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Opinião

Wellness Tourism – O Turismo de Bem-Estar e o Hidrotermalismo

A procura por experiências turísticas mais saudáveis e retemperadoras parece ser uma tendência claramente instalada e as regiões turísticas, os operadores e os prestadores de serviço não a podem descurar.

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Wellness Tourism – O Turismo de Bem-Estar e o Hidrotermalismo

A procura por experiências turísticas mais saudáveis e retemperadoras parece ser uma tendência claramente instalada e as regiões turísticas, os operadores e os prestadores de serviço não a podem descurar.

Sobre o autor
António Lopes de Almeida

O turismo tem-se vindo a afirmar como um veículo cada vez mais importante para melhorar a qualidade de vida, tanto no plano físico, como no psicológico. Por um lado, porque potencia efeitos benéficos para a saúde, constituindo-se como uma excelente oportunidade para combater o stress profissional, o esgotamento físico, mental e emocional. Por outro lado, porque na maioria dos casos representa enriquecimento interior: cultural, espiritual e também social. É sabido que até mesmo as ofertas turísticas convencionais se têm vindo a adaptar no sentido de captar estes efeitos benéficos, levando muitos a afirmar que o desenvolvimento do turismo, sobretudo de lazer, se orienta cada vez mais para o bem-estar e qualidade de vida.

Mal afinal o que é ‘bem-estar’? Parece consensual o caráter multidimensional deste conceito. Trata-se de uma condição baseada no equilíbrio e na espiritualidade, combinando saúde física e psicológica com outros intervenientes de tipo social e ambiental. Nesta perspetiva holística, o ‘turismo de bem-estar’ deve compreender-se igualmente de forma abrangente e multifacetada. Tanto pode estar diretamente relacionado com viagens de caráter médico, cuidados de saúde e recuperação física; como também, com o puro relaxamento, entretenimento, aventura e desenvolvimento interior. Todas estas fórmulas, visando proporcionar uma melhor condição de vida e uma maior longevidade. Entre outros elementos presentes, sobressaem neste tipo de ofertas uma alimentação saudável e equilibrada, o exercício físico/ desporto e, normalmente, o acesso a um conjunto de práticas e serviços, como por exemplo: tratamentos e massagens de relaxamento, yoga, tai-chi e meditação.

Esta oferta turística tem vindo a conquistar particular relevância à escala global, sendo já considerado um dos segmentos com maior crescimento e impacto económico. De acordo com as projeções do Global Wellness Institute, este segmento deverá atingir receitas na ordem de 1,4 biliões de USD em 2027, e um crescimento anual da procura na casa dos 17%.

Uma das faces visíveis desta crescente afirmação é a proliferação de estabelecimentos SPA (Salut per Acqua), tanto integrados em unidades hoteleiras (Resort/ Hotel SPA), como os independentes (Daily SPA). De acordo com os registos do Turismo de Portugal, contabilizam-se no nosso país cerca de 620 destas unidades, com potencial para crescer pelo menos a um ritmo idêntico ao da projetada oferta hoteleira de categoria superior (4/ 5 estrelas). Uma unidade de SPA de serviço completo é cada vez mais importante para o sucesso do negócio. Sendo isto particularmente mais relevante no caso dos hotéis de cidade, onde se estimam aumentos de até 20% nos resultados operacionais pela incorporação deste tipo de serviço.

A procura por experiências turísticas mais saudáveis e retemperadoras parece ser uma tendência claramente instalada e as regiões turísticas, os operadores e os prestadores de serviço não a podem descurar.

No espaço europeu, Portugal é considerado um dos países mais ricos quanto a recursos hidrotermais. Neste âmbito mais específico do turismo de bem-estar será cada vez mais importante capitalizar o estatuto, os recursos e as suas estruturas de suporte. O desenvolvimento sustentado das nossas mais de 4 dezenas de estâncias termais traduzem bem esta necessidade. A promoção das estâncias termais enquanto espaços integrados de turismo de bem-estar e saúde (e não apenas como locais de puro tratamento) parece ser um caminho cada vez mais promissor. Diga-se aliás, que, de acordo com os dados mais recentes, 68% dos clientes já utilizam as termas em Portugal com este propósito – curtas estadas de bem-estar e lazer (contra 32% de termalistas clássicos), tratando-se sobretudo de uma população mais jovem, onde os turistas estrangeiros assumem um peso já considerável (13% do total). Atendendo à maior descentralização destes centros de produção turística (veja-se que a maioria das estâncias termais se situa no interior das regiões centro e norte do país) os benefícios de um maior desenvolvimento deste tipo de turismo são por demais evidentes. Tanto no plano do seu potencial contributo para esbater as assimetrias turísticas regionais, como para a tão almejada atenuação da sazonalidade da procura turística – já que falamos de um tipo de oferta predominantemente não-sazonal.

De forma mais geral, o desenvolvimento estrutural e sustentado deste tipo de turismo poderá passar por inovar, diversificar e requalificar a oferta. Quer pela via da integração de novas infraestruturas de lazer e desporto, quer pela readequação e enriquecimento de programas, atividades e serviços. Desde logo, os mais prementes tal como a alimentação.

A gastronomia regional é considerada por muitos (e algo injustamente) como pouco compatível com os mais elevados valores do bem-estar e saúde. Urge alterar esta perceção promovendo em simultâneo o potencial da nossa gastronomia para a afirmação do turismo de bem-estar de âmbito regional. Trata-se à partida da aposta na cuidada seleção de elementos gastronómicos de qualidade inquestionável (puros, locais e da época) e, em seguida, na frugalidade das propostas de consumo, fortemente associada aos valores da dieta mediterrânica que tão bem carateriza a nossa gastronomia. Bem-estar significa também uma alimentação de elevada qualidade, rica e diversificada, a que necessariamente se junta a partilha e o prazer espiritual da boa-mesa!

Sobre o autorAntónio Lopes de Almeida

António Lopes de Almeida

Docente do ISAG – European Business School
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