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Opinião

Gestão de Recursos Humanos, Grupo Pestana, merytu: um exemplo de uma triangulação estratégica

Com a atividade turística a ser preconizada pela iniciativa privada e a afirmação desta a ser condicionada pelo mercado, questiona-se a quantificação de metas a atingir e os recursos a disponibilizar para tão hercúlea área.

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Gestão de Recursos Humanos, Grupo Pestana, merytu: um exemplo de uma triangulação estratégica

Com a atividade turística a ser preconizada pela iniciativa privada e a afirmação desta a ser condicionada pelo mercado, questiona-se a quantificação de metas a atingir e os recursos a disponibilizar para tão hercúlea área.

Sobre o autor
João Caldeira Heitor

A atividade turística e a gestão de recursos humanos, com especial incidência na hotelaria e restauração, tem marcado a agenda diária de empresários e responsáveis públicos, face à sua relevância para o funcionamento da atividade turística.

Por entre a celebração do acordo de mobilidade com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (para facilitar a circulação de pessoas que venham trabalhar no setor do turismo), a desburocratização de processos, os vistos para procura de trabalho, a formação técnica e linguística, para as quais se convocaram as empresas, escolas e Instituto de Emprego e Formação Profissional, uma política sustentável de gestão de recursos humanos dependerá, cumulativamente, de mais dois fatores basilares: salários e inovação.

Salários. O Pestana Hotel Group tem liderado, em termos empresariais, a nova estratégia de remunerações, ao ter fixado (já no passado mês de fevereiro) nos 1.000€, o valor mínimo mensal total para cada pessoa que ingresse neste grupo hoteleiro. A este valor acresce um conjunto de benefícios (seguro de saúde, formação contínua, programa de mobilidade nacional e internacional, modelo híbrido de trabalho para serviços partilhados), contribuindo para a fixação dos recursos humanos no início de atividade profissional, reforçando a atratividade, assegurando a permanência de talentos e sustentando o desenvolvimento de planos de carreiras com crescimento salarial e funcional. Com mais de 6 mil trabalhadores e em constante recrutamento, o Grupo Pestana preconiza uma política de remunerações ajustada à necessidade da sua atividade económica, valorizando os seus recursos humanos.

Inovação. Ainda que a entrada no mercado de trabalho da atividade turística ocorra quase de forma imediata (devido ao elevado défice de recursos), a requisição de recém-licenciados com experiência profissional ainda é visível em alguns anúncios de emprego. Coloca-se de imediato uma pergunta simples: como é que se desejam jovens licenciados nas mais diversas áreas do turismo, pedindo-lhes, simultaneamente, experiência profissional? Hoje, é possível. A aplicação merytu, enquanto ferramenta de aceleração do network, permite, por exemplo, que os alunos do ensino superior iniciem, paulatinamente, a entrada no mercado de trabalho, face especificidade do conceito subjacente desta nova ferramenta de gestão de recursos humanos.  A merytu ao procurar e disponibilizar trabalhadores para necessidades pontuais de empresas, criou diversas funcionalidades que possibilitam oportunidades de trabalho flexíveis e remunerações ajustadas à experiência individual, de acordo com a disponibilidade e função de cada pessoa. Esta nova ferramenta informática (financiada pela Portugal Ventures e que trabalha com a Tranquilidade, a Magnifinance e utiliza a tecnologia do Santander), ilustra o “casamento perfeito” entre procura e oferta, num novo mercado da gestão de recursos humanos que deve articular agendas e necessidades diferenciadoras, de empresas e trabalhadores, como resposta aos desafios diários da atividade turística.

Estes dois exemplos, de iniciativa privada, consolidam e revolucionam, concomitantemente, a gestão de recursos humanos, comprovando que é possível reconquistar a qualidade do serviço e garantir a sustentabilidade económica e social em torno do turismo nacional.

Uma última nota.

Esta semana foi apresentada a Agenda para as Profissões do Turismo, com 20 medidas que visam o crescimento nas qualificações, a atratividade das profissões e o reforço do número de profissionais. É um ambicioso documento, com evidente preocupação política e governativa. Todavia, com a atividade turística a ser preconizada pela iniciativa privada e a afirmação desta a ser condicionada pelo mercado, questiona-se a quantificação de metas a atingir e os recursos a disponibilizar para tão hercúlea área. Importa ainda aferir a estratégia de captação de jovens para os cursos de ensino superior na área do turismo que, como se sabe, sofreram um decréscimo nos últimos anos. Com a Agenda para as Profissões do Turismo a definir como slogan: “Tornar Portugal o Melhor Destino para Estudar em Trabalhar” e  face ao último estudo do Banco de Portugal que indica que “o salário real dos trabalhadores com Ensino Superior diminuiu 134 euros, entre 2006 e 2020” e a existência de uma redução das desigualdades salariais face à subida do salário mínimo, importa saber de que forma é que o governo vai efetuar a triangulação entre formação superior, remunerações e emprego atrativo, envolvendo, concomitantemente, institutos politécnicos, universidades e empresas.

Sobre o autorJoão Caldeira Heitor

João Caldeira Heitor

Coordenador Científico da Licenciatura em Gestão do Turismo do ISG – Instituto Superior de Gestão
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