Reportagem| Cruzeiros voltam a ser seguros? A Costa prova que sim
O Publituris aceitou o desafio da Costa Cruzeiros para viajar a bordo do Costa Smeralda e conhecer ‘in loco’ o Protocolo de Saúde e Segurança da companhia contra a COVID-19. Saiba o que mudou e que experiência pode esperar de um cruzeiro em tempos de pandemia.

Inês de Matos
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O Publituris aceitou o desafio da Costa Cruzeiros para viajar a bordo do Costa Smeralda e conhecer ‘in loco’ o Protocolo de Saúde e Segurança da companhia contra a COVID-19. Saiba o que mudou e que experiência pode esperar de um cruzeiro em tempos de pandemia.
Quando foi inaugurado, no final de 2019, o Costa Smeralda tornou-se rapidamente na jóia da coroa da Costa Cruzeiros. À imponência física dos seus 337 metros de comprimento e 65 de altura – que lhe garantem o título de maior navio da frota da companhia, com capacidade para 6.500 passageiros e 1.500 tripulantes – este gigante dos mares alia características de sustentabilidade e de design que o tornam único. Movido a Gás Natural Liquefeito (GNL), é também o navio mais sustentável da Costa Cruzeiros e presta uma declarada homenagem a Itália, país de origem da companhia e que está presente nos mais ínfimos detalhes a bordo. Pelas características diferenciadoras, o Costa Smeralda prometia ser um sucesso e fazer do itinerário pelo Mediterrâneo Ocidental – com partida de Savona e escalas em Marselha, Barcelona, Palma de Maiorca, Civitavecchia e La Spezia, que teve início a 30 de novembro de 2019 – um dos trunfos da Costa Cruzeiros para o inverno 2019/2020. Só que, quatro meses depois, surgiu a pandemia da COVID-19 e o mundo parou.
Depois de mais de um ano de inatividade, a Costa Cruzeiros estabeleceu um rigoroso protocolo de saúde e segurança que permitiu retomar a atividade a 1 de maio, com um itinerário de uma semana por Itália, também disponível em minicruzeiros de três e quatro noites. E, mais uma vez, seriam as características diferenciadoras do Costa Smeralda, principalmente a sua dimensão, a ditarem que este fosse o navio eleito pela companhia para retomar a atividade. “Este é um navio que tem espaços mais amplos e mais áreas ao ar livre, por isso, é mais fácil manter a distância. Isso é uma vantagem”, nota Simona Di Pietro, Cruise Director do Costa Smeralda e uma das responsáveis com quem o Publituris teve oportunidade de conversar durante um recente cruzeiro no Costa Smeralda, entre 16 e 20 de maio, a convite da Costa Cruzeiros, que promoveu uma presstrip para que um grupo de jornalistas portugueses e espanhóis pudessem conhecer, na prática, o protocolo de saúde e segurança que permitiu retomar a operação e que vai ser aplicado também nos outros três navios que a companhia vai colocar ao serviço este verão.
Protocolo
Entrámos no Costa Smeralda no domingo, 16 de maio, em Civitavecchia, perto de Roma. E, logo no porto, percebemos que a COVID-19 tinha mudado a forma como se embarca para um cruzeiro, até porque o uso obrigatório de máscara durante o check-in não deixa esquecer a COVID-19, nem os problemas que a indústria conheceu no início da pandemia.
Mas a maior mudança é mesmo a realização de testes, naquele que é um dos pilares do protocolo da Costa Cruzeiros, que assenta também no uso obrigatório de máscara, distanciamento entre passageiros, restrições na ocupação ou na desinfeção de espaços.Antes do embarque, somos encaminhados para uma espécie de laboratório no edifício portuário, onde nos espera a famosa zaragatoa. Pouco depois, com o resultado negativo comprovado, completamos o check-in e subimos a bordo. Todo o processo é, obviamente, acompanhado por muitos dispensadores de álcool-gel e sempre de máscara na cara.
