Sustentabilidade: A tendência que a pandemia veio acelerar também em Portugal
Não é propriamente novidade, mas o certo é que, com a pandemia da COVID-19 e as novas tendências que ela trouxe, se passou a ouvir falar cada vez mais da sustentabilidade no setor do turismo. Saiba o que estão as várias áreas do setor a fazer para se tornarem mais sustentáveis, também em Portugal.
Inês de Matos
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Apesar de não ser nova, a questão da sustentabilidade ganhou novo fôlego com a COVID-19. O coronavírus, que surgiu inicialmente na Ásia, espalhou-se por todo o planeta num par de meses, mostrando que, num mundo global, não há fronteiras que impeçam um vírus de se tornar numa pandemia.
Além da questão epidemiológica, a COVID-19 permitiu ainda perceber que, também ao nível da sustentabilidade, vivemos hoje num mundo global. Quem não se lembra das notícias sobre o impacto positivo que a paragem da atividade humana estava a ter no meio ambiente um pouco por todo o mundo? Os níveis de poluição do ar e água baixaram, a poluição sonora também foi reduzida e até os golfinhos voltaram a locais onde há muito não eram vistos.
Essa tomada de consciência de que o mundo é, atualmente, globalizado levou a que também no turismo se passasse cada vez mais a falar em sustentabilidade, sobretudo ambiental, até porque uma atividade ambientalmente sustentável também se torna mais sustentável a nível económico e, consequentemente, social.
Esta mudança de mentalidade é também visível por parte dos consumidores, que estão hoje mais alerta para a pegada ecológica das suas viagens. Um recente estudo do Expedia Group, realizado com base em 11 mil entrevistas a consumidores de viagens de 11 mercados – EUA, Canadá, México, Brasil, Reino Unido, França, Alemanha, Índia, China, Japão e Austrália – mostra justamente isso, já que dá conta que 90% dos inquiridos procuram opções sustentáveis quando viajam e mais de 38% estão dispostos a pagar mais para tornar a viagem sustentável.
Consciente desta nova realidade, o Turismo de Portugal lançou, em 2020, o programa Turismo + Sustentável para tornar Portugal no destino mais sustentável do mundo, aproveitando a oportunidade trazida pela pandemia para repensar o posicionamento do setor e acelerar a implementação de práticas de sustentabilidade nos destinos e também nas empresas ligadas a este setor, num trabalho que se espera que venha ainda a contar com o apoio da ‘bazuca europeia’, que conta com fundos para apoiar projetos de sustentabilidade e digitalização.
O Publituris foi saber juntos dos players das várias áreas do setor, como está o turismo preparado e a preparar-se para a sustentabilidade. Apenas o Turismo de Portugal, apesar da insistência do Publituris, não respondeu às questões colocadas até ao fecho desta edição.
Hotelaria
Apesar de não ser fácil medir a sua pegada ecológica, também a hotelaria tem vindo a despertar para a questão da sustentabilidade e do seu impacto ambiental até porque, como diz Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), esta é atualmente “uma questão de sobrevivência”. “A hotelaria percebe que, se não estiver neste mercado da sustentabilidade, vai desaparecer do mapa. Portanto, é uma questão de sobrevivência”, indica, considerando que o patamar de sustentabilidade em que se encontra atualmente o setor do alojamento turístico “é o da sensibilização, que é já universal”.
De acordo com a responsável, além de estar sensibilizada para esta questão, a hotelaria tem vindo também a dar passos no sentido de se tornar mais sustentável e muitas unidades têm vindo a abolir os plásticos de uso único, a optar por produtos regionais, assim como a utilizar detergentes menos poluentes. No entanto, segundo Cristina Siza Vieira, é preciso ter em conta que a hotelaria está “no fim da linha da grande produção de CO2”, uma vez que “é um consumidor de energia e a energia é o maior produtor de emissões de carbono”.
