Locação Automóvel – Atividade essencial para uma mobilidade partilhada e sustentável
Não fosse a ainda reduzida rede de postos de carregamento, a frota de veículos de rent-a-car contaria já com um número muito superior.
Joaquim Robalo de Almeida
Secretário-geral da ARAC - Associação Nacional dos Locadores de Veículos
O setor automóvel vive uma profunda transformação, devido à chegada das novas tecnologias. 2023 foi um ano decisivo na mudança do paradigma da Mobilidade num Planeta que tem de ser salvo da continuação do aquecimento global, sendo o ano que agora finda considerado um marco na indústria automóvel, registando-se a partir daqui um antes e um depois de 2023.
A eletrificação do parque automóvel constitui um dos principais objetivos dos governos, empresas, ambientalistas e cidadãos em geral. Neste sentido Portugal necessita urgentemente de criar um modelo de mobilidade pensado e que não deixe nada para trás. Dúvidas não parecem restar de que a mobilidade elétrica encontra-se num ponto de não retorno, tendo em atenção que a eletrificação e o veículo elétrico são as tecnologias dominantes no setor automóvel nas quais os governos apostaram nos últimos anos.
Urge, pois, criar legislação que permita a Portugal avançar depressa e bem na senda da eletrificação, aproveitando para o efeito todos os fundos europeus Next Generation EU do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, existindo muito trabalho a fazer, nomeadamente o desenvolvimento das infraestruturas de carregamento para que a circulação de veículos elétricos seja uma realidade. Neste sentido o Governo, Autarquias Locais e Entidades Públicas devem incentivar as empresas e os cidadãos a proceder á troca dos veículos com motores a combustão por veículos de emissões zero, devendo explicar as vantagens de um veículo elétrico face ao veículo a combustão, sejam elas ambientais, fiscais ou mesmo de circulação.
Em Portugal a venda de veículos totalmente elétricos (excluído os híbridos) tem crescido exponencialmente nos últimos dois anos, com 2023 a representar já uma taxa de 17% do total dos veículos ligeiros de passageiros vendidos. O nosso país foi um dos países de linha da frente a incentivar a eletrificação das frotas. Contudo tal pioneirismo parece ter abrandado devendo perguntar-se onde está o grande desenvolvimento outrora anunciado. Onde estão as estações de carregamento que já deviam cobrir grande parte do território?
No mercado de rent-a-car, o “peso” dos veículos elétricos na composição da frota disponível para aluguer tem crescido gradualmente a cada mês que passa, cifrando-se já em mais de 3.500 viaturas totalmente elétricas á disposição dos clientes.
Não fosse a ainda reduzida rede de postos de carregamento, a frota de veículos de rent-a-car contaria já com um número muito superior ao mencionado atrás.
Onde estão os benefícios fiscais e sobretudo os apoios á compra e locação de veículos elétricos?
No que respeita á locação automóvel pergunta-se onde estão os falados hub’s de carregamento tão falados já lá vão dois anos, os quais são fundamentais para as atividades de partilha de veículos como o são o rent-a-car, o rent-a-cargo e o sharing, para que as empresas que desenvolvem estas atividades possam disponibilizar os veículos aos seus clientes.
Orgulhosamente afirmamos que Portugal é um país de turismo por excelência e sendo esta atividade o motor da economia nacional responsável atualmente por cerca de 16% do PIB, 17,5% das exportações globais, 47,4% das exportações de serviços e 8,5% do emprego.
Parece, no entanto, que por vezes nos esquecemos de que a mobilidade é a peça fundamental do Turismo, pois como é sabido sem mobilidade não existe turismo e sem turismo todas as atividades que lhe são complementares correm o risco de colapsar.
Portugal para atrair investimentos, quer no Turismo, quer noutras atividades económicas necessita de continuar a ser “amigo” do automóvel, devendo por isso investir seriamente na eletrificação e digitalização deste importante meio de mobilidade.
Estamos em tempo de proceder à revolução da mobilidade no nosso país, substituindo veículos a combustão com uma idade média de 14 anos (uma das mais altas da Europa), descarbonizando a circulação nas nossas estradas e sobretudo nas nossas cidades.
A locação automóvel, seja o aluguer de curta duração (rent-a-car e rent-a-cargo), seja o aluguer de muito curta duração (carsharing), seja o aluguer de longo prazo (ALD e renting) são verdadeiros dinamizadores da economia circular, sendo estas formas de utilização automóvel, o modelo de mobilidade mais sustentável, pois facilita a renovação da frota de veículos sejam de empresas, sejam de particulares, sejam de entidades publicas. O parque automóvel de rent-a-car tem uma idade média de três anos, sendo um grande dinamizador da economia circular, pois ao alienar os veículos, estes entram no mercado de veículos de ocasião, os quais podem ser adquiridos em bom estado de conservação, bem mantidos, em condições de segurança e dotados dos últimos avanços tecnológicos.
A mobilidade do futuro é sem dúvida uma mobilidade sustentável, eficiente e integrada, isto é, os vários meios de mobilidade desde a bicicleta ao avião, passado pelo comboio, automóvel e barco, devem estar articulados entre si, os quais podem ser reservados através de plataformas eletrónicas para o efeito.
É fundamental que o mundo olhe para a descarbonização como a última oportunidade – The Last opportunity– para que a Terra continue a ser um planeta habitável para as próximas gerações e não um planeta com catástrofes naturais frequentes ou mesmo diárias, pois a não aproveitar esta última chance todo o enorme esforço feito pelos países europeus poderá ter um efeito muito reduzido.