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Opinião

Sustentabilidade: A importância da certificação dos destinos turísticos e o caso dos Açores

O turismo sustentável surge como resposta ao crescimento exponencial do turismo, tendo um papel cada vez mais importante à medida que os números do setor vão atingindo novos recordes.

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Sustentabilidade: A importância da certificação dos destinos turísticos e o caso dos Açores

O turismo sustentável surge como resposta ao crescimento exponencial do turismo, tendo um papel cada vez mais importante à medida que os números do setor vão atingindo novos recordes.

Sobre o autor
Antonio Jorge Costa

A sustentabilidade é hoje uma das principais aliadas do turismo e o setor precisa de continuar a trabalhar para atingir um elevado nível de equilíbrio entre os padrões da oferta e os requisitos da procura.

Garantir experiências memoráveis, aliadas à consciencialização sobre questões ligadas à sustentabilidade e a práticas que a promovam é um dos principais objetivos do turismo.

Sobre o tema, a Organização Mundial de Turismo refere que nem o ´ambiente natural nem o tecido sociocultural das comunidades de acolhimento devem ser prejudicados pela chegada de turistas. Pelo contrário, o ambiente natural e as comunidades locais devem beneficiar do turismo, económica e culturalmente. A sustentabilidade implica que os recursos e atrações do destino devam ser utilizados de forma que o seu uso por futuras gerações, não seja comprometido.’

O turismo sustentável surge como resposta ao crescimento exponencial do turismo, tendo um papel cada vez mais importante à medida que os números do setor vão atingindo novos recordes. Neste contexto, os destinos devem desenvolver uma estratégia que defenda uma visão integrada, com mais valias para a economia, sociedade, cultura e ambiente, ao mesmo tempo que investem na sustentabilidade e na sua certificação, indo ao encontro das preocupações crescentes dos turistas no que respeita à valorização de práticas sustentáveis.

A jornada dos Açores rumo à certificação como destino turístico sustentável
Em 2019, os Açores foram certificados como destino turístico sustentável, tornando-se o primeiro arquipélago do mundo a obter esta distinção. A certificação foi atribuída pela Earthcheck – entidade acreditada pelo Global Sustainable Tourism Council (GSTC) para certificar destinos turísticos, tendo a assessoria do processo sido da responsabilidade do IPDT.

O processo de certificação teve início em dezembro de 2017 com a realização da conferência ´Açores 2017: no rumo do turismo sustentável’, seguindo-se a criação da Açores DMO (Destination Management Organization), em 2018. Esta é a entidade responsável pela gestão da sustentabilidade do destino, na dependência da Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas. Em colaboração com os seus parceiros locais, definiu a Política de Gestão da Sustentabilidade dos Açores, que veio materializar as diretrizes estratégicas para do destino e definir os compromissos a atingir.

A auditoria externa e independente ao destino ocorreu no final de 2019 em três ilhas do arquipélago: São Miguel (Grupo Oriental), Terceira (Grupo Central) e Flores (Grupo Ocidental). Nesta etapa foram revistos os dados recolhidos na fase de análise comparativa (Benchmark) e toda a documentação associada. Os resultados foram positivos e o destino recebeu a certificação “Silver”. Continuando o trabalho de proteção dos seus recursos, através de dinâmicas turísticas que envolvam toda a comunidade, em 2024 os Açores deverão receber o nível ‘Gold’ de certificação.

No âmbito deste processo, destaca-se a ‘Cartilha de Sustentabilidade dos Açores’, um instrumento de apoio à adoção prática dos princípios da Agenda 2030 no quotidiano das organizações, premiada a nível nacional pelo IPAMEI, como melhor projeto no “Apoio à Transição Sustentável”, no âmbito dos European Enterprise Promotion Awards, em 2022.

Ao obter a certificação internacional de sustentabilidade, os Açores atingiram um nível de notoriedade acrescido. Segundo dados do INE, 2022 foi o melhor ano turístico de sempre, com mais de um milhão de hóspedes, 3,2 milhões de dormidas e uma receita turística de 145 milhões de euros, um crescimento em valor superior a 25% relativamente a 2019, em linha com o que se pretende para o Arquipélago.

Contributos e lições a reter
Desta reflexão e do exemplo de sucesso dos Açores, destacam-se as seguintes lições a reter:

  • Os turistas valorizam, cada vez mais, destinos turísticos certificados, que adotem práticas sustentáveis;
  • A certificação para a sustentabilidade permite aos destinos obterem visibilidade e confiança por parte desta fatia crescente de turistas para quem a sustentabilidade é um requisito;
  • A certificação garante que o destino adota processos reconhecidos internacionalmente e cumpre os padrões estabelecidos para o turismo sustentável;
  • O investimento em processos de certificação dos destinos turísticos assegura resultados logo a curto prazo;
  • A certificação é um compromisso estratégico de longo prazo, uma mudança de mentalidade que exige esforço, empenho e cooperação por parte da sociedade, em torno de um objetivo comum;
  • A sustentabilidade deixou de ser uma opção, para se tornar no único caminho possível para a humanidade.

 

Sobre o autorAntonio Jorge Costa

Antonio Jorge Costa

Presidente do IPDT - Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo
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