Os testes passaram a ser uma constante e este seria apenas o primeiro dos três que faríamos neste cruzeiro de quatro noites e que se juntaram ao que já tinhamos feito em Portugal, antes da viagem de avião para Itália. Durante o cruzeiro, foi ainda necessário realizar outro teste para a excursão a Cagliari, e mais um para a viagem de avião para Portugal – a Costa Cruzeiros disponibiliza testes a bordo por 40 euros por pessoa.
A preocupação com a segurança é máxima e, como resumiu mais tarde, durante uma sessão de esclarecimentos a bordo, Stefano Di Noia, Hotel Director do Costa Smeralda, o “objetivo é garantir que os passageiros se sentem seguros”. Para isso, e além do investimento nos testes, a companhia fez também “um investimento em recursos humanos muito importante”, tendo reforçado o staff e apostado na sua formação.
Enquanto a ocupação de passageiros foi reduzida e não deverá ultrapassar os 40% ou 50% este verão – nesta viagem eram menos de 1.500 passageiros -, o total de tripulantes aumentou e passou a existir “staff em todo o navio para controlar o comportamento dos passageiros” e limpar os espaços. A Costa Cruzeiros fez ainda um investimento avultado a nível médico e, como explicou Francesco Serra, comandante do Costa Smeralda, houve um reforço do pessoal, assim como das áreas dedicadas aos cuidados de casos positivos. “Assim que seja identificado um caso positivo a bordo, a pessoa é isolada em áreas próprias e devidamente acompanhada a casa ou ao hospital”, explicou, revelando que os passageiros com quem esse caso positivo tenha tido contacto são igualmente testados.
Mudanças
Devido à COVID-19, houve mudanças e adaptações na vida a bordo, nomeadamente na utilização das áreas públicas. Um dos casos mais evidentes são os restaurantes e bares, que passaram a ter restrições na ocupação e apenas permitem que pessoas da mesma cabine se sentem juntas à mesa. Os buffet desapareceram e o serviço passou a ser todo à mesa, assim como os menus físicos, agora disponíveis na Costa App ou por QR Code. Nas cabines, deixou de existir o habitual diário de bordo, que passou a estar disponível na Costa App.
Também não existem demonstrações gastronómicas e em muitas áreas públicas o acesso passou a ser controlado por marcação, como o Spa, enquanto no ginásio foi reduzida a ocupação, assim como nas piscinas. Já os lugares no teatro foram reduzidos para um terço. O entretenimento é, aliás, uma das áreas em que foram introduzidas mais mudanças, pois como a discoteca continua fechada, houve necessidade de alterar os horários dos espetáculos porque para mercados como o italiano, espanhol ou português, “a animação é uma parte muito importante da experiência num cruzeiro”, explicou SimonaDi Pietro.
E até nisso o Costa Smeralda se tem revelado um navio indicado para a fase que a indústria vive. “Este barco é totalmente diferente. Todos os outros têm o conceito de um grande teatro, um grande bar e espaços grandes onde se juntam os passageiros. Este navio, não, é fluído. Por sorte, já estava preparado para um tipo de entretenimento mais fluído, com vários horários, para que todos tenham a possibilidade de ver os espetáculos”, notou.
Apesar das restrições, os passageiros não notam grandes diferenças, uma vez que toda a ocupação do navio foi reduzida e o Costa Card, explicou ainda Stefano Di Noia, ajuda a monitorizar a ocupação, de forma a evitar a sobrelotação.
Aquilo que mais terá mudado a bordo, de acordo com Simona Di Pietro, são as atividades para crianças, uma vez que os tradicionais clubes tiveram de ser reformulados. Agora, explicou, há apenas uma sala entre os 3 e os 6 anos de idade – a partir da qual é obrigatório o uso de máscara – mas que disponibiliza só três turnos por dia, de três horas, e que têm de ser marcados previamente. Já entre os 6 e os 12 anos há duas salas com ocupação limitada a dois gruposde sete, enquanto para adolescentes, dos 12 aos 18 anos, são permitidos grupos de 10. Em ambos os casos, a marcação é necessária e pode ser feita na Costa App.
