Conversas à Mesa | Ana Jacinto
Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) foi a convidada do Conversas à Mesa que decorreu no Portugal Boutique City Hotel.
Carina Monteiro
Turismo do Alentejo e Ribatejo aprova plano de atividade com acréscimo de 50%
Soltrópico anuncia novos charters para Enfidha no verão de 2025
Concorrência dá ‘luz verde’ à compra da Ritmos&Blues e Arena Atlântico pela Live Nation
Número de visitantes em Macau sobe 13,7% para mais de três milhões em outubro
Pipadouro ganha prémio como melhor experiência inovadora em enoturismo a nível mundial
Mercado canadiano está em “franco crescimento nos Açores”, diz Berta Cabral
Boost Portugal leva Spinach Tours para Espanha, Países Baíxos, EUA e América do Sul
Filme promocional do Centro de Portugal premiado na Grécia
Enoturismo no Centro de Portugal em análise
ESHTE regista aumento de 25% em estágios internacionais
Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) foi a convidada do Conversas à Mesa que decorreu no Portugal Boutique City Hotel.
Ana Jacinto tem uma simpatia e uma boa disposição contagiantes. Comunicativa, descontraída e sorridente, fala com a facilidade e a naturalidade típica das pessoas realizadas e confiantes.
A actual secretária-geral na AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal) nasceu em Lisboa, mas a família tem raízes em Valdigem, vila do concelho de Lamego. Recorda uma infância feliz, de passear com o pai e dele a levar ao futebol para ver jogar o FC Porto, clube de que é adepta desde pequena. Filha única, Ana Jacinto perdeu a mãe aos 13 anos e o pai, o seu herói, teve a coragem para, nesse Verão, mandá-la estudar para Inglaterra. Uma experiência que viria a transformá-la, ela que era uma menina mimada, e que nesses três meses aprendeu muita coisa.
Foi sempre uma excelente aluna e, embora tenha escolhido entrar no curso de Direito, Ana Jacinto guardou sempre uma paixão: o Turismo. Influência do pai, Antero Jacinto, que toda a vida esteve ligado a este mundo. Barman de profissão, pertenceu aos fundadores do que é actualmente o mundo do bar em Portugal. Foi dirigente do Club Barman de Portugal e depois da Associação Barman de Portugal e também da AHRESP. Inaugurou o restaurante e Bar Bachus, actualmente 100 Maneiras.
Ana Jacinto licenciou-se em Direito, na vertente Jurídico-Económicas na Universidade Autónoma de Lisboa. No primeiro ano, teve pela primeira vez uma nota negativa. Disse para si mesma que a partir dali tinha de começar a aplicar-se e assim foi.
Nunca pretendeu exercer advocacia, recorda até uma história engraçada da primeira vez que foi a tribunal. Levava a toga emprestada pelo namorado, actual marido, e na hora das alegações finais vestiu-a, mas como ficava grande tropeçou e caiu em cima do juiz, que lhe disse em jeito de brincadeira, que nunca ninguém tinha feito tanto para ganhar o processo.
Entretanto, pediu a José Manuel Esteves, director-geral da AHRESP, para fazer um estágio na associação, mas como ainda estava a estudar, não podia fazer o horário completo das 9h às 18h. José Manuel Esteves disse-lhe para voltar quando terminasse os estudos.
Ana Jacinto havia de voltar à AHRESP, mas primeiro trabalhou como jurista na Edideco, Editores para a Defesa do Consumidor. Somente em 2000 voltou a bater à porta da AHRESP. Entrou como jurista no gabinete jurídico da associação, coincidindo a sua entrada com a saída de um colaborador. “Tive o privilégio de ter o José Manuel Esteves a acompanhar-me, porque muito do que aprendi nesta área, devo-lhe a ele. Fui progredindo, e acabei por ficar a trabalhar com ele directamente e tem sido um privilégio. Já lá vão 17 anos”.
AHRESP
O que retira de mais positivo deste caminho percorrido na AHRESP é a oportunidade que esta experiência lhe tem dado de conhecer pessoas. “Poder conjugar a minha formação base com o Turismo e ainda ter o privilégio de conhecer pessoas fantásticas e não estar fechada num gabinete das 9h às 18h, era, de facto, tudo o que desejava. Sendo eu uma insatisfeita por natureza e desejando sempre mais constantemente, estou de facto a fazer aquilo que gosto de fazer”, afirma.
Em termos de dossiers e marcos, “a questão do IVA, obviamente, foi um marco muito importante na associação, foi uma batalha que foi árdua e que acabou por ser uma vitória, e tudo isto acompanhada pela sabedoria do meu director-geral que, de facto, me tem ensinado e acompanhado”.