Mas Cristina Siza Vieira admite que a hotelaria pode fazer mais, ainda que, para poder dar o seu contributo, seja necessário saber exatamente qual é o seu impacto. “Não é possível gerir aquilo que não se consegue medir. Temos de conseguir medir e sei que, nessa parte, há muita vontade da hotelaria em caminhar nesse sentido, mas a dúvida é sobre qual o caminho e como é que podemos progredir nesse caminho”, defende, considerando que “é aqui que o próprio programa do Turismo de Portugal, que adota o modelo Green, no ESG Framework, pode ajudar”, uma vez que existem dúvidas sobre “as várias etapas desse caminho”, nomeadamente sobre o selo ou o framework que se deve escolher para medir a pegada ambiental.
Menos dúvidas parecem existir quanto à necessidade de apostar nos produtos regionais como forma de diferenciação, mas principalmente para reduzir a pegada ecológica. “Temos de marcar a diferenciação, apostar naquilo que é nosso e que faz de um hotel ou de um destino únicos”, acrescenta a presidente executiva da AHP.
Na opinião da responsável, o tipo de consumo dos hotéis também vai ditar o seu caminho rumo à sustentabilidade. “Vamos ter de repensar se vamos continuar a ter frutas exóticas no pequeno-almoço. Parece-me que vamos ter de comer outras coisas na nossa hotelaria, da mesma forma que há também cada vez mais hotéis sensibilizados para o consumo de atoalhados e lençóis produzidos em território nacional. Temos de apoiar a produção nacional, também por uma questão de pegada ecológica”, defende.
E aqui, acrescenta a responsável, entra ainda a questão da economia circular, de que o programa Hospes, o programa de responsabilidade social da AHP, que recolhe bens usados dos hotéis para os entregar a instituições de solidariedade social, é um bom exemplo. “No nosso programa Hospes, temos prevista a economia circular, ou seja, a reutilização e a reciclagem”, indica, revelando que esta iniciativa tem um impacto ao nível da sustentabilidade que é mais “fácil de medir”. “Por exemplo, em têxteis, entre 2016 e 2019, doámos 232 unidades. Sabendo que na produção de um bem têxtil se gasta X litros de água, conseguimos saber que foram poupados 669 milhões de litros de água”, explica, defendendo que este exemplo mostra porque é que a hotelaria deve insistir na sustentabilidade, uma vez que além de benefícios para o ambiente, é também possível gerar benefícios sociais e ajudar a comunidade.
A AHP conta ainda com o Gabinete de Apoio à Gestão e ao Investidor que tem “uma vertente forte de aconselhamento sobre quais são os sistemas e selos mais adequados”, uma vez que, explica a presidente executiva da associação, “um selo não é atribuído sem mais, é ajustado ao tipo de hotelaria. Não há um único selo, há vários para várias gamas de hotéis”.
Importante para medir a pegada ambiental será também a nova plataforma que vai nascer no âmbito do programa Turismo + Sustentável e que vai permitir “medir os consumos de água, eletricidade e gás na hotelaria”.
Mas é nos fundos da ‘bazuca europeia’ que reside a grande esperança, uma vez que será “daí que virão as verbas que permitirão à hotelaria, sobretudo do ponto de vista da transição energética, ser mais sustentável”. De acordo com a responsável, estas verbas são “fundamentais” para que a hotelaria possa mais um passo e investir na renovação dos sistemas de abastecimentos e reaproveitamento de águas residuais, intervenções que, segundo Cristina Siza Vieira, são ao nível do “hardware” e, por isso, mais dispendiosas. “A bazuca vai, com certeza, impulsionar a revisão das infraestruturas, o que vai permitir uma economia grande e o trilhar de um caminho para a sustentabilidade”, considera.
