“Markt(ourism)ing”
O Marketing e o Turismo podem ser o melhor de dois mundos para os negócios deste século, mesmo enfrentando as alterações que a Inteligência Artificial (IA) nos “ameaça”.
Amaro F. Correia
Docente Atlântico Business School. Doutorado em Ciências da Informação (Sistemas, Tecnologias)
Ao percorrerem a Internet encontrarão variados conceitos de Turismo. O mais correto será seguir as recomendações da OMT que define, como “as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”. Habituei-me a ler e a interpretar variadíssimos autores dos 4 cantos do Mundo na minha vida académica, até porque me permitiram evoluir nas teorias e nos conceitos que defendi perante os públicos que fui encarando. Pela enorme diversidade de quem, hoje, analisa a criação de definições desloco a discussão para a importância e o enquadramento nas sociedades à luz do estudo do Marketing.
Daí a criação, agora mesmo, do Markt(ourism)ing porque entendo que é no Marketing que o turismo tem uma ampla evolução e discussão, quer através da utilização de ferramentas, quer nas metodologias como a W5H2 (conjunto de questões utilizadas para compor planos de ação de maneira rápida e eficiente), na H2H (human-to-human que representa o conceito por trás de qualquer setor, negócio, ou consumidor…orientado de pessoa para pessoa), quer na Ansoff (surge como ferramenta para auxiliar no crescimento organizacional) ou mesmo, na Porter (que considera 5 fatores as “forças” competitivas, que devem ser estudadas para que se possa desenvolver uma estratégia empresarial eficiente), ou ainda, na simples Swot (ferramenta de gestão que serve para fazer o planeamento estratégico das empresas e novos projetos) e por fim “a cereja no topo do bolo” para quem quer internacionalizar ou conhecer melhor o seu país, a PESTAL (quadro utilizado para analisar e avaliar os fatores políticos, económicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais que podem ter impacto numa empresa ou organização).
Serve isto para justificar que o Marketing e o Turismo podem ser o melhor de dois mundos para os negócios deste século, mesmo enfrentando as alterações que a Inteligência Artificial (IA) nos “ameaça”.
Continuo a defender planeamento e a estratégia e não acredito, que a IA ameace os negócios de Turismo. Podem obrigar a uma modificação no limite uma adaptação, mas não acredito na extinção, por convicção. Recordo que a 1.ª Revolução Industrial ameaçou o emprego do Mundo. O que mudou? Precisamos de ter empreendedores com os pés assentes no chão e recorrer, em situações informativas/jurídicas, às associações disponíveis em Portugal, como a APAVT, o Turismo de Portugal entre outras que podem ser ajudas eficazes na manutenção do negócio Turismo.
A visão que disponho, hoje, do mundo do turismo em Portugal é muito holística, onde podem caber Todos, Todos, Todos de forma a partilhar informação e conhecimento. Penso que a IA obrigará a fazer esse caminho sob pena de quem resistir ou se atrasar pode ficar com o negócio em risco. Defendi sempre, a atividade turismo como a mais inclusiva de todas e a que criava maior encantamento. A par disso, as campanhas de marketing desenvolvidas pelas empresas da área, podem gerar bons negócios, mas com regras e orientações bem planeadas.
Porquê? Porque muitas das empresas procuram desenvolver campanhas de forma a melhorar o seu posicionamento das suas marcas e a aproveitam os grandes momentos de aproximação ao seu público, eficazmente.
Acrescento a isto um novo conceito de Emboscada, ou seja, um planeamento de Marketing Emboscada, quando uma empresa tenta promover em cima de um evento, sem ser o seu patrocinador oficial, ou mesmo sem ter autorização, não tendo qualquer dispêndio de orçamento, para o mesmo.
Esta chamada de atenção serve porque é comum em muitas áreas de negócio, sendo que o turismo sempre se desmarcou, de forma elegante, desta conduta. Neste Marketing temos duas variáveis: por associação (divulgar marcas, negócios, estabelecimentos, produtos, serviços, não autorizados) e por intrusão (expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos, serviços, não autorizados pelas entidades organizadoras).
Por isso a, fundamentada, sugestão para o recurso ao apoio institucional de quem tem mais experiência nesta área. Resumindo, o Marketing e o Turismo podem ser o que entendermos e podem ser usados da forma que os quisermos usar. “Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência.” Henry Ford