“De Matosinhos a Janas”
Localizada a Norte da Serra de Sintra, na simpática aldeia de Janas, a Quinta de San Michel é um pequeno oásis numa das DOC (Denominação de Origem Controlada) da região vitivinícola de Lisboa, designada de Colares.
André Villa de Brito e Pedro Valle
André Villa de Brito, Sommelier e Tour Guide, e Pedro Valle Abrantes, Managing Partner da Trypor
Localizada a Norte da Serra de Sintra, na simpática aldeia de Janas, a Quinta de San Michel é um pequeno oásis numa das DOC (Denominação de Origem Controlada) da região vitivinícola de Lisboa, designada de Colares.
Saindo de Lisboa em direção ao norte da Serra de Sintra, percorremos caminhos por uma paisagem bucólica, repleta de bosques, sendo surpreendidos, aqui e acolá, por vistas deslumbrantes para o litoral Atlântico da região.
À chegada à Quinta, fomos recebidos por Alexandre Guedes, o Enólogo. Com apenas 34 anos, possui um currículo e uma experiência de vida apaixonantes de se ouvir. Nasceu em Matosinhos, no distrito do Porto, licenciou-se em Agronomia em Viseu, aventurou-se na Austrália, Nova Zelândia, Itália e EUA, onde teve a oportunidade de trabalhar em produtores de vinhos renomeados. Regressa a Portugal, onde trabalhou na Herdade Grande como Enólogo, quis experimentar e aprender a perspetiva do serviço de vinho num Hotel de referência em Lisboa e, em 2018, abraça o projeto da Quinta de San Michel.
Iniciámos a nossa visita na vinha principal, onde nos cerca de 2 hectares estão plantadas as castas brancas Malvasia de Colares e Arinto, em solo argilo/calcário, podendo desfrutar-se de uma vista deslumbrante para o Palácio da Pena, o Castelo dos Mouros e o Palácio de Monserrate.
Seguimos pelas estradas de Janas, Fontanelas e Azenhas do Mar, em busca dos restantes 5 hectares de vinha plantada. Dispersos por vários terroirs, com vinhas de solo de areia, argila e calcário, clima moderado Atlântico e influência dos respetivos ventos fortes desta região, possuem um microclima muito especial para iniciar-se a expansão deste projeto com novas castas, como Castelão, Galego Dourado e Molar, que expetavelmente estarão em condições de dar a sua primeira colheita em 2 anos.
Numa região onde a humidade é uma condição, fruto dos altos níveis de precipitação, lidar com o fungo “Míldio” é um desafio para qualquer produtor. Preocupados com a sustentabilidade ambiental e do projeto, adotando técnicas modernas de combate a pragas e fungos, na Quinta de San Michel a certificação biológica é uma prioridade, não utilizando assim qualquer tipo de pesticidas e herbicidas.
Terminámos a nossa visita regressando ao início, conhecendo a adega, os processos de vinificação e armazenamento deste produtor e conhecendo algumas novidades que muito em breve estarão no mercado. Não poderia faltar uma belíssima degustação do Espumante da Quinta de San Michel, o primeiro Espumante de Colares, o Malvasia, o Arinto e o blend Malvarinto, acompanhado de queijos regionais e compotas feitas na Quinta, na sala provas com vista para a Serra de Sintra. Aqui ficámos também a conhecer o projeto “Wine Club” da Quinta de San Michel, que possibilita aos seus membros o acesso exclusivo aos vinhos mais inusitados de determinadas colheitas e de pequena produção, por um preço mais reduzido.
Sendo um Enólogo jovem, Alexandre encontrou na Quinta de San Michel todas as condições e autonomia para produzir vinhos muito diferenciados, utilizando apenas castas nativas de Portugal e da região de Colares. Aliando-se estas características ao envelhecimento em barricas de 300 litros, de carvalho francês, americano ou húngaro, produz vinhos com um perfil muito gastronómico, acidez alta, excelente estrutura de boca, oxidação deliberada, que confere aos vinhos um perfil de aromas terciários rico e equilibrado.
Durante a nossa visita, tivemos igualmente a oportunidade de conhecer os ideais dos projetos em curso, a filosofia empresarial e a respetiva visão do projeto, a curto e longo prazo.
A intenção de investir num serviço de Enoturismo diferenciado, com infraestruturas integradas na região, respeitando a natureza e a sua envolvente, e no qual a experiência vitivinícola para quem visita este produtor é uma prioridade, tanto para o Enólogo como para o proprietário, fazem deste projeto, um local a visitar, e do modelo de negócio, um exemplo a seguir para outros produtores nacionais.