Golfe
Tal como a hotelaria, também o golfe português tem vindo a fazer o seu caminho no que diz respeito à sustentabilidade, com Luís Correia da Silva, presidente do Conselho Nacional da Indústria do Golfe (CNIG) a explicar ao Publituris que, mais do que uma questão de preocupação ambiental, o trabalho que o golfe tem vindo a fazer prende-se também com a sustentabilidade económico-financeira. “Aquilo que tem sido feito é numa preocupação de sustentabilidade ambiental, mas que tem, depois, outro tipo de vantagens porque a sustentabilidade ambiental no golfe tem muito a ver com a sustentabilidade económica e financeira da operação”, explica o responsável, considerando que, entre as indústrias produtivas, “o golfe é aquela que há mais tempo percebeu que o sucesso e eficiência da operação passa muito por aquilo que são os cuidados que tem de implementar nos campos”.
Por isso, acrescenta, a “performance ambiental nos campos de golfe é atualmente muito mais eficiente, muito mais cuidada do que acontece em outras operações semelhantes”.
De acordo com Luís Correia da Silva, a maioria dos campos de golfe nacionais tem vindo a investir em sistemas de rega e drenagem que permitem a utilização de menores quantidades de água e o reaproveitamento das águas pluviais, a exemplo dos lagos que, segundo o responsável, além de contribuírem para a “dificuldade de jogo, são também reservatórios que permitem reter a água da chuva e a água da drenagem”.
Além destes sistemas, os campos de golfe têm vindo também a apostar em novos tipos de relva com menor necessidade de água, como as relvas de períodos quentes, que permitem “que se poupe muita água, porque as relvas de períodos frios sofrem muito durante o verão e isso implica um consumo de água muito mais elevado”. “Muitos campos de golfe em Portugal, particularmente nas áreas verdes, têm optados pela substituição por novos tipos de relvas que são altamente eficientes no uso de água”, explica o responsável.
Importante é também o facto destes sistemas serem “praticamente à prova de perdas”, ao contrário do que acontece noutras atividades. “Nos campos de golfe, por norma, tudo está altamente definido, não há perdas e é possível reduzir o consumo ao mínimo”, refere.
A consciência ambiental dos campos de golfe tem também levado a que o “controlo de pragas e infestações” seja realizado, cada vez mais, “com recurso mínimo à utilização de produtos que são tidos como produtos com maior impacto ambiental”, o que tem levado mesmo à “certificação de muitos campos de golfe do ponto de vista ambiental e de qualidade”, o que é apreciado também pelos clientes e praticantes da modalidade.
E também no golfe começam a surgir veículos movidos a energia elétrica, com Luís Correia da Silva a dar como exemplo os buggies que já “são quase todos elétricos”, existindo até campos de golfe que, através do GPS, têm vindo a limitar a sua circulação a trajetos pré-definidos.
Apesar de estarem no bom caminho, os campos de golfe nacionais podem fazer ainda mais em prol da sustentabilidade ambiental, com Luís Correia da Silva a considerar que a ‘bazuca europeia’ será importante para a modernização da gestão e operação destes espaços, assim como para a sua manutenção. “Toda a grande operação de manutenção dos campos de golfe, como o corte das relvas, ainda hoje é feita por máquinas que utiliza, combustíveis fósseis, ao contrário do que acontece com os buggies que já utilizam energia elétrica”, indica o responsável, que espera que, com os apoios da ‘bazuca’, seja também possível digitalizar algumas das etapas da manutenção, de forma a reduzir o peso da componente humana. “Portanto, para o futuro, há aqui uma área que implica tecnologia, sustentabilidade, eficiência e a própria utilização de mão-de-obra – que cada vez é mais difícil de encontrar – por via da digitalização e que é previsível que, num prazo relativamente curto, possa dar origem a projetos que venham eventualmente a ser incluídos naquilo que são os apoios financeiros que possam ser gerados pela bazuca”, admite o responsável.
Aviação
Considerado um dos setores mais poluentes, a aviação foi responsável, em 2019, pela emissão de 915 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. No entanto, este é também um dos setores que mais tem vindo a lançar estudos e iniciativas com vista à sustentabilidade, seja através do investimento em combustíveis mais sustentáveis, de programas de compensação de carbono ou da aposta no desenvolvimento de aparelhos movidos a energia elétrica ou hidrogénio.
