Regiões piscam o olho ao mercado espanhol
A Fitur é um momento incontornável de promoção das regiões portuguesas junto dos turistas espanhóis. Mas promoção vai muito além deste momento.
Raquel Relvas Neto
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No início do ano o governo espanhol declarou a Fitur como evento de excepcional interesse público, num claro sinal ao mundo da forte aposta que Espanha tem no turismo. Aquela que se esperava ser a primeira grande feira de turismo internacional presencial no pós-pandemia afinal decorre ainda quando a pandemia está bem presente entre nós, no entanto com números mais controlados.
Além de ser um dos grandes destinos turísticos do mundo, Espanha é também um importante mercado emissor, tendo ocupado a 16ª posição mundial de emissor de turistas a nível mundial, tendo gerado 22,8 milhões de viagens em 2019. Espanha posiciona-se também como o primeiro mercado turístico para o destino Portugal aferido pelo indicador “hóspedes”, com registo de 810,9 mil hóspedes também em 2019. Em 2020, o número de hóspedes espanhóis em Portugal verificou uma quebra de 64,53% devido à pandemia e às restrições às viagens que se verificaram.
É por isso que Espanha continua a ser um mercado importante para as mais variadas regiões portuguesas, como tal, estas não podem deixar de marcar presença na principal feira de turismo espanhola juntamente com o Turismo de Portugal. Apesar dos moldes de participação serem bastante diferentes das edições anteriores e com elevadas restrições, Portugal vai promover-se de 19 a 23 de maio na IFEMA, em Madrid, e justificar porque é um destino aconselhável para as férias dos vizinhos espanhóis.
As sete regiões nacionais vão integrar o stand do Turismo de Portugal na Fitur, onde vão dispor de um balcão de atendimento e mesas de negócios para as empresas inscritas de cada região, que serão menos do que a edição de 2020.
Sendo a primeira feira presencial de turismo na Europa a realizar-se depois da pandemia, são poucos os que arriscam revelar as expectativas para o certame, mas também para o mercado espanhol.
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, justifica que esta participação neste período pandémico “ganha particular relevância, pois o expectável é que o ritmo da retoma turística na região do Algarve seja marcado pelos visitantes do mercado interno alargado, onde se incluem as regiões transfronteiriças de Espanha, considerando que Portugal se encontra na 4.ª e última fase do plano de desconfinamento e que o país reabriu as fronteiras terrestres com Espanha no dia 1 de maio. Perante esta evolução positiva, acreditamos que impacte positivamente a procura pelo destino”.
João Fernandes acredita também que “esta participação presencial ganha particular relevância, uma vez que quase todas as feiras e ações do setor têm sido canceladas ou o seu formato alterado para o online”. Neste sentido, o responsável algarvio considera que se trata de “uma oportunidade ímpar para o Turismo do Algarve dar continuidade à promoção internacional do destino e à captação de turistas de diferentes origens”, pespetivando que a Fitur seja o evento que vai assinalar “a retoma do setor do turismo a nível internacional”.
Para a Região do Alentejo, a participação deste ano na Fitur não vai “ser igual aos anos anteriores, porque as limitações que a organização coloca são imensas”, indica o presidente do Turismo do Alentejo, Vítor Silva. Habitualmente, o Alentejo contava com uma delegação que integrava mais de 30 empresários, mas este ano, vão estar presentes empresários que são representativos do tecido empresarial alentejano.
Mas não é por ter uma participação mais reduzida nesta edição, que o Alentejo vai deixar de apostar “em força” neste mercado. O responsável alentejano explica que “vamos intervir nesse mercado em força, não só este ano como nos próximos. É um mercado que está aqui ao lado e para nós é importante”. Com uma quota de 20% do mercado internacional na região, os residentes espanhóis são um mercado que procura os mais diversos produtos no Alentejo, o que permite que o destino promova os seus mais variados produtos junto deste, desde as praias, gastronomia e vinhos, turismo de natureza, entre outros.
Além da presença física no balcão de atendimento, a Associação de Promoção da Madeira complementa a sua participação de forma virtual com reuniões em formato online junto daquele que é o seu sétimo mercado emissor.
