“É crucial que gestão autárquica mantenha aposta na melhoria contínua do turismo”, diz estudo do IPDT
Ser um pelouro da vereação, ter maior orçamento municipal, apostar na comunicação e capacitação humana, posicionar-se como referência na sustentabilidade, são as prioridades apontadas para o papel do turismo na gestão autárquica.
Victor Jorge
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O setor do turismo assumiu, nos últimos 10 anos, um crescimento que trouxe mais-valias significativas para Portugal, sendo prova disso o papel que desempenhou na retoma económica, pós crise financeira de 2008 e que, no contexto pré-pandemia, contribuiu para o PIB nacional com cerca de 15%, em 2019 (INE, Conta Satélite do Turismo), e onde cerca 21% dos portugueses estavam empregados (direta e indiretamente).
Sendo indiscutível a importância que o turismo assume na ótica do desenvolvimento territorial, o IPDT – Turismo e Consultoria analisou o impacto que o setor teve nas políticas autárquicas no mandato 2017/2021 e identificou algumas das apostas a considerar para o horizonte pós-eleitoral 2021/2025.
No estudo, o IPDT considera que “os municípios desempenham um papel fundamental no campo do turismo” e que é através “da sua visão e das suas políticas que os destinos – mesmo aqueles com menor população – podem alcançar um papel central e de destaque na oferta turística nacional”. Por este motivo, admite o António Jorge Costa, presidente do IPDT, “é crucial que a gestão autárquica possa manter a aposta na melhoria contínua do setor do turismo, priorizando investimentos-chave que potenciem os recursos existentes e qualifiquem a experiência dos visitantes, tornando-a única”.
Assim, as prioridades apontadas pelo IPDT no e-book “10 prioridades para o turismo no mandato 2021/2025”, o instituto começa por considerar que a uma das principais apostas dos municípios deverá estar na “comunicação e promoção”, sobretudo na digital, mas que deverá ser “combinado com as ações offline”. De acordo com os inquiridos é essencial que este processo de comunicação e promoção possa ser devidamente integrado com as políticas de atuação que se encontram a ser implementadas pelo Turismo de Portugal, pelas Entidades Regionais/Associações Regionais e pelas Comunidades Intermunicipais.
A segunda prioridade dos municípios deve ser o “planeamento estratégico” e a implementação das medidas previstas. O planeamento, diz o estudo, permite “indicar o rumo estratégico” que o destino deve assumir para potenciar, ao máximo, os seus recursos turísticos, pelo que a sua execução reveste-se como “um mecanismo essencial para todos os municípios”. Segundo os inquiridos, deve haver uma aposta maior na implementação das medidas previstas no planeamento, visto ser nesta fase que, normalmente, se verificam as maiores lacunas (várias ideias/projetos não saem do papel por incapacidade interna dos municípios para as colocar em prática).
“Capacitar os profissionais de turismo” é, igualmente, chave para elevar o padrão de qualidade da experiência turística nos destinos. A “formação dos recursos humanos” em áreas base (ex: línguas, atendimento) é “crucial para garantir esse objetivo”. Em simultâneo, é muito importante promover formações em áreas emergentes que possam melhorar o desempenho das empresas (ex: marketing digital, revenue management, big data, blockchain, etc.).
Os municípios devem, também, apostar na “estruturação de novos produtos turísticos” e/ou na “atualização do portfólio atual”, considerando-se “crucial” que a oferta turística dos destinos “acompanhe as principais tendências do mercado” e que possa potenciar os recursos existentes.
As iniciativas de valorização de produtos locais (ex: gastronomia, artesanato) devem ser outra das prioridades de intervenção dos municípios, considerando o estudo que “os turistas procuram, cada vez mais, atividades relacionadas com estes elementos”.
Atrair investimento, organizar eventos, qualificar as infraestruturas de visita, fomentar a inovação das empresas ou priorizar a participação dos municípios em projetos e redes internacionais que permitam aumentar a notoriedade dos destinos, em segmentos específicos e que possam trazer mais valias, são as restantes prioridades apontadas pelo estudo do IPDT.
Assim, para 2021-2025, o estudo conclui que “o turismo deve ser pelouro de uma vereação”, e que o orçamento municipal dos destinos deve dedicar uma “maior fatia de investimento” que permita implementar “novas soluções e tornar os territórios mais atrativos”. Comunicação, estratégia e capacitação de recursos humanos devem ser as principais áreas de aposta que os executivos devem considerar para o mandato dos próximos quatro anos, considerando, ainda que, “sobretudo, a comunicação deve ser vista como um elemento-chave para o sucesso dos destinos”.
Finalmente, os inquiridos revelaram um desejo de que os seus destinos tenham, em 2025, recuperado totalmente do impacto da COVID e se posicionem como “referências ao nível do turismo sustentável”, encontrando um equilíbrio entre o crescimento turístico e as necessidades das comunidades locais.