Lisbon Helicopters: há cinco anos a mostrar Lisboa do céu
O negócio da única empresa a oferecer passeios turísticos de helicóptero sobre Lisboa não poderia estar a correr melhor, mas o caminho não tem sido sempre colorido.
Inês de Matos
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O negócio da única empresa a oferecer passeios turísticos de helicóptero sobre Lisboa não poderia estar a correr melhor, mas o caminho não tem sido sempre colorido.
Desde 1993 que os helicópteros estão no ADN da Helibravo, empresa de transporte, formação de pilotos e manutenção destes aparelhos. Faltava a parte turística. Mas, em 2014, com o turismo em crescimento na capital, também este segmento passou a ser coberto, através da Lisbon Helicopters, empresa que está na dependência da Helibravo e que há cinco anos se dedica a levar turistas a conhecerem a capital a partir do céu. “Viemos para desmistificar os voos de helicóptero em Portugal, a ideia é mostrar que o preço é acessível a toda a gente”, começou por explicar ao Publituris João Bravo, managing director da Lisbon Helicopters, que nos recebeu no heliporto da empresa, em Algés, em frente ao recinto do festival NOS Alive.
“Começámos a operar no final da crise económica, em 2014, o que nos permitiu aproveitar esta vaga do turismo em Lisboa e isso tem sido muito positivo”, acrescentou o responsável, revelando que, por ano, a Lisbon Helicopters realiza 500 horas de voo e recebe cerca de três mil clientes, nas cinco rotas que disponibiliza: Batismo de voo, com cinco minutos de duração; Lisboa Belém, com 10 minutos; Lisboa Descobrimentos, de 15 minutos; Estoril & Cascais, com 20 minutos; Cascais & Cabo da Roca, com 30 minutos de duração; e Sintra & Cabo da Roca, que se prolonga por 45 minutos. Além destas rotas, cujos preços começam nos 35 euros, a Lisbon Helicopters realiza também viagens especiais, à medida das necessidades dos clientes. “Muitas vezes acabamos por fazer um ferry, ou seja, transportar as pessoas do ponto A para o ponto B. Temos clientes que querem ir ao Douro e outros para o Algarve, e já tivemos muitos turistas brasileiros e católicos a quererem ir até Fátima. Também temos voos para a Comporta, onde também podemos incluir o almoço e que, atualmente, é o nosso best-seller”, revelou.
Os helicópteros usados nos passeios são alugados à Helibravo e vão desde os modelos mais pequenos, os Robinson R44, com capacidade para transportar piloto mais três passageiros, até aos B4 T2, que levam o piloto mais seis pessoas e que, segundo João Bravo, são o “state of the art” da frota da empresa. Além do aluguer de aparelhos, a Helibravo é, segundo o responsável, fundamental para a Lisbon Helicopters, já que as duas empresas têm uma “grande sinergia”. “O investimento de entrada para se poder iniciar uma operação destas é muito elevado. Além disso, para podermos operar, temos de ter um certificado de operador aéreo”, entre outras certificações, daí que, como refere o managing director da empresa, “a Lisbon Helicopters acabe por ser um braço da Helibravo, o braço turístico e comercial”.
Clientes
Desde o início, a Lisbon Helicopters em recebido um “feedback muito positivo” dos clientes, principalmente por parte dos estrangeiros, que já representam metade dos clientes e que, segundo João Bravo, “adoram Portugal, e Portugal e Lisboa vistos do céu são uma experiência inesquecível”, acrescenta, explicando que, inicialmente, a empresa recebia essencialmente clientes portugueses e europeus, nomeadamente franceses, espanhóis e nórdicos. Mas esta realidade tem vindo a mudar e, nos últimos anos, nota-se maior procura por parte de clientes norte-americanos e brasileiros, enquanto os asiáticos têm diminuído ligeiramente, “talvez devido ao fim dos voos diretos da China”, considera João Bravo.
A Lisbon Helicopters tem vindo a ser também solicitada por empresas, que requerem os seus serviços para a realização de incentivos. “Os individuais estão em maioria, mas também temos clientes empresariais, alguns que vêm cá em negócios e outros que vêm através das empresas de incentivos”, acrescentou.
