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Opinião

Um novo paradigma na avaliação do sucesso dos destinos turísticos

A sensibilização e adoção de práticas mais responsáveis por parte dos turistas e das comunidades locais, fazendo da sustentabilidade uma nova métrica de avaliação no sucesso, são os principais objetivos.

Opinião

Um novo paradigma na avaliação do sucesso dos destinos turísticos

A sensibilização e adoção de práticas mais responsáveis por parte dos turistas e das comunidades locais, fazendo da sustentabilidade uma nova métrica de avaliação no sucesso, são os principais objetivos.

Sobre o autor
Antonio Jorge Costa

Tradicionalmente, a indústria do turismo tem confiado em métricas económicas e financeiras para medir o desempenho turístico. Esta abordagem tem sido uma prática comum ao longo de décadas, com uma forte incidência na quantidade, particularmente, no número de turistas e nas suas despesas nos destinos.

Aspetos como os níveis de satisfação com o produto/experiência e as dimensões dos impactos do turismo sobre as populações de acolhimento têm sido pouco considerados pelos governos e DMOs.

No entanto, esta mentalidade está em alteração e a visão que temos do turismo hoje é muito diferente. O preço já não tem um papel tão determinante nas escolhas dos turistas e ter destinos sobrelotados já não é sinónimo de sucesso. Atualmente, a experiência turística é mais profunda, valoriza a relação com a comunidade local e as suas tradições, os turistas selecionam opções que lhes permitam contribuir para a preservação do ambiente (ainda que possam ser mais caras) e procuram estar nos destinos fora das épocas altas.

Outro elemento fundamental é a compreensão da importância da comunidade local como um recurso crucial dos destinos: quanto mais envolvida estiver na dinâmica turística, melhor compreende os benefícios que a atividade está a gerar no seu território e na melhoria da sua qualidade de vida, e a experiência turística sai beneficiada.

É, portanto, a necessidade de compreender estas duas realidades que evidencia a necessidade de planear e avaliar o sucesso do turismo de forma diferente. Por um lado, potenciando o crescimento em valor dos destinos e, por outro, fazendo com que se relacione de forma positiva com a comunidade local, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento social, cultural e para a preservação ambiental dos territórios.

Esta premissa levou-nos a explorar o tema com maior profundidade, tendo para tal convidado vários especialistas mundiais em turismo e sustentabilidade para contribuir com as suas reflexões para a edição especial da prestigiada revista WHATT – Worldwide Hospitality and Tourism Themes, que o IPDT coordena. Os autores apresentaram diversas alternativas para desenhar modelos de avaliação da dinâmica turística dos destinos, assentes numa lógica de sustentabilidade, nas dimensões económica, social, cultural e ambiental.

É desta profunda reflexão que surge o índice de sucesso dos destinos do IPDT, lançado no decorrer da Tourism Conference’23, e que procurou identificar os destinos de maior sucesso entre os 308 municípios nacionais.

O Índice de Sucesso dos Destinos prioriza o crescimento de um turismo mais competitivo e com qualidade, para responder às atuais exigências dos novos padrões de consumo a nível turístico. A sensibilização e adoção de práticas mais responsáveis por parte dos turistas e das comunidades locais, fazendo da sustentabilidade uma nova métrica de avaliação no sucesso, são os principais objetivos.

Desta forma, são contemplados 17 indicadores, que integram as áreas ambiental, social, económica e cultural – tendo por base dados disponibilizados pelo INE, PORDATA e websites de algumas Direções Gerais – permitindo analisar a atual situação dos destinos.

O consumo de energia e de água, emissões de gases de efeito de estufa, a taxa de criminalidade, a igualdade de género, a intensidade e densidade turística, taxa de sazonalidade, VAB do alojamento e restauração, certificação do destino, são alguns dos indicadores considerados no índice.

Com base na avaliação contemplada, a nível nacional, concluiu-se que Melgaço, Ponta do Sol, Manteigas, Sardoal e Mondim de Basto são os 5 destinos turísticos com maior sucesso em Portugal (https://www.ipdt.pt/melgaco-destino-turistico-maior-sucesso-portugal/).

Contributos e lições a reter
Desta reflexão e de todo o trabalho desenvolvido em torno da construção do índice, destacam-se as seguintes conclusões e lições a reter:

  • O turismo precisa de se tornar mais relevante para as comunidades de acolhimento tendo, simultaneamente, em consideração as necessidades e desejos dos visitantes;
  • Os destinos devem manter e explorar a sua singularidade e autenticidade;
  • A avaliação do sucesso dos destinos deve compreender uma visão que vá para além das métricas meramente quantitativas, integrando também aspetos sociais, culturais e ambientais;
  • Este modelo de avaliação deve ser visto como incentivo e um impulso à otimização dos destinos turísticos e à transição para um futuro mais sustentável, com crescimento em valor, em que o turismo seja responsável pelo bem-estar e felicidade, tanto dos turistas, como das comunidades locais.
Sobre o autorAntonio Jorge Costa

Antonio Jorge Costa

Presidente do IPDT - Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo
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