Igualdade de género: um pilar da sustentabilidade e do futuro coletivo
Quando falamos de sustentabilidade, muitas vezes o foco recai sobre o ambiente, o “E” da sigla ESG. Porém, o “S” – Social – é igualmente relevante e intrinsecamente ligado à igualdade de género. Garantir igualdade de oportunidades e criar ambientes inclusivos é um dos pilares para construir sociedades mais resilientes.
No final de cada ano tenho aproveitado este espaço para partilhar algumas reflexões sobre os temas que considero essenciais para a evolução da nossa sociedade e para o papel que todos podemos desempenhar no caminho rumo a um futuro mais justo e equilibrado. Este ano volto a destacar a igualdade de género, um tema que continua a ser crucial, não apenas no âmbito ético e social, mas também como um dos alicerces da sustentabilidade, em especial do “S” na sigla ESG (Environmental, Social and Governance).
A igualdade de género tem sido debatida em múltiplos fóruns, mas os avanços, apesar de significativos em algumas áreas, continuam insuficientes noutras. No contexto corporativo, a diversidade, equidade e inclusão (DEI) são mais do que boas práticas: são imperativos éticos e estratégicos. Estudos mostram que equipas diversificadas, nas quais homens e mulheres participam de forma igualitária, são mais criativas, inovadoras e eficazes na resolução de problemas.
No entanto, os números continuam a evidenciar desafios profundos. A disparidade salarial entre géneros persiste, e a presença feminina em posições de liderança ainda é escassa, especialmente em setores tradicionalmente dominados por homens. A questão é transversal e exige um compromisso de todos, desde governos e empresas até à sociedade civil.
Quando falamos de sustentabilidade, muitas vezes o foco recai sobre o ambiente, o “E” da sigla ESG. Porém, o “S” – Social – é igualmente relevante e intrinsecamente ligado à igualdade de género. Garantir igualdade de oportunidades e criar ambientes inclusivos é um dos pilares para construir sociedades mais resilientes.
A inclusão de políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) nas organizações deve ser mais do que um ato simbólico. Trata-se de um compromisso real em valorizar as diferenças e construir pontes que nos aproximem de um propósito comum. Isso inclui não apenas a criação de espaços de trabalho onde todas as vozes sejam ouvidas, mas também o reconhecimento de que práticas sustentáveis só podem prosperar em ambientes onde a diversidade é encarada como uma força.
Um dos temas que tem vindo a ser discutido é a questão das quotas, uma temática que considero cada vez mais sensível. Por um lado, as quotas podem ser uma ferramenta essencial para reduzir as desigualdades existentes e promover uma maior representatividade. No entanto, por vezes sinto que há uma perceção equivocada, quase como uma acusação, de que certos cargos são atribuídos apenas para cumprir metas numéricas, desvalorizando as competências e o mérito de quem os ocupa.
Reflexão Necessária e Urgente
Este ano, redijo este artigo no dia 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Esta data, que deveria servir como um momento de reflexão e ação para combater um dos maiores flagelos da nossa sociedade, foi marcada por declarações públicas profundamente preocupantes e irresponsáveis, feitas por pessoas em posições de grande influência.
Essas afirmações não apenas desrespeitam as vítimas, como também enfraquecem o esforço coletivo para eliminar a violência de género. Mais do que nunca, é fundamental reforçarmos a importância da igualdade de género como um direito humano básico e como um alicerce indispensável para qualquer sociedade que aspire à justiça e à paz.
Termino este artigo com um apelo: que cada um de nós, nas nossas esferas de influência, assuma o compromisso de ser parte da solução. Que avancemos juntos, de forma consciente e determinada, para um futuro onde a igualdade de género não seja apenas um objetivo, mas uma realidade concretizada. Porque a sustentabilidade – e o nosso futuro coletivo – depende disso.