Ao Publituris, Paulo Geisler, presidente da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal, lembra que “a indústria do transporte aéreo sempre se pautou pela inovação”, motivo pelo qual o tema da sustentabilidade já vinha a ser desenvolvido “muito antes da pandemia”. “Recorde-se, por exemplo, que as companhias aéreas europeias compensam as suas emissões de CO2 ao abrigo do CELE desde 2012. As companhias aéreas estão cientes de que viajar torna o mundo um lugar melhor. As pessoas apercebem-se das diferenças, mas que no fundo somos todos iguais. É por isso que as companhias aéreas usam os seus conhecimentos para tornar as viagens de avião CO2 neutras”, indica.
Além do CELE, Paulo Geisler refere também “a utilização de combustíveis sustentáveis e as elevadas reduções de consumo resultantes do forte investimento em investigação e desenvolvimento de novos equipamentos” como exemplos de investimentos que a aviação tem vindo a fazer para se tornar mais sustentável e atingir os “objetivos ambiciosos” que estão definidos e que visam “reduzir para metade as emissões líquidas de CO2 num futuro não muito longe”. “Muitas empresas juntaram-se à Iniciativa Metas Baseadas na Ciência (SBTi) para alinhar a sua trajetória de redução de CO2 com o Acordo Climático de Paris das Nações Unidas. Com base em cálculos científicos, as emissões de CO2 serão continuamente reduzidas com a ajuda da renovação e otimização da frota e da melhoria da eficiência operacional”, indica.
Apesar de reconhecer que as metas da indústria são “ambiciosas”, Paulo Geisler mostra-se convencido que o transporte aéreo vai conseguir “alcançar” essas mesmas metas, até porque o sucesso das iniciativas já desenvolvidas permite ter essa confiança.
Mas a sustentabilidade no transporte aéreo não depende apenas dos operadores, indica Paulo Geisler, que lembra que, neste ponto, há também “projetos que podem ter importante relevância na área da sustentabilidade que dependem dos Estados”, a exemplo do ao Céu Único Europeu, onde o responsável considera que “já se poderia ter ido mais longe”.
O presidente da RENA lembra que, na indústria da aviação, a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo “está muito empenhada nas questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável da aviação” e indica que, em Portugal, a RENA tem vindo a “dinamizar e defender o interesse dos seus membros perante as entidades relevantes”, nomeadamente na sustentabilidade, através da sensibilização dos “agentes relevantes para a importância de se avançar com projetos que tragam reais vantagens de sustentabilidade”.
Os fundos europeus podem vir a ser importantes para alguns projetos, com Paulo Geisler a admitir “um papel mais relevante no campo da investigação e desenvolvimento”, ainda que a RENA não espere apoios expressivos para a aviação. “Não estimamos que os operadores aéreos recebam fortes apoios diretamente, até porque há um importante equilíbrio concorrencial que tem de ser mantido”, indica.
O responsável mostra-se, contudo, mais cético no que diz respeito à política de sustentabilidade que Portugal tem seguido, indicando que a RENA não tem “visto ações concretas do estado português” que permitam dizer que o país está, de facto, apostado em ser o destino turístico mais sustentável do mundo e, relativamente à aviação, a situação é até inversa. “Assistimos à criação de um imposto turístico sob vestes ambientais, a dita “taxa de carbono” que não tem qualquer vantagem ambiental e retira espaço à criação de uma verdadeira fiscalidade verde”, aponta, notando que se Portugal quer atrair turistas sob o mote da sustentabilidade, isso “dependerá das medidas concretas” que o país venha a criar.
Cruzeiros
A questão da sustentabilidade também tem estado presente na agenda dos cruzeiros desde há vários anos, lembra Marie-Caroline Laurent, diretora-geral para a Europa da CLIA – Associação Internacional de Companhias de Cruzeiro. Ao Publituris, a responsável indica que a indústria dos cruzeiros “já investiu milhões em novas embarcações com melhor desempenho ambiental e usando tecnologias de propulsão mais sustentáveis” e lembra que, mesmo com a pausa global nas operações motivada pela pandemia, “o compromisso da indústria em atingir as suas ambiciosas metas ambientais não vacilou”.
