Valor Partilhado
A responsabilidade social implica hoje um novo contrato de confiança entre os diferentes atores económicos e sociais e só com uma verdadeira mobilização e participação se conseguirão resultados concretos.
No célebre artigo que publicou na Harvard Business Review, Michael Porter introduziu o conceito de Valor Partilhado como um elemento central na gestão da competitividade do Estado e das Organizações neste complexo tempo de crise. Segundo o conceituado especialista, o valor transacionável gerado no mercado deverá ser partilhado de forma adequada e justa pela sociedade, de forma a garantir mecanismos de resposta às necessidades crescentes de segmentos da população sem alternativas de rendimento. O Valor Partilhado é assim o compromisso de afirmação da Responsabilidade Social por parte das organizações num mundo global com crescentes exigências.
O Estado e as Empresas têm hoje uma responsabilidade social acrescida e mais exigente. A gestão de expectativas é hoje fundamental e quando se começaram a agudizar os sinais de falta de controlo na gestão operacional das contas públicas criou-se o imperativo da necessidade da intervenção. O Estado assumiu a condução do processo, para evitar a contaminação do sistema e a geração de riscos sistémicos com consequências incontroláveis, mas as dúvidas mantiveram-se em muitos quanto à existência de soluções alternativas mais condicentes com o funcionamento das regras do mercado. A responsabilidade social implica hoje um novo contrato de confiança entre os diferentes atores económicos e sociais e só com uma verdadeira mobilização e participação se conseguirão resultados concretos.
Na Nova Sociedade Aberta, importa de forma clara consolidar o posicionamento de todos aqueles que têm um contributo a dar para a afirmação duma identidade partilhada e aceite por todos. Nem sempre se tem conseguido corresponder a este desafio. Querer cultivar a pequenez e aumentá-la numa envolvente já de si pequena é firmar um atestado de incapacidade e de falta de crença no futuro. É doentia a incapacidade em definir, operacionalizar e dinamizar a lógica de capital social na nova sociedade. Por isso, e mais do que nunca, a inteligência coletiva no aproveitamento das contribuições destes novos atores torna-se nesta matéria um dado fundamental com que se deve contar para a afirmação de uma Sociedade mais equilibrada e justa.
A consolidação do papel destes novos atores entre nós passa em grande medida pela efetiva responsabilidade nesse processo dos diferentes atores envolvidos – Estado, Universidade e Empresas. Todos eles têm que nesta matéria saber estar à altura destas expectativas de participação / colaboração tão próprias da Sociedade Aberta atrás referida. Impõe-se neste sentido uma articulação adequada ente estes atores relativamente a um consenso estratégico à volta do adequado aproveitamento do capital de contribuição destes novos atores. Um desígnio de reinvenção que acelere uma verdadeira ação coletiva de mobilização de ideias e vontades em torno duma mudança desejada.
É aqui que entram os novos atores. Compete a estes atores de distinção um papel decisivo na intermediação operativa entre os que estão no topo e os que estão na base da pirâmide. Só com um elevado índice de capital intelectual se conseguirá sustentar uma participação consistente na renovação do modelo social e na criação de plataformas de valor global sustentadas para os diferentes segmentos territoriais e populacionais. É esta a essência da Gestão do Valor Partilhado.