Experiência
É verdade que a COVID-19 alterou a forma como se viaja num cruzeiro e os responsáveis do Costa Smeralda não o negam, desde logo pelo distanciamento físico, que, segundo Stefano Di Noia, é uma “enorme barreira numa indústria que visa o entretenimento”. “A nossa missão é garantir a segurança mas temos de continuar a oferecer uma experiência memorável”, explicou, considerando, no entanto, que os cruzeiros continuam a garantir férias inesquecíveis, até porque em vários países continua a não ser possível ir a uma esplanada ou assistir a um espetáculo depois das 22h00. E no Costa Smeralda é possível.
Por isso, segundo Francesco Serra, o feedback tem sido positivo e os passageiros têm “dito que se estão a divertir e a passar um bom bocado”, incluindo os mais idosos, que na sua maioria estão já vacinados. “Os idosos não têm medo porque já estão vacinados. Itália já vacinou perto de 40% da população”, revelou, numa informação corroborada por Stefano Di Noia, que explicou que os mais velhos “são aqueles que se preocupam menos. Estão felizes por poderem passar tempo fora de casa, o confinamento para eles foi muito pesado”.
E foi isso que o Publituris e os restantes jornalistas convidados pela Costa Cruzeiros puderam confirmar. Ao longo destes quatro dias, a maior diferença foi mesmo o uso de máscara, porque toda a restante vida a bordo se manteve idêntica. E, como dizia Simona Di Pietro, o facto do Costa Smeralda ser um navio diferente ao nível do entretenimento ajuda a que não se sinta a falta da discoteca. Na parte central, o navio conta com o Colosseo, uma área de entretenimento que se estende por três decks – do seis ao oito – e em torno da qual existem lugares sentados para assistir aos vários espetáculos que têm lugar duas vezes a cada noite. Tivemos oportunidade de assistir a alguns, de música, dança e acrobacias, que ajudaram a animar a noite e a fazer esquecer, por algumas horas e apesar da máscara na cara, as agruras da pandemia.
Excursões
Outro dos pilares do protocolo da Costa Cruzeiros são as excursões controladas, uma vez que, devido à pandemia, é necessário manter uma espécie de bolha a bordo, que não pode ser furada pelas saídas. Por isso, ninguém pode sair do navio, a menos que participe numa excursão organizada. “Ninguém pode sair sozinho do navio, é preciso marcar uma excursão. É a única forma de garantir que todos cumprem o protocolo”, explicou Stefano Di Noia.
Por isso, todas as vezes que saímos do navio foi numa das excursões em que a Costa Cruzeiros nos convidou a participar. Ao longo deste itinerário de quatro noites por Itália, que partiu de Civitavecchia e fez escalas em Nápoles, Messina e Cagliari, participámos em duas excursões: em Nápoles, no Sul país, e Cagliari, na Sardenha. Em Messina, não saímos do navio, uma vez que, como nos explicou Simona Di Pietro, as autoridades locais apenas autorizaram as excursões no dia anterior, o que não permitiu a organização da visita.
A frequência com que mudam os requisitos dos portos visitados pelo itinerário – que na versão de sete noites inclui ainda Savona e La Spezia – é, segundo a responsável, um problema, uma vez que, em Itália, todas as sextas-feiras são anunciadas regras que entram em vigor na segunda-feira seguinte, o que torna difícil prever o regresso à normalidade.
No caso das excursões, além das mudanças semanais, há ainda portos que exigem a realização de testes à COVID-19, como aconteceu em Cagliari. No dia anterior à visita, tivemos de realizar um teste que podermos participar na excursão no dia seguinte.
É caso para dizer que a experiência mudou, mas os cruzeiros continuam a ser capazes de criar memórias inesquecíveis, até porque fazer férias se tornou diferente em todo o mundo. E os cruzeiros têm a vantagem de, a cada dia, nos permitirem acordar num destino distinto. E, agora, também em segurança.