Mais difícil é traçar o perfil do cliente da empresa, já que, como refere o managing director da Lisbon Helicopters, abrange “todo o tipo de pessoas, dos oito aos 88 anos de idade”, incluindo “pessoas que compram vouchers através de parceiros como a Odisseias ou a Goodlife, até pessoas ilustres, tanto portugueses como estrangeiros”.
E este ano, apesar de algum abrandamento do turismo na capital, a Lisbon Helicopters espera manter os bons resultados, com João Bravo a revelar que a empresa “tem crescido de ano para ano” e que ainda não sente esse abrandamento, até porque tem vindo a apostar no marketing, com o lançamento de várias “campanhas online, nomeadamente nas redes sociais, mas também com campanhas de rua nas zonas históricas da cidade, para atrair clientes”.
Outra estratégia seguida têm sido as parcerias, que a Lisbon Helicopters estabeleceu com hotéis, restaurantes e outras empresas de animação turística da região, com João Bravo a revelar que, no futuro, a empresa também pretende estabelecer parcerias com companhias aéreas e de cruzeiros. “Infelizmente, ainda não comunicamos para fora, o que fazemos é tentar captar o turista quando chega a Lisboa, mas o próximo passo será encontrar uma estratégia para vender a Lisbon Helicopters associada ao destino Lisboa. Já estamos a falar com a TAP, com uma companhia chinesa, com a Qatar Airways e com a Emirates. Outra área onde gostávamos muito de estar presentes era nas redes de cruzeiros, seria uma ótima junção, porque permitiria que os turistas dos cruzeiros conseguissem ver Lisboa no curto espaço de tempo que têm”, explicou, considerando que, “a Lisbon Helicopters ainda tem muito para crescer”, sendo até possível que a empresa passe a estar presente noutras cidades nacionais. “O Porto, para já, não é uma prioridade, porque está tomado, mas existem outros destinos interessantes, como o Algarve, apesar da sazonalidade, e também podemos falar de destinos mais insulares, mas não temos ainda nada em concreto”, afirmou.
Novidades
Importante para o futuro será a nova loja online que a Lisbon Helicopters se prepara para lançar, o que deverá ocorrer em agosto, após a realização de alguns testes, segundo o responsável, que defende que a abertura da loja “vai ser um passo positivo” e “mais eficaz” para reforçar a presença da empresa online.
Novidades em termos de rotas é que são complicadas, “por causa das restrições do espaço aéreo e devido à grande afluência de tráfego que existe atualmente em Lisboa”, avança João Bravo, explicando que, devido a essas restrições, a Lisbon Helicopters “está confinada a rotas que levantam e aterram no heliporto de Algés e às rotas regulares por cima de Lisboa, o que inviabiliza a realização de muitas operações especiais”. Exemplo disso é a rota que a empresa quer criar até ao Terreiro do Paço, “mas que se tem revelado muito difícil por causa das restrições do espaço aéreo”.
Além dessas restrições, a Lisbon Helicopters queixa-se também da burocracia existente neste setor, nomeadamente ao nível dos locais para aterrar os helicópteros, com o responsável a lamentar o excesso de certificações necessárias. “Há 15 anos, podíamos aterrar desde que houvesse um local autorizado pelo proprietário, ficava à descrição do piloto e do operador a avaliação de segurança. Hoje, a autoridade impõe que exista um perímetro de 300 metros sem edifícios ou aglomerados de pessoas e o local tem de ser previamente inspecionado, tem que existir comunicação prévia à ANAC, o que inviabiliza muita coisa”, explica.
E a situação deverá piorar nos próximos anos, com a construção de um aeroporto complementar à Portela no Montijo, que vai levar a “um aumento e dispersão do tráfego. Qualquer rota que gostássemos de fazer sobre Lisboa já tinha muitas restrições na margem norte e, com o aeroporto no Montijo, temos restrições também na margem sul”, revela.
Ainda assim, os resultados da empresa continuam a ser positivos, com João Bravo a referir que, “apesar de tudo, a faturação não se tem ressentido”. “Desde o início, em 2014, temos tido uma faturação bastante surpreendente e não temos necessidade de financiamento algum. No fundo, esta estrutura tem-se pago toda a si própria”, concluiu o responsável.