Ações promocionais
À semelhança do passado, as ações promocionais vão continuar ao longo do ano e em alturas específicas, com especial destaque para o meio privilegiado durante a pandemia: as plataformas digitais.
No caso do Algarve, João Fernandes indica que Espanha vai voltar “a ser integrado para divulgação da nova campanha em redes sociais de promoção da região no período de pós-confinamento”. Com o mote “O Algarve fica-te bem! Sempre.”, a ação de promoção vai ser um claro apelo ao regresso dos turistas ao destino. Em vigor, vão também estar ativas campanhas com operadores turísticos espanhóis.
Além da participação na Fitur, a Associação de Turismo de Lisboa vai continuar a promover o destino junto daquele que é o seu segundo maior mercado, concretamente com o produto ‘City & Short breaks’. As ações promocionais vão passar por parcerias com os media espanhóis, operadores turísticos e, claro, campanhas digitais.
Por parte da Associação de Promoção da Madeira, este é “um ano de grande aposta no mercado”, sobretudo porque Espanha passou a ser um dos mercados estratégicos para a promoção do destino Madeira em 2021. Neste âmbito, a região vai efetuar “um forte investimento em ações de Relações Publicas, nomeadamente estamos a fechar um acordo com uma figura publica, que irá trabalhar com a Madeira num formato de embaixador – iremos divulgar mais detalhes sobre esta parceria durante a Fitur”. Além de parcerias com o trade, mas também com a companhia aérea Iberia no âmbito do lançamento da rota Madrid-Funchal, a Madeira vai encetar campanhas com operadores turísticos que vão realizar os voos charter de Bilbao e Barcelona para o arquipélago português. “Lançaremos igualmente uma campanha internacional, que incluirá naturalmente o mercado espanhol”.
A Madeira acredita que Espanha “irá reagir muito bem e é de facto uma oportunidade para nos posicionarmos no mercado e nos diferenciarmos da concorrência, pois a tendência este ano passará por procura de destinos mais pequenos, próximos e com os quais os visitantes têm ou podem ter uma conexão mais íntima e onde se sintam bem”.
O Alentejo aguarda a luz verde por parte do Turismo de Portugal para fazer ações mais interventivas junto dos mercados internacionais, onde se insere o mercado espanhol. O objetivo passa por “uma intervenção a apelar à vinda” dos turistas internacionais à região. Além de uma promoção conjunta com o Centro de Portugal e a Extremadura, no âmbito da EuroACE, direcionada para o mercado ibérico e com base em valores como o Património, a Espiritualidade, Gastronomia e Natureza que será fundamentalmente online, o Turismo do Alentejo prepara uma campanha focada nos mercados internacionais. Esta tem a sua comunicação baseada na Luz do Alentejo e vai estar cá fora não apenas este ano, mas como também nos próximos. “É uma linha de comunicação que tem sempre no final uma proposta de venda”, indica Vítor Silva.
No caso do Turismo do Centro de Portugal, Marli Monteiro, diretora executiva da Agência Regional de Promoção do Turismo do Centro, explica que o mercado espanhol tem “uma importância estratégica” e “absolutamente decisiva para a marca Centro de Portugal”. É por isso que a região mantém, a curto prazo, campanhas de marketing digital para este mercado, mas que, a partir de setembro e mediante o progresso do processo de vacinação, prevê retomar “o conjunto de ações calendarizadas para este mercado, particularmente feiras e workshops”.
Quanto às expectativas acerca da performance deste mercado no Centro de Portugal, Marli Monteiro considera que vão existir grandes campanhas para dinamizar os mercados internos, o que será também expectável que aconteça em Espanha. Porém, isso não invalida que com a “existência de um certificado verde Europeu, e a consistente observação por parte das empresas portuguesas – de todas as fileiras, de um protocolo de higiene e segurança, reforçado agora pela actualização dos requisitos do selo “Clean & Safe” efectuada pelo Turismo de Portugal, trarão uma confiança reforçada aos consumidores”. Assim, a responsável perspetiva que este ano se verifique “uma retoma em crescendo” deste mercado no Centro de Portugal.