícil ainda não terminou e que vai ter um impacto de longo prazo. Não esperamos um regresso à normalidade antes de 2024 ou 2025, provavelmente.
Por enquanto, temos de continuar a manter as medidas de prevenção, porque a segurança continua a ser a prioridade, mas pensamos que o mais importante é planear de forma inteligente, reconhecendo o impacto da pandemia e a necessidade de mudança. Por isso, na Swiss, o futuro passa por termos uma menor dimensão, mas sermos mais focados no digital, mais eficientes e mais sustentáveis. Para nós, estas são palavras-chave. Temos uma frota moderna, muito eficiente, e estamos num processo de transformação que trouxe mudanças ao nosso plano estratégico.
Sabemos que temos de nos adaptar e temos objetivos definidos para os próximos anos, mas para isso temos de fazer um planeamento inteligente, porque se trata de uma grande mudança e porque ainda não saímos desta crise.
Mas, como disse, a segurança continua a ser a nossa prioridade e isso também significa que temos de escolher melhor os destinos para onde voamos, garantindo que são destinos especiais. É isso que acontece com os Açores, que acreditamos ser um destino que tem um valor real para os nossos passageiros e para o turismo entre a Suíça e os Açores.