EHMA: “Temos de mudar o paradigma da hospitalidade, especialmente no segmento de luxo”
Na conferência de imprensa que precedeu a 49.º conferência anual da European Hotel Managers Association (EHMA), os membros da associação fizeram algumas considerações sobre o presente e o futuro do setor, bem como da linha de atuação da EHMA.
Carla Nunes
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A European Hotel Managers Association (EHMA) reuniu-se na sexta-feira, 10 de fevereiro, em Lisboa para a sua 49.º conferência anual, num evento que tem lugar no Ritz Four Seasons de Lisboa de 10 a 12 de fevereiro, sob o tema “Inspiring the Future!”.
Na conferência de imprensa que precedeu o programa do evento, os membros da associação deram um plano geral de como decorrerão os próximos dias, além de fazerem algumas considerações sobre o presente e o futuro do setor.
Um dos pontos-chave frisado pela associação passa pela necessidade de atrair pessoas não só para a área hoteleira como, acima de tudo, para as escolas de hotelaria, uma vez que “tudo começa pela educação”.
A garantia foi dada por Stephan Stockkermans, vice-presidente adjunto da EHMA, que afirma que “no passado não foi dada a devida importância ao que a educação pode trazer para cima da mesa quando falamos em hospitalidade”. Nesse sentido, refere que é necessário “mudar o paradigma do que é a hospitalidade, especialmente na indústria de luxo”.
“Tudo começa com as escolas de hotelaria, mas também com uma mudança de atitude na indústria em ser inclusivo, não só quando falamos de jovens, mas também de seniores”, refere o vice-presidente adjunto, dando como exemplo o Norte da Europa, onde pessoas no segmento dos 60 anos “regressam à indústria hoteleira como uma espécie de geração de ouro”.
Com a tecnologia a tomar conta do panorama no setor, Stephan Stockkermans acredita que esta servirá, sobretudo, para a hotelaria ganhar tempo que seria investido “em questões standard” para passar a focar-se “nas relações interpessoais, na componente humana”.
“Num tempo em que as pessoas conseguem fazer o check-in no seu dispositivo, tanto num hotel de três estrelas como numa unidade de cinco estrelas, o mercado hoteleiro de luxo oferece algo extra, que é a componente humana do serviço: a receção, o sorriso, que faz os clientes sentirem-se especiais”, afirma, frisando que esta “é uma aposta mais holística”.
Na conferência de imprensa houve ainda a oportunidade para abordar a hipótese da semana laboral de quatro dias e se esta é aplicável a um setor como o da hospitalidade.
Na opinião de Stephan Stockkermans, “quando olhamos para o que nos espera, não podemos continuar a trabalhar como fazíamos no passado, temos que nos adaptar ao que a sociedade nos pede”. Nesse sentido, o vice-presidente-adjunto é da opinião de que “mais do que trabalhar três ou quatro dias por semana, [o desafio passa por] olhar para o calendário para encaixar as pessoas certas, no momento certo, no segmento certo”.
“Acho que há uma grande oportunidade para melhorar”, termina.
Será a posição de General Manager o trabalho de sonho no futuro?
O programa da EHMA Lisboa arrancou já esta sexta-feira, 10 de fevereiro, com a apresentação dos novos membros admitidos na associação, dois dos quais vão ganhar um curso online da Cornell Nolan Hotel School, dos Estados Unidos. Em paralelo, decorre uma sessão de trabalho promovida pela École Hôtelière de Lausanne (EHL Hospitality Business School), da Suíça, a “Young EHMA 2023 Group”.
Nesta, e como explicado em conferência de imprensa, foram apresentados os resultados atuais de um trabalho organizado pelos estudantes da École Hôtelière de Lausanne, que versa sobre se a posição de General Manager será o trabalho de sonho no futuro e porquê. Os resultados finais do estudo serão apresentados em junho.
“[Este] é um dos projetos mais entusiasmantes que a nossa associação fez nos últimos anos, porque vai mostrar-nos o que os estudantes sentem sobre nós, o que consideram que está em falta e como podemos melhorar, para criarmos uma base fértil para os jovens escolherem as escolas de hospitalidade e tornarem-se nos profissionais do futuro”, considera Panos Almyrantis, presidente da EHMA.
Durante já quase meio século, a EHMA escolhe um destino europeu diferente para organizar a sua assembleia geral anual. Esta é a primeira vez que a associação organiza a sua conferência em Lisboa em 18 anos, sendo que o último evento da associação na capital decorreu em 2005.