Reconhece que a AHRESP de agora é diferente daquela que conheceu quando entrou em 2000. “Muito diferente, até pelo tipo de recursos que tínhamos. Não podemos esquecer que a AHRESP surge de fusões de várias outras entidades, quando é assim também surge com recursos humanos que vêm de outras entidades. Portanto, tínhamos poucos quadros novos, poucos quadros com qualificações adequadas às competências que eram precisas. Isso foi tudo um processo que se foi construindo. Hoje é uma equipa mais nova, ainda com pessoas que estão há muitos anos, mas que também são essenciais”.
Dia-a-dia
Ana Jacinto não tem uma rotina diária. À excepção das tarefas familiares. Tem um filho, Bernardo, com 15 anos. ”Não é verdade que quando os filhos ficam mais velhos, já não precisam tanto de nós, eles precisam sempre de nós. O meu filho é de uma exigência tremenda, porque tem um perfil muito invulgar, é muito comunicador e extrovertido. Começa logo às 7h da manhã cheio de energia”, conta. No trabalho não existe rotina. “Na AHRESP acabo por fazer a coordenação dos serviços todos, temos 11 delegações e estamos a abrir Balcões Únicos nas Câmaras Municipais, que também são coordenados por nós. Não tenho propriamente uma rotina. Uma das maiores fragilidades é que acabo por não consigo fazer um planeamento e estar a tratar da estratégia, o que é que vamos fazer daqui a um ano, cinco anos, porque estou completamente assoberbada com os assuntos que caem diariamente na AHRESP.” Vai a quase todas as reuniões, e participa em quase todos os dossiers, e por isso “não há propriamente uma rotina”.
No futuro, quer continuar a fazer o que faz agora: a coordenação de todos os serviços da AHRESP e a ter função de secretária-geral. “Como se sabe, o último mandato que o nosso presidente irá fazer é este. Portanto, perspetivam-se novas pessoas e o meu director-geral também prepara-se para acompanhar a saída do actual presidente, sendo que espero que não saía de cena (espero já o ter convencido disso). Tenho-me preparado para continuar a desempenhar estas funções e as funções que ele também desempenhava. Tenho essa ambição e julgo que estou preparada”, revela.
No desempenho das funções, Ana Jacinto valoriza a “lealdade e o respeito”, “mesmo que as qualificações não sejam aquelas que eu esperava, se houver lealdade e respeito, tudo se ultrapassa”. “Esses são valores que o José Manuel Esteves me incutiu desde sempre”. Depois, acrescenta, “as pessoas têm que se ir valorizando ao longo dos tempos e as equipas têm de estar conscientes que os desafios de amanhã são mais desafiantes do que hoje. Equipa que não quer acompanhar este ritmo não pode contar comigo. Sou muito exigente a esse nível, preciso de gente que me diga o que devo fazer, não preciso de gente que esteja ali para que eu lhes diga o que devem fazer”.
Confessa que às vezes é “um bocadinho coração mole”, e tem dificuldade em assumir uma postura mais autoritária. “Gosto muito mais de rir, do que estar maldisposta. Acho que dificilmente as pessoas me vêem maldisposta”.
Tem muito pouco tempo livre, até porque muitas vezes leva trabalho para casa. Adora correr, sempre que pode corre de manhã, duas vezes por semana, muito cedo. Adora viajar e sempre que pode viaja com a família. Não dispensa a praia. Apesar de viver em Lisboa, tem casa na Ericeira, mesmo em frente ao mar. Sempre que pode, aos fins-de-semana, refugia-se lá. “É obrigatório para repor as baterias”.
Admite que mudou um bocadinho nos últimos anos, tem mais cuidado com a alimentação, procura ter mais horas para as refeições e fazer mais exercício físico. “Sinto-me muito melhor, estas alterações acompanhadas de uma boa dose de riso e de boa disposição, é aquilo que procuro fazer para enfrentar as dificuldades”. Procura ter sempre uma energia positiva. Mesmo nas duras reuniões de negociação colectiva. Não trata os temas com ligeireza, acha é que os temas sérios também podem ser tratados com um lado menos formal e pesado e isso até descontrai as pessoas, diz. “Leva as pessoas a ficarem muito mais disponíveis para chegarmos a consensos”. É arbitra do Conselho Económico e Social. “Aquilo também era tudo muito formal. Eles já se riem quando sou eu uma das nomeadas. Acho que somos muito cinzentos, muito formais, temos de desconstruir isso, porque ganhamos muito mais”.
Portugal Boutique City Hotel
O Portugal Boutique Hotel, localizado na Baixa de Lisboa, é o ponto de partida ideal para explorar o coração histórico desta cidade única, situado que está entre o Rossio – a apenas 200 metros – e a encosta do Castelo de São Jorge. No interior deste Boutique Hotel de Lisboa, a apenas 600 metros do bairro trendy do Chiado, o conforto de um hotel 4 estrelas une-se à tradição dos materiais portugueses num ambiente sofisticado e acolhedor. Os 53 quartos estão decorados com uma selecção cuidada de verdadeiros azulejos portugueses e alguns têm vista para a histórica Rua João das Regras.