Opinião | Álvaro Covões “O turismo deve ser ministério”
Leia a opinião por Álvaro Covões, managing director da Everything is New.
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Deveria existir um super Ministério: o Ministério do Turismo e da Cultura. A Cultura e o Património são conteúdos essenciais para a qualificação do destino e por esta mesma razão deveria existir este super Ministério que agregasse a Secretaria de Estado do Turismo e a Secretaria de Estado da Cultura, pois as políticas devem ser coordenadas, tanto para os portugueses como para os que nos visitam. O Turismo tem dado provas vivas de que é hoje uma das mais fortes fontes de receita e de criação de emprego do País. O Turismo nunca contribuiu tanto como hoje para o PIB, sendo que o setor já pesa 7% na economia nacional, segundo números oficiais. Provavelmente o contributo é ainda maior por se desconhecerem os consumos reais e efectivos de quem nos visita e faz muitos pagamentos em euros. Provavelmente, se não fosse o Turismo talvez ainda estivéssemos no procedimento por défice excessivo, mas pelo contrário e pela primeira vez em 42 anos a Balança de Pagamentos foi positiva, com forte contributo das “exportações” geradas pelo turismo.
O Turismo, que tem uma Secretaria de Estado super dinâmica e, em conjunto com os empresários do setor, alcançou resultados absolutamente extraordinários para o País, está, contudo, limitada. Não é um Ministério, logo não tem assento no Conselho de Ministros. Assim, enquanto o Turismo anda a 120 km/h os restantes ministérios andam a 50 km/h no apoio às medidas complementares ao turismo. O Ministério da Saúde, o Ministério da Administração Interna, o Ministério do Ambiente, o Ministério do Trabalho, e por aí fora, não acompanham as politicas necessárias ao crescimento do turismo. O aeroporto de Lisboa está praticamente esgotado e não se avança nem para o aumento de slots nocturnos, nem com o aeroporto do Montijo. O turismo resulta num aumento de população e o Estado por força das receitas geradas tem a obrigação de aumentar os serviços de apoio, por forma a não criar reacções negativas ao turismo na população residente. Os serviços de saúde devem aumentar a resposta em função do aumento de população gerado pelo turismo; o mesmo para a segurança. O Algarve no Verão passa de 300,000 habitantes para 2,000,000 e a GNR vê o seu contingente aumentado em apenas 15% (mais 193 efectivos que se juntam aos 1,270 existentes). A falta de agentes do SEF nos aeroportos criam filas inaceitáveis, dando uma imagem negativa do pais. A legislação laboral também não acompanha as necessidades do Turismo. A flexibilidade laboral é essencial para o aumento da qualidade de serviço no setor; o mesmo com a mobilidade. Portagens virtuais, portageiros automáticos que só “falam” em português, falta de transportes públicos, indecisão na legalização definitiva nas plataformas de ridesourcing como a Uber, Cabify, etc. Plataformas universais que garantem uma qualidade de serviço e confiança à altura das exigências de um turista qualificado. O futuro passa pela convivência destas plataformas e os táxis, pois cada um será obrigado a esforçar-se na melhoria do serviço ao cliente. Não tenhamos duvidas que se estas plataformas não operassem em Portugal, estaríamos perante uma situação grave de descontentamento de quem no vista por falta de serviço de transportes, porque o aumento do fluxo turístico não foi correspondido ao aumento das licenças de táxi. Por exemplo, o Algarve mantém o numero de licenças de táxi na época alta ao contrario de destinos como Ibiza que duplica o numero de licenças apenas para a época alta. É fundamental garantir um aumento de transportes em circulação para garantir o nível de satisfação dos residentes e dos turistas e assim facilitar a actividade económica. A restauração e a animação nocturna só se desenvolvem se existir forma de transporte para os clientes. O objectivo nacional de atrair cada vez mais turistas de qualidade, ou seja turistas que consumam mais, passa obrigatoriamente pela garantia de um destino moderno com serviços à altura das exigências.
O Turismo não pode crescer sozinho. A descoordenação é total. Enquanto ainda se está a discutir se as plataformas de ridesourcing são legais ou não, já se está a cobrar impostos. Assim temos um pais a andar a duas velocidades.
O Turismo contou com o apoio dos privados na criação de conteúdos, contou com as companhias de aviação que responderem com mais rotas, contou com a indústria hoteleira que respondeu com aumento de camas, contou com forte investimento no alojamento local, contudo, não contou com o apoio na mobilidade interna e na logística de apoio local. Os ministérios não acompanharam o crescimento económico alcançado pelo Turismo. As infra-estruturas de apoio têm que acompanhar o aumento de fluxo da população, para a população fixa ou flutuante. Uma coordenação com a Cultura seria a forma de manter a autenticidade do destino. Uma politica nacional para o Turismo coordenada por um Ministério, é um fator essencial para manter a população residente satisfeita e garantir turismo de qualidade.
*Por Álvaro Covões, managing director da Everything is New