Segundo Marie-Caroline Laurent, na União Europeia, esta questão também tem ganho destaque, uma vez que “o Green Deal estabeleceu a ambição europeia de se tornar o primeiro continente neutro para o clima até 2050”, ambição que, diz a responsável, é acompanhada pela CLIA, que “anunciou um compromisso global de atingir carbono zero até 2050”.
Nos cruzeiros, a sustentabilidade depende, segundo a responsável, de três pilares de ação, o primeiro “envolve a redução da pegada de carbono dos navios no mar e no cais”, o que será conseguido com a renovação das frotas, pois, nos próximos cinco anos, mais de metade dos novos navios serão movidos a GNL, combustível menos poluente e com “benefícios imediatos na redução de emissões, incluindo até 20% menos emissões de GEE”.
Mas não será apenas ao nível do GNL que será possível reduzir a pegada destes navios, uma vez que, acrescenta a responsável, as companhias de cruzeiros “também estão a investir em opções de energia sustentável, como bateria ou energia eólica para embarcações de menor porte, hidrogénio e navios híbridos que dependem de energia de células de combustível”. “Temos uma frota mais moderna do que nunca e cada novo navio lançado é até 20% mais eficiente do que aquele que substitui”, realça Marie-Caroline Laurent.
Além do combustível, a responsável da CLIA para a Europa destaca também a mudança nos “serviços de hospitalidade a bordo” como o segundo pilar de ação, uma vez que as companhias têm vindo a investir na introdução de “sistemas avançados de tratamento de águas residuais, sistemas de gestão de água e esquemas de reciclagem”, o que permite “reaproveitar 100% dos resíduos gerados a bordo”. A estas mudanças, junta-se ainda a introdução de outras “inovações de eficiência energética”, que já estão presentes “em todos os lugares a bordo, como iluminação LED que utiliza 80% menos energia”.
Já o terceiro pilar indicado por Marie-Caroline Laurent tem a ver com a gestão do próprio destino, de forma a manter os benefícios que o turismo de cruzeiros gera para as comunidades e a experiência do cliente. “Sabemos que o turismo de cruzeiros traz benefícios económicos e sociais para as comunidades; em média, cada passageiro gasta 660 euros em cidades portuárias durante um cruzeiro típico de sete dias, e esse benefício não é único, pois 60% das pessoas que fizeram um cruzeiro referem que regressaram a um destino que visitaram pela primeira vez num navio de cruzeiro”, indica.
De acordo com a responsável, os cruzeiros têm “um histórico de parcerias com destinos para equilibrar as necessidades das comunidades e manter a experiência do visitante”, como acontece em Dubrovnik, na Croácia, ou em Palma de Maiorca, em Espanha, e a própria CLIA tem vindo a “trabalhar para identificar soluções à medida de cada destino”. “Ao agir de forma transparente e aberta, podemos continuar a construir confiança e a mostrar que a indústria de cruzeiros está a liderar o setor para construir um novo modelo responsável”, considera.
No caso de Portugal, Marie-Caroline Laurent mostra-se otimista, até porque o investimento anunciado para dotar o Porto de Lisboa da tecnologia ‘shore to ship’, que permite fornecer energia aos navios para que eles não tenham de ter os motores ligados quando estão no porto, é “muito encorajador”. “É importante perceber que os navios só se podem conectar à eletricidade em terra nos portos que investiram na infraestrutura necessária, e ainda são muito poucos os que oferecem essa capacidade para responder às necessidades dos navios de cruzeiro. É aqui que temos o prazer de assistir ao aumento de parcerias com portos e governos. É, por isso, muito encorajador ver que o porto de Lisboa está a avançar nos estudos sobre o potencial de capacidade de eletricidade em